A Blue Criminal escrita por Mayara Silva


Capítulo 4
A Máfia Escarlate - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Primeira parte da história do Michael com a garota perigosa >:3 ♡

Recomendação de musiquinha hj: Dangerous - MJ
#Partiu dedo na cara e gritaria! Boa leitura ♡



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/804120/chapter/4

 

Estrada de Santa Barbara (atual) - 14:28 hrs

 

Enquanto Chris dirigia, Michael encostava-se no banco do carro, relaxava o corpo e observava a paisagem monótona das estradas ermas de Santa Barbara. Normalmente aquele ponto era bem agitado, mas o mês havia sido fraco de turistas e, no momento, apenas os moradores perambulavam.

Naquele dia, ele estava usando a sua braçadeira azul cetim, que cintilava com a luz do sol. Agora Michael estava como líder, como elite, dessa vez não ia esconder sua identidade, pois quem eles iam ver já conhecia o seu rosto.

 

— Okay, qual é o plano?

 

Indagou, o que fez o homem acordar de seus devaneios. Ele suspirou.

 

— Vamos nos infiltrar na máfia Púrpura e dar uma olhada em como está a equipe de segurança do Prince. Eu vou pedir para conversar com ele, nunca me negaram. Vou tentar arrancar alguma coisa, mas sem muitas esperanças de que isso vá a algum lugar. O objetivo principal é apenas preparar o terreno para os meus espiões.

 

— Só isso? Por que você não mandou outra pessoa então?

 

Michael fez um sinal de negação com a cabeça.

 

— Annie morreu nos meus braços. O sangue dela escorreu em minhas mãos. Eu quem devo vingá-la, e eu irei começar e terminar isso.

 

Chris suspirou e assentiu, Michael estava muito decidido no que queria e, à essa altura, não havia ninguém que o convencesse do contrário. A única pessoa que havia conseguido ir tão a fundo nas decisões de sua vida fora Annie…

 

… mas, antes, também havia outra mulher.

 

Chegaram na boate Moon Park. A sede da máfia Púrpura era naquele pedaço da cidade, mas não havia um lugar em específico, estratégia comum para despistar as autoridades. Moon Park era o ponto mais fácil para se achar membros daquela gangue, e era por lá que Michael ia tentar contato com o homem.

Desceram do carro e caminharam com cuidado, estavam em ambiente inimigo. Eles estavam escancaradamente identificados como máfia Azul, o que fez as pessoas à sua volta os encararem com desdém. Prosseguiram para dentro da boate, que estava mais acesa e menos agitada àquela hora. Dois homens parrudos vieram em sua direção e lhe fizeram algumas perguntas.

 

— Diga a ele que eu estou aqui. Vamos fazer como nos velhos tempos…

 

Disse. Um dos homens saiu para passar o recado, o outro ficou os vigiando de longe, desconfiado. Chris e Michael passaram a observar discretamente o perímetro, contando mentalmente quantas portas e janelas haviam, qual era o local mais indicado para uma fuga repentina, se haviam pontos cegos, eles precisavam saber tudo.

Felizmente, por mais que as gangues fossem rivais, Prince e Michael tinham uma relação diferente. Eles concordavam em um ponto: fariam o máximo para manter a paz entre um e outro. Isso porque não foram inimigos por toda a vida, tinham uma pequena história de amizade. Tiveram o mesmo destino, mas foram por rotas diferentes. Aquele companheirismo nunca morreu totalmente, porém a rivalidade existia e era forte. Por fim, era um relacionamento de amor e ódio.

 

— Ainda bem que o Love Si não te odeia tanto, né?

 

Comentou Chris. Michael riu discretamente.

 

— Ele até me tolera demais… mas, já sabe, não é? Fique alerta. Ele não é confiável.

 

— Cê que manda, chefinho.

 

Aguardaram por mais um tempo. Chris já havia observado todo aquele ambiente, havia decorado as portas, janelas, saídas de emergência e câmeras de segurança, mas algo lhe chamou atenção. Seu ponto fraco: mulheres.

