Bilhete escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Baseada em uma arte que eu vi no facebook.



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A jovem morena respirou fundo, pela terceira vez.

Tentava se acalmar, pois estava nervosa demais, ainda sem acreditar em como tinha tido coragem de fazer aquilo.

Apesar de ser um pequeno ato, foi o máximo de ousadia que a jovem tímida tinha alcançado em toda sua vida. E agora esperava em silencio o resultado disso, na saída da escola.

Suspirou, pensando no que faria se a resposta fosse negativa. Como olharia para ele a partir de agora?

O coração de Hinata acelerou, enquanto relembrava os acontecimentos.

Durante o quarto período, na aula de matemática, o professor teve que sair por alguns momentos, deixando uma atividade para os alunos fazerem em dupla, até ele voltar.

Hinata e Ino já tinham terminado e ficaram conversando... Mas, como sempre, o olhar de Hinata parecia recair em um certo loiro, que sentava no outro lado da sala.

— Vai ficar olhando pra sempre?– Ouviu a Ino falar.

— O-o que?

— Naruto. Você gosta dele, não gosta? – A jovem morena corou e confirmou com a cabeça – Então devia dizer pra ele. Você não perde nada.

— N-não tenho coragem de falar...

— Então escreve – Ino falou, com um sorriso divertido nos lábios.

Hinata sorriu e fitou o loiro novamente, de canto de olho. O viu fechar o livro que usaram para fazer a atividade.

A ideia de Ino não era ruim... Ela podia escrever um bilhete, deixar no livro dele.

Foi quando o professor voltou e colocou ordem na sala, recolhendo as atividades. Aproveitou essa chance para pegar uma folha de seu caderno e uma caneta.

Mas, o que ela ia escrever?

Eles não tinham conversado muito neste primeiro semestre em que as aulas tinham começado... Mas o que ela sabia dele era suficiente para deixa-la encantada. E ela adoraria conhecê-lo mais.

Pensando nisso, escreveu trêmula:

“Eu tenho admirado você todo esse tempo... E gostaria de te conhecer ainda mais. Acho até que... Gosto de você. Se você também gostar, pelo menos um pouquinho de mim, poderia me encontrar no portão lateral na saída?

Ass.: Hinata Hyuuga”.

Dobrou a folha e manteve em suas mãos, com firmeza.

Um tempo depois, o sinal tocou e todos começaram se levantar para sair da sala, já que a próxima aula era educação física. Hinata queria aproveitar esse momento, então sussurrou sua ideia para Ino, que aprovou imediatamente. As duas enrolaram para sair, tentando ficar por ultimo.

Quando todos já tinham saído, Hinata correu até a mesa do loiro , com o coração na garganta, e colocou o bilhete dentro do livro de matemática, enquanto Ino vigiava.

Contudo, assim que passou pela porta, se arrependeu e quis retornar, mas Ino não permitiu. Insistiu que ela tinha que ter confiança de que ele corresponderia.

Mesmo com o apoio da amiga, ela não conseguiu deixar de se preocupar. Mal conseguiu prestar atenção nas aulas que tiveram depois, pensando se ele já tinha visto o bilhete. Não teve nem coragem de olhar para o outro lado da sala, nenhuma única vez.

Quando foram liberados, Hinata arrumou seu material antes de todo mundo e correu como se sua vida dependesse disso.

Quase foi direto para casa, com medo da resposta. Mas, reuniu toda sua coragem e ficou esperando, na lateral da escola, quase encolhida no canto do muro.

Onde estava agora, apenas esperando e sendo consumida pela ansiedade.

Percebeu vários alunos passarem por ela. Porém, após alguns momentos, quando o silêncio se instalou, entendeu que ele não viria.

Talvez Naruto não tenha visto o bilhete...

Ou só não esteja interessado.

Desanimada, decidiu ir embora. Virou-se de cabeça baixa, mas foi surpreendida pela presença de alguém, que acabava de chegar. Levantou o rosto em expectativa, mas foi novamente surpreendida.

— Sasuke?

— Desculpa a demora...

Confusa, a morena observou o rapaz tirar a mão do bolso e mostrar o seu bilhete.

O coração de Hinata parou. Por que ele estava com o bilhete que ela tinha escrito para o Naruto?

— Confesso que me surpreendeu. Na verdade, eu tenho te observado também – Ele confessou, sem olhá-la diretamente – E sendo sincero, achei que você fosse afim do Naruto...

Hinata ficou quase em choque. Ele acha que o bilhete é para ele. Mas como isso aconteceu?

