Me Dê Uma Chance escrita por Mayara Silva


Capítulo 3
Diversão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho pra vcsss 'u' ♡ ♡ ♡

Essa fanfic mal começou e eu já escrevi uma oneshot de continuação kkkkk vai ser postada logo após a finalização dessa ♡
Se quiser ficar por dentro dessas coisas, eu to postando lá no meu blog '-' https://maybastidores.blogspot.com/

Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804577/chapter/3

 

“Sua mãe lhe disse: Um dia você será um homem e será o líder de uma grande banda.

Muitas pessoas virão de muito longe para ouvi-lo tocar sua música até o anoitecer.

Talvez um dia seu nome esteja em letreiros luminosos dizendo: Johnny B. Goode hoje à noite.”

 

Michael ligou o som no alto, ajudou Morten com os fios, em seguida ligou as luzes da casa com ele e retiraram os sapatos. Correram de meias pelos corredores, saltando por entre os cacos de vidro no chão, foram até os materiais de limpeza e Morten teve a ideia de derramar cera no piso. Michael concordou sem questionar, então, àquela hora da noite, os dois marmanjos deslizaram de um lado para o outro, tal como crianças, pelo assoalho escorregadio até que um deles cedesse e a brincadeira acabasse. Michael tentou apoiar-se nas paredes, mas Morten tentou derrubá-lo entrelaçando uma das pernas na dele e o puxando. Michael, aos risos, conseguiu se desvencilhar e fugir, fazendo o outro rapaz cair assim que puxou sua perna de volta. Morten gargalhou.

 

— Você é trapaceiro, hein?

 

— Você é mais!

 

Disse o rapaz, do outro lado do corredor. As brincadeiras duraram a noite toda, até que Michael cansou-se e se jogou na cama, com o peito arfando. Morten veio logo em seguida, já um pouco mais tranquilo, afinal de contas ainda era apenas um rabisco.

 

Ele se acomodou ao lado do rapaz. Ficaram em silêncio por um tempo.

 

— Eu adoro Chuck Berry…

 

Comentou o moreno, com as mãos por trás da cabeça. Morten o encarou em seguida e Michael tornou a falar.

 

— Sabia que ele é o pai do rock? Ele é o precursor… foi ele que a gente tava ouvindo agora a pouco, mas as pessoas só conhecem Elvis Presley.

 

Michael lentamente se levantou, agora sentado na cama.

 

— Ele tá a mais tempo na indústria. Se não me falha a memória… ele ganhou reconhecimento 5 anos antes do Elvis, mas advinha de quem eles se lembram?

 

Suspirou.

 

— Eu quero mudar isso… quero que as pessoas sejam reconhecidas apenas pelo seu talento, não pela cor ou aparência. Você entende?

 

Morten obviamente não entendia, mas assentiu por respeito, aquilo parecia importante demais para o rapaz.

 

— Que mundo esquisito esse que você vive… Eu gostei do som dele, por que alguém não gostaria?

 

Michael lentamente balançou a cabeça em negação.

 

— Porque ele é negro.

 

Morten arqueou a sobrancelha. Michael o encarou e, ao ver seu semblante confuso, lembrou-se de como ele ainda era inocente demais para aquele mundo. Precisaria apresentar a vida real ao Morten e isso seria um desafio.

 

— Bom… deixa pra lá, melhor a gente desligar o som, tá tarde e a minha mãe vai recl…

 

Ele o encarou, assustado.

 

— Minha mãe! Morten, o que aconteceu?!

 

Michael deu um salto da cama e calçou os sapatos mais uma vez. O rapaz o acompanhou, um pouco mais sereno.

 

— Ué, como assim?

 

— Quando eu cheguei, estava tudo bagunçado. Onde estão os funcionários? E minha mãe? Cadê os meus irmãos mais novos??

 

— Ah, ouvi eles falando que iam sair, só não sei pra onde. Já a bagunça... fui eu, desculpa, eu não conheço nada dessa casa. E os funcionários… bom, só tinha uma mulher, e ela correu quando me viu… ou viu o que eu fiz.

 

Michael suspirou.

 

— Ah, foi só isso… bom, então sobrou pra a gente. Vamos arrumar isso.

 

— Hum… olha, eu não sou muito bom em arrumar coisas. Você fica com isso, okay?

 

Disse tranquilamente, em seguida caminhou para fora do quarto. Michael o encarou, incrédulo.

 

— Você vai me deixar sozinho com essa bagunça? Morten!

 

Ele foi em sua direção, mas estagnou ao ver, do andar de cima, sua família no térreo. Estavam estarrecidos.

 

— Michael Jackson!

