Salvadora da Pátria - Kaikali escrita por NeptuneGnam


Capítulo 1
Capítulo Único - Como arranjar uma namorada




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E pela terceira vez a garota de cabelos escuros e mechas loiras soltou uma lufada de ar enquanto era obrigada a escutar mais uma série de sermões de seus pais. Que culpa ela tinha se nada dava certo quando era ela quem tinha de fazer? Parecia até que o universo conspirava para que logo ela, Akali Jhomen Tethi, se fodesse todos os dias quando o assunto era a escola, e isso não foi uma hipérbole.

Ela é realmente muito azarada.

— Está me ouvindo, Kali? Não quero que isso se repita! — seu pai parecia furioso.

— Mas a culpa não foi minha! — reclamou, encarando os mais velhos — Eu estudei sim! Só que pra prova errada... — foi diminuindo o tom de voz no fim da frase. Agora sua mãe era quem suspirava, mas de puro desgosto.

— E isso justifica você tirar notas razoáveis em ambas as provas? — inquiriu com uma feição nada feliz, que fez a de cabelos bicolores encolher-se no lugar.

— É que assim... Depois que eu fui tão mal na prova de Física, eu esqueci tudo o que tinha estudado pra de Química... Deu branco. — sorriu inocente.

De nada adiantou se desculpar e se curvar, o casal Jhomen há tempos perdeu a piedade para com sua filha, e agora Akali teria de aprender a lidar com as consequências, ainda que culpasse Deus e o mundo por sua má sorte. Mais alguns puxões de orelha e a garota fora liberada, no fundo, Akali tinha total consciência de que precisava se esforçar mais e ser um pouco mais atenta, por isso, depois do jantar subiu correndo para o quarto e fora terminar seu trabalho de História. Não era uma tarefa complicada, bastava responder algumas questões mais difíceis de um questionário e lembrar-se de colocar o dito cujo dentro da mochila.

Mas quem disse que ela conseguiria fazer isso?

— Como foi a conversa com seus pais? — Ahri perguntava do outro lado da linha, muito bem humorada para o gosto de Akali.

— O de sempre! — bufou em estresse — Podemos esquecer isso, por favor?

— Você sempre se esquece das coisas, Kali! Não precisa nem pedir! — gargalhou a loira.

— Afe, sua... — estava pronta para xingá-la dos piores nomes que conhecia, mas ouviu uma voz suspeita ao fundo.

— O que foi? O chuveiro quebrado, como assim? — Ahri parecia conversar com outra pessoa, e isso despertou a curiosidade da japonesa, que permaneceu calada ouvindo tudo — Eve, eu juro que te mato se você tiver mesmo quebrado o meu chuveiro! Fumaça? SANTO DEUS, O BANHEIRO PEGANDO FOGO?

— O que a Evelynn está fazendo aí? Ahri? — agora Akali estava preocupada, pois não conseguia ouvir nada além de gritos histéricos da loirinha e barulhos confusos, pôde captar uma risada de Evelynn ao fundo, em meio a frases como “Não foi intencional, juro!”.

— Kali? É você? — ouviu a voz de sua amiga, Qiyana — Aconteceu um caos aqui na casa da Ahri! Eu e o Ekko viemos terminar o trabalho de História com o casal vinte e Eve queimou o chuveiro da Ahri! — riu e Akali a acompanhou — Mas olha! Juro que nem eu nem o Ekko presenciamos uma cena inadequada dessas duas pombinhas fogosas... Pelo menos nada que a gente já não veja na escola!

— Ahri e Evelynn precisam parar de se pegar na nossa frente. — Akali comenta brevemente, ainda ouvindo as vozes das ditas cujas — Elas ainda estão discutindo?

— Sim! A Gumiho está furiosa! Desconfio que antes da minha chegada com Ekko, as duas tiveram um momento bem íntimo e disfarçaram, porque se a Diva precisou de um banho...

— Tem razão. — concordou — Safadinhas elas! — gargalhou.

— Fez o seu trabalho? — Qiyana interpela.

— Quase pronto, QiQi! Eu teria terminado antes, se a Ahri não tivesse me ligado. — bocejou — Vou terminar e ir direto dormir!

— Isso aí Kali! Força, foco e fé! Rumo à glória do clube dos alunos queridinhos dos professores, que seus pais tanto querem que você faça parte!

