Na primeira vez que vi Elmimi, parecia apenas uma criança assustada. Também! Estava sendo prometido em casamento à mim, bem mais velho e Rei duma potência em ascensão.

Por longos anos, cada um ocupou-se com seus assuntos. Ele crescia, e eu enriquecida.

Só nos reencontramos em nossa festa-oficial-de-noivado. Agora, Elmimi era praticamente adulto, toda sua atmosfera tinha mudado.

Vi-me quase apaixonado.

O semblante desanimado, sarcástico, passava uma misteriosa sensualidade que sua versão criança estava longe de possuir. Mesmo as olheiras, naquele rosto angelical, tornavam-se charmosas.

Assim que obtivemos um momento privado, dei-lhe atenção,

“Como  se saiu? Amadureceu, como combinamos?”

Elmimi sorriu.

“Amadurecer... O que temos nós a ver com as frutas?”

“É uma analogia comum, presumo.”

Encarou-me, “Maduro não é só outra forma de dizer que está quase pobre?”

“Dependerá do ponto de vista.”

Deu uma fraca risada.

“Bem, amadureci. Passei do ponto. Estão servindo-lhe lixo hoje. Prometeu tornar-se digno de mim, Rei-Galli? Tornei a tarefa fácil para você!"

“Ainda é filho do Imperador-de-Iou.", suspirei, "Mas, depois dele, agora sou o governante mais influente. Também cortei laços com minhas “famosas-amantes”, oficialmente.”

“Ah! Também tive coisas cortadas!”, fingia graça, mas quase podia vê-lo chispear.

“Seus pais "cortaram"? Ouvi que seu povo é bastante rígido.”

“São. Mas sempre deixam-me escolher os livros que trarão da biblioteca. Só não posso ir até lá.”

“Esse é o problema?”

“Essa é a parte boa.”.

Dei de ombros, colocando-me de pé.

“Venha. Vamos à biblioteca.”

“Q-Quê? Estamos na nossa festa-oficial-de-noivado, sabia?”

“Acha que alguém impedir-me-ia de sair daqui com você?”, ri, “Pode pedir qualquer coisa ao seu futuro-Rei."

Aceitou a mão, levantando-se.

Começamos a caminhar.

“Isso aqui.”

“Hum?”

Olhou pro teto do Palácio, depois ao redor, apontando.

“Um dia, destrua isso aqui pra mim. Faria-me feliz.”

Sorri. A veneta não parecia ruim.