A Princesa Prometida escrita por Jane Tudor


Capítulo 3
• Desejos Reprimidos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo sumiço! Eu simplesmente perdi o capítulo e tive que escreve-lo novamente, e pelo trabalho, não consegui escrever antes... mas espero que gostem desse capitulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804581/chapter/3

‘Ophelia, Ophelia...’

‘Hadel?’

‘Você é minha esposa agora’

‘Não nos casamos ainda!’

‘Você é minha...’

‘Eu sei que você deseja a mim’

‘Ares?’ – virei-me ficando de frente á ele.

‘Eu sei que você se apaixonou por mim no momento em que me viu...’

Hadel tirou uma espada e ia dar uma apunhalada em seu próprio pai...

•••

— Princesa? – acordei num impulso, com o coração martelando pelo sonho vívido.

— Está tudo bem? – Kassaya perguntou assustada pela minha reação, me ergui ficando sentada na beirada da cama.

— Estou bem, foi só um pesadelo. – me levantei e fui até a janela tomar um ar. Quando olhei para baixo, como se Deus estivesse me testando, vi Ares conversando com um cocheiro, este era bem jovem, deveria ter seus quatorze anos. Ele estava com uma roupa totalmente mais simples e leve, os cabelos estavam bagunçados e tinha um sorriso empolgado no rosto, parecia conversar sobre algo que gostava muito.

Me inclinei sobre o batente analisando a cena, passado o fervor e a atração latente percebia que ele era uma pessoa jovem para sua idade, mas com marcas do tempo no rosto e corpo.

Tentei ouvir sobre o que era a conversa e entendi que eles falavam sobre um potro que chegaria na próxima semana, Ares falava com paixão e com muito respeito com o jovem, nem parecia um rei e sim um simples criado do castelo, fiquei admirada com a cena tão comum para um rei.

Sorri comigo mesma apreciando a amabilidade com que Ares conversava com o jovem rapaz, eles trocaram um cumprimento e quando pensei em me mover para dentro do quarto ele olhou pra mim, seu sorriso se desfez e um ar mais sério, porém, mais leve, se fez presente.

Estava completamente ereta agora, o observando atentamente, sabia bem que estava com vestes de dormir, portanto, inapropriadas e não deveria aparecer assim para ninguém, mas não conseguia me mexer, fiquei esperando por alguma atitude.

Ares então fez uma reverência breve seguido de um sorriso de lado.

— Não sabia que gostava de espionar as pessoas, princesa.

— Vocês estão conversando embaixo da minha sacada, a culpa não é minha. – me aproximei da beirada, me inclinando em sua direção.

— A expressão de culpa é pelo quê então?

— Expressão de culpa?

— Sua expressão mudou quando olhei pra você.

— E o que o senhor quer dizer com tal afirmação? – questionei arqueando a cabeça para ele.

— Você que deveria me responder quanto a isso. 

— Não vejo motivos para sentir culpa ao olhar pra você, apenas foi uma coincidência te encontrar logo embaixo da sacada do meu quarto, que a propósito, é um ótimo lugar para conversar, já que o estabulo fica muito mais a frente daqui. Algum motivo em particular para fazer sua parada justo aqui? – perguntei irônica.

— Apenas uma feliz coincidência, princesa Ophelia. – a postura de Ares estava mais relaxada.

— Tenho minhas dúvidas...

Nos olhamos por alguns instantes, seus olhos azuis pareciam brilhantes naquela bela manhã, era uma visão agradável. Meus pensamentos constantemente me levando para caminhos tortuosos, não conseguia ver Ares sem imaginar seu toque e isso fez com que meu rosto queimasse.

— Tudo bem? – ele perguntou preocupado.

— Tudo certo, porque não estaria bem? – ajeitei minha postura, tentando parecer o mais normal possível.

— Seu rosto corou de repente. – ele se aproximou mais de onde estava.

A sacada do meu quarto não era muito alta, eu preferia este quarto justamente por isso, para ficar mais próxima do jardim.

— Eu...

— Ophelia, minha querida!

— Bom dia, papai!

