Ah, as pessoas de fora...

Elas podiam ser atrapalhadas ou extremamente habilidosas, mas era tão tediosamente comum como sempre o faziam chispear...

“Observem!” Pensava ele, invisível mesmo aos olhos treinados dos caçadores “Já consigo ver o cenário da comédia”

Um dos mais jovens fez sinal para o grupo, apontando para um javali que caminhava distraído alguns metros adiante. Todos fizeram silêncio enquanto ele levantava a arma em direção ao que seria o jantar daquela noite, mas antes que a tivesse posicionado, a estaca de madeira atravessando seu pescoço de um lado ao outro levantou uma onda de gritos entre os homens.

Quando seu corpo caiu, o javali já estava longe e as armas apontadas para a escuridão. Formando um círculo para cobrir todos os pontos ao redor, eles caíram em um silêncio que se esticou como uma linha fraca, vibrando em seus ouvidos até se partir com uma gargalhada alucinada.

A voz veio sussurrada por trás deles.

—É época de reprodução, sabiam?

As armas já viraram disparando, uma ideia que veio de veneta calculada apenas pelo desespero e custou duas vidas.

O garoto com a máscara de urso desapareceu como se fosse fumaça, deixando uma risadinha zombeteira pairando entre os três últimos homens.

Ele se arrepiou com os sentimentos entrando em sua pele, pulsando no ar gritos de socorro de forma patética. Era o único que os ouvia enquanto era também seu algoz. A quem pediam ajuda em seus corações podres? Suas preces sujas não chegavam a sua Deusa ou a qualquer um que pudesse acalentar seus temores, já que o cheiro pestilento das pessoas tomadas pelo ódio só atrai respostas à altura.

O garoto sentou de pernas cruzadas ao lado de uma árvore. Havia plantado a sementinha do pânico, agora bastava esperar eles se destruírem sozinhos.

Como sempre faziam.