No dia seguinte...

20/08/21, às 10h:23min...

P.O.V Da Sam

Faltavam 2 dias para o casamento, mas a família da noiva parecia correr contra o tempo. Seus parentes e amigos estavam fazendo a decoração e todos os arranjos de forma artesanal. Eram cestos, vasos e objetos coloridos curiosos, claro que não ofereci ajuda, eu era uma convidada do noivo e estava ali para curtir a bela ilha havaiana.

Comprei um daqueles trajes típicos da cultura deles, claro que era mais usado por dançarinas de Hula, mas a ideia era surpreender meu primo com um presentinho mega especial.

Guardei minha roupa exótica para usar naquela noite.

Kaylane estava toda feliz, ela era sorridente e simpática até demais para o meu gosto.

E seus irmãos eram verdadeiros colírios para os olhos. Vi minha prima seguindo o Kaleu para todos os lados. A doida estava desesperada para fisgar ele.

Por mais bonitos que aqueles homens fossem, com seus corpos morenos, bem grandes e musculosos, só um chamava a minha atenção e ele já era comprometido... Mais do que comprometido.

Era um sonho proibido para mim.

Meu primo... Eu o desejava profundamente.

— E aí ,priminho, ansioso para receber sua coleira? - Perguntei.

— Não seja tão debochada, Sam. Parece que você está com inveja da minha noiva! - Como ele ousava?

Eu ri e ri com gosto. Freddie fechou a cara para mim.

— Na verdade, eu tenho peninha dela. E sabe por quê? - Me aproximei ficando cara a cara com ele.

— Não quero saber. - Se afastou.

— Freddie! - Sua noiva apareceu o chamando.

— Oi, amor! - Toda vez que eu ouvia ele mencionar aquela palavra, o meu estômago revirava.

— Papai está te chamando. Ele está perto do barco, melhor você ir logo, ele não gosta de ficar esperando. - Kaylane avisou.

— Está bem. Já estou indo. - Passou por ela e lhe deu um selinho antes de ir.

— Gostando da ilha, prima Sam? - Prima?

Disfarcei uma careta com um sorriso.

— Sim, prima. Aqui é um paraíso. - Afirmei.

— Minhas primas vão experimentar os vestidos agora. Gostaria que você também entrasse com elas. - Estava me convidando para ser uma das damas?

— Que honra, será um prazer. Que cor serão os vestidos? - Perguntei fingindo empolgação.

[...]

— Verde-abacate. Que coisa brega! - Resmunguei baixinho.

Me olhei no espelho, mudando de ângulos.

Eu estava me sentindo completamente ridícula. Não tinha outra cor? O modelo era horrível e o tecido picaniva toda a minha pele.

Passei a mão pelo vestido, apertava meus seios e minha bunda, era justo e comprido demais, eu parecia mais um pepino embalado...

Quando fui tirar aquela coisa, o zíper travou.

Eu não sabia o que fazer, eu estava ali presa no provador de uma lojinha perto do Resort, além da única vendedora, tinha uma costureira para dar os últimos ajustes.

Eu não queria, mas o jeito foi pedir socorro para a minha prima Jennifer.

— Como conseguiu emperrar essa coisa? - Ela estava tão ridícula quanto eu.

— Uso 40, mas ela me empurrou esse 38. Você acredita que essa vaca usa tamanho 36? - Estava muito indignada.

— Na verdade, a Kaylane usa 38. Mas o modelo do vestido escolhido é 36, ela tá numa dieta rígida de frutas e vitamina com sementes. - Minha prima deu um puxão no zíper.

O vestido quase rasgou.

— Dieta rígida, é? - Uma sabotagem passou por minha cabecinha maléfica.

Troquei de roupa e a Jennifer foi fazer o mesmo.

Horas depois...

— Tome essa tigela de mingau, você precisa de vitamina A e B, é uma mistura prática de baixa caloria e sem glúten. É mais eficaz que suco verde, perdi 10 quilos em uma semana só tomando esse mingau diet milagroso. - Menti para a Kaylane.

— Oh, muito obrigada. Eu já não aguento mais tomar vitamina de mamão. - Pegou a tigela faminta.

— De nada, querida. Você vai ficar igual uma daquelas modelos da VS. - Sorri para ela.

Kaylane foi sentar numa rede, tinha a bela vista para o mar e uma tigela cheia de suplemento para ganhar peso. Consegui com a ajuda da minha prima, ela tomava para malhar e aumentar a massa muscular.

— Por quê mesmo está querendo sacanear com a noiva do nosso primo? Essa coisa vai deixar ela toda inchada antes de surtir efeito. Olha para mim, estou muito mais gata, ganhei 5 quilos de pura gostosura! - Exibiu o corpo com curvas.

— Porque não vou com a cara dela. O pateta do Freddie merece coisa melhor, não acha? - Ela não sabia sobre o meu segredo.