Virei-me ao ouvir a voz de meu pai, ele estava em pé ao lado da porta da varanda.

— O dia está lindo, faz bem em tomar sol. – ele estava de bom humor, não sabia se isso era bom.

— Sim, eu estava admirando a paisagem... – falei suprimindo um sorriso, de certa forma era verdade.

— Gostaria que visitasse sua avó, faz muitos meses que ela não a vê por estar enferma e me escreveu dizendo que sente sua falta.

Sorri ao lembrar de minha vó, meu pai queria que ela morasse conosco mas era muito teimosa, dizia que morar sozinha no campo lhe dava independência e sossego.

Ela me visitava todos os meses na Vila, sempre me levando algum doce ou presente, era o laço familiar mais forte que possuía.

— É claro que vou! Também sinto muita falta dela, preciso mesmo vê-la.

— Eu não posso ir contigo, por isso gostaria que fosse com Hadel, ele lhe fará companhia e sei que te protegerá.

Ele se virou e foi em direção ao lado da cama, antes que o seguisse dei uma última olhada para baixo, Ares já tinha ido embora.

A alegria de ver minha avó se desfez um pouco, não estava acostumada com a ideia de estar noiva e muito menos ter que ir acompanhada nos lugares por mais que ele pareça ser uma pessoa ótima. Meu pai queria que nós ficássemos bem, mas a ideia toda ainda me incomodava.

— Não faça essa cara, Ophelia. Hadel é seu futuro esposo e vocês precisam se dar bem.

— Sim, ele precisa. Porque aparentemente eu não dou conta de governar sozinha por ser mulher.

— Está sendo injusta.

— Não é você que está sendo obrigado a se casar.

— Eu fui. E amei sua mãe como nenhuma outra. – ele disse com pesar, sabia que meu pai amava minha mãe demais e quando a perdeu, ele sofreu durante anos e nunca mais se casou.

— Pode ter dado certo pra você, meu pai, mas não deixa de ser uma obrigação. Eu não o amo. – fui totalmente sincera.

— O amor virá com o tempo.

Respirei fundo, sabia que era uma discussão perdida e apenas concordei com a viagem, por enquanto.

— Podemos partir hoje? Estou ansiosa por ver minha avó.

— Claro e por favor, mande melhoras e traga notícias, enviarei alguns doces e pães de presente á ela. Saem logo após o almoço.

— Tudo bem, vou me arrumar para a viagem.

Ele saiu do quarto me deixando sozinha, passei parte da manhã arrumando as coisas da viagem, descobri que íamos a cavalo mesmo, já que a casa dela ficava há duas horas de viagem e fiquei aliviada por saber que não precisaria ficar muito tempo dentro de uma carruagem e provavelmente tendo uma conversa muito desconfortável.

Peguei tudo o que precisava e fui até o estabulo, arrumando a bolsa ao lado de Rochester, meu cavalo.

— Boa tarde, Princesa! Como sempre, está muito bonita.

Hadel apareceu puxando um cavalo pelas rédeas.

— Você não está nada mal também. – fiz uma cara esnobe e o clima permaneceu leve.

— Está pronta para nossa viagem?

— Com certeza! – subi em Rochester e começamos a galopar em direção a casa de minha avó. Sentia um leve desconforto, mas ao mesmo tempo sabia que não era difícil conversar com Hadel, ele parecia muito aberto a conversar.

— Então, me diz algo surpreende sobre você. – Hadel pediu de repente.

— Não há nada de surpreendente sobre mim. – a não ser que peguei um homem bem mais velho que eu e que coincidentemente é seu pai. Sorri nervosa com o pensamento.

— Ora, vamos lá... deve ter algo.

Pensei um pouco e me esforcei para alimentar a conversa.

— Já ajudei num parto. – disse a primeira experiência louca que tive. Hadel fez uma expressão confusa e ao mesmo tempo engraçada, ri logo em seguida. – Há dois anos uma jovem apareceu na casa em que morava, no vilarejo. Ela estava dando a luz, e minha ama logo a socorreu, iniciando os procedimentos para o parto já que não daria tempo de levá-la até a parteira.

