Wildest Dreams escrita por Lily Potter


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa, tudo bem com vocês?
Mais uma fanfic pro November Hinny, e olha, ainda não é a última, hehehe. Queria agradecer primeiramente à Belle por sempre revisar minhas fanfics e impedir que eu assassine o português e me ouvir surtar, e também um grande obrigada a Gab por me ouvir surtar todas que eu cismo que 2 pessoas precisam julgar a fanfic uahuahuahuah.
Sobre a fanfic, queria deixar bem claro que eu não sei NADA de volei, então qualquer erro, é por isso, e queria acrescentar que os nomes dos times são os de quadribol do universo de HP, pq eu tenho 0 criatividade p essas coisas.
Boa leitura à todes, e espero que gostem!



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Ginny estava nua, total e completamente nua. 

O que não era surpresa para si, afinal era mais do que previsível de que ao menos um deles terminaria a noite sem suas roupas, e era um acontecimento tão comum que quando acordava no dia seguinte, com o corpo deliciosamente dolorido, em uma cama que não era a sua e com um braço em volta de sua cintura, sabendo que quando abrisse os olhos e se virasse encontraria Harry.

    Era estranho pensar em como tudo aquilo que reprimiram, toda a tensão que acumularam por tantos anos, ao invés de separá-los, na realidade os havia levado a encontros na calada da noite e um relacionamento que baseava-se em saciar os desejos sexuais deles. Por mais clichê que soasse, esquecia-se de todos os seus problemas, de todos os motivos pelos quais não deveriam estar fazendo aquilo quando estava ao lado dele.

Quando as mãos calejadas de Harry tocavam cada parte de seu corpo com tanto cuidado e carinho e seus olhos se encontravam em uma sala lotada de famosos, amigos e jornalistas e eles trocavam um sorriso discreto que só pertencia a eles e mais ninguém, Ginny acreditava que poderia dar certo. Que essa aventura, por mais louca que fosse, valia a pena todos os riscos.

Mas é claro, ela estava errada.

Em uma madrugada escura após uma derrota violenta do Holyhead Harpy um dos maiores times de vôlei feminino da Inglaterra, o qual ela era capitã há quase três anos, para as suas maiores rivais, Puddlemere United, time cujo Harry era treinador, Ginny encontrou-se na porta do loft de Potter. 

Essa foi a primeira vez em que tudo deu errado e eles quase foram pegos.

Toda vez que parava para pensar sobre o incidente percebia o quão burra foi em ir até o lugar logo após uma vitória para o time dele. Não que Harry fosse debochar dela, ele sabia muito bem que caso fizesse isso ela não hesitaria em quebrar a cara dele, mas porque obviamente haveria algum repórter por perto.

Quando sua treinadora a ligou às seis da manhã perguntando o que diabos Ginny havia feito e por que havia fotos dela entrando no prédio do treinador do maior rival delas logo após uma derrota para o dito time, ela disse que estava bêbada demais e havia pensando que seria uma boa ideia falar umas verdades para o moreno de olhos verdes, o que não era bem uma mentira. 

Ela havia gritado com Harry por quase quinze minutos, insultando-o por cada pequena coisa que não era culpa dele, a diferença, é que essa briga entre os dois havia sido muito mais uma espécie de preliminar do que realmente uma briga entre rivais.

Fez tudo isso ainda deitada na cama de Harry, usando apenas uma camisa dele, que já estava enrolada próxima a seus seios, deixando-a nua da cintura para baixo. Estava com uma mão segurando o celular e a outra enfiada nos cabelos cacheados do moreno enquanto ele beijava a parte interna de suas coxas nuas, sua barba por fazer a deixando totalmente arrepiada. 

E quando Jones começou a falar sobre "ideias estúpidas" e como Ginny estava sendo irresponsável ao causar tanta especulação na mídia no pior momento possível, a ruiva estava com sua mente totalmente focada no levantar do canto que os lábios do moreno faziam quando ele sorria. 

— Não vai desligar? — ele perguntou em um tom sussurrado, arqueando a sobrancelha esquerda e apertando o quadril dela com a mão direita. Céus, ele sabia muito bem o que aquele conjunto de coisas fazia consigo e estava usando da pior maneira possível. — Tenho algumas horas para comemorar a minha vitória e te consolar, ainda. 

Ginny tampou o microfone do celular e o afastou, apenas por precaução, sua treinadora não podia sequer desconfiar que o motivo de não ter fotos dela saindo do apartamento era porque ela ainda estava lá. Seria, na melhor das hipóteses, morta por ela, caso Gwen descobrisse que estava dormindo com Harry.

— Eu não posso simplesmente desligar na cara da minha treinadora, Potter. — sussurrou irritada com a presunção dele.

— Então eu serei obrigado a te foder enquanto você fala no telefone? — perguntou sorrindo amplamente, seu polegar passando lentamente por cima de seu clitorís. — Você conseguiria ficar quieta?

— Isso é uma aposta?

— Sempre é.

— Se eu ganhar, você vai precisar admitir que eu sou a melhor jogadora da temporada.

— Ótimo, e seu eu ganhar, e eu vou, — ele afirmou. — você vai ter que admitir que estava errada.

— Só em seus sonhos, Potter. 

— Presunçoso da sua parte achar que sonho com você, Weasley. —  Respondeu com um sorriso de canto. 

Harry ganhou a aposta.

Em menos de dez minutos Ginny precisou desligar o telefone depois de soltar um gemido estrangulado quando Harry deslizou sua língua sob os seios dela, enquanto suas mãos apertavam as coxas dela com força o suficiente para deixar marcas.

Pela primeira vez, ela torceu para que ficassem marcas.

Não ficaram marcas. À noite quando estava tomando banho em seu apartamento, procurou por alguma coisa, qualquer coisa, que desse indício do que haviam feito, mas não tinha nada. Nem mesmo um arranhão acidental.

Eram bons demais em se esconder para isso, e aquilo não deveria incomodar, porque era o que queriam, mas a incomodou. 

Esse havia sido o primeiro sinal de que não era apenas sexo casual entre eles, mas como tudo que envolviam emoções mais profundas, Ginny ignorou e seguiu com sua vida normalmente. 

Não era exatamente surpreendente dizer que isso apenas aumentou a adrenalina que sentiam a cada escapada ao invés de forçá-los a se separarem antes que o lance que tinham se tornasse um problema para suas carreiras. 

Na segunda vez em que foram descuidados já haviam se passado mais de três meses do incidente, aconteceu em uma manhã corrida de dezembro onde Harry precisava estar no aeroporto às cinco para que ele e seu time partissem em direção à Paris para um jogo contra as meninas do Silver Stars

Ele havia aparecido em sua casa, como haviam combinado por telefone, perto das seis da tarde, a ideia era apenas um começo de noite casual e então ele voltaria para sua cobertura e, talvez, ela lhe mandaria uma mensagem desejando que o avião dele caísse horas depois dele ter desembarcado em Paris, porque era assim que eles eram. 

Inimigos que se beijavam e faziam sexo.

Não importava se às vezes se pegava sorrindo ao lembrar-se da forma em que ele sorria diferente quando estavam a sós, um sorriso que mostrava o seu o dente da frente que era levemente torto e fazia com que os olhos dele quase fechassem, ou o fato de que Harry havia decorado o que ela gostava de comer quando pediam delivery, menos ainda se importava em pensar em como o nome dela quando ele o dizia parecia mais bonito.