Espera um minuto. O que ele esta dizendo? Seria possível que ele estivesse interessado nela? Não só isso, ele sabia que ela gostava do Naruto.

A respiração de Hinata ficou irregular, enquanto ela tentava entender o que estava acontecendo ali.

— S-sasuke... E-eu...

— Calma, eu sei... Você é tímida... – Ele estendeu a mão para ela – Vem, vamos só voltar caminhando juntos, e conversamos o que acha?

Hinata ficou em dúvida sobre o que fazer, mas confirmou com a cabeça. Tinha que se explicar, mas não sabia como começar.

Sentiu sua mão ser segurada com delicadeza, e passaram a andar devagar, lado a lado, em silêncio.

— Que tal comermos alguma coisa? – Ele perguntou depois de um tempo – Precisa ir pra casa agora?

Hinata ficou alarmada e não respondeu imediatamente, e isso não passou despercebido por ele.

— Você pode dizer não – Sasuke disse, sem fitá-la – Se não quiser...

Ainda desnorteada, Hinata decidiu se deixou levar, por enquanto.

— T-tudo bem...

— Então eu sei exatamente onde te levar – O moreno falou satisfeito, e a guiou por algumas ruas, ainda segurando sua mão com firmeza.

O que tornava a situação ainda mais difícil para ela, que só queria uma brecha para desfazer o mal entendido.

Após alguns minutos andando, chegaram a uma loja de doces estilo retrô, que encantou os olhos da menina imediatamente.

— Já tinha vindo aqui?

— Não, nem conhecia – Hinata respondeu, enquanto eles entravam na loja, ficando ainda mais maravilhada.

— Ela abriu faz pouco tempo. Pensei em você assim que a encontrei – Sasuke disse naturalmente, mas a morena corou com essa afirmação. Eles foram até o balcão e escolheram alguns doces.

Já na mesa, Hinata mal pode esperar para provar um dos doces. Assim que ela colocou um na boca, quase entrou em êxtase. Era tão maravilhoso, que até fechou os olhos para poder aproveitar melhor.

Mas quando os abriu novamente, percebeu Sasuke a fitando intensamente, e aquilo a desconcertou.

— Gostou? – Ele disse baixo.

— S-sim... V-você não vai experimentar? – Tentou mudar o foco, ao perceber que ele apenas bebia alguma coisa.

— Não gosto de doces... Peguei pra você.

Hinata sentiu o rosto esquentar... Não estava acostumada com aquele tipo de atenção, ainda mais vindo dele.

Aquele garoto era cobiçado por praticamente todas as garotas da sala. Da escola! Porque ele estaria interessado justo nela?

A jovem continuou comendo e a cada doce que provava, sentia-se nas nuvens. O que ajudou a distrair daquele momento constrangedor.

— Sabia que você gostava de doces, mas parece que é muito mais do que eu imaginava.

— C-como sabia?

— Você sempre leva doces pra escola – Disse de maneira descontraída, mas isso só confirmava que ele reparava mesmo nela...

Mas, o bilhete que ela escreveu não era para ele.

— Você quer ir no cinema domingo? – Sasuke convidou e a jovem o fitou surpresa. Não sabia o que responder.

— E-eu...

— Você pode pensar... Aqui – Ele pegou o próprio celular e então aproximou da jovem – Me adiciona e vamos conversando até lá.

A morena pegou o celular e aceitou o contato. Mal terminou de adicionar o número e recebeu uma mensagem dele. Fitou o jovem a sua frente, com curiosidade, e então a abriu.

“Você é linda.”

Hinata novamente sentiu o rosto esquentar e não soube como reagir.

— Desculpa se estou sendo muito direto. Mas, eu realmente fiquei feliz com o bilhete que você deixou no meu livro.

A morena o fitou, frustrada. O livro era dele? Ela pensou que fosse do Naruto... Tinha que contar a verdade.

— S-sasuke...

— Eu vou parar... Vou mais devagar. Já quer ir? Eu vou pedir para que embrulhem esses doces e te levo a estação.

— N-não precisa ir... – Tentou argumentar.

— Eu quero ir – Falou simplesmente, enquanto levava a bandeja até o balcão.

Hinata estava angustiada. A situação era a pior possível, como dizer para o Sasuke que era do amigo dele que ela gostava?

Se torturou o tempo todo que levaram da saída da loja até a estação, que não era muito longe.

— Chegamos – Sasuke falou, parando em frente a estação e se voltando para a jovem – Eu posso te mandar mensagem?