— E você viu tudo? – Hadel perguntou curioso.

— Foi a coisa mais horripilante e mais bonita que já vi na vida.

— Horripilante? O nascimento de um bebê deve ser uma das coisas mais lindas da vida.

— Oh, claro, e é, depois de fazer a mãe sofrer por horas e fazer com que a coitada faça coisas com seu corpo que nem imaginava ser possível. – pensei em como a imagem do nascimento era inacreditável, mulheres deveriam ser veneradas só por dar a luz a uma criança.

Hadel riu com gosto, eu ri de sua risada.

— Nunca presenciei um parto mas já ouvi histórias de como ele acontece, as mulheres deveriam ser mais valorizadas, de fato.

— Eu penso a mesma coisa.

Ficamos em silêncio por alguns segundos até que retornamos a falar.

— E você, me conte algo surpreendente sobre você.

Hadel pensou algum tempo, ponderando o que diria.

— Coleciono borboletas. – fiz uma careta com a afirmação, era peculiar um homem se interessar por colecionar borboletas.

— Borboletas?

— Sim, de todas as espécies, eu peguei esse passatempo de minha mãe, ela era apaixonada por elas... quando criança, um pouco antes de morrer, ela me falava que sempre quisera ver uma borboleta Rainha Alexandra, é uma borboleta realmente bem grande e bonita, na nossa região é praticamente impossível encontrar uma.

— Sua mãe deveria ser muito interessante. – incentivei para que ele falasse mais sobre ela.

— Ela era incrível, ela faleceu quando tinha cerca de oito anos, mas lembro dela claramente, a voz, o toque, o amor, ela sempre me acolhia durante as broncas de meu pai, ambos se amaram muito também.

Era nítido o carinho que Hadel tinha por sua mãe, mas acompanhado de uma tristeza em seu olhar, perdê-la deve ter sido muito doloroso. Aproximei o cavalo do dele e toquei em sua mão, tentando demonstrar que me importava com ele.

— Sua mãe deve ter sido uma mulher extraordinária. – sorri em sua direção, Hadel retribuiu e colocou sua mão sobre a minha.

— Ela era.

Continuamos nosso caminho, mas queria saber mais sobre a família de Hadel, ele disse que seu pai amava muito sua mãe e ele nunca mais se casou, eu deveria estar perguntando sobre Hadel mas queria muito saber mais sobre o imponente rei Ares.

— Como sua mãe morreu?

— Ela estava grávida de 7 meses, o bebê queria nascer e ela acabou não resistindo, nem ela, nem o bebê.

— Sinto muito. – isso era realmente muito triste. – E seu pai nunca quis saber de casar-se novamente?

— Meu pai nunca se interessou por alguém, apesar de já termos conversado muito sobre isso, que não há nada de errado em abrir-se para o amor mais uma vez. Mas ele segue relutante em encontrar uma esposa, sempre foi muito reservado, focado nos cuidados do nosso reino e negócios da aldeia, nunca soube ou vi ele com nenhuma mulher.

Depois de tudo que ouvi, pensava se Ares era daqueles homens que aproveitava-se de jovens moças, se eu realmente fui uma distração pra ele, pelo que Hadel dizia, seu pai era um homem mais reservado, nem demonstrando ser o homem cheio de afeto da noite passada.

Continuamos a caminhada até chegar na casa de minha avó, ficamos lá por algum tempo, me certifiquei que ela estava muito bem e até melhor que muitos jovens, não parando um minuto. A enfermidade que possuía com certeza já tinha ido embora.

— Sei que logo terá um casamento no reino, seu pai te obrigou a casar, minha filha?

Minha vó disse sem ressalvas mesmo em frente á Hadel, que permaneceu calado e com um ar sereno.

— Sim, eu irei me casar. Mas porque eu quero casar-me, não sinto-me obrigada. – menti. Sabia que se contasse a verdade, eu pareceria muito frágil, indefesa, queria demonstrar que tinha controle sobre mim, apesar de ser uma farsa.

— Posso falar com a minha neta a sós? – minha vó pediu carinhosamente a Hadel, que logo acolheu ao pedido e foi para fora.