Não importava o quanto ela gostava de estar em sua presença, até mesmo depois de perder para o time dele, nada disso importava porque eles não poderiam ficar juntos, não sem consequências. Não sem, talvez, acabar com o afeto que tinham.

— Sabe, eu deveria ir para casa. — Harry comentou com uma voz de quem não quer nada. 

Eles estavam deitados em sua cama, Ginny estava vestida com o moletom que o moreno estava usando quando chegou, e ele usava uma samba-canção, dele, que estava em seu apartamento há meses, não havia percebido até aquele momento que havia peças de roupas dele em seu guarda-roupa. 

Haviam pedido hambúrguer, mesmo sabendo que ele já deveria estar dormindo há tempos, que ela não deveria comer fast-food durante a temporada e que teriam que sair da cama em um futuro breve. 

— Minha casa é mais perto do aeroporto que a sua. — Comentou sem pensar nas consequências. Só depois que havia falado que percebeu que estava convidando, de forma sincera, sóbria e não relacionada a sexo, para o moreno dormir em sua casa. 

Deveria ter sentido medo do que significava, mas não sentiu. 

— Hm?— Respondeu distraidamente, seus dedos brincando com os dela.

— Você pode dormir aqui, e ir direto para o aeroporto, — respondeu com o olhar focado na mão dos dois. — sua mala deve estar no carro desde que você ficou sabendo que iam jogar em Paris. 

— Para a sua informação, eu coloquei ela lá ontem. 

— Uhum. 

— Você é um pé no saco, Weasley. — Resmungou fazendo um bico irritado, mas não parou de brincar com os dedos dela. A ruiva riu, se inclinou e o beijou levemente. 

— Eu sei, — respondeu quando se afastou, rindo levemente. — vê se não ronca, eu preciso do meu sono da beleza.

— Quem ronca aqui é você, querida. 

— Nos seus sonhos, Potter. 

— Neles você não está dormindo. — Ele respondeu, forçando a pior cara de patife que tinha. 

Sabia que ele estava brincando, já que quando ele realmente desejava ser um patife, Ginny sentia vontade de jogá-lo contra a parede e beijá-lo até esquecer o próprio nome, mas naquele momento conseguiu apenas rir da forma cômica em que ele estava franzindo a testa. 

— Achei que não sonhava comigo. — Brincou, lembrando-se de uma conversa que tiveram há tempos. 

— Eu disse que era presunçoso achar que eu faria, não que eu não fazia. 

— Então você sonha comigo? — perguntou maliciosa, passando sua mão livre pelo peitoral musculoso dele. — Por que você não me conta e a gente transforma eles em realidade?

— Weasley…

— O quê? — perguntou com uma falsa inocência. — Está com medo, Potter?

— Nunca. — Afirmou com um sorriso de lado, mas alguma coisa havia mudado, o ar brincalhão havia ido embora. 

— Sei. — respondeu desconfiada, e tentou esquecer aquilo. Se Harry não queria falar sobre aquilo com ela não tinha problema, eles não eram amigos nem nada do tipo. Como se adivinhasse que ela precisava de uma desculpa para se livrar da situação, a campainha soou. — Deve ser nossa comida, já volto. 

— Não coma minhas batatas. — Implicou ele, a empurrando levemente para fora da cama.

— Se você não quer que eu coma, vai você buscar. — Respondeu com uma risada, já em direção a porta. Ambos sabiam que ele não poderia ir buscar, era arriscado demais.

— Eu te odeio. 

Ginny apenas riu ainda mais, e correu em direção à porta. Sabia que apesar de ter aquecedor em todos os locais do prédio, os corredores ainda estavam gelados, e não queria que seu porteiro congelasse enquanto ela ficava implicando com o moreno. 

— Boa noite. — Falou a menina de aparentemente quinze anos que segurava o pedido como se sua vida dependesse disso. 

Estranhou por meio segundo o fato de que deveria ser seu porteiro lhe entregando o pedido, então lembrou-se que ele havia machucado a perna e a avisou que um de seus muitos netos estaria o ajudando, então esta deveria ser a neta do Sr. Smith. 

 A menina arregalou os olhos e corou quando a olhou. 

Ginny era muito bonita e famosa, mas sabia que não era por isso, ou ao menos não por isso que a garota reagiu assim. O moletom só ia até o meio de suas coxas e tinha o cheiro amadeirado de Harry, seu cabelo provavelmente estava uma bagunça e ela tinha certeza que tinha uma marca avermelhada por culpa da barba de Harry em seu pescoço.

— Hm, er, entrega para você, senhorita Weasley? — Ela falou em tom de pergunta oferecendo a sacola desajeitadamente. 

— Obrigada, meu bem. — Respondeu com um sorriso pegando a sacola e se movendo para fechar a porta.

— Er, srta. Weasley? 

— Sim?

— Você… hm… você pode me dar um autógrafo? — Pediu timidamente, os olhos castanhos brilhando em expectativa.

— Claro, querida. — sorriu colocando a sacola no chão com cuidado. — Como você quer que eu assine?

— Hm, Olivia James. — ele falou baixinho. — Gostei muito do seu último jogo, aquele saque foi incrível! Eu comecei a jogar vôlei por sua causa.

— Muito obrigada, Olivia. — Agradeceu com um sorriso sincero. Adorava quando as pessoas reconheciam seu trabalho e o elogiava, principalmente quando outras meninas diziam se inspirar nela. — Tenho certeza de que é uma ótima jogadora. 

— Obrigada! — agradeceu a menina com um sorriso feliz, parecendo levemente mais confiante. — Boa noite!

— Boa noite, querida. 

Ginny ficou parada na porta olhando a menina andar pelo corredor até sumir ao entrar no elevador, eram coisas como essa que a deixavam com a sensação de que fazia alguma diferença, de que era parte de algo muito maior do que um time feminino de vôlei. 

Lembrava-se de quando era mais nova, de sua admiração por Gwen, em como todos achavam que era impossível para um Weasley sair do interior da Inglaterra para jogar em um dos maiores times do Reino Unido, sabia o tanto que precisou batalhar para chegar aonde estava. 

Sua relação com Harry arriscava tudo isso, e ela deveria parar, era um risco muito grande estarem juntos, mas ela não conseguia evitar, então apenas pegou sua comida, fechou a porta, e com um sorriso que não chegava aos seus olhos, voltou para o quarto. 

— Ei, você demorou. — Comentou levemente sem desviar o olhar do livro que estava lendo. 

Era Conectadas, um livro sáfico brasileiro sobre o qual ela havia comentado semanas antes, e não era a edição que ela tinha, sabia disso porque sua edição estava levemente amassada no canto esquerdo e essa estava intacta. Ele colocou o livro na mesa de cabeceira e a olhou. O óculos estava torto e o cabelo bagunçado. Estava lindo. 

— Foi mal, acabei me distraindo. 

— Tá tudo bem, Weasley? — perguntou quando ela se sentou com as pernas cruzadas no meio da cama e entregou o lanche a ele. — Você tá meio áerea. 

— ‘Tá sim. — respondeu abrindo a embalagem ainda sem o encarar. — Só ‘tava pensando. 

— ‘Cê quer conversar?

— Harry, a gente não conversa, — ela riu levemente, roubando uma batata dele. — tipo nunca.

— Primeiro, a gente conversa sim, marrentinha, — respondeu, semi-cerrando os olhos em direção dela. — e segundo, pode parar de roubar a minha batata. 

— Desde quando a gente conversa, idiota?