Hinata balançou a cabeça, afirmando.

— Que bom... – O moreno segurou uma de suas mãos e apertou – Já quero te ver de novo...

Hinata sentiu o coração doer, então entendeu que não podia continuar calada. Ela apertou a mão do rapaz, ainda mais e respirou fundo.

— Sasuke, me desculpa... – Admitiu baixo, sem olhá-lo diretamente – A... A verdade-e é que... Eu deixei o bilhete para o... Naruto... – Respirou fundo de novo – Eu não consegui dizer antes... V-você tem sido tão atencioso... Eu... – Suspirou – Sinto... Muito...

Terminou e esperou pela reação do jovem.

— Eu sei... – Sasuke falou de maneira suave e Hinata o fitou surpresa – O cabeça oca do Naruto esqueceu o livro dele, então emprestei o meu. Quando ele me devolveu e eu achei o bilhete, entendi na hora...

A verdade é que ele foi do céu ao inferno em questão de segundos.

Quando o moreno leu o bilhete, seu corpo reagiu automaticamente, com a possibilidade de ser correspondido. Mas, tão logo percebeu que não era para ele. Não tinha como não notar os olhares dela para o amigo.

— Então, porque foi me encontrar? – Hinata perguntou confusa.

— Eu disse por que – Ele falou, fitando-a intensamente – Eu tenho te olhado já tem um tempo... Por isso sei que você tem interesse nele. E por isso também eu não tentei me aproximar – Ele virou o rosto para o lado, quase incomodado – Ele gosta de alguém e já se declarou... Está esperando uma resposta, eu lamento.

Hinata sentiu o coração pesar. Ficou triste, mas não era exatamente uma surpresa. Não achou mesmo que tinha alguma chance...

— Hoje foi ruim? – Sasuke perguntou, voltando a olhá-la diretamente – Sair comigo?

— Não, eu gostei... Muito – A jovem disse de maneira franca, com um pequeno sorriso – Foi... Só... Inesperado...

— Fica comigo... – As palavras saltaram da boca dele. Hinata ficou completamente surpresa – Me deixa conhecer você?

O moreno desejou tanto que aquele bilhete fosse pra ele... Que no fim, apenas decidiu fingir que era, e tentar a sorte.

Hinata sentiu o coração acelerar e não soube como reagir. Nunca, nem em seus sonhos mais estranhos, imaginaria um mundo onde Sasuke gostasse dela. Nunca tinha o visto com esses olhos, mas precisava admitir que essa tarde tinha sido agradável.

Porém, não era possível mudar seu coração tão rápido.

— É que... Eu...

— Você não precisa me responder agora... Eu sei que estou sendo apressado – Falou, fitando-a com carinho – Só quero que pense em mim... E me veja como uma opção.

Sasuke se inclinou, ficando perigosamente perto. Hinata quis dar um passo para trás, mas ele a tranquilizou.

— Eu não vou fazer nada – Ele disse baixo e Hinata confiou em sua palavra. Ele se aproximou, fazendo o coração da jovem falhar. Então plantou um beijo em sua bochecha, mas perto o suficiente da sua boca, para que ela entendesse suas intenções.

— Tudo bem se ainda tiver sentimentos por ele... – Ele murmurou, a fitando-o nos olhos, muito, muito próximo – Eu vou cobrir todos eles... É só você me dar uma chance.

Hinata sentiu o corpo arrepiar, ainda mal assimilando tudo que havia acontecido até agora.

— Vou estar esperando... – Sasuke disse e se afastou rápido, sentindo que havia subestimado a si mesmo. Seu autocontrole não era tão bom quanto pensava.

O coração batia descompassado e começava a pensar que talvez tenha sido agressivo demais. Porém, não se arrependia de tentar. Na verdade, quase sorriu ao reconhecer a própria impaciência com relação a morena. Parece que a queria ainda mais do que imaginou.

E ele ainda não sabia, mas suas ações tinham alcançado o seu objetivo.

Hinata pensaria muito mais nele, daquele dia em diante.

A morena respirou fundo e caminhou até a estação, para esperar o trem.

Pegou o celular, decidida a mandar mensagem para Ino e contar tudo o que tinha acontecido. Pedir um conselho sobre o que ela deveria fazer, embora já imaginasse a resposta que receberia.

Foi então que ela viu novamente a mensagem que Sasuke mandou e sorriu, inconsciente.

Ela ainda não sabia, mas tinha colocado aquele bilhete no livro certo.


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