 

— O que diabos aconteceu aqui, menino?!

 

Exclamou seus pais. Michael ficou sem palavras, buscou Morten com o olhar, mas não o encontrou. Ele havia sumido.

 

— Não fui eu!! Eu… foi… quando eu cheguei, já estava assim!

 

— Ah, conta outra…

 

Comentou Janet. Michael bufou.

 

— Cala a boca, anã!

 

— Michael! Diga logo o que houve! Onde está a empregada?

 

— Eu não sei… eu vou ligar pra ela, okay? Eu resolvo isso.

 

O cantor suspirou e retornou para o quarto para buscar o número da funcionária em sua agenda. Agora que Morten havia sumido e não havia outro funcionário na casa para resolver aquela bagunça, tudo sobrou para ele. Estava fatigado, estava furioso, mas, no fim, também estava feliz, ele nunca tinha se divertido daquela forma antes.

 

Fez a chamada e esperou alguém atender, aquela noite seria longa e amanhã ele teria trabalho, mas, se pudesse, faria tudo de novo.

 

x ----- x

 

Sala de dança, estúdio de gravação Westlake, Califórnia - 16:45 hrs

 

Michael almoçou cedo e seguiu viagem rumo ao estúdio Westlake apenas para fazer um aquecimento. A produção ainda era um embrião, então não haviam músicas para selecionar, vocais para gravar, sequer opiniões para se pensar, haviam apenas os rascunhos do rapaz e conceitos muito primitivos de ideias. Por esse motivo, Michael estava desde às 13h treinando novos passos de dança. Essa era a sua atividade preferida, que se sobressaía aos desenhos e até mesmo ao canto, então nem viu a hora passar. Já eram 16:45 hrs.

 

John Branca adentrou ao lugar.

 

— Michael? O que está fazendo aqui?

 

O rapaz não parou de dançar. Ele estava tentando reproduzir um passo deslizante lateral, porém sentia que seus pés não provocavam o efeito desejado. Suspirou.

 

— Eu só estou aquecendo.

 

— Pra quê?

 

— Pro novo álbum.

 

— Mas já?

 

Indagou o homem, enquanto removia o casaco e o jogava em qualquer canto. Michael tentou deslizar mais uma vez, porém tropeçou na última parte. Ele suspirou novamente.

 

— Você sabe… eu gosto de estar preparado. Treinar no tempo das gravações é como estudar pra uma prova importante na última hora. Nem sempre dá certo.

 

— Por que isso está me cheirando a experiência própria?

 

Brincou o homem, o que fez o rapaz gargalhar.

 

— Desde que horas você está nisso?

 

— Que horas são?

 

— Quase 17h.

 

Michael parou de dançar por alguns segundos, em seguida mordeu os lábios. Tentou disfarçar e continuou seus passos, mas John havia visto sua reação do reflexo dos espelhos do salão, e ele o conhecia bastante para saber o que aquilo significava.

 

— Michael…

 

— Hum... desde umas… acho que 13h. Acho…

 

— Você fez uma pausa, não fez?

 

Silêncio novamente. Ele entendeu tudo.

 

— Okay, quer ficar ocupado, não quer? Te convidaram para algumas apresentações, com “algumas”, quero dizer várias. Acho que irei aceitar todas pra que você fique ocupado.

 

— John!

 

Michael sabia que ele estava brincando, mas, por um segundo, realmente acreditou naquilo, John não era nem louco de lotar a sua agenda com uma apresentação atrás da outra por 7 dias da semana, era completamente inviável.

Correu até o homem, que apressou o passo para fora do salão. Quando ambos saíram, Michael sequer teve tempo de comentar sobre aquilo, as paredes dos corredores estavam, todas, manchadas de giz preto. Haviam desenhos por toda a parte, rascunhos, e alguns quadros estavam postos abaixo. Felizmente os discos em exposição eram protegidos demais e, quando caíram, apenas a película de vidro quebrou-se.

 

— Uau... 

 

— Quem vandalizou esse lugar? Não estava assim quando eu cheguei! E eu cheguei agora a pouco…

 

Comentou o homem. Michael apenas observava tudo, tentando entender, até virar-se e se deparar com Morten desenhando alguma coisa na parede. Ele ficou enfurecido.

 

— Morten! Sai daí agora!

 

John arqueou a sobrancelha e virou-se para ver quem era, porém não encontrou nada. Morten havia largado o giz quando viu o moreno.

 

— Com quem você falou, Michael?

 

— Com o Morten…

 

Michael foi até o rapaz, que ainda estava lá, mas John apenas encarou o vazio daquele corredor, confuso.

 

— Michael…

 

— Morten, você me deixou com todo o problema da casa ontem. Me dá esse giz, agora.

