No dia seguinte...

21/08/21, às 13h:44min...

P.O.V Da Sam

Passei a esponjinha de banho no corpo, ensaboando os braços e as axilas. Paralisei ao sentir algo pular em minhas costas e pinicar a minha pele, era uma coisa peluda cheia de perninhas. Sabe quando seu sangue gela e você fica com calafrios pelo corpo todo? Tinha um bicho asqueroso nas minhas costas.

Acho que o berro que dei deve ter assustado todos os nativos da Ilha Mahami.

A porta feita com madeira fina foi arrombada e o Freddie invadiu o banheiro que ficava dentro da cabana.

Eu não me movia com medo de levar uma mordida ou uma ferroada, meu corpo todo tremia e ele veio ao meu socorro, Freddie falava comigo, mas eu não entendia nada, só ouvia um zumbido alto soando no ouvido direito.

Ele agarrou meus ombros e me sacudiu com força, eu gritei rouca e senti o bicho escorregar e cair, foi quando Freddie olhou para o chão e eu segui o seu olhar, uma aranha marrom-avermelhada bem esquisita e toda peluda passou correndo por nossas pernas.

— Não foi nada, só uma aranha idiota, tá tudo bem... - Me abraçou se molhando todo.

O chuveiro ainda jorrava água e eu apertei seu corpo agarrando ele com força.

— Como... Como chegou tão rápido? - Perguntei ainda atordoada após o susto.

— Eu estava batendo na porta, vim trazer um doce de coco e foi quando ouvi você gritar... Pensei que estava sendo atacada por uma cobra Cabeça-oca! - Uma o quê?

Estremeci só de imaginar uma Cabeça-oca me mordendo. Com certeza era horrenda.

Ele me soltou e se afastou, olhou para o meu corpo nu e engoliu em seco.

— Melhor se cobrir. - Desligou o registro do chuveiro.

— Não tenho nada para esconder... Você já viu, já tocou e colocou a boca em tudo mesmo! - Pisquei para ele.

Freddie tentou manter o olhar, me fitando nos olhos, mas acabou vacilando e desceu por meu corpo. Nem deu para disfarçar a secada.

— Gostou do meu coraçãozinho? - Apontei para o formato da minha depilação íntima.

Eu tive a ideia antes de viajar, depilei em casa usando um dos moldes que comprei pela internet.

— Também tenho no formato de estrela, borboleta e...

— Melhor se cobrir logo. - Desviou o olhar.

Notei seu Pomo de Adão subindo e descendo, ele ficava todo vermelhinho, estava tenso.

Ele saiu do banheiro, o segui vestindo meu roupão lilás com listras amarelas bem fofinho.

— Cadê o doce de coco? - Perguntei.

— Desculpe, eu larguei no chão. - Apontou para a cestinha.

A porta da cabana também estava arrombada.

Eu corri indo ver se dava para salvar o doce, estava num pote de plástico bem tampado. Também haviam bolinhos e frutas na cestinha.

— Vou já lanchar. Fique aí, vou só trocar de roupa rapidinho. - Fui pegar minha mala.

Meu primo aguardou em silêncio, percebi que estava pouco confortável... Meio pensativo.

— Lancha comigo? - Sentei na cama.

— Não, obrigado. Kaylane e eu iremos dar uma volta de barco com Jennifer, Caitlin e Kaleu. - Nem me convidaram.

Por quê ele estava me excluindo?

— Por quê me convidou para o casamento? Você está estranho desde a hora que cheguei. Tem me evitado. Não me convidou para esse passeio aí. Mal consegue me olhar nos olhos... - Eu estava realmente triste.

Recebi o silêncio como resposta.

Aquilo realmente me irritou.

— Tô indo embora, já deu pra mim. Não vou ficar aqui servindo de boba, me fez perder tempo vindo para cá! - Larguei o pote de doce sobre a cama e a cestinha de lado.

— Por favor, não vá. - Pediu.

— Qual é? Já não está satisfeito esfregando sua noiva e a família maravilhosa dela na minha cara? Foi por isso que me convidou? - O encarei com mais raiva.

— Não, claro que não! - Negou.

— Como eu pude ser tão burra? Por um momento achei que se importasse, mas você só pode estar de palhaçada com a minha cara! Acontece que você é um canalha que nem teve a coragem de dizer pra sua noiva que teve um lance comigo no passado e que... - Me calei quando vi nossa prima Jennifer ali na entrada da porta de olhos arregalados e boca escancarada.

— Não ouvi nada, podem continuar conversando... - Ela ouviu tudo.

Freddie me olhou desesperado.

— Ela não vai falar nada, é doida, mas não é tão doida assim! - Encarei a loira.

— Vou fingir que não ouvi nada, se já se comeram o problema não é meu. Cuido só da minha vida, estou bem, obrigada. - Sorriu.

Era mesmo doidinha.

— Bom, o passeio no barco ainda está de pé, né? - O moreno perguntou para ela como se nada tivesse acontecido.