As duas trocaram mais algumas palavras e alguns risos, Ahri não voltou ao telefone porque ainda estava dando uma bronca em sua namorada, que só sabia rir das reclamações da garota. Akali despediu-se de Qiyana e enfim retornou ao seu trabalho. Com muito suor e lágrimas, a de mechas loiras conseguiu concluir tudo e, como estava morrendo de sono, guardou todas as folhas em sua pasta e, sem qualquer cerimônia, caiu na cama e adormeceu.

. . .

— AQUI VOU EU! — gritou no meio da rua, pulando – literalmente – de felicidade pela calçada, toda pomposa, seguindo seu caminho até a escola — É hoje que eu dou orgulho pros meus pais!

— Ih, olha ela. Toda radiante! — Qiyana ria da empolgação de sua amiga, enquanto caminhava junto dela – ou quase, pois Akali pulava tanto que a deixava para trás sem nem perceber –.

— Estou mesmo! Hoje as coisas vão finalmente dar certo pra mim! O trabalho está aqui, respondido do início ao fim, e eu não vou me ferrar! — ditou com convicção.

. . .

— Espero realmente que nada de ruim te aconteça, Kali. — Ekko sorriu debochado para a garota — Do jeito que o universo sempre conspira contra você, capaz de algo dar errado só porque você está feliz.

— Yah! Vira essa boca pra lá, Ekko! — reprovou a Jhomen — A aula de História é qual?

— Acho que depois do intervalo! — Evelynn respondeu prontamente — Por via das dúvidas, não sei se marquei a alternativa certa em algumas questões desse trabalho, ainda nem passei a caneta, posso dar uma olhada no seu, Kali?

— Uhum! — concordou com um aceno de cabeça, pegando sua mochila e colocando em seu colo para que pudesse procurar o trabalho no meio daquela montoeira de cadernos e livros.

— Óbvio que não fez direito. Ao invés de fazer o trabalho, ficou se engolindo com essa raposa safada na casa dela e depois queimou o chuveiro! — Qiyana alfinetou, provocando risos de Ekko e Akali, e recebendo um olhar mortal de Ahri.

— Eu tenho certeza de que alguma resposta minha está errada! Essa idiota causou a terceira guerra mundial dentro do meu banheiro, e ainda tive que levar o maior sermão dos meus pais por conta da bagunça! — queixou-se Ahri, inflando as bochechas e cruzando os braços.

— Eu já pedi desculpas, querida. — Evelynn bagunçou os cabelos loiros da namorada — Ah, não faça essa cara, meu benzinho.

— “Benzinho”? Que melosas! — Ekko revirou os olhos, fazendo uma expressão enjoada.

— Kali? Que cara de morta é essa? — Qiyana chamou a atenção de seus amigos, que se viraram para encarar a face atordoada da bicolor — O que aconteceu?

O grupo ficou discutindo tanto que nem haviam reparado na quietude de Akali, a garota procurou pacientemente as folhas que ela jurava de pés juntos que ali estavam, dentro de sua mochila. Mas então, começou a relembrar os acontecimentos da noite anterior: a ligação de Ahri, o trabalho colocado cuidadosamente dentro de sua pasta...

Que ficou em cima de sua escrivaninha. Em sua casa.

— Meu trabalho... — murmurou, ainda de olhos arregalados — MEU TRABALHO, PORRA! SUMIU!

— É O QUÊ? — Ahri gritou junto da Jhomen, em puro espanto.

— CARALHO, NÃO ACREDITO! TÔ FODIDA! — desesperou-se, puxando os cabelos azulados e loiros com força. Num ímpeto se levantou do seu lugar, as pernas bambas quase a fizeram cair de novo em sua cadeira, as mãos ficaram trêmulas e Akali quase se desmanchou em lágrimas ali mesmo, na frente de seus amigos.

— Ekko e sua boca santa! — Evelynn balançou a cabeça negativamente.

— Não foi minha culpa! — o rapaz se defendeu — Kali, se acalma! — pediu, preocupado com a amiga.

— Meu Deus... Isso não tá acontecendo... Não tá... — choramingou, caindo de joelhos no chão, alguns alunos repararam no escândalo da Jhomen, observando o grupo com olhares curiosos.

— Amiga, você conseguiu se foder de novo! — Ahri riu de nervoso — Não tô acreditando nisso...

— Meus pais vão me matar! — ergueu a cabeça — Ahri, eles vão me matar! Sem esse trabalho, eu vou acabar repetindo de ano!