 

O rapaz suspirou e o entregou, como se ele fosse seu irmão mais velho, em seguida bufou.

 

— O seu amigo branquelo, pelo visto, tá te achando esquisitão…

 

Michael arqueou a sobrancelha e virou-se, contemplando John Branca o encarando com um semblante preocupado.

 

— Michael, está se alimentando direito? Não se sinta ofendido, mas você não usa ou usou alguma coisa forte, certo?

 

O rapaz encarou o seu assessor por um tempo, em seguida voltou a encarar Morten, que apenas lhe deu um sorriso cúmplice e apertou aqueles olhinhos azuis. Ele suspirou, havia aprendido outra lição.

 

— Er… eu… eu devo estar trabalhando demais, só isso.

 

Tentou disfarçar. Felizmente John Branca mordeu a isca, pois também acreditava nisso.

 

— Foi o que eu pensei, não é saudável ficar preso em uma sala, dançando, por mais de 3 horas seguidas. Vamos, você vai tomar uma água, comer e, depois, vamos conversar sobre negócios.

 

— Okay… antes, vamos chamar algum funcionário pra limpar isso.

 

O homem assentiu em concordância, em seguida tornaram a caminhar. Michael aproveitou que John estava na sua frente e virou-se para contemplar Morten, que apenas acenou de volta e lhe mandou um beijo de deboche. Michael fez um sinal com os punhos, mostrando que ele estava frito quando chegasse em casa, e o rapaz, por sua vez, apenas riu.

 

x ----- x

 

Estrada para Encino - 19:28 hrs

 

John Branca ficou preocupado com o estado do cantor naquele dia, ele estava ansioso demais para aquele álbum e isso estava começando a deixar o seu assessor no modo alerta. Insistiu para dar uma carona ao Michael, que não conseguiu rebater os seus argumentos. Para que o homem o deixasse descansar em paz, ele concordou e assim foi feito. John ligou para um motorista particular os seguir com o carro do rapaz, e o levou de carona em seu próprio carro.

 

O encarou de canto.

 

— Quem é… Morten?

 

Indagou. Michael ficou em silêncio, nem ele mesmo sabia quem era, estava tão preocupado com o álbum que não teve tempo de resolver esse lado dos seus problemas.

 

— Como assim…?

 

Se fez de desentendido. Branca prosseguiu.

 

— É que você estava repetindo esse nome no corredor vandalizado, lembra?

 

— Ah, eu… eu não sei. Acho que vi coisas. Não conta pros meus pais, tá?

 

Branca riu.

 

— Não vou dedurar você, pode deixar.

 

Brincou, Michael sorriu com o seu bom humor, mas aquele clima divertido não durou muito, o rapaz logo tornou ao seu semblante cansado e cabisbaixo. Ele estava muito pensativo, Morten invadiu a sua mente.

 

— Lembra da conversa que tivemos há alguns dias? Sobre amigos, namoros…

 

— Sim, claro. Por quê?

 

Ele suspirou.

 

— Meu pai está sempre saindo com os meus irmãos mais novos… está tentando “vendê-los”, como fez comigo e com os meus irmãos mais velhos.

 

— Suponho que não esteja difícil, hein? Sua família já é bem famosa.

 

— Sim… é que… muitas vezes, a casa fica silenciosa. Nasci numa casa pequena e cheia de pessoas, e, agora, é tudo tão grande e vazio. Então, fico sozinho…

 

— Michael, não acha que devia ter uma casa só pra você? A essa altura, você já devia ter saído…

 

— Não, não, por favor… já está difícil conviver com a solidão em uma casa enorme com umas três, quatro pessoas… imagina se eu fosse embora? Sem meus pais… meus irmãos… eu morreria de solidão.

 

Soltou mais um suspiro cansado, e Branca o encarou de canto novamente, ainda tentando manter o foco na estrada.

 

— Às vezes eu caminho pelas ruas de madrugada, esperando encontrar alguém pra conversar…

 

Branca ouviu aquilo com um pouco mais de atenção, estava preocupado.

 

— Você ainda faz isso...? Isso é perigoso, Michael.

 

— Eu sei, eu sei… ultimamente, eu parei. É que… às vezes, eu sinto que vou enlouquecer. É tudo tão silencioso.

 

Ele encarou o homem.

 

— Acha que eu preciso muito de um amigo...? Alguém da minha idade, que goste das mesmas coisas…

 

Branca não respondeu, mas fez um movimento positivo com a cabeça.

 

— Foi o que eu te disse… você quer ajuda pra encontrar essas pessoas?

 

Michael riu baixinho.

