Moonrise (nascer da Lua) escrita por Prica


Capítulo 9
Capítulo 9 – PRISÃO




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Capítulo 9 – PRISÃO

 

Renesmee Cullen.


                Uma semana trancada em casa. Sem poder sair, qualquer saída representa um risco. Nada de escola, nada de ver meus amigos, nada de caçar, nada de ir a La Push, nada de por os pés na rua. É tão desesperador ficar nessa prisão domiciliar!

Meus pais e meus tios eram os que saiam para caçar e nem podiam ficar muito tempo lá fora. Eles traziam para mim o animal que eu queria. Eu estava proibida de sair. Pois o perigo estava lá fora e perto demais. E era tudo minha culpa. Eu trouxe o perigo para perto dos que eu amava. Eu poderia ter acabado com tudo antes que ele estivesse tão próximo de todos nós. Não parecia perigoso, pensei que tudo acabaria bem, parecia tão inocente, mas nada tinha de inocente. Não era brincadeira, todos nós poderíamos morrer. E tudo por minha causa.

Em meu quarto, sentada em minha cama, eu abraçei forte as minhas pernas e escondi meu rosto em meus joelhos. Estava tentando não chorar, algo quase impossível. Podia ouvir o som dos galhos das árvores batendo na minha janela, pareciam me chamar para sair.Olhei para a janela e imaginei como se o barulho dos galhos fossem as mãos de Jake. Ele iria me tirar daqui... Não. Ele nunca me tiraria daqui. Por ele, eu ficaria trancafiada em meu quarto até que o caçador saísse da cidade. Para ele e para meus parentes, meu quarto era o meu campo seguro agora. Mas que horror ficar presa! Detesto isso!

Pra mim esse não é um campo seguro. Qualquer lugar de Forks não é seguro para nenhum de nós neste momento. Eu senti um frio na barriga ao imaginar por onde estariam meus tios e Jacob. Estariam seguros? Não suportaria perder algum deles.

Não adiantava ficarmos escondidos aqui, o pai de Karen nos encontraria, disso eu tinha certeza. Comecei a chorar e senti meu corpo cair na cama. Agarrei meu travesseiro forte. Estava naquela prisão esperando a morte chegar, esperando o caçador nos encontrar ali. Eu suspirei e tentei parar de pensar nisso.

Meus pais entraram no meu quarto e eu virei meu rosto para vê-los. Minha mãe se atirou na cama e me abraçou.

 

-Tudo vai ficar bem, minha querida – Ela sussurrou em meu ouvido.

 

- Vamos caçar com você Renesmee – Meu pai falou de repente, olhando para a janela.

 

Eu e minha mãe olhamos para ele rapidamente.

 

- Mas é perigoso demais, Edward. – Minha mãe falou, num tom preocupado.

 

- Renesmee não pode mais ficar trancada aqui – Ele respondeu olhando rápido para mim e voltou a olhar para a janela. – Ficarei atento e se ouvir a mente do caçador, voltamos correndo.

 

“Obrigada pai!” Eu pensei e ele olhou para mim abrindo um meio sorriso triste.

                Ele era a única pessoa no mundo todo que sabia como eu me sentia naquele momento. Mas mesmo sabendo que era perigoso, ele queria me ver feliz.

                Nos arrumamos e saímos de carro. Meu pai dirigiu até o lugar mais longe que conseguiu, saindo de Forks.

                Chegamos a uma floresta desconhecida e andamos um pouco para verificar se era seguro caçar ali.

 

- Fiquem perto – Meu pai falou. E ao invés de corrermos como sempre fazíamos nas caçadas, andamos cada passo devagar olhando para cada canto daquela floresta úmida.

                Então o vento veio forte em nossa direção e trouxe com ele o delicioso cheiro de sangue. Minha boca encheu d’água num instante. Sem olhar para meus pais corri para a floresta atrás do cheiro maravilhoso. Eu estava louca de sede, louca por caçar, louca por liberdade.

 

- Não... – Eu ouvi meu pai falar atrás de mim e virei minha cabeça para olhá-lo, mas sem parar de correr. Vi que ele e minha mãe correram para trás de um arbusto. Então eu parei e olhei para eles. Forcei minha vista e consegui ver que eles se escondiam de alguma coisa.

 

- Renesmee...? – Eu ouvi uma voz familiar falar. Me virei lentamente e a vi.

 

Karen Strong estava bem na minha frente. Eu gelei. Ouvi o som do arbusto se mexer, meu pai iria vir me buscar... Mas não! Ele não podia! “Pai, fique onde está, ela não vai me fazer mal! Por favor não apareça!” Eu engoli seco e tentei sorrir para ela. O arbusto voltou a ficar parado.

 

- Ai Meu Deus, Renesmee! – Ela me abraçou e eu fechei minha mão para não tocá-la diretamente. Depois ela se afastou e falou rápido – Onde estava? Porque não foi mais para a escola? Você está bem? Está doente?

 

- Eu estou bem sim, como pode ver – Eu respondi e tentei não deixar minha voz tremula. – Fui passar um tempo com meus pais enquanto eles estavam na Califórnia. Agora eles voltaram para a África e eu voltei para Forks.

 

- Ah... – Ela pareceu acreditar. Ufa! Ainda bem que eu minto melhor que a minha mãe.

 

- Perdi muita coisa na escola? – Eu tentei me acalmar, começando uma conversa.

 

- Não muito, quase nada de importante, só algumas aulas chatas. – Ela falou e nós duas rimos.

