Me Dê Uma Chance escrita por Mayara Silva


Capítulo 5
Cumplicidade - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Ooi gente, mais um cap aí o/ ♡

Tô correndo pra lançar alguma coisa no natal ;u; se vc n vai fazer nada no natal assim como eu, pelo menos vai ter alguma coisa pra ler kkkk

Até mais u3u



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Estúdio de fotografia em West Hollywood, Califórnia - 14:22 hrs

 

Alguns dias se passaram sem qualquer contato com Morten. Michael estava começando a ficar preocupado, as palavras que havia dito ao rapaz permeavam sua mente e não o deixavam dormir direito. Como se não bastasse, Ola Ray não entrou mais em contato e não atendia as suas ligações. O desenho incompleto da jovem modelo repousava, todas as noites, na mesa em seu quarto, o lembrando dia após dia que precisava ser finalizado.

 

Michael podia ignorar essas coisas, ele era um astro a caminho da fama mundial e não necessariamente precisava daquelas pessoas, mas o seu lado afável e gentil jamais permitiria tal ato de egoísmo. Aquele afasto estava realmente lhe tirando o sono, porém, felizmente, John Branca havia lhe arrumado uma sessão de fotos pós Off The Wall para uma revista, e isso seria perfeito para que ele pudesse espairecer um pouco.

 

Vestiu-se como um príncipe. Michael adorava a realeza e coisas que vinham dela, e ficou feliz por terem lhe concedido a liberdade de escolher a temática daquela sessão de fotos. Estava usando branco e dourado com uma belíssima faixa de pérolas que adornava o seu peito e uma braçadeira de mesma magnitude, acompanhado de luvas brilhantes.

O seu fotógrafo estava adorando a sessão, Michael era muito divertido e sabia como facilitar o seu trabalho, sempre indo para pontos estratégicos do cenário, onde a iluminação valorizava os frames, e fazendo as poses solicitadas bem como improvisando algumas.

 

Todo aquele ambiente de trabalho acolhedor era muito confortável, mas às vezes o cantor era pego encarando as paredes, como se esperasse que algo fosse sair delas. Seu fotógrafo sempre o chamava de volta.

 

— Michael, querido, preste atenção em mim, okay?

 

O rapaz logo voltou a sua atenção ao homem, tentando disfarçar os seus devaneios. A sessão prosseguiu com sucesso e, logo após, Michael teve direito a uma pausa. Se afastou do cenário e foi até o camarim, se acomodou de frente para sua penteadeira e começou a retocar sua maquiagem. Michael tinha maquiadores profissionais, mas adorava fazer aquilo sozinho.

 

Quando estava prestes a passar o rímel, seu olhar flagrou o movimento involuntário de uma de suas folhas de desenho, junto de seus cadernos sobre a penteadeira. Ele arqueou a sobrancelha e começou a fuçá-los, buscando a folha que havia visto se mexer.

 

Bem como suas esperanças torciam, era Morten. Estava em uma das folhas, sentado no chão, abraçando as pernas e de costas para o cantor, parecia aborrecido. Michael sorriu ao vê-lo.

 

— Então você estava aí o tempo todo?

 

— Hunf…

 

O ignorou. Michael mordeu os lábios.

 

— Me perdoa, Morten… eu não devia ter dito aquelas coisas.

 

— Não se culpe por dizer a verdade, só não precisava ser tão direto.

 

Ele suspirou.

 

— Mas não… não era a verdade. Ray é muito importante pra mim, mas você também é, você…

 

Morten arqueou a sobrancelha e o encarou dessa vez.

 

— Sério?

 

— Er... claro. Eu… a casa voltou a ficar silenciosa…

 

Michael pausou sua fala por um breve momento, como se estivesse tentando buscar as palavras certas. Ele parecia um pouco envergonhado, Morten ficou bem intrigado.

 

— … eu fiquei levando meu material de desenho pra lá e pra cá na esperança de que você fosse aparecer nele.