— Weasley, não começa. — Harry falou com um suspiro cansado, e a ruiva se inclinou para frente aproximando-se dele e o beijou suavemente. 

Sabia que estava sendo um pé no saco e até mesmo injusta com o Potter, apesar de não gostar de admitir, sabia que ele tinha razão. Em algum ponto entre o ódio e o sexo, eles começaram a conversar sobre coisas normais, quase como uma amizade. 

— Okay, okay, estressadinho, — cedeu colocando a mão para o alto em demonstração. O moreno revirou os olhos e a encarou em expectativa. — você tem razão.

—  Eu sei. 

— Eu te odeio.

— Eu também te odeio.

Eles ficaram mais alguns minutos em silêncio.

— E então? —  pressionou. — O que aconteceu?

— Não sei se quero falar sobre. — Admitiu com um suspiro cansado. Sentia que ele desejava continuar a conversa e descobrir o que a incomodava, mas a respeitou e apenas assentiu levemente. 

— Tudo bem. — falou ele após dar uma grande mordida em seu hambúrguer sujando toda a boca de molho. — Esse livro é muito bom, não é uma merda igual àquele outro que você recomendou.

— Você não tem moral pra falar mal de A Culpa é das Estrelas quando seu livro preferido é Crepúsculo. 

— Deixa o meu Edward fora disso, Weasley.

— Nunca. 

— Eu te odeio. 

— Eu sei. — respondeu com um sorriso, colocou o lanche de lado e sentou-se no colo dele antes de o beijar lentamente. — Acho que não tô mais com fome. 

— É mesmo? — perguntou com um sorriso de lado, segurando a cintura dela com força, rindo quando a ruiva assentiu. — Pois eu estou doido para te comer até você só conseguir  pensar em mim. 

Eles se livraram das embalagens em tempo recorde, e Harry cumpriu com sua palavra, a fodendo com força, fazendo com que tudo que passasse pela cabeça dela fosse em como nada no mundo era melhor do que a sensação de ter ele ali entre suas pernas, a fazendo gritar e gemer como se o sentido da vida deles fosse estar transando naquela cama.

Tudo teria ido de acordo com o plano se eles não tivessem perdido a hora, Ginny tinha certeza disso. Ou se ela não tivesse se esquecido sobre a coletiva de imprensa que teria para as Harpias naquela tarde, o que significava paparazzis rondando seu apartamento.

Nada disso passou pela cabeça deles enquanto ela o observava se arrumar, mesmo tendo dito mil vezes que não acordaria para vê-lo sair, Harry estava tão morto de sono quanto a ruiva, mas mesmo assim tinha um sorriso no rosto, assim como uma leve marca no pescoço. 

— Não vai me desejar boa sorte, marrentinha? — Perguntou quando estava na porta do apartamento dela preparado para sair. 

— Espero que vocês percam. — afirmou com um sorriso e o puxou pelo moletom, era roxo e tinha a logo da Nike, era um ótimo moletom, mas não era o que ele estava usando antes. Esse ficaria com a Weasley, ambos adoravam quando ela usava as roupas dele.

— Quanta falta de patriotismo da sua parte, Weasley.

— Estarei feliz desde que vocês estejam arrasados. 

— Ouch, essa doeu. — ele disse com um sorriso e se inclinou a dando um último beijo. — Não sinta muito a minha falta, querida.

— Vá se foder, querido.

Ele entrou no elevador com um sorriso no rosto e ela voltou para o seu apartamento. 

Vinte minutos depois recebeu mensagem de uma de suas colegas de time, Angelina Johnson. Era uma foto de Harry saindo do seu prédio naquela manhã, e junto da foto vinha o print de uma matéria. Quando viu o título, seu coração parou.

“Treinador Potter se infiltra no quarto da capitã das harpias."

Gwen quase a matou naquele dia. Mas Harry conseguiu salvar o segredo dos dois ao afirmar que sua ida ao prédio era para ver uma antiga amiga e que nunca saberia sobre a Weasley morar ali já que raramente tinha tempo para ler revistas de fofocas. 

Era mentira, todas as partes, principalmente porque a ruiva sabia que ele havia assinado um plano anual de uma revista teen de fofoca, mas o segredo deles estava a salvo e isso era o que importava. 

Só precisavam tomar mais cuidado, estavam fazendo isso há pouco mais de um ano, se conseguiram por tanto tempo, conseguiriam por mais tempo ainda, só precisavam ficar mais atentos e tudo ficaria bem.

Mais quatro meses se passaram quando aconteceu de novo.

Havia ido até o apartamento do moreno ainda no meio da tarde um dia antes de ela sair em direção à Irlanda, logo após ver a entrevista espetacular que ele havia dado sobre a vitória do time dele em Madrid de um jogo de semanas atrás, em uma mistura de vontade de beijá-lo até seu sorriso presunçoso sumir e de escutá-lo falar de novo e de novo sobre as coisas que colocavam aquele sorriso em seu rosto. 

Não procurou por câmeras como fazia sempre, depois da segunda vez em que quase foram descobertos (esse havia sido seu primeiro erro), ao descer de seu carro esportivo prata. Exatamente aquele que todos sabiam que pertencia a ela tendo em vista que havia saído uma reportagem sobre isso há pouco menos de quatro dias (outro erro que em qualquer outro dia não teria acontecido) e ainda por cima estava usando seu boné das Harpias. Provavelmente o toque final que tirou todas as dúvidas que alguém poderia ter sobre ser ela.

Mal recordava-se de como chegou até o loft, no entanto, o momento em que bateu na porta de Harry sempre ficaria marcado em sua memória. 

Sentia-se nervosa e subitamente boba, eles não tinham nada de verdade, eram apenas uma espécie de inimigos-quase-amigos com benefícios, e se ela havia sentido qualquer coisa por culpa da maldita entrevista, o problema era dela e não dele. Não deveria ter ido até ali sem avisar. Fazia parte das regras deles, sempre avisar ao aparecer na casa do outro.

Harry provavelmente estava comemorando com outra pessoa, alguém que ele poderia ter um relacionamento de verdade, e não uma jogadora do time rival. Não alguém que ele não poderia ter.

Bateu na porta rapidamente, apenas porque não queria se sentir uma covarde. Esperou por alguns segundos e bateu novamente, decidida que bater duas vezes já era muito mais do que suficiente para provar para si mesma que havia tentando. 

Para sua surpresa, antes mesmo de poder virar as costas a porta se abriu.

— Ginny? — O moreno falou, sua voz saiu rouca como de quem estava fodendo. — O que você tá fazendo aqui?

Ou dormindo, mas ele nunca dormia no meio da tarde, então tinha que ser a primeira opção. E ele também estava sem camisa. Essa era a primeira vez que ele falava seu primeiro nome. 

Deus, como estava sendo burra.

— Hm, oi, Potter. — falou sem jeito. — Eu, hm, vim te desejar parabéns pela entrevista, mas não quero te atrapalhar, foi mal.

— Ginny? — ele perguntou parecendo confuso. — Do que você ‘tá falando?

— Nada. — respondeu rapidamente. — Acho melhor eu ir embora.

— Não, espera. — Pediu o moreno segurando o pulso dela. — Entra, por favor, você só me pegou de surpresa.

— Eu posso ir embora, não tem problema, Potter.

— Para de ser cabeça dura e entra, — disse revirando os olhos. — eu tô congelando aqui na porta, porra. 