 

Michael tinha bom gosto para mulheres bonitas, mas as funcionárias do Prince eram verdadeiras musas. Ele tentou disfarçar, porém não resistiu por olhar ao perceber que elas também pareciam interessadas.

 

— Opa, papai, tá pra mim…

 

— Chris…

 

Murmurou Michael, dando um peteleco na orelha dele.

 

— Ai, ai, tá bom, tá bom! Ei, olha… aquela ali não é…?

 

Michael arqueou a sobrancelha e olhou para a direção que o homem apontava. No meio daquelas belas mulheres, também aguardando para falar com Prince, estava ela.

 

Calíope.

 

— Eu falei, cara, ela tá tramando…

 

— Cala a boca, Chris.

 

Disse, em seguida suspirou. Não era com ela que ele queria falar ainda, não estava preparado nem para olhar na sua cara depois de todo esse tempo.

Todavia, por mais que estivesse torcendo para que ela não tivesse os visto, seu coração quase parou quando a viu se aproximar. Nenhuma outra palavra saiu de sua boca.

 

— Olá, Michael…

 

Cumprimentou, sorrindo. Michael conhecia bem aquele sorriso, era cheio de intenções obscuras. Ela encarou o seu amigo e discretamente semicerrou os olhos.

 

— Olá, Chris.

 

— E aí...

 

— O que veio fazer aqui?

 

Finalmente indagou. Calíope arqueou a sobrancelha.

 

— Acredito que o mesmo que você. Conversar um pouco com o Love Symbol, só isso.

 

Ela sorriu.

 

— Eu não queria comentar nada, mas… você está bem gatinho de cabelo curto.

 

— Uh…

 

Murmurou Chris, contudo tentou se conter. Michael não se abalou.

 

— Bom, vejo que ele vai dar prioridade a você. Eu vou voltar outro dia…

 

A mulher ajeitou a sua bolsa de alça, enrolou os papéis que tinha em mãos e se retirou. Michael a observou partir, estava muito desconfiado. Ele sabia o tipo de Calíope, a conhecia muito bem, pois ela foi o amor de sua vida por longos anos. Michael já foi doce, gentil e bondoso, Calíope simplesmente mudou tudo isso. Ela foi a concepção pura da Teoria do Caos em sua vida. Ela foi a borboleta necessária para provocar um furacão em seu coração.

 

Afinal de contas, ela era má…

 

… ela era perigosa.

 

x ----- x

 

“Pelo jeito que ela entrou, eu tinha certeza absoluta que havia algo diferente nessa garota. O jeito que ela se mexeu, seus cabelos, seu rosto, suas curvas…

 

Divindade em movimento.

 

Enquanto ela adentrava a sala, eu podia sentir a aura de sua presença. Todas as cabeças se voltaram, sentindo paixão e luxúria.

 

A garota era persuasiva. Nessa garota eu não podia confiar.

 

A garota era má. A garota era perigosa.”

 

Danceteria Red Ray (cinco anos atrás)— 02:00 hrs

 

Nem sempre Michael foi um gangster Azul. Muito antes de construir seu império, havia outro grupo que dominava os bairros de Santa Barbara: a máfia Escarlate.

 

Era composta apenas por homens, contudo havia uma lenda entre os subordinados mais baixos de que havia, sim, mulheres na elite. Trabalhavam para um chefe desconhecido, cuja identidade estava no imaginário de cada soldado. Michael não sabia para quem estava trabalhando, mas se a necessidade pelo dinheiro não falasse mais alto, ele se importaria com essas questões.

 

Era jovem, franzino, cabelos compridos e cacheados. Tinha porte médio, mas suas pernas o faziam parecer mais alto. Vestia-se muito bem, estava de smoking cinza escuro com detalhes vermelhos e usava um chapéu da mesma cor. Cantava por dinheiro, viu seu talento ser reconhecido por um mafioso, viu nesse convite a oportunidade perfeita para sair da vida difícil em que se encontrava.

 

E agora ele estava lá, socializando com os homens mais perigosos da Califórnia.