 

Aquilo, de certa forma, havia deixado Morten sem palavras. Ele piscou um pouco os olhos antes de se levantar, ainda no papel.

 

— Uau, é… melhor eu sair daqui logo antes que você comece a me flertar.

 

Brincou. Michael riu baixinho e deixou a folha livre de empecilhos para que o rapaz pudesse sair. Ele o fez, aparatando no chão do camarim logo em seguida. Piscou algumas vezes em sketch antes de retornar à sua forma humana.

 

— Você não faz ideia de como isso cansa…

 

Ele riu, e Michael o acompanhou. Após aquele pequeno momento de descontração, Morten suspirou.

 

— Você já desconfiava que eu me escondia no papel?

 

O moreno negou com um balançar de cabeça.

 

— Eu te desenhei nesses materiais, por isso pensei que eles pudessem te atrair de alguma forma. Só tentei usar a lógica.

 

Deu ombros. Morten aquiesceu.

 

— É, você é inteligente. Que lugar é esse?

 

— Estamos no meu camarim, eu vim fazer umas fotos.

 

— Ah, isso explica a roupa de burguesinho feudal.

 

— Na verdade, é aristocrata do século XIX.

 

Morten riu.

 

— Tá… preciso me lembrar de ler mais livros de história.

 

Brincou, tranquilamente virando-se para o espelho do camarim. Ao fazer esse movimento, ele levou um susto e Michael o acompanhou, sem saber o motivo daquela reação inesperada.

 

— O-o que foi…?

 

Morten olhou para o reflexo, parecia um pouco estarrecido. Não era difícil para Michael perceber quando o rapaz não estava bem, bastava que ele arregalasse aqueles olhos pequenos e já era sinal de que algo não estava certo. Ele suspirou, um pouco apreensivo.

 

— Morten, está me assustando…

 

— Esse sou eu??

 

Aproximou-se do reflexo, passou a mão nos cabelos e começou a se olhar. Michael arqueou a sobrancelha e o acompanhou naquele gesto, agora também admirando-se. Não gostava muito de espelhos, sempre que se olhava, lembrava-se do pai caçoando de seus defeitos, mas até que gostava do próprio rosto quando estava maquiado, isso de alguma forma o confortava.

 

— É sim. Você nunca havia se visto?

 

— Não, eu… eu achava que era igual a você!

 

Morten se admirou mais um pouco, em seguida começou a se comparar ao seu amigo. Seu olhar freneticamente alternava entre o moreno, a si próprio e ao espelho. Levou rapidamente a mão à bochecha de Michael, que riu com o gesto e o empurrou de volta.

 

— Você vai manchar tudo, para!

 

— Uau… a gente tem cor diferente.

 

— É, verdade. E daí?

 

— Isso é muito legal! A gente tem contraste! Olha, olha…

 

Morten segurou a mão do cantor e removeu a sua luva de brilhantes, em seguida começou a comparar a própria palma à dele. Michael deixou uma risada discreta escapar, encantado pela animosidade do rapaz por algo tão trivial.

 

— Pensei que você soubesse da sua aparência.

 

— Eu não refletia em nada, não lembra? Isso começou desde… hum… acho que desde que as pessoas passaram a me enxergar.

 

Ele voltou a se admirar.

 

— Eu tenho olhos azuis… o meu cabelo brilha meio dourado… Por que somos tão opostos? Seus olhos são grandes e pretos, o seu cabelo é escuro e cheio de cachos…

 

Michael revirou os olhos e sorriu.

 

— Acho que a graça está aí, não? Em sermos diferentes…

 

— Pensei que tivesse me desenhado parecido contigo, você está sempre desenhando uns sketches de você.

 

Ele suspirou e, com um olhar e sorriso serenos, lentamente negou com a cabeça.

 

— Vai que eu só queria conversar com outra pessoa que não fosse… eu mesmo…

 

Morten ficou em silêncio por um momento, havia sentido o peso daquelas palavras e em como o moreno parecia ter as confidenciado para si. Aquilo o deixou um pouco desnorteado.

