Ressurrecto escrita por Alyeska


Capítulo 2
Amaldiçoada


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo.
O 3° sai na próxima segunda!
Enjoy! :)



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Minhas mãos tremiam, encharcadas com o sangue de Hermione, enquanto retirava a varinha do bolso e pressionava o ferimento com a jaqueta que antes estava usando. Tentava freneticamente lembrar o contrafeitiço que Snape usou quando ataquei Draco no sétimo ano, assistindo desesperado seu rosto tornar-se cada vez mais pálido.

Tão logo retirei a camisa do amplo corte, o sangue voltou a jorrar. Controlei a respiração entrecortada. O que eu faria se Hermione morresse?

Era impossível imaginar viver em um mundo em que ela não respirasse o mesmo ar que eu.

Vulnera Sanentur! — pronunciei as palavras assim que vieram à minha memória, tentando manter firmes os dedos trêmulos.

Levantei a blusa de Hermione, expondo o ferimento a fim de acompanhar o efeito do feitiço. O fluxo de sangue diminuiu, embora um pequeno filete continuasse a escorrer por sua cintura, seguindo seu caminho até a grama abaixo de nós. Na medida em que continuei a pronunciar o encantamento, a ferida foi se fechando lentamente, deixando uma cicatriz avermelhada e irregular para trás.

— Vamos, Hermione, acorda! — supliquei, apertando-a contra meu peito, procurando sinais em seu rosto de que seus olhos estavam prestes a se abrir.

Subitamente, a enormidade da mancha vermelha em suas roupas chamou minha atenção. Olhei para as minhas próprias vestes, também encharcadas, assim como o chão abaixo de nós.

Ela havia perdido sangue demais, podia entrar em choque a qualquer momento.

— Vai ficar tudo bem — disse a ela, embora não me ouvisse, levantando seu corpo inconsciente em meus braços.

Por algum milagre que não questionei, os portões da escola estavam abertos. As gárgulas que encimavam as colunas que os ladeavam pareciam me encarar, como se estivessem rindo da minha tentativa, como se anunciassem que estava fadado a fracassar.

Eu vou conseguir, pensei, determinado. Eu tenho que conseguir.

Atravessei o gramado diante da escola, que parecia se estender até o infinito. Talvez tenha sido apenas o medo de perdê-la, mas Hermione parecia pesar pouco mais que uma pluma em meus braços.

Corria o mais rápido que conseguia sem colocá-la em perigo. A situação já estava ruim o bastante sem que ela caísse. Não fazia ideia da extensão dos danos que a maldição que a atingira tinham lhe causado, menos ainda da eficácia do contra-feitiço que usei, mas pedia aos céus para que ela também estivesse curada por dentro.

Subi os degraus que levavam ao hall de entrada, que estava vazio. As aulas só começariam dali há alguns dias.

— Ajuda! — gritei, subindo as escadarias que me levariam à Ala Hospitalar —. Eu preciso de ajuda!

— Harry! Mas o que…? — Hagrid começou a perguntar, saindo do Salão Principal e parando ao pé da escadaria.

— É a Hermione, Hagrid! — respondi, sem parar de subir os degraus —. Chame a Prof. McGonagall!

Invadi a ala hospitalar, abrindo a porta meio fechada com um chute.

— Madame Pomfrey! — chamei, deitando Hermione em uma das macas o mais suavemente que pude —. Madame Pomfrey!

— É bom haver uma explicação para tanto barulho, Sr. Potter… Minha Nossa! — a velha enfermeira exclamou, vendo o estado de Hermione.

Em um segundo ela estava a seu lado, dois dedos encaixados no pulso direito da minha amiga. Não pude deixar de ver a palidez que lhe acometeu e logo suas mãos buscaram, frenéticas, a dobra de seu cotovelo e depois a base de seu pescoço.

Minhas mãos, que continuavam a tremer, se enregelaram. Sabia que ela estava procurando pelos sinais vitais de Hermione e, pelo que parecia, não estava encontrando.

— Ela está…? — Não ousei concluir a pergunta, temendo a resposta que Madame Pomfrey me daria.

— O que a feriu, Sr. Potter? Porque ela está assim? — ela respondeu com outra pergunta.

— Ela foi atingida por uma maldição que lhe fez um corte profundo na barriga. Ela perdeu muito sangue antes que eu conseguisse estancar o ferimento —. Respondi, andando de um lado para o outro, desejando desesperadamente que ela abrisse os olhos —. Ela vai ficar bem? — Perguntei, em um ímpeto de coragem, parando de andar.

— É melhor que saia daqui, Sr. Potter — ela disse sinistramente.

— Eu não vou a lugar nenhum.

A enfermeira bufou, sem nada acrescentar.

Devia saber que discutir não levaria a nada, que apenas a faria perder um tempo precioso para a vida de Hermione, que naquele momento parecia tão frágil quanto um sopro.

— Potter! — A professora McGonagall disse, surpresa, tão logo pôs os pés na enfermaria —. Por Deus, o que houve?

Acompanhei seu olhar assustado, notando que ela encarava minhas mãos e vestes ensanguentadas. Devia parecer que eu acabara de sair de um filme de terror e, a bem da verdade, me sentia exatamente dessa forma.