 

Era noite, o salão de dança estava cheio. O ambiente era um pouco mais organizado que uma balada, então era possível perambular tranquilamente, sem a necessidade de invadir o espaço pessoal das pessoas. Michael estava conversando com Chris, que também trabalhava na mesma máfia, ambos eram de cargos inferiores. Não havia elite naquela festa, ao menos não era para ter.

 

Mas uma mulher misteriosa adentrou ao lugar.

 

De repente, os homens viraram o rosto em sua direção. A música continuava, calma e contagiante ao fundo, enquanto os funcionários da casa noturna permaneciam em seu trabalho, pareciam já estar esperando por ela, porém Michael nunca a tinha visto antes.

 

— Quem é…?

 

Ele sussurrou, dando dois toques discretos no amigo. Chris assobiou bem discretamente.

 

— Não sei, mas… uau… que gata!

 

E isso era verdade. Era uma mulher intensa, apaixonante, poderosa. Tinha a pele clara, longos cabelos pretos e uma franja reta que realçava os seus olhos azuis brilhantes. Seus traços eram asiáticos, tinha lábios vermelhos, um corpo esculpido por deuses. Era alta para uma mulher, seu olhar era predatório e suas jóias exibiam a sua soberania.

 

— Ela é de elite…

 

Sussurrou Michael. Tentou disfarçar o olhar com uma bebida, mas os olhos azuis da misteriosa dama já haviam o alcançado. Ele desviou o rosto para outra direção, fingiu estar conversando com seu amigo.

 

— Ela olhou pra mim?

 

— Mike, uma mina gata daquelas, e você dá as costas pra ela? Ela vai achar que tu gosta de homem…

 

— N-não, é que… ela é de elite, você sabe…

 

— Ninguém sabe. Até onde a gente sabe, mulher não entra na máfia.

 

— Ela pode ser mulher de alguém da elite então…

 

Chris descaradamente a encarou mais uma vez, semicerrou os olhos, em seguida deu ombros.

 

— Não tem aliança. Cara, deixa de medo e vai lá. Só não esquece de usar camisinha.

 

Michael engoliu seco e tomou o resto de sua bebida. Suspirou e virou-se, foi em sua direção, estava pronto.

 

Ela, por sua vez, deu-lhe um sorriso cheio de cumplicidade e fugiu. Começou a caminhar tranquilamente entre as pessoas, o que fez o rapaz arquear a sobrancelha. Ele a seguiu, sem pensar duas vezes, até se afastar do salão principal. Já estavam nos corredores que dava para os quartos de hóspedes do lugar.

Michael olhou para a esquerda, direita, virou-se e a viu encostada na parede. Ele se aproximou, ainda um pouco acanhado. Ela mordeu os lábios, já havia percebido que, naquela brincadeira, a presa seria o rapaz.

 

Por fim, lentamente se aproximou, encostou seus lábios vermelhos nos dele e o beijou.

Michael por alguns segundos ficou sem fôlego, não esperava que uma mulher linda e poderosa como aquela se interessasse tão rapidamente por sua pessoa. Até então, naquela época, ele não era ninguém importante, mas ela havia o escolhido e ela tinha seus motivos.

A retribuiu, levou as mãos à sua cintura. Ela, ao seu rosto. O beijo, pouco a pouco, tornava-se mais intenso, mais apaixonante. Quando a mulher se afastou, Michael acordou de seu transe, havia borrado todo o batom dela, os seus próprios lábios também estavam manchados por aquele amor.

 

— Vem comigo…

 

Ela sussurrou. Como na teia de uma aranha, Michael a seguiu. Entraram em um dos quartos e ele teve a melhor noite de sua vida.

 

x ----- x

 

Esse foi o dia em que tudo na sua vida mudou.

 

Dois anos e meio depois, Michael e Calíope ainda estavam se encontrando. Esse era o nome de sua musa misteriosa, a mulher dos seus sonhos, aquela que mudou sua vida. Calíope ensinou Michael a viver, lhe trouxe mais confiança. Eles pareciam perfeitos um para o outro, estavam sempre felizes juntos, mas é aí onde mora o perigo.