 

Ele pigarreou e tentou mudar de assunto.

 

— Eu tenho uma coisa pra te contar depois, tá bom? Acho melhor você se concentrar no seu trabalho aí.

 

Michael arqueou a sobrancelha, porém, quando ia perguntar, duas batidas na porta fizeram os dois rapazes quase saltar de susto, como se tivessem fazendo algo proibido. Eles riram em seguida.

 

— Tá com medo, baby boy?

 

— Você que parece que roubou alguém! Por que tá tão nervoso?

 

— Senhor Jackson, 5 minutos!

 

Chamou o fotógrafo, ainda do lado de fora. Michael suspirou e encarou seu amigo.

 

— Te vejo depois?

 

— Se eu quiser te ver, a gente vai se ver, nem se preocupe.

 

Brincou o rapaz, sorrindo, em seguida se afastou e foi em direção às paredes, transformou-se em sketch. A partir daí, Morten fez o seu caminho para a folha mais uma vez. Michael o viu partir e, então, retornou ao seu trabalho.

 

x ----- x

 

Mansão dos Jacksons, Califórnia - 18:38 hrs

 

Um funcionário abriu a porta para Michael, que, naquela noite, estava sozinho. Deu-lhe o casaco que estava enrolado em seu braço e seguiu em direção ao próprio quarto, quando deparou-se com Ola Ray o esperando na sala de estar. Ele arqueou a sobrancelha.

 

— Ray...? Faz muito tempo que você chegou?

 

Indagou. A garota, sorrindo, levantou-se e foi em sua direção.

 

— Eu vim terminar o desenho. Acho que não é justo te deixar esperando.

 

— Er… c-claro, eu só não esperava que você fosse…

 

Sem dizer mais uma palavra, ela ficou na ponta dos pés e o beijou. Michael parecia um pouco mais anestesiado que alguns dias atrás, então não entrou em surto, apenas fechou os olhos e inclinou-se, permitindo que a garota relaxasse mais os pés e aproveitasse daquele momento. Não se tocaram, não deu nem tempo, quando seus braços iam entrelaçar a cintura dela, Ray lentamente se afastou.

 

— Vamos?

 

Ela foi na frente, já conhecia o caminho. Subiu as escadas e seguiu em direção ao corredor do quarto do rapaz. Michael apenas sorriu e a acompanhou.

 

Ao chegar lá, o processo foi bem parecido com a noite anterior: Michael trancou a porta, Ray utilizou o mesmo collant, deitou-se em sua cama e tentou ficar na mesma posição do desenho. O rapaz se acomodou em uma cadeira e seguiu desenhando por algumas horas.

Durante o processo, a garota pôde perceber como Michael parecia cansado, embora seu olhar fosse sereno e seu sorriso discreto mostrasse sua boa vontade. Não era por menos, ele havia passado quase o dia inteiro no estúdio de fotos, pensou que iria descansar pelo resto da noite, mas a mudança de planos havia o deixado feliz de certa forma, ele não se sentiria sozinho naquele momento.

 

— Você quer descansar, Michael?

 

Indagou. O rapaz lentamente negou com um movimento, silenciosamente.

 

— Você parece tenso… vem, descansa um pouco. Amanhã você pode terminar, se quiser.

 

Ele a encarou e a viu sair de sua posição. Ray vestiu-se mais uma vez e se aproximou para ajudá-lo a guardar os materiais de desenho.

 

— Você vai ficar aqui hoje?

 

Indagou o rapaz, sem pensar muito. Ray sorriu.

 

— Se você quiser que eu fique, eu fico.

 

Ele mordeu os lábios, timidamente, e discretamente assentiu.

 

— Posso terminar o desenho logo de manhã, o que acha?

 

— Era o que eu estava pensando. Agora, vai tomar um banho e comer alguma coisa, tá bom? Você trabalha muito, precisa descansar um pouco.

 

Michael sorriu e assentiu, em seguida se levantou, iria seguir o conselho da garota, estava mesmo precisando.