— Por besteira, ainda por cima! — comentou Qiyana — Nós vamos encontrar uma solução! Não se desespera, Kali!

— Solução? Que solução? Vão clonar um trabalho novo pra mim? — perguntou com ironia — Não dá pra me ajudar mais não! Sinceramente, eu desisto de viver!

— Yah! Para com esse drama! — Ahri levantou a garota do chão, puxando-a pelo braço — Vamos dar um jeito! Temos até o fim do intervalo pra você fazer isso!

E o sinal estridente toca, anunciando o início do período de recreio dos alunos. Evelynn não resistiu e começou a rir da situação, recebendo um tapa na nuca dado por Ahri, Ekko cobriu os lábios com as mãos na tentativa de sufocar um grito de agonia, Qiyana esfregou as têmporas, mais nervosa do que nunca. E Akali? Bem... Akali quase desmaiou com o barulho, pois sabia que aquela era a trilha sonora de seu funeral.

O universo conseguiu, mais uma vez, foder com seus esquemas.

— O que vamos fazer? — Qiyana perguntou visivelmente alterada.

— Não tem muito o que fazer agora. Temos que sair pro intervalo e aproveitar esse tempo para dar um jeito nisso. O professor não deixará Kali trazer o trabalho em outro dia! — Ahri jogou o cabelo para trás, tentando pensar em alguma resolução para aquele conflito. Precisava salvar Akali, senão a maknae teria um treco.

— Puta merda... — suspirou Ekko.

— Já sei! — Qiyana exclama — Tenho certeza que a nerd da nossa sala fez trabalhos a mais!

— A Butafci? Por que ela faria isso? — Ekko ficou confuso — Eu sei que ela tem o costume de fazer os trabalhos da amiga dela, Sivir, mas não acho que ela tenha um extra!

— Pois saiba, meu doce, que eu ouvi uma conversa interessante certa vez... — Qiyana sorriu triunfante — Sivir estava dando uma bronca na Kai’sa, porque ela faz os trabalhos para outros alunos além dela, em troca de alguma coisa...

— E...? — Ahri franziu o cenho, tentando compreender o que sua amiga queria dizer.

— Gente, não tá óbvio? — a de pele morena revirou os olhos diante da faceta confusa dos amigos — Kai’sa deve ter algum trabalho reserva, podemos pedir a ela um desses trabalhos pra Akali não ficar sem nota!

— É o que? Eu não vou falar com ela! — protestou a Jhomen — Aquela garota pode pedir qualquer coisa em troca do trabalho! E se ela exigir meu corpo nu?

— Quem iria pedir isso...? — Ekko murmurou desdenhoso, mas fora ouvido pela namorada, que lhe deu um pescotapa — Hey!

— E o que você estava fazendo, ouvindo conversas dos outros? — questionou Ahri.

— Ai Gumiho... Não tem como eu ser bem informada sem dar meus pulos! — refuta Qiyana.

— No momento essa é sua única opção, Kali. — Evelynn concordou com Qiyana — Aproveita que estamos no intervalo e procure a Butafci.

— Certo... — a maknae respirou fundo e se afastou de seus amigos, saindo da sala de aula em disparada.

Precisava encontrar Kai’sa Butafci e rezar para que ela tenha uma alma caridosa e bondosa.

— Estou preocupada agora... — Ahri suspirou — Se essa tal africana fizer algo com a minha bebê, eu taco fogo nessa escola! — ameaçou — Meu amor pela minha Kali é mais importante! My love is on fire!

— Calma raposinha! Não vai acontecer nada! — Evelynn tranquilizou-a — Sei muito bem que “your love is on fire”, mas não vai ser necessário botar fogo em nada.

Mas aquela ideia tentadora não saiu da mente mirabolante de Choi Ahri.

. . .

— Eu ainda acho que você deveria chamar ela pra sair logo! — a árabe de cabelos castanhos deu de ombros, tomando um gole de seu suco.

— M-mas ela é super popular, Siv! Ela nunca prestou atenção em mim, s-seria... – Kai’sa choramingava escorada na grade do terraço, Sivir suspirou.

— Ela é popular pelos motivos errados! A garota tá sempre em encrenca! — rebateu a mais velha — Se gosta dela, deveria se arriscar.

— Aham, e me dar mal igual aconteceu com você? Eu não sou burra! — alfinetou Kai.