— Vó, a senhora sabe que não sou uma menina indefesa, estou casando porque quero.

— Mas você não o ama. – disse simplesmente.

— Não precisa haver amor para o casamento dar certo, apenas filhos e muita tolerância. – falei irônica.

— Sabe que não é assim que funciona. Você não está apaixonada por ele, mas está se apaixonando por outra pessoa.

Minha vó sempre reconhecia o que se passava comigo, achava até que era um dom sobrenatural que se desenvolveu com a velhice. Sorri com meu pensamento.

— A senhora não sabe o que diz.

— Sei bem, sei reconhecer um olhar aflito quando vejo um, algo está acontecendo e você não sabe como resolver.

Ela era muito boa.

— Está tudo sob controle, dona Lytia. – dei um beijo em sua testa e peguei minhas luvas em cima da mesa, preparando-me para ir embora.

— Eu ainda terei novidades quanto a isso.

— Descanse, minha avó. A senhora está cansada, espero que aprecie as coisas que trouxe, estão bem frescas.

Ela agradeceu e me deu um beijo demorado e um abraço. Como eu amava isso.

— Siga seus instintos, não reprima nada. Sei que vai encontrar uma forma de sair da situação em que se meteu, seja ela qual for.

Sorri e assenti, sem corroborar com a ideia. Hadel também se despediu e pegamos o caminho de volta para o reino.

Durante todo o trajeto, Hadel e eu fomos conversando sobre várias coisas, percebi que ele era uma pessoa muito altruísta e ativa em seu reino, seu pai tinha lhe ensinado muitas coisas sobre valor e amor ao reino, isso era admirável.

Não era difícil gostar dele, de fato. Era um homem bonito, atencioso, bondoso e responsável, nestes 3 dias que o conhecia, percebi uma convivência pacífica.

— Esperávamos vocês para o jantar! Como foi a viagem?

Meu pai disse vindo ao nosso encontro na entrada do castelo, tirei o chapéu e luvas e dei a uma criada, agradecendo. Estava muito calor e sentia as bochechas quentes, meus cabelos também estavam soltos, presos apenas pelas pontas das franjas, deveria estar bem despenteada pela cavalgada.

— Vovó continua a mesma de sempre, autossuficiente e gentil, está melhor de sua enfermidade.

— Chamei tantas vezes sua vó para morar conosco, mas é tão teimosa. Espero tê-la pelo menos para o seu casamento.

Sorri e respirei fundo.

— Bom, vou trocar-me para o jantar, vejo vocês em breve. Hadel, obrigada pela companhia, foi muito agradável. – sorri em sua direção, ele por sua vez pegou em minha mão e sorriu amavelmente. Logo em seguida subi para o quarto.

Passando pelo corredor, vi uma luz acessa dentro de um dos quartos de hospedes, através de uma fresta, eu sabia bem a única pessoa que poderia estar lá, mas ignorando totalmente a minha sanidade, decidi ir até lá.

Olhei pela fresta e vi Ares de costas para a porta, colocando algo sobre a escrivaninha, ele vestia um robe vermelho e estava descalço, eu sabia que deveria sair dali, corria o risco de ser pega bisbilhotando, mas a visão que vi em seguida me fez abandonar a ideia.

Ares tirou o robe que usava e para minha surpresa, ele não estava usando nada por baixo, suas costas bem definidas ficaram a mostra, um dorso perfeito e digno dos deuses. As pernas eram bem torneadas como de um guerreiro, sem falar no bumbum bem bonitinho também.

Eu deveria com toda certeza ir embora agora, quando conscientizei disso, acabei fazendo um pequeno barulho na porta, sai de lá rapidamente sem saber se tinha sido notada, nem olhando para trás.

Cheguei no meu quarto e abri o corselete do vestido, respirando melhor, passei a mão nos cabelos e me perguntava a todo tempo onde eu tinha me metido e continuava me metendo. Inegavelmente me sentia muito atraída por Ares, a ponto de perder a racionalização do certo e errado, eu só queria sentir novamente o que era estar em seus braços.

E isso era muito errado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Princesa Prometida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.