 

Pouco menos de 1 hora se passou desde sua pausa do desenho. Michael se aprontou, se alimentou, guardou suas coisas e ficou o resto da noite com Ray. Quando se aproximou da cama, onde ela o aguardava, a garota o puxou carinhosamente pela gola da camiseta e lhe deu mais um beijo, um pouco mais apaixonante. Michael era tímido para muitas coisas, mas beijar não era uma delas, inclusive era o seu carro-chefe. Retribuiu na mesma intensidade, desfrutou primeiro de seus lábios macios antes de provar o gosto de sua boca. Ray estava um pouco mais afobadinha, então não procurou deleitar-se em cada detalhe como o rapaz fazia, apenas levou as mãos ao seu rosto, acariciou o seu queixo e passeou com a língua por sua boca. Michael se surpreendeu e não conseguiu conter um sorriso, tratou de devolver a paixão dela, brincaram um com o outro por um tempo até seus suspiros começarem a pesar.

 

Já sem fôlego, o casal lentamente se afastou para recuperar ar, tinha sido o beijo mais apaixonante que haviam dado até agora. Ray riu baixinho em seguida.

 

— Você beija bem, Mike…

 

— Você também.

 

Eles riram juntos, um tanto acanhados. Ela sorriu e lentamente deitou-se na cama, levou a mão a uma de suas coxas e acariciou, Michael percebeu que ela estava o chamando para perto. Ele lentamente se aproximou e, agora, estavam deitados juntos na cama. Ray colocou sua mão por debaixo da camiseta, o que lhe provocou alguns arrepios involuntários. Ele suspirou em seguida.

 

— Ray, eu…

 

Murmurou. Mordeu os lábios, estava nervoso, mas esperava que todo aquele aprochego o confortasse mais. Uma hora ou outra precisaria contar a ela.

 

— Eu gosto de você. Acho… bom, acho que já dá pra ver isso agora…

 

Ela riu baixinho e lentamente subiu sua mão, agora acariciando o peitoral do rapaz sob a roupa.

 

— Eu fui muito injusta com você, Mike. Aquele seu amigo me contou tudo… Ele disse que você estava o abrigando, que ele tinha brigado com os pais e saído de casa. Você é sempre tão gentil, sempre querendo ajudar as pessoas.

 

Michael arqueou a sobrancelha, confuso com aquela história. Ray prosseguiu, o que o fez tentar disfarçar sua surpresa.

 

— Ele pediu desculpas, disse que naquele dia tinha brigado com os pais por telefone e acabou descontando em nós dois. Ele disse que hoje iria sair a noite toda e perguntou se eu queria te ver, prometeu nos deixar a sós. Bom… ele cumpriu.

 

Ela riu baixinho.

 

— Eu queria ter te ouvido antes de ter tomado conclusões. Você me perdoa?

 

Michael ficou estarrecido pensando até que ponto Morten tinha ido para consertar as coisas por ele. Aquilo havia o deixado desnorteado, era algo que ele questionaria quando o visse, mas, no momento, só podia agradecer, ele havia atingido o alvo certo.

 

Discretamente sorriu.

 

— Não estou bravo com você, Ray.

 

Levou a mão ao rosto dela e acariciou sua bochecha. A garota discretamente enrubesceu e, em seguida, o abraçou. Não demoraram muito para dormir nos braços um do outro, ele estava esgotado do dia cheio que teve. Agora, queria apenas desfrutar da companhia de sua amada.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

Sentou ao seu lado e olhou para a TV. Antes de comentar sobre o programa, esperou que o rapaz falasse alguma coisa. Morten apenas suspirou, parecia um pouco mais quieto naquela manhã.

— Você tá bem…?

Indagou, agora um pouco mais preocupado. Levou uma mão ao ombro do rapaz, que não reagiu.

— Eu só… eu tive uns dejavus, eu acho. Eu lembro… de algumas coisas…

Por fim, finalmente encarou o cantor.

— Meu nome é Harket. Morten Harket. [...]



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