O dia amanhecera com chuva, Vitória saiu de casa com o seu guarda-chuva e tomou um ônibus para ir ao colégio. Passou na roleta e conseguiu se sentar num dos bancos, agradeceu mentalmente por aquele momento.  

Vitória achava gostoso andar de ônibus, claro, quando estivesse vazio o suficiente para se ter um assento na janela. E quando se sentava em um, gostava de observar a paisagem e sua mente ia longe. A imagem embaçada com gotas no vidro era uma de suas favoritas. 

Sua irmã sempre ouvia a mesma música, ela se lembrou da melodia e da letra. Apesar de estar em outro idioma, algumas frases conseguia entender. Frases como “quero ser honesta comigo mesma” ou “nós podemos ser qualquer coisa que quisermos”. 

Era uma canção de amor e Vitória pensava quando viveria o seu. Só de ouvir aquela música, se sentia apaixonada e uma vontade imensa de dizer tais palavras para alguém domava seu coração. 

Na verdade, havia alguém... mas Vitória não conseguia ser honesta consigo mesma e achava que seria nada. Mentia dizendo que não sentia amor ou suprimia ao máximo a ponto de acreditar que não havia. 

Mas a música ficava na sua mente.