Como ele podia ser tão sonso?

— Sim. Vem com a gente, Samitta. - Jenny me chamou.

Ela me chamava de Samitta e eu a apelidava de Jenny.

— Freddie não me convidou, não é agora que vou...

— Pode vir com a gente. - Nosso primo disse depressa.

Era tipo... Vem logo antes que eu me arrependa.

Como eu não tinha nada de boba e o tempo livre, não recusei o convite.

O passeio com sua noiva, seu cunhado e com a nossa prima podia ser divertido. Eu não estava contando com a Caitlin, ela era muito chata.

[...]

P.O.V Do Freddie

Kaleu e eu ajudamos as meninas a subirem no barco, meu cunhado estava interessado na minha prima Caitlin, mas ela não dava a mínima para ele, era a minha prima Jennifer que estava a fim do Kaleu, mas quem gostava da Jennifer era o Kiran. E a Caitlin estava gostando do outro irmão da Kaylane, Kai. Confuso? Talvez um pouco, eu que não ia bancar o cupido.

— Esperem por mim! - Kai apareceu correndo assim que Kaleu ligou o motor do barco.

A embarcação não era tão grande, a gente teve que se espremer e como os irmãos da minha noiva eram rapazes robustos, Sam foi parar sentada em cima da Caitlin e a Jennifer no colo do Kaleu.

Kaylane me olhou preocupada, eu também estava um pouco aflito. O barco era de pesca, não era apropriado para tripulantes passearem.

Foi Kai quem conduziu o barco, Sam gritou animada quando a embarcação deslizou pelas águas de Mahami, estava fazendo uma tarde muito tranquila e bonita.

Era para estarmos em apenas 5 pessoas, mas de repente já éramos 7 pessoas num barco pequeno.

Sam e Jennifer começaram a tirar selfies, elas sorriam e estavam se divertindo bastante.

Já estávamos afastados da costa, não muito, mas era uma boa distância das margens. E do nada o barco deu uma brecada, o moto fez um barulho bem estranho e fumaçou.

As meninas gritaram, exceto minha noiva.

— O motor pifou! - Kai deu uma olhada.

— Não, isso não pode ser. A gente não trouxe remos. E não temos boias e nem coletes! - Se preocupou Kaylane.

Olhei para a Sam que tinha os olhos arregalados quase saltando para fora.

Ela nem deveria estar ali com a gente. Maldita hora em que a convidei.

Os celulares das meninas perderam o sinal, era impossível ligar para pedir resgate.

Os irmãos de Kaylane pularam para fora do barco. Eram bons nadadores. Kaylane fez o mesmo. Caitlin e Jennifer fizeram o mesmo.

— O que estão fazendo? - Sam se alarmou.

— Nadaremos até a costa, é perigo ficar à deriva, o mar é traiçoeiro e o tempo pode fechar à qualquer momento, às vezes aparecem tubarões e quando o mar se agita, barcos como este é lançado para longe e acaba quebrando! - Inferno, ninguém tinha me avisado sobre tudo isso.

Olhei com raiva para o Kaleu.

— Devia ter me avisado antes! - Exclamei.

— Vamos logo, deve ser uns 30 minutos nadando daqui até chegarmos na praia, vamos abandonar o barco, temos outros. - Kai estava despreocupado.

Sam me olhou apavorada.

— Ela não sabe nadar. - Avisei sobre a loira ao meu lado.

— Fique aí com ela, voltarei com o meu barco para resgatar vocês. - Kaleu prometeu.

— Vocês vão ficar bem? - Minha noiva se preocupou.

— Sim. Pode ir, amor. Ficaremos bem. - A tranquilizei.

E eles se foram, nadando juntos, nos deixando sozinhos.

— E se o barco virar? - Sam perguntou aflita.

O mar estava se agitando, a embarcação ondulava com os movimentos da água.

— Te manterei segura, Sam, custe o que custar. - Jurei.

Ela sabia nadar em piscinas, mas no mar aberto é completamente diferente. Ela não duraria nem 5 minutos tentando não se afogar.

Nossas primas, meus cunhados e minha noiva foram se afastando.

E então, eles já estavam sumindo de vista. Eu nem conseguia ver direito a areia da praia. Não imaginei que estivéssimos tão longe da costa.

Sam guardava o celular de Jennifer.

— Se algo acontecer, me deixe aqui e nade para longe, se salve. - Seus olhos ficaram cristalinos e sua voz embargou.

Eu nunca tinha a visto tão assustada e vulnerável.

— Olhe para mim, Sam. - Segurei seu rosto e a encarei. - Eu nunca vou abandonar você. - Prometi.

Ela assentiu acreditando em minhas palavras, beijei sua testa e a abracei com força.

As correntes marítimas nos empurraram um pouco mais para longe.

Estávamos sozinhos à deriva... Mas juntos. E permaneceríamos juntos até sermos resgatados.