Um amor em A'Madiz escrita por Débora SSilva


Capítulo 3
CAPÍTulo 3




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Maxine estava se esforçando para permanecer forte, mas era tão difícil. No último mês, assistir a Princesa Jarisa desfilar pelo castelo com Jaspar e receber a cada novo chefe de clã que vinha para participar do casamento dos futuros reis de A’Madiz.

A cada sorriso que Jarisa recebia do Príncipe a matava um pouco, ela sentia ciúmes. Não, aquilo era assistir um futuro que ela nunca poderia ter. Uma parte dela morria de angustia, morria por não ter mais os lábios deles contra os seus, por sonhar em estar em seus braços, por sonhar a cada noite que não estaria com ele.

E agora o dia da cerimonia havia chegado, ela se encontrava no final da multidão. As cerimonias reais aconteciam nos portões do palácio com guardas armados ao redor mantendo total vigilância. Toda a população estava presente para assistir a grande união entre o Reino de A’Madiz e o de Emir, mas ela só gostaria que essa tortura terminasse logo de uma vez.

— Antes da cerimonia, faremos a tradicional passagem de poder do atual Rei de A’Madiz para o Príncipe Jaspar Ahlmel. – Anunciou o velho cerimonialista real.

O pai de Jaspar, Rei Munir Ahlmel, se aproximou da onde o filho estava junto da Princesa Jarisa. Ao contrário do filho, que usava túnica branca, o rei se vestia com uma túnica azul em tom escuro, e a Princesa estava em um traje de cor cobre acompanhada de joias reais e suas mãos e pés desenhados com símbolos importantes dos dois reinos. Maxine não conseguiu localizar o bracelete que por tantos anos usara nos braços da noiva, o que fez seu coração doer um pouco menos.

— Eu passo meu poder à próxima geração de reis e rainhas de A’Madiz para o bem de meu povo. – O Rei Munir pronunciou e retirou a coroa pesada e, contudo, simples de sua cabeça e passou para a de seu filho que se ajoelhou para receber com grande honra o poder de seu reino.

Todos aplaudiram e Maxine fez isso com orgulho, o amor de sua vida conduziria aquele deserto como ninguém jamais fez. Todos já amavam Jaspar muito antes dele subir ao trono, seu povo nem poderia esperar o tanto de coisas que ele planejava introduzir bem ali para melhorar a vida de cada pessoa no deserto.

— Há muito aprendi que para governar esse deserto eu necessitaria de uma esposa ao meu lado.

Foram as primeiras coisas que Jaspar pronunciou em frente à população, ele virou em direção a Jarisa com um olhar de adoração e isso sim rasgou Maxine ao meio. Ela perdeu o ar e se afastou um pouco mais da multidão terminando por esbarrar em uma pilastra e se agarrando a ela. Ele se declararia para Jarisa, sua futura esposa, bem ali e Maxine não suportaria. Isso a mataria completamente.

— Para governar você necessita ter apoio – O novo Rei continuo a falar ao pegar a mão de Jarisa entre a sua —, às vezes de uma direção e amor. Você precisa ter muito mais que camaradagem, necessita ter amor! Aprender a amar para conseguir passar isso ao seu povo.

Jaspar olhou por toda a multidão e Maxine não sabia como a aquela distância ele havia conseguido acha-la. Mas achou. Ele deu mais um de seus sorrisos devastadores, o que deixou a menina confusa. O que ele estava tramando?

— E é por isso que eu não poderei me casar com a Princesa Jarisa. – Ele determinou e o silêncio dominou toda a plateia ao passo em que Maxine deixou lagrimas de emoção derramarem por seu rosto.

— Como ousa dizer algo assim em frente a sua noiva? – Munir, pai de Jaspar, se levantou da onde estava se aproximando do filho com fúria, ao contrario do rei Akil, pai de Jarisa, que se aproximava com sensatez e calma.

— Eu concordo com o Rei Jaspar. – A Princesa Jarisa falou, pela primeira vez durante a cerimonia, com tanta sensatez quanto o pai demonstrava naquele momento – Não me casarei com o homem por quem não nutro nenhum tipo de amor a não ser o de amizade.

— Mas o casamento irá acontecer, eu orden-

— Meu pai, você já não tem esse poder. – Jaspar falou com autoridade que até mesmo seu pai deu um passo atrás, agora Jaspar era o rei e iria usar o poder de sua coroa daqui em diante como ele achasse certo.

— Acho que o homem tem razão, não é?! – O Rei Akil de Emir disse com uma risada – Nosso acordo foi feito há longos anos atrás, nossas crianças são velhas amigas e não acho que exista aliança tão forte quanto essa.

— Exato! – Jaspar concordou – Eu e Jarisa assinaremos um contrato de lealdade, nossas famílias continuarão sendo próximas por gerações daqui em diante.

— E se algum dia nossos reinos decidirem se unir por meio do laço do matrimonio, será por vontade própria. – Definiu a Princesa com firmeza e todo o publico voltou a aplaudir comemorando a decisão de seus governantes, vendo o quão sábios e verdadeiros eles estavam sendo.

Dessa vez Maxine não acompanhou a multidão na comemoração, porque não conseguia acreditar no que ouvia, via e sentia. Seu coração pulsava tão forte dentro do peito e ela tinha certeza que nunca havia estudado com seu pai, durante o curso de enfermagem, condições tão loucas para um coração. Seu coração estava em um estado de júbilo que ela achou que não poderia aumentar, bom, só achou.

— Meu pai – Jaspar chamou —, gostaria de ter sua aprovação para essa sentença.

— Bom – Seu pai resmungou algo e depois continuou —, não vejo porque ir contra o rei. – Falou fazendo uma careta, mas  por dentro estava satisfeito pela postura do filho.

— Então, estamos preparados para o casamento. – Jaspar falou empolgado.

 — Oras, mas disse que não se casaria! – Seu pai exclamou confuso quando ele passou ao seu lado conseguindo chegar à primeira fileira da multidão.

—  Eu disse que não me casaria com Jarisa e não que não me casaria – O Rei de A’Madiz declarou antes de virar as costas para seu pai e se entranhar na multidão que se curvava abrindo espaço para sua passagem —, porque eu com certeza vou me casar.

Jaspar andou até a metade da multidão, ele havia feito todo o possível, mas a decisão final seria de Maxine. Ela teria que decidir enfrentar o povo do deserto contra o preconceito que tinha por ela e ainda ser rainha desse mesmo povo. Ela precisava decidir, e o Rei esperava ansiosa que o amor por ele fosse mais forte que todas as outras porcarias que o casamento com ele carregava.

E foi maior, ele se decidiu quando viu Maxine correr vestida em seu conjunto vermelho para os braços dele. Jaspar se afastou um pouco apenas para pegar do pequeno bolso que sua túnica tinha o bracelete e encaixa-lo no braço de Maxine novamente.

— De volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído. – Ele disse e a beijou na frente de todo seu reino para provar o quanto amava aquela mulher, o quanto a desejava com cada parte de seu ser e o quanto ele lutaria pelo resto da vida para mantê-la feliz ao seu lado.


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