Ginny entrou e colocou os sapatos no canto, sentindo-se estranhamente desconfortável na presença do moreno de cachos, o que decididamente era um acontecimento e tanto, afinal, mesmo quando eles só trocavam insultos nunca havia se sentido assim. 

Em silêncio, os dois caminharam até o sofá grande em formato de U que ele tinha. Sempre havia gostado da sala dele, era grande, espaçosa, colorida e tinha uma janela que ia do chão ao teto, onde ele adorava a colocar contra enquanto se beijavam. 

— Você me mandou mensagem avisando que vinha? 

— Não. — admitiu ela, sentido-se derrotada e esperando que ele a lembrasse de que ela havia acabado de quebrar uma das regras deles. — Vim de última hora.

— Graças a Deus. — Suspirou o moreno a confundido mais ainda. 

— Como assim? — Perguntou desconfiada, e ele apenas a olhou e sorriu de lado.

— Nada, eu só… — ele começa e parece ficar meio envergonhado em continuar. 

—  Você só? — pressionou o encarando em expectativa.

— Eu só fiquei com saudades, acho. — falou timidamente. — Não queria que você tivesse se sentido ignorada só porque eu dormi de tarde.

Isso definitivamente a surpreendeu. Potter? Com saudades dela? Nunca havia cogitado a opção onde não só ela havia sentido uma mudança no que tinham, sequer havia passado por sua cabeça que talvez, ele também sentisse sua falta.

— Você sentiu? — Perguntou curiosa e talvez um pouco esperançosa também.

— Senti. — admitiu ele após longos segundos calado e com os olhos fixos no tapete felpudo azul. Ele levantou o olhar, que estava brilhante, como se tivesse lágrimas em seus olhos, e a encarou sério e esperançoso. — Você… ?

— Senti, também senti. — Respondeu sem sequer esperar que ele terminasse a pergunta. 

Não sabia que sentia a falta dele até aquele momento, menos ainda que iria contar isso a ele, mas lá estava ela, sendo sincera sobre seus recém descobertos sentimentos por ele. A sinceridade, por melhor que fosse, apenas a assustou mais. Quando eram apenas Weasley e Potter, inimigos que faziam sexo, era fácil separar as coisas.

Antes era fácil escolher entre sua carreira, entre não causar um escândalo e o que tinham, mas ali naquele momento enquanto eles se olhavam, com os pés se encostando, parecia muito difícil fazer uma escolha entre as duas coisas.

Não sabia o que fazer, então apenas subiu no colo dele e o beijou com todas as suas forças, tentando fazer com que todas suas dúvidas se perdessem no meio do beijo. Harry a beijava com avidez, sua mão esquerda estava por baixo de sua blusa e a direita apertava sua bunda. 

A mão dela estava em seus cabelos, puxando os fios com força, tentando os forçar a se fundir fisicamente, a outra mão passava pelo abdômen dele, ainda se surpreendia em como ele conseguia manter a forma mesmo depois de quase cinco anos sem estar jogando profissionalmente.

Ao que parece corpo de Harry sempre seria o corpo de um atleta. 

— Quarto? — ele perguntou após passarem longos minutos se beijando na sala. Ginny riu e o beijou com mais vontade, arranhando as costas dele no processo e rebolando em seu colo. 

— Aqui.

— Aqui? 

— Uhum.

— Agora?

— Uhum.

— Aqui e agora?

— Aqui e agora, Potter. — A ruiva concordou arrancando a própria blusa para deixar ainda mais claro suas intenções. Harry sorriu e a colocou deitada no sofá, beijando o pescoço dela delicadamente. 

Ela precisava estar perfeitamente livre de marcas no dia seguinte quando se encontrasse com Gwen, ou nunca viveria para ver o fim disso, já havia causado confusões demais no último ano e não podia se dar ao luxo de criar mais uma. 

Eles transaram pelo o que pareceram horas, devagar, rápido, no tapete, no sofá, contra a janela, contra a parede do corredor e na cama. Não havia uma marca sequer nela, ao menos, não onde seria visível e sua cabeça finalmente havia se silenciado a respeito de qualquer coisa que não fosse o prazer que estava sentindo.

Em algum momento havia adormecido, não lembrava se havia sido logo após seu último orgasmo, ou se foi no momentos seguintes enquanto eles recuperavam a respiração. Quando acordou Harry estava traçando formas por seu ombro enquanto cantarolava uma música da Taylor Swift, assim que percebeu que ela havia acordado, o moreno sorriu.

— Oi. 

— Olá. 

 — Sabe, hoje fazem um ano e seis meses desde que a gente se beijou pela primeira vez. — O moreno comentou do nada, olhando-a com um sorriso pequeno e beijando a ponta de seu nariz rapidamente, nunca parando de traçar formar na pele pontilhada de sardas da ruiva. 

— Como você sabe?

— Eu tenho uma ótima memória, querida.

— Sei… — responde cética. — não foi porque você marcou no calendário como o dia mais feliz da sua vida.

— Em primeiro lugar, minha memória é perfeita, — afirmou soando levemente ofendido. — e em segundo lugar, eu sei disso porque foi no dia em que meu time ganhou do seu. 

— Ugh, eu te odeio. 

— Não odeia, não.

— Quem te contou essa mentira? — Ginny perguntou arqueando a sobrancelha em direção do moreno que apenas riu e a abraçou. 

— Você mesma. — respondeu contra o pescoço dela. — E não é mentira.

— É sim, e se um dia eu falei que não te odiava, eu claramente estava sob efeitos de droga. 

— Você sabe que o que a gente fala quando não tá sóbrio é só a verdade que somos covardes demais para falar, né? 

— Eu não sou covarde.

— Eu sei que não é, — Harry concordou apertando a cintura dela. — mas às vezes seria legal se você não ficasse sempre na defensiva. 

— O que você quer dizer?

— Que às vezes, eu sinto que a gente podia ser mais do que somos, sabe?

— Tipo o que? — Perguntou Ginny cautelosamente. 

Tinha medo do que ele iria responder, na realidade assim que havia terminado de falar se arrependeu, não queria ouvir a resposta, mas também não queria voltar atrás. Se ele respondesse o que ela imaginava, se a sua resposta fosse a mesma que ela queria ouvir, seu destino seria selado. 

— Sei lá. — Harry desconversou, os olhos desviando dos dela e focando em suas sardas, toda vez que ele fazia isso, a ruiva tinha a impressão de que estava tentando decorar cada linha dela.

Se sentia vista. Uma coisa que não se sentia com frequência, o que era irônico se considerasse que era uma das jogadoras mais famosas. Era uma sensação estranhamente boa, até mesmo boa demais para ser verdade, em sua opinião.

— Potter…

— Tipo isso, Ginny, — o moreno suspirou, a encarando novamente. — você nunca me chama de Harry.

Estava sem óculos e isso a permitia observar cada nuance de verde que tinha em sua íris, ela não era nenhuma pintora, mas sabia que os olhos de Harry tinham uma complexidade artística que era impossível de ser retratada. 

— Por que isso tá te incomodando agora?

— Porque eu gosto de você, porra.

— O quê?

— Eu gosto de você, Ginny Weasley! — Harry falou com a voz irritada a olhando com seriedade. — Gosto da sua risada, de como você implica comigo, de como você me faz querer ser uma pessoa melhor a cada dia que se passa e de como você nunca me fez me sentir mal por eu ser mais velho que você.

A ruiva apenas o olhou embasbacada, de todas as coisas que imaginou que o moreno poderia falar, essa não era uma dessas, ao menos não assim, não com tanta sinceridade. Era tudo o que ela mais queria ouvir, ao mesmo tempo que, era tudo aquilo que mais temia ouvir. 