 

Então nós duas ficamos em silêncio olhando uma para a outra. Eu tive que desviar meus olhos, para ela não perceber como estava nervosa. Ela suspirou alto e eu levantei minha cabeça para olhá-la.

 

- Eu sei o que aconteceu, Nessie. – Ela falou e meus olhos estalaram.

 

- Do que você está falando? – Minha voz saiu fina demais.

 

- Você está com medo. – Ela disse e olhou para mim.

 

Caramba, será que ela suspeita que eu sou uma...

 

 - Mas meu pai não é perigoso! – Ela continuou. – Não para você!

 

Tudo bem, ela não sabe. Ótimo! Eu suspirei de alívio.

 

- Entenda Nessie, ele só quer exterminar o que é ruim para nós, seres humanos. – Ela falou chegando mais perto de mim. – Não se preocupe! E me desculpe por ter te assustado com minha história.

 

Eu assenti de cabeça baixa. Como não me preocupar? O que o seu pai quer exterminar é a minha família!

                O arbusto onde meus pais estavam se agitou outra vez, olhei para trás discretamente e pedi para que eles ficassem onde estavam.

 

- Seu pai está aqui? – Eu perguntei para ela.

 

- Sim.

 

A resposta dela fez meu coração disparar, mas continuei a pedir para que meus pais ficassem escondidos.

 

- Ele encontrou algo? – Eu sussurrei.

 

- Ele acha que tem três vampiros caçando por aqui – Ela falou e eu segurei para não gritar. Ela continuou. – Semana passada ele viu um lobisomem na floresta de Forks. Só que era mais como um lobo gigante, do que um lobisomem como já havíamos visto antes.

 

- Ele atirou no lobo. – Eu falei baixo para mim mesma.

 

- Sim, como sabe?! – Ela estranhou.

 

- Meu tio Charlie disse que viu seu pai atirando em alguma coisa na floresta semana passada. Só que como as caçadas são proibidas nessa época do ano ele tentou parar seu pai.

 

- É, só que seu tio acha que meu pai caça animais normais...

 

Eu assenti e olhei para baixo novamente. O vento bateu e o cheiro do sangue dela correu para dentro das minhas narinas. Eu estava com sede, mas estava tão tensa e assustada que conseguia me controlar.

Levantei minha cabeça e vi um grande homem atrás de Karen. Ele era alto e forte, como meu tio Emmett, tinha sobrancelhas bem grossas e estavam unidas no meio. Haviam algumas cicatrizes em seu rosto. Ele segurava uma arma muito grande nas mãos e olhava fixo para mim, da cabeça aos pés.

 

- Ah, oi pai, lembra da amiga da escola que te falei? – Karen apontou para mim. – Renesmee Whitlock.

 

Ele deu dois passos largos para perto de mim. Eu congelei e não consegui me mover. Aquele era o caçador! Pedi para meus pais ficarem onde estavam novamente, e tentei sorrir para o grandalhão.

                Ele continuou me olhando fixo. Observou meu rosto e depois inspirou o ar a centímetros do meu rosto.

 

- Diferente... – Ele falou com uma voz grave e misteriosa. Depois aumentando o tom completou - ... Mas não me engana!

 

Ele levantou a arma e apontou para mim. Estiquei minhas mãos para frente rapidamente.

 

- Pai! – Karen gritou e abaixou a arma dele. – O que é isso?!

 

- Ela é um deles! Eu sei disso! – Ele gritou.

 

Minha respiração ficou ofegante.

 

- Não! – Karen gritou para ele. – Ela é minha amiga da escola! Renesmee nunca poderia ser uma vampira, pai!

 

Eu queria sair daquele filme de terror, mas não podia deixar ele suspeitar de mais nada.

 

- Por isso eu disse diferente. – Ele falou olhando para mim com desprezo.

 

Então ele ergueu a cabeça e inspirou o ar outra vez. Engatilhou a arma violentamente.

 

- Os outros estão escondidos! – Então ele correu para o lado contrário ao que meus pais estavam. Fiquei aliviada.

 

- Me desculpe Nessie! – Karen cobriu o rosto com as mãos.

 

- Tudo... Bem... – Eu falei com dificuldade. – Agora tenho que ir.

 

- Me desculpa! – Ela falou e correu para a floresta atrás do pai.

 

Corri para perto do arbusto sem conseguir respirar. Meus pais saíram num salto. Em segundos eu estava nos braços de meu pai e chegávamos perto do nosso carro.

                Fomos a viagem toda de volta em alta velocidade, enquanto meu pai me pedia desculpas por não ter ido me tirar de lá. Eu o acalmei dizendo que foi o certo a se fazer.

                Fomos direto para a casa dos meus tios. Ao chegarmos, esbaforidos, vi Jacob e senti o cheiro forte de sangue, muito sangue. Olhei para a cozinha, havia alguns animais mortos em cima da mesa, frescos, deliciosos.

 

- Cacei para vocês – Jacob falou e sorriu para nós.

 

Mas todos ali perceberam os nossos rostos apavorados e ficaram quietos e sérios esperando que falássemos alguma coisa.

 

- Vimos o caçador, - Eu comecei a falar e os olhos e bocas de todos se abriram, assustados. – Bem de perto.

 

Ao lembrar-me da imagem daquele homem tão grande na minha frente com aquela arma assustadora nas mãos, senti uma tontura e tudo se escureceu de repente. Senti que estava caindo e ouvi várias vozes chamarem meu nome, várias vozes distantes. Então não ouvi mais nada.

 


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