— Ela estava sendo atacada quando cheguei lá, professora — respondi, minha voz soando estranhamente vazia aos meus próprios ouvidos —. Por homens vestidos como Comensais da Morte.

Um silêncio sepulcral se abateu sobre a sala. Mesmo Madame Pomfrey, que cuidava em administrar uma poção vermelho-escuro a Hermione, parou para me ouvir.

— E um deles era Lúcio Malfoy — acrescentei, sentindo o ódio preencher minhas veias outra vez.

— Maldito Malfoy! — gritou Hagrid, que havia tentado se esgueirar logo atrás da professora de Transfiguração e nova diretora de Hogwarts —. Eu sabia que ele não estava morto! Aquele…

— Tem certeza, Potter? — a voz da professora se sobrepôs aos xingamentos que Hagrid não poupava em declamar contra o homem.

— Eu não vi seu rosto, mas sei que era ele. O jeito como ele gritou e fez tanta questão de atingir Hermione… — Passei as mãos pelos cabelos, desalentado, olhando outra vez para ela —. Tenho certeza que era Malfoy —. Respondi firmemente.

A professora McGonagall sentou-se em um banquinho ao lado de uma das macas, com um misto de ódio e surpresa em sua expressão.

— E como a Srta. Granger está, Papoula? — ela lembrou-se de perguntar.

— Receio que não muito bem — Madame Pomfrey respondeu, fazendo meu coração parar de bater por um instante —. Mas creio que vá sobreviver.

Levei as mãos à testa e também sentei. Sentia como se milhares de tijolos tivessem sido retirados do meu peito.

— Ela vai sair dessa — Hagrid afirmou, confiante —. Nossa Hermione vai ficar bem. Não se deixaria abater tão facilmente!

Não tive forças para responder.

Deitada assim naquela maca, tão pálida e mal respirando, não pude deixar de pensar que ela parecia estar morta.

— Vocês precisam me dar licença por um instante, agora. E não adianta reclamar, Potter! — ela acrescentou, me vendo abrir a boca para protestar —. Eu preciso trocar as roupas de Hermione e eu lhe aconselharia a trocar as suas.

Assenti uma única vez, contrafeito, e me retirei, ouvindo passos atrás de mim.

— Potter, assim que você estiver pronto, quero vê-lo em minha sala — disse a professora McGonagall.

Fiz que sim com a cabeça e procurei os aposentos que ela havia me designado mais cedo, no segundo andar.

Já no banheiro, me perguntei novamente o motivo do ataque à Hermione. Não podia ser apenas porque ela era uma nascida trouxa, certo? Havia milhares de nascidos trouxas em Londres que podiam ser considerados alvos mais fáceis. Eles deviam saber que em poucas ocasiões ela está sozinha.

Esfreguei as mãos, obrigando a água a levar seu sangue para longe, me fazendo outra vez a pergunta que havia feito à ela antes que desmaiasse, uma que me angustiava igualmente: porque Hermione não estava respondendo minhas cartas?

Talvez estivesse com raiva de mim por causa de Rony, embora eu não pudesse imaginar o que eu poderia ter a ver com isso. Precisava lhe assegurar que não sabia de nada do que ele estava fazendo com ela.

Talvez estivesse chateada por causa de Gina, já que ela era sua melhor amiga, mas aquilo também não tinha sido minha culpa. Também tinha de lhe assegurar que eu era inocente.

Depois de tomar banho e me trocar, fiz o que a professora havia me pedido.

— Gota de limão — disse às gárgulas que bloqueavam o acesso à sala do diretor.

— Você de novo? — perguntou a estátua da direita, levantando uma das sobrancelhas pedregosas —. Você já não tinha se formado, garoto?

— Preciso falar com a Profª McGonagall — respondi —. É importante.

Importante —. A gárgula da esquerda bufou, reclamando —. Importante.

— Uma vez estudante, sempre arrogante — a da direita completou, exibindo os degraus rotatórios que logo fiz questão de subir, ao som dos resmungos das figuras de pedra.

Um rápido “entre” escapou pela porta assim que bati. A sala estava silenciosa. O Chapéu Seletor estava guardado no lugar de sempre, empoeirado, parecendo apenas um chapéu comum. O antigo poleiro de Fawkes permanecia ao lado da Penseira, embora vazio, refletindo o brilho prateado do objeto mágico que se assemelhava a uma tigela de pedra.

A Profª McGonagall estava sentada na cadeira que antes pertencia ao Profº Dumbledore, denunciando sua nova ocupação na escola: o cargo de diretora agora lhe pertencia.

— Sente-se, Potter —. Ela sugeriu imperativamente, ao que eu logo obedeci.

Seus dedos se cruzaram logo abaixo do queixo, os olhos penetrantes fixos nos meus.

— Pedi que se mudasse para Hogwarts temporariamente por um motivo que até então não havia lhe dito, mas não vejo como ou porque continuar escondendo — A professora disse, direta como sempre, me entregando um pergaminho dobrado ao meio.

No centro, escrito em letras tremidas, havia uma única frase.

O Lorde das Trevas retornou.


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Notas finais do capítulo

Lembram que em A Ordem da Fênix as gárgulas conversaram com o Harry? Tô relendo esse e adorei a interação! Hahah
Então, o que acham que vai acontecer com a Hermione? :[]
Me contem o que acham! ♥



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