Seu coração acelerou e ela sentiu vontade de chorar, mas tudo que conseguiu fazer foi olhar enquanto ele falava. Sua voz havia sumido, e nada parecia ser capaz de fazê-la falar.

— Eu gosto de você pra cacete, desde sempre, e toda vez que você me chama de Potter eu quero te odiar, porque eu gosto de você demais e ‘cê nem percebe. — suspirou e ficou calado por alguns segundos. — Eu quero muito que a gente dê certo, G, mas não quero fazer desse jeito, com você achando que eu te odeio, até porque, eu nunca te odiei.

— Pot...Harry, eu…— a Weasley tentou falar, mas não conseguia encontrar palavras para se expressar. — eu não sei o que dizer.

— Você não precisa dizer nada, Ginny, só pensa nisso, okay? — ele pediu colocando as mãos dela entre as suas. — A gente poderia ser muito mais que isso aqui. 

— Okay. — respondeu levemente, sentindo-se totalmente perdida. — Okay. 

Ele a aconchegou melhor e ela fez carinho no cabelo dele no piloto automático. Sua mente estava distante, dando voltas e mais voltas no que ele havia lhe revelado. “Eu gosto de você, Ginny Weasley!”. Harry gostava dela, não era só um lance casual, ele nunca a odiou. 

Eles tinham tanto a perder caso alguém descobrisse, ela iria acabar com a carreira dele, nenhum outro time confiaria nele, tudo isso porque ele gostava dela? Sabia que era uma pessoa legal, uma mulher bonita, mas não achava que valia todo esse risco. 

Onde é que ele estava com a cabeça ao sugerir isso?

Não seria capaz de permitir isso, de deixar com que ele abrisse mão de tudo por causa dela, gostava demais dele para isso.

    E ainda tinha sua própria carreira, que time a contrataria se ela estivesse em um relacionamento com o treinador do Puddlemere United? Já era tão difícil fazer com que a mídia a retratasse pelo seu talento e não pela sua beleza, e era quase impossível conseguir fazer as coisas sem ter que se esforçar muito mais do que qualquer homem um dia precisaria.

    Se eles namorassem e fossem a público a gestão das Harpias iria demiti-la no mesmo instante, e nenhum outro clube iria aceitá-la, os demais por temer que ela fosse contar as estratégias para ele e o Puddlemere United iria declarar como antiética a relação dos dois. 

    Sua carreira estaria acabada no momento em que fizessem isso. 

Ela gostava dele. 

Deus, talvez, até mesmo o amasse. 

Mas precisava ir embora, não era capaz de continuar com ele assim, não agora que sabia o que sentia por ele, o que ele sentia por ela, não era capaz de ignorar o fato de que teriam de viver de aparências. Nunca poderia apresentá-lo aos seus pais, nunca iriam poder sair em público, ao menos não caso desejassem manter suas carreiras.

Era melhor não tê-lo do que o ter em segredo. 

Amor era um sentimento puro e bonito demais para eles serem obrigados a esconder. Amar era sagrado, era uma dádiva que merecia ser compartilhada de todas as formas possíveis, e não ser escondida debaixo dos panos.

Foi por esses motivos que saiu da cama sem perturbar o sono do moreno, e com lágrimas nos olhos vestiu-se com suas roupas silenciosamente, pedindo desculpas silenciosas pelo o que iria fazer em seguida. Beijou a testa dele com delicadeza e saiu do quarto.

Reuniu tudo que estava com ela mais cedo e saiu do apartamento dele, deixando apenas um pedaço de papel para provar que um dia esteve presente na vida dele. 

No bilhete ela escreveu:

Harry, 

Você foi a melhor coisa que poderia me acontecer, e vai estar no meu coração para sempre, mas não acho que vamos conseguir fazer isso. Continue brilhando e seguindo seu coração de ouro.

Quando se lembrar de mim, por favor, lembre-se de mim naquele vestido amarelo olhando para o pôr-do-sol quando estávamos comendo no telhado escondidos do mundo. 

Prometa não se esquecer de mim.

Com amor e sempre sua, 

    G. Weasley.

 

Quando saiu do prédio estava atordoada, chorando e sentia-se totalmente despedaçada, então sequer cogitou que poderia ter alguém mal intencionado ali, deveria ter esperado é claro. 

Harry era mais famoso que ela, uma vez que sua mãe, Lily Potter, era uma das atrizes de palco mais renomadas e seu pai era um dos maiores produtores de música de toda a Europa. Ele poderia até mesmo ter permanecido simples, mas toda sua família fazia parte da elite inglesa há séculos, o que era mais uma das razões pelas quais eles não deveriam ficar juntos. 

Iriam chamá-la de aproveitadora e ele de burro, a maior parte das pessoas iria fazer de tudo para acabar com tudo de bonito que poderiam construir. Isso a destruiria muito mais do que estar longe dele, talvez até muito mais do que se esconder. 

Entrou em seu carro e ficou bons minutos ali tentando se acalmar. Estava acabado, tudo. Não teria mais encontros na calada da noite, nem as estranhas conversas que tinham logo após um orgasmo, não teria mais Harry e Ginny. 

— Porra. — sussurrou fechando os olhos com força enquanto sentia as lágrimas cair. — Sinto muito, Harry. — Disse silenciosamente, olhando em direção de onde sabia que era o apartamento dele. 

Sentia como se houvesse perdido o amor da sua vida, como se nunca mais fosse amar alguém de forma romântica de novo. Racionalmente esse pensamento era absurdo, ela só tinha vinte e oito anos, seis menos que Harry, e ainda era jovem, muito jovem, ainda haveria outras oportunidades para se apaixonar.

Tinha o resto de sua vida toda para se apaixonar por alguém, por alguém pudesse estar com ela sem prejudicar a carreira de ambos, mas seu coração parecia recusar esse pensamento. O que era estranho já que só havia tomado conhecimento de seus sentimentos por ele há pouco mais de uma hora. 

Ela e Harry estavam fadados a terminar, e eles sabiam disso desde o começo. Sabia de tudo isso, então por que sair da vida dele ainda doía tanto?

Suspirou e deu partida com o carro, precisava sair da porta do prédio dele, precisava ir para casa e dormir, amanhã se sentiria melhor, amanhã iria pegar o avião em direção à Irlanda e iria se preparar para ganhar o jogo.

Focada no que precisaria fazer, na única coisa que ela amava e poderia ter consigo para sempre, ela dirigiu em direção à sua casa. Depois de tomar essa decisão os detalhes ficaram borrados, não lembrava-se exatamente de como havia tomado banho e se enfiado no meio de seus cobertores, ou se havia comido alguma coisa. 

A próxima coisa que soube era que estava acordando com o barulho infernal de seu despertador e se arrumando para a viagem. Seu celular estava no modo avião desde o momento em que saiu da casa do moreno, então quando chegou na saída de casa, já em seu carro e encontrou uma horda de jornalistas, ficou surpresa. 

Era um caos de “Srta. Weasley, sua palavra, por favor” e de perguntas emboladas atiradas em direção de sua janela, e ela sinceramente não entendia o que estava acontecendo. Era comum ter jornalistas a cercando por dias quando fazia algum tipo de aparição em revistas ou quando ganhavam um jogo, mas para acontecer antes mesmo de saírem para jogar alguma coisa havia acontecido.

Alguma coisa aconteceu e ela não sabia o que era. 