 

Era noite de um fim de semana. Michael estava na casa de Calíope, teriam o resto do dia só para eles. Ela morava em uma mansão enorme e luxuosa, bem diferente da realidade do gangster novato. Depois de tanto tempo juntos, ele já havia ido para aquele lugar muitas vezes, mas nunca deixava de se surpreender.

Assobiou, impressionado.

 

— Você fez uma reforma aqui, não foi? Não lembro daquela parte…

 

— Onw, você reparou, meu amor…

 

A mulher se aproximou e lhe deu um selinho. Michael riu em seguida.

 

— Eu sou um bom observador, baby.

 

— Eu reparei. Falando nisso… acho que você vai querer reparar outra coisa também.

 

Disse a mulher, sorrindo, novamente aquele sorriso cheio de intenções. Ela deixou a alça do seu vestido cair e, então, Michael notou uma alcinha vermelha de seu sutiã, com pequenos bordadinhos em prata. Ele não estava mentindo quando disse que era observador, aquela lingerie era nova.

 

— Vai me deixar na vontade ou vai me apresentar agora ao seu sutiã novo?

 

Indagou, retribuindo o seu sorriso cúmplice. Calíope mordeu os lábios e se aproximou, entrelaçou os braços em seu pescoço e o beijou mais uma vez.

 

— Estou louca pra por uns lençóis pra lavar amanhã…

 

Ela sussurrou, Michael entendeu perfeitamente.

Agarrou-a e a levou, em seu colo, até o quarto da mulher, conhecia todos aqueles cômodos. Quando adentraram, a colocou com cuidado na cama e subiu sobre a própria, já iniciando uma série de beijos calmos e carinhosos que gradativamente potencializavam à medida que o fogo do casal subia. Calíope o puxou para mais perto e o agarrou, puxou carinhosamente os seus cabelos cacheados, ela era um pouco agressiva às vezes e Michael já estava acostumado.

Por fim, deitaram-se. Naquele quarto, naquela cama, entre aquelas paredes, tudo que trouxesse prazer era permitido. Michael era tímido, e, durante esses anos, Calíope havia atiçado o seu lado mais pervertido. Lhe despertou coragem, selvageria, e ela estava adorando o que ele havia se tornado. Michael a satisfazia de todas as formas.

 

Depois de várias horas no fogo alto, seus corpos suados já cediam ao cansaço. Michael relaxou, Calíope se aninhou em seus braços, ficaram trocando algumas palavras.

 

— Se lembra do dia que a gente se conheceu?

 

Ela perguntou. Michael sorriu.

 

— Claro, como eu ia esquecer? Você me pegou desprevenido, nem pediu licença…

 

Brincou, Calíope gargalhou.

 

— Quando eu olhei nos seus olhos, eu vi alguma coisa… diferente. Eu só sei que eu queria você naquele momento. Foi a melhor escolha que eu fiz.

 

Disse. Ouvir aquelas palavras deixou o rapaz um pouco anestesiado. Ele ficou em silêncio, refletindo sobre elas, não costumavam trocar muitas juras de amor, mas quando o faziam, ao menos ele sentia que era verdadeiro, e não foi diferente naquela hora. Suspirou, não podia negar: estava apaixonado.

 

— Eu te amo, Calíope.

 

Ela o encarou com um olhar surpreso. De repente um sorriso se formou no seu rosto, ela também suspirou. Só por essas reações, Michael sentiu-se retribuído.

 

— Eu te amo mais…

 

— Não, não mais do que eu…

 

Ele brincou, fazendo os dois rirem. Por fim, se aninharam.

 

— Boa noite, amor…

 

— Boa noite.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

[...] saiu do quarto. Foi dar um passeio tranquilo pelo jardim enorme de sua amada. Ele não foi muito longe, ficou apenas na área da piscina, observando de longe o bosque particular que ela tinha. Inspirou e expirou o ar gostoso daquela madrugada fria, tudo parecia muito tranquilo…

… porém, Michael não esperava encontrar uma terceira pessoa na casa.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Blue Criminal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.