— Se você diz... - Deu de ombros. - Está me devendo uma lata de suplementos. - Me lembrou.

— Te pago depois. - Prometi.

A lata não tinha mais o rotúlo, então não tinha como Kaylane saber sobre o conteúdo.

[...]

Kaylane tomou o mingau na hora do almoço e no jantar também. Dava para fazer vitamina com a mistura calórica, bem versátil com dois modos de preparos.

Um dos efeitos colaterais era intestino solto e gases. Muitas gases.

Escureceu ainda mais, as pessoas da ilha se recolhiam indo para a cama cedo.

Os noivos não podiam dormir juntos.

Freddie estava acomodado numa casinha. E o melhor de tudo, estava sozinho.

As casinhas do povoado eram como pequenas cabaninhas.

Vesti meu traje de Hula, modelei meus cachos e coloquei uma coroa de flores e colares de flores de plástico.

Me maquiei e me perfumei toda.

Vesti um sobretudo cobrindo meu corpo. Eu ia surpreender o Benson.

Se era arriscado? Claro que era. E era o que deixava tudo mais excitante.

— O que faz aqui há essa hora, Sam? - Arregalou os olhos quando abriu a porta.

Estava usando camiseta e calça de moletom, todo sonolento.

— Vim te dar o meu presente, primo! - Entrei sem mais cerimônia.

O fiz sentar na cama para ver o que eu havia preparado.

Sob a luz da lua atravessando as frestas de madeira e sob a fraca luz de uma luminária azulada em cima da cômoda, eu lhei dei as costas tirando o sobretudo preto e me virei lentamente para ele me ver vestida como uma sexy dançarina de Hula.

— Puta merda! - Seu olhar desceu pelo meu corpo.

Dois cocos cobriam meus seios, dois lacinhos de cordão prendiam a peça e se cruzavam em minhas costas.

A saia era de palha e balançava ao menor movimento.

O piercing no meu umbigo era uma pedrinha que brilhava.

Também coloquei pulseirinhas de miganças e duas tornozeleiras com fiapinhos soltos. Bijuterias típicas. E claro, eu estava descalça.

— Você só pode estar mesmo louca! - Levantou num pulo.

— É só um presente especial, sente, relaxe e aproveite. - Eu não iria embora sem dançar para ele.

Tirei o celular do bolso do sobretudo, coloquei a música baixada para tocar.

Freddie estacou ali mesmo parado de pé, estava pasmo e de boca aberta.

Comecei a dançar ao som da melodia havaiana, balançando os braços e os quadris ondulando o corpo.

Fiquei de costas rebolando a bunda e fiz movimentos com os braços, jogando os quadris soltos para ambos os lados.

Ousei colocando as mãos nas costas e desatei os cordões que prendiam o sutiã de cocos.

Fiquei de lado usando somente a saia de palha, estava sem calcinha e cobri os seios desnudos com o braço.

Tombei a cabeça ainda rebolando sensualmente.

Ouvimos batidas na porta.

— Freddie? Sou eu! - Era a Kaylane.

Merda. Merda. Merda.

Ele correu indo desligar meu celular e eu fiquei parada no meio do quarto sem saber o que fazer...

Aquilo não estava em meus planos.

— Rápido, se esconda! - Sussurrou me empurrando o sobretudo.

Freddie rapidamente me guiou para debaixo da cama.

Ele chutou o sutiã de coco para o cantinho escuro.

— Freddie! - Mais batidas na porta.

— Já estou indo, amor. - Foi abrir a porta. - Uau! - Exclamou surpresa.

— Gostou? Não era o seu sonho me ver vestida de dançarina de Hula? Vim realizar o seu fetiche! - Ela forçou uma voz sensual.

Meu presentinho foi por água abaixo.

Fiquei debaixo da cama ouvindo a música havaiana tocar, e vendo os pés da Kaylane se moverem.

Claro que as coisas esquentariam.

Quando ouvi o colchão fazer barulhos, desejei que caisse um raio e incediasse a cabana.

Depois de sons de beijos e outros barulhos ousados... Escutei o som de peido.

— Não fui eu... - Freddie falou.

Mais sons altos de peido.

— Que vergonha... Me desculpe... Não tô me sentindo bem... - A Kaylane foi rápida na hora de fugir deixando o meu primo para trás.

Eu quis cair na gargalhada, mas me segurei.

Me rastejei para fora da cama.

— Isso que dá tomar tanta vitamina de mamão... A pobrezinha tá com o intestino solto. - Lamentei.

Eram os efeitos colaterais do suplemento da Jennifer.

— É melhor ir embora. Se cubra e cai fora daqui! - Agarrou meu braço e me empurrou para fora da casinha.

— Eu sei que gostou mais da minha surpresinha! - Provoquei.

Ele bateu a porta na minha cara.

Isso não vai ficar assim.

Prometi a mim mesma.