Ignorou todos que tentaram chamar sua atenção, tirou o celular do modo avião e dirigiu em direção ao aeroporto. Não era o que queria fazer, estava quase duas horas adiantada, queria ter tomado café da manhã em uma de suas cafeterias preferidas para só então ir, mas ao que parecia não tinha essa opção. 

Ao que parecia suas opções estavam sendo tiradas de si a todo momento. 

Só pegou seu celular quando chegou ao aeroporto. Tinha mais notificações do que ela imaginava que poderia ter quando colocou no modo avião na noite anterior, havia feito aquilo apenas para não precisar encarar Harry, sabia que ele tentaria entrar em contato assim que acordasse. 

Estava certa quanto a isso, havia trinta chamadas perdidas dele, e mais de quinze mensagens de texto, mas não era só isso, todas suas colegas de equipe haviam lhe mandado ao menos uma dúzia de texto só naquela manhã. Antes que a ruiva pudesse ler o que haviam lhe mandado, seu celular brilhou e o nome de Gwen apareceu em sua tela. Ela atendeu antes mesmo do final do primeiro toque

    — Oi, Gwen. — cumprimentou tentando manter a voz calma. — O que tá acontecendo?

— Não me venha com essa Weasley. — a treinadora praticamente rosnou. — Você sabe muito bem o que aconteceu, se não soubesse não teria desligado a porra do celular.

— Eu realmente não sei do que você tá falando. 

— Caralho, Weasley, não se faz de sonsa. — gritou irritada, fazendo com que a ruiva franzisse a testa. Odiava quando as pessoas gritavam com ela, principalmente quando era do nada. — Onde caralhos você está?

— No estacionamento do aeroporto. — respondeu irritada. — E eu realmente não sei do que você está falando. 

— É melhor que você esteja falando a verdade, porque se for mentira eu vou acabar com a sua raça. — Gwen falou parecendo acreditar no que a ruiva estava falando. — Vem logo para a área de embarque.

— Tá bom. — respondeu, ainda sentindo-se incomodada por não saber o que acontecia. Era como estar na infância, onde seus irmãos mais velhos nunca a contavam nada. — Em quinze minutos eu chego aí.

Ginny não olhou seu celular temendo o que poderia encontrar, principalmente nas mensagens de Harry, tinha certeza de que se olhasse iria se arrepender ainda mais das decisões que foi obrigada a tomar na noite anterior, e isso não poderia acontecer, de jeito nenhum. Então apenas pegou sua mala e seguiu em direção de onde seu time a esperava. 

Foi Angelina quem a viu primeiro.

— Você está com uma cara péssima, Weasley. — Comentou a morena assim que a ruiva estava próxima o suficiente para a escutar sem que ela gritasse. 

— Muito obrigada, Angie. — retrucou com um revirar de olhos. — Por que tinha jornalistas na porta do meu prédio quando eu saí hoje?

— Você não viu o que eu te mandei hoje de madrugada? — perguntou Katie, parecendo surpresa. — Tá tipo em todos os lugares. 

— Não, eu estava com o celular em modo avião.

— E você quer que a gente acredite que você colocou o celular no modo avião e não sabe do que estamos falando, Weasley? — Questionou Jones com o rosto sério.  

— Sim. — respondeu sinceramente. As outras mulheres suspiraram irritadas e a encararam.. — Olha, eu não faço ideia do que aconteceu, precisei me desligar por uns problemas pessoais.

— Com Potter? — Hannah perguntou do nada. 

Foi como se tudo tivesse desacelerado de repente, ela não conseguia ouvir nada além de seu batimento cardíaco descompassado. De tudo que esperava ouvir, o nome de Harry não era um deles, havia feito de tudo exatamente para evitar esse tipo de situação.

Mas não havia sido cuidadosa o suficiente, pelo visto. 

Tudo começou a passar em velocidade máxima, sua visão estava turva, e precisou segurar-se em sua mala para não cair. Como em questão de doze horas tudo que achava ser verdade se provou diferente? Como era possível que a Terra continuasse girando e as pessoas continuassem vivendo normalmente, quando a vida de alguém dava um giro tão grande em tão pouco tempo?

Como uma coisa tão grande na vida de alguns poderia ser tão pequena na de outros?

— O quê? — Perguntou tentando soar impassível, mas pelos olhares que lhe lançaram sabia que não havia enganado ninguém. — Do quê vocês estão falando?

Ninguém falou nada, Gwen apenas pegou seu iPad e mostrou a tela para ela. Era uma matéria do Daily Mail que havia saído de madrugada. A primeira coisa que viu não foi o título e sim as fotos de capa, eram ela. 

Ela entrando no prédio de Harry ainda no meio da tarde e cumprimentando o porteiro e depois ela saindo de noite, parecendo perturbada por alguma coisa e visivelmente abalada. Não usava as mesmas roupas que estava quando entrou, ele havia arruinado suas roupas por completo e havia precisado pegar as que ficavam no closet deles. 

Sequer havia percebido que em sua pressa havia colocado um moletom dele por cima de sua roupa, mas os paparazzi haviam notado, eles sempre notavam tudo. Era como se todos seus pesadelos tivessem ganhado vida.

E então ela viu o título.

“A harpia cansou de voar?” 

Toda a matéria dava a entender que o real motivo de estar sendo vista com Harry era porque estava tentando entrar para as “tigresas”, termo que a mídia usava para definir as jogadoras do Puddlemere United, por trás das costas de todo seu time. O que além de ser mentira, insinuava que ganhava seu espaço nos lugares apenas quando transava com alguém importante. 

Lágrimas raivosas escorreram por seu rosto, mas não conseguia ligar para o fato de que todos podiam vê-la chorar, não ligava que as pessoas achariam estranho como a jogadora com fama de ser a mais durona do time estava aos prantos em um lugar público.

Tudo que Ginny conseguia fazer era sentir raiva e pensar em como odiava toda essa situação. Em como era injusto que resumissem a relação que ela e Harry tiveram, aquilo que eles compartilharam, em uma foda que se resumia em interesse profissional. A única coisa que nunca havia entrado em cogitação quando transaram, nem mesmo quando tinha certeza de que se odiavam.

Era para evitar passar por coisas assim que havia decidido deixá-lo na noite anterior, mas mais uma vez, a mídia se provou mais rápida que ela. Sequer poderia falar a verdade para esclarecer, teria que mais uma vez mentir para proteger sua carreira. 

— Você realmente não sabia. — Angelina falou surpresa, e um pouco raivosa. — Sinto muito por isso. 

— Weasley, o que caralhos você estava pensando? — Questionou Jones com o tom grosseiro de sempre, no entanto, seus olhos eram gentis. Sabia como a treinadora se importava com todas as meninas, e com ela também, e sentia-se mal por mentir para sua segunda família. 

— Não vai mais acontecer, Gwen. — prometeu com sinceridade, afinal era verdade, não iria mais acontecer nada entre eles. — O que podemos fazer para melhorar a situação?

— Não tem o que fazer, Weasley. — respondeu com um suspiro. — Nada além de ganhar essa merda de jogo e calar a boca deles. 

— Certo, eu posso fazer isso. 

Elas ganharam o jogo na Irlanda, e todos os outros que vieram em seguida. As Holyhead Harpies estavam em seu auge, Ginny estava totalmente concentrada em sua carreira, e ainda assim… 

Ainda assim, a mídia falava sobre as fotos dela no prédio de Harry, e a dor que sentia com a falta dele apenas aumentava cada vez mais quando um jornalista a perguntava sobre o que realmente havia acontecido. 