 

— Acho que amizade é algo espontâneo. Eu vou ter que me virar, mas obrigado.

 

O homem sorriu.

 

— Você pode contar comigo, você sabe disso. Bom, mas, se quer um conselho, chame aquela menina para sair.

 

O rapaz corou e riu novamente, de nervoso.

 

— Ei, para! Estou começando a achar que ela te pagou…

 

O adulto riu e, então, estacionou na frente do portão principal da mansão dos Jacksons. Os primeiros funcionários permitiram a passagem e, no segundo portão, Michael já pôde descer do carro e seguir adiante. Eles se despediram e o funcionário contratado pelo assessor seguiu para a garagem. Agora, Michael estava entregue.

 

Assim que chegou em seu quarto, encontrou Morten deitado em sua cama, lendo alguns gibis. Michael nem questionou, apenas suspirou e se trancou, retirou o colete que usava, desabotoou um pouco da sua camisa de mangas compridas, removeu os sapatos e se acomodou ao lado do rapaz. Michael deitou-se próximo das pernas de Morten, o que foi suficiente para que ele lhe importunasse, jogando uma das pernas por cima do seu peitoral. Michael o empurrou de leve e fez o mesmo, jogando uma das pernas em seu peito.

 

— Morten!

 

Ele riu discretamente.

 

— Ué, tá bravo?

 

Ele deixou o gibi de lado e agarrou a perna que Michael havia posto em cima dele, em seguida começou a fazer cócegas em seu pé sob a meia. O moreno gargalhou e tentou se desvencilhar, sem sucesso.

 

— V-você é um crianção! Não pense que eu esqueci o que você fez hoje, no estúdio!

 

— Me desculpa…

 

— Hunf… “me desculpa”...

 

Ele se inclinou e se sentou na cama, agora encarando o rapaz nos olhos.

 

— Você precisa ser mais responsável.

 

— Ah… eu… eu pensei que você já tivesse muito com o que ser “responsável”. Pensei que quisesse se divertir.

 

— Como assim?

 

O rapaz sorriu e se aproximou. Tocou o indicador na ponta do nariz do moreno, que o encarou, confuso.

 

— Às vezes eu consigo ler o que você pensa e eu sei que você reclama de solidão, então eu tento amenizar isso de alguma forma, entendeu? 

 

Michael arqueou a sobrancelha. Por um segundo as coisas pareciam fazer sentido, mas ainda era tudo muito confuso. Finalmente ele resolveu fazer a tão cabulosa pergunta.

 

— O que você é, Morten? Você é… só um rabisco? Você é o meu amigo imaginário? Você sou eu? O que é você...?

 

Morten ficou em silêncio. Ele lentamente se afastou, voltou a descansar as costas no travesseiro e tornou a abrir o gibi.

 

— Te disse que não sei de muita coisa… você me criou, você quem devia saber, não é?

 

Michael aquiesceu.

 

— É… acho que sim.

 

— Mas, se quer um palpite, você queria um amigo, não é? Acho que o seu desejo me criou, de alguma maneira. Enfim… Eu pensei que a gente pudesse se divertir lá. Você não gostou, então voltei pra casa. É isso.

 

Michael o encarou, incrédulo, porém maravilhado. Aos poucos ele foi entendendo como a concepção do Morten funcionava, e aquilo havia o deixado estarrecido. E se Morten fosse mesmo uma espécie de “amigo imaginário”? Michael não podia negar que estava feliz, porém ainda era estranho em como sua “imaginação” podia afetar a vida real.

 

— Uau… isso é tão…

 

— … mágico?

 

Ele não estava brincando quando disse que tinha acesso a alguns dos pensamentos do cantor. Michael o encarou, assustado, e tentou tomar cuidado com o que pensava perto dele.

 

— É… isso, você adivinhou.

 

Riu baixinho, e então a campainha tocou, logo após, o interfone. Michael se levantou da cama e foi atender.

 

— Senhor Michael? Ola Ray veio lhe visitar.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

Ray cedeu espaço e Michael, muito nervoso, apenas removeu os sapatos para se acomodar ao lado dela, até que, de repente, a pior coisa aconteceu no momento mais inoportuno: Morten entrou no quarto.

— Baby boy, eu me sinto estranho…

Ray arregalou os olhos e rapidamente se cobriu.

— Q-quem é esse?? Michael, achei que a porta tivesse trancada!!

Michael a encarou, assustado, em seguida encarou Morten, que apenas olhou para os dois, confuso. John Branca não havia conseguido o visualizar naquele momento, no estúdio, mas a reação de Ola Ray pegou ambos desprevenidos e os deixou perplexos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Me Dê Uma Chance" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.