Nenhum dos dois havia se pronunciado e já haviam se passado seis meses. 

Harry havia parado de tentar falar com ela por volta do segundo mês. As roupas dele que ainda estavam na casa dela perderam totalmente o cheiro amadeirado do moreno uma semana depois disso. 

De alguma forma nunca se esbarravam em eventos, ou em locais públicos, parecia até mesmo que isso só acontecia porque queriam que acontecesse, como se toda a vida deles tivesse mudado de órbita depois daquela noite.

A única coisa que ela tinha do tempo que passaram juntos era sua própria memória e mesmo ela às vezes parecia começar a perder alguns detalhes, os mesmos que Ginny jurou a si mesma nunca esquecer. Não havia fotos, tinham medo de hackearam o celular deles e vazarem as coisas, as conversas foram apagadas junto do número dele há quase três meses.

Era quase como se eles nunca tivessem acontecido. 

    E mesmo assim ela continuava sentir falta dele, todas as vezes que saía, bebia demais e acordava dolorida e com um braço envolta de sua cintura, seu coração enchia-se de alegria e ela virava-se apenas para encontrar outra pessoa no lugar onde ele deveria estar. A dor da perda voltava como se fosse o primeiro dia toda vez que acontecia, e pensar que a culpa era dela, apenas machucava mais.

    Pior que isso era saber que fez o que fez porque era sua única opção, havia aberto mão de muitas coisas para seguir seu sonho de ser jogadora de vôlei, escutado insultos demais, treinado por mais horas que todas as outras meninas para chegar até ali, e por mais que gostasse de Harry, sabia que estaria frustrada caso estivessem juntos.

    Era o certo a se fazer, mas saber disso apenas a machucava mais. Não deveria precisar escolher entre as duas coisas, deveria ser capaz de tê-lo e de não destruir sua carreira, não deveria ser necessário que uma mulher sempre tivesse que escolher entre as duas coisas, quando os homens poderiam ter o que queriam de forma tão mais fácil. 

    Foi pouco depois de completar sete meses longe dele que seus mundos colidiram novamente. 

    — Nós vamos jogar contra as tigresas daqui um mês. —  Gwen avisou pouco antes do treino começar, o olhar fixo em Ginny. 

    Já estava acostumada a receber olhares desconfiados e piedosos quando tocavam no nome de Harry ou do time rival, isso não a deixava menos incomodada, mas com o tempo conseguiu aprender a lidar, canalizava toda a energia no jogo e se provava valiosa. 

    — Achei que Chudley Cannons fosse ganhar. — Comentou Hannah como quem não quer nada.

Todos sabiam que era praticamente impossível uma coisa dessas acontecer, mas a ruiva ficava grata pela amiga ao menos tentar ser otimista. Seu coração deu um salto ao pensar que em breve estaria perto de Harry novamente, mas sabia que nada iria acontecer. Não podia acontecer. 

O mês passou mais rápido que todos os outros, muitos diriam que era porque a agenda de Ginny estava tão lotada que ela na realidade precisava de mais horas no dia para conseguir fazer tudo que estava planejando, mas no fundo, ela sabia que essa era apenas sua forma de evitar pensar demais em Harry.

Não era uma forma muito eficaz, tendo em vista que pensava tanto no fato de que não deveria pensar nele que acabava não o tirando da cabeça. Chegava a ser irônico como para que uma coisa ficasse em sua cabeça, bastava ela desejar o contrário. 

Quando o dia do jogo chegou, Ginny estava uma pilha de nervos, mal conseguiu comer sua comida, só o fez pois não iria arriscar um dos jogos mais importantes por culpa de seus sentimentos românticos por alguém que sequer havia sido seu namorado. 

Focada nisso ignorou todos os olhares que as pessoas a sua volta a lançavam, arrumou seu cabelo em um rabo de cavalo alto, colocou seu uniforme e começou a se aquecer como sempre fazia, como se não sentisse seu coração apertado e preparado para sair de seu corpo.

— Weasley, você tá ok? — perguntou Kate. 

— Tô, por quê?

— Você já bloqueou e desbloqueou seu celular umas cinco vezes. — Respondeu Angelina com a voz risonha, amarrando suas tranças em um coque alto e firme.

— É, parece que tá esperando alguma mensagem. — comentou Hannah com um sorriso malicioso. — Quem é o gatinho da vez? 

— Não tem gatinho nenhum, Aboot. 

— Gatinha, então?

— Não tem ninguém. — Falou em um tom de voz que saiu mais grosseiro do que planejava, mas ninguém mandava serem umas enxeridas. 

— Está na hora de entrar em quadra, harpias. — Gwen avisou entrando no vestiário delas, ela olhou para Ginny por um segundo e suspirou. — Weasley, relaxe um pouco, você é nossa melhor jogadora, isso não é nada que você não tenha feito antes. 

— Eu sei. — respondeu com um suspiro final. — Harpias nós treinamos muito e vamos acabar com a raça dessas tigresas até parecerem um bando de gatinhas indefesas, me entenderam?

— Sim, capitã! — Concordaram todas com um sorriso no rosto. 

Assim que saiu para quadra, soube que Harry estava a observando, mas forçou seu cérebro a esquecer isso e focar unicamente no jogo, não iria perder, recusava-se a dar esse gostinho aos jornalistas que falaram mal dela e de seu time. 

As harpias ganharam o primeiro set, mas as tigresas conseguiram virar no segundo, e o medo instalou-se por todo o seu corpo. O que faria se perdesse? Como conseguiria lidar com o fato de que havia fracassado tanto em ter Harry como em ter uma carreira de sucesso? Seria pior do que todos os seus pesadelos. 

Arriscou lançar um olhar para ele e sentiu seu coração parar por um segundo. Caralho, ele estava ainda mais lindo do que antes, seus braços pareciam mais fortes, o cabelo estava mais longo fazendo os dedos dela coçarem para deslizar pelos fios do exato jeito que ele adorava, e céus, quando ele franzia o cenho enquanto sua capitã falava, com as mãos em sua cintura marcada, ele ficava ainda mais gostoso. 

Puta que pariu, como ela queria arrancar todas as roupas dele e beijar todo o corpo dele até ele se irritar e a foder com raiva e inquietação, do jeito que só ele sabia. Céus, como sentia falta dele. 

— Tá escorrendo baba aí, queridinha. — Riu Angelina a entregando uma toalha. 

— Cala a boca. — Rosnou irritada, e forçou sua cabeça a voltar para o jogo. — Elas conseguiram empatar, mas a gente ainda tem uma chance. 

— O que você quer que a gente faça? — Perguntou Amélia, seus cachos loiros se soltando do rabo de cavalo e caindo nos olhos.

— Primeiro, arruma esse cabelo. — pediu ríspida, por sorte todas sabiam como ela ficava quando um time forte empatava com elas. — Nós vamos usar a técnica que usamos contra Silver Stars. 

— Você tem certeza?

— Absoluta. — Confirmou confiante, mesmo tendo nenhuma certeza, a confiança era importante e amedrontava as adversárias. Foram para suas posições, o juiz apitou e Ginny sacou a bola com toda sua força. 

Elas ganharam o jogo. 

Em meio às comemorações viu as jogadoras do Puddlemere United se aproximarem delas. Diferente de Ginny e Harry, os dois times não eram maus perdedores, e algumas meninas eram até mesmo amigas. 

— Parabéns pelo jogo de hoje, Weasley. — Hermione Granger, a capitã do outro time, a elogiou com um sorriso que parecia sincero. 

— Hm, obrigada. — agradeceu com um sorriso educado. — Vocês jogaram muito bem, também.

— Não tanto quanto vocês, certo, treinador? — Falou Cho Chang com o tom de voz malicioso, olhando para um ponto atrás do ombro de Ginny.

Ela se virou rapidamente e deu de cara com Harry. Estavam a poucos centímetros de distância, não o suficiente para ver os detalhes de seus olhos, mas o suficiente para que ela pudesse notar a sombra de suas, quase que permanentes, olheiras. 

— Sim, claro. — Concordou com os olhos cheios de intenção. — Vocês jogaram muito bem, e limpo, dessa vez, Weasley. 

— Nós sempre jogamos limpo e bem, Potter. 

— Não sempre, não é mesmo?

— O que você está insinuando com isso, treinador Potter? — Interveio Gwen colocando a mão no ombro de Ginny, como se não confiasse na ruiva para não quebrar a cara dele.

— Nada. — respondeu ríspido, lançando um olhar duro a ela. — Parabéns pelo seu trabalho, treinadora Jones.

 Gwen apertou a mão de Harry que estava estendida e o agradeceu, e em seguida pegou Ginny pelo ombro e começou a guiá-la em direção aos vestiários. Aquela interação era a prova que precisava para ter certeza de que o moreno havia seguido em frente, não havia outra explicação para isso. 

Deveria ficar feliz, porque era tudo o que queria, mas não conseguia, seu coração estava apertado no peito, e sentia sua garganta fechando com um choro que ameaçava transbordar. 

— Weasley! — Gritou Harry, sua voz rouca soando por todo o lugar, fazendo com que todas as pessoas presentes o encarasse. Ginny virou-se rapidamente e o encarou, sentindo o seu coração errar o compasso, dividida entre sentir-se feliz ou temerosa. — Weasley, caralho. 

 Ele estava correndo em sua direção, uma cena que nunca imaginou ver em um lugar público, ou privado. Haviam centenas de celulares apontados em suas direções e Ginny quis mandar todos a merda. 

— O que você acha que está fazendo? — Perguntou em um tom baixo e assustada assim que ele chegou perto o suficiente dela. Não queria causar uma comoção ainda maior. 

— Potter é melhor você se afastar. — Avisou Gwen, que ainda tinha a mão em seu braço, como se estivesse pronta para defender a ruiva dele. 

— Gwen, tá tudo bem. — Assegurou Ginny, colocando a mão sob a da treinadora, não queria conversar com ele, mas não queria que o moreno saísse como o vilão da história.

— Eu tô fazendo o que deveria ter feito no dia em que vazaram a notícia sobre a gente. — Respondeu sincero e pegou nas mãos dela com carinho. Uma delicadeza e carinho que reservava somente para ela e mais ninguém. 

    — Harry… — suspirou, sabendo que não havia como evitar chamar atenção, mesmo que não soubesse bem o que viria do moreno, sabia que era inevitável. — Você não precisa fazer isso. 

    — Eu sei, mas eu quero.

— Facilita as coisas pra mim, Potter. —  pediu baixinho, sentindo as lágrimas começarem a surgir apenas ao pensar que teria que deixá-lo novamente. — Eu não quero fazer isso de novo.

— Então não faz. 

Ginny apenas o olhou e sentiu as primeiras lágrimas deslizarem por seu rosto ao perceber que lágrimas similares desciam incontrolavelmente pelo rosto bonito de Harry, nos quase dois anos em que ficaram juntos, nunca o havia visto chorar. Soltou suas mãos das dele e limpou o rosto dele com cuidado, naquele momento não importava se alguém estava vendo, só o queria bem.

— Não chora, por favor. 

Harry respirou fundo algumas vezes, e o mundo todo pareceu se silenciar apenas para prestar atenção no que estava acontecendo ali no meio da quadra de vôlei logo após uma partida que ficaria conhecida como uma das mais emocionantes da história do vôlei feminino. 

— Ginny Weasley, eu fui um burro por não ir atrás de você naquele dia em que você saiu do meu apartamento deixando só um bilhete fazendo referência à Taylor Swift. — ele começou. — Fui burro pra caralho e um orgulhoso de merda por não insistir em falar com você, um covarde de merda por sugerir que a gente deveria esconder o que tinha. 

Seu coração foi parar na boca, lá estava Harry falando tudo o que ela sonhava ouvir de alguém, não, tudo o que sonhava em ouvir dele, na frente de centenas de pessoas e de várias câmeras como se nada importasse mais do que ela.

— A verdade, Gin, é que eu não consigo ficar longe de você, esses meses foram uma tortura terrível, e eu percebi que não vale a pena, nada vale a pena se eu não posso ter quem eu amo comigo. — Disse com aquele sorriso torto que ela havia aprendido a amar, seus olhos verdes brilhavam em esperança e medo. — Eu amo você, marrentinha, e eu não consigo suportar a ideia de que eu nunca te falei isso, e mesmo que essa seja minha única oportunidade de fazer isso, ainda é melhor do que nenhuma. 

— Eu te amo pra cacete, seu idiota. — Respondeu com um grande sorriso no rosto e o puxou para um beijo. 

Harry riu no meio do beijo e a puxou para mais perto até a levantar do chão e instintivamente enlaçou o pescoço dele com seu braço, podendo finalmente deslizar seus dedos pelos cachos dele, beijaram-se pelo o que pareceram horas, beijaram-se até não terem mais ar em seus pulmões.

Com cuidado ele a colocou no chão, e ela abriu seus olhos. Uma multidão de pessoas aplaudiam os dois, até mesmo Gwen, as harpias e as meninas do time dele estavam aplaudindo com força e sorrisos no rosto. 

Ginny riu e sentiu seu coração se acalmar um pouco e ele a beijou novamente, mais suavemente, finalizando com um selinho delicado, o tipo de coisa que não ousavam fazer antes. 

Sabia que não estava acabado, que ainda iriam enfrentar muitas coisas, mas com o braço dele envolta da cintura suada dele, a segurando como se nada o deixasse mais feliz do que a vitória dela, mesmo que isso significasse que ele perdeu, era o suficiente para a dar a certeza de que conseguiriam superar as dificuldades desde que permanecessem juntos. 

No final Ginny e ele acabaram onde começaram: em uma cama que não era deles, bêbados de algo muito mais forte do que qualquer bebida alcoólica, a única diferença é que agora eles sabiam o que viria em seguida, sabiam o que tudo aquilo significava. 

— Estou orgulhoso de você, meu amor. — Harry sussurrou no ouvido dela horas mais tarde enquanto a penetrava lentamente. — Você vai entrar para a história, baby. 

Ele a encheu de elogios por horas, como se quisesse compensar todas as vezes em que usavam insultos para mascarar suas intenções, como se nada no mundo fosse mais importante do que Ginny, como se quisesse ter certeza que ela soubesse a importância que tinha em sua vida.

— Eu te amo. — sussurrou o olhando no fundo dos olhos.

— Eu te amo. — respondeu ele com um sorriso.


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Notas finais do capítulo

E foi isso gente, espero que tenham gostado, é minha primeira vez escrevendo enemies to lovers, comentem e favoritem porque isso me deixa feliz, e uma autora feliz escreve mais fanfic KKKKKKKKKKKKK
Beijinhos e até sexta ♥



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