As duas amigas estavam sozinhas naquele espaço, os outros alunos geralmente ficavam no pátio, no refeitório ou em qualquer outro canto do instituto. Como eram a dupla de desajustadas do colégio, preferiam ficar sozinhas, afastadas daqueles que elas consideram populares ou simplesmente babacas demais. A árabe até teve seus cinco minutos de fama quando resolveu dar em cima de uma garota popular, Evelynn Siren, e acabou quase apanhando de Choi Ahri, atual namorada dela, que a atacou como uma verdadeira raposa enciumada. Sivir ficou mal falada depois disso e só conseguiu fazer amizade com Kai’sa, a nerd da sala 2-A – agora da sala 3-A –. Kai’sa Butafci é excepcional em todas as matérias, até mesmo em Educação Física a garota mandava bem, contrapondo muitos estereótipos, poderia ter se tornado a aluna mais popular se não fosse um tanto tímida e preferisse se isolar na maior parte do tempo, nem mesmo Sivir, sua melhor amiga, entende o comportamento da africana.

A questão era que Kai’sa se apaixonou logo por ela, a "Garota Problema" que sempre se mete em encrencas e está constantemente visitando a sala do diretor. Sivir estava cansada de ver sua “Bokkie” tão abatida por nunca conseguir o mínimo de atenção da garota que gosta, mas também não poderia defendê-la quando sabia que ela fugiria dela na primeira oportunidade, puramente por timidez.

Bem, se ela aparecesse de repente no terraço só lhe restaria pular do prédio para fugir da garota.

— Kai’sa Butafci, você está aqui? — de repente a porta é aberta brutalmente por uma Jhomen Tethi desesperada e toda descabelada pela corrida, o estrondo da porta de metal contra a parede assustou a dupla, que se sobressaltaram.

Os olhos de Kai só faltavam saltar de sua cara quando reconheceu a doida que quase quebrou a porta, era ninguém mais ninguém menos que Akali Jhomen Tethi, a japonesa que era um exemplo de pessoa... Que não deveria ser seguido em hipótese alguma.

— Wah! O que é isso? — Sivir berrou de susto, mas logo se acalmou quando percebeu que era apenas uma garota maluca procurando por Kai’sa, esta última estava paralisada no lugar. A morena árabe podia jurar que ela mijaria nas calças de tão amedrontada, por isso ficou preocupada.

A dita cuja sentia o coração pulsando forte dentro do peito, nem sequer piscava enquanto encarava uma Akali toda ofegante por ter corrido até lá, sentiu vontade de fugir pelo nervosismo, mas não poderia, pois estava no terraço e a única saída era a porta pela qual a Jhomen entrou.

— Olha... Desculpa aí... Mermão, nunca corri tanto... Uff... — atrapalhou-se durante sua fala — Kai’sa! — chamou, se aproximando da garota.

— E-eu! — levantou-se do chão, sem cortar o contato visual com a bicolor.

— Ahm... Vou deixar vocês sozinhas... — Sivir também se levantou, saindo de fininho do local, deixando-as à sós.

— Então... É que tipo assim... Você tem algum trabalho de História extra? — decidiu ser a mais direta possível, ainda que temesse o que a nerd pediria em troca.

— Trabalho de História? — repetiu ela, atordoada — A-acho que tenho... Mas... — desviou o olhar por um momento, coçando a nuca.

"Vamos lá, Bokkie! É a oportunidade perfeita!" — pensou, respirando fundo.

— Não posso dá-lo a você assim... O que ganho com isso? — tentou parecer mais firme e fez efeito, pois a de cabelos bicolores arregalou um pouco os olhos azuis e estremeceu com sua fala.

"Ótimo! Ela vai mesmo me chantagear!" — reclamou em pensamento.

— D-depende... O que você quer? — perguntou receosa.

— Hmm... — fez uma expressão pensativa, olhando ao redor. Ainda que já tivesse em mente o que poderia pedir em troca do trabalho que salvaria a vida de Akali, Kai tinha muito medo de pedir por aquilo e ser rejeitada.

Bom, ou era agora, ou ela nunca mais teria essa chance de ouro.

— Olha, eu te dou até um dos meus pulmões, mas eu necessito desse trabalho! — pediu aflita, e a azulada riu do que ela disse. O que ela faria com um pulmão e por que pediria isso? Só podia ser Akali pra dizer algo como aquilo, e, bem... Talvez por isso ela tenha começado a gostar dela.

— Não precisa se preocupar, não vou pedir algo tão extremo assim. — permitiu-se sorrir e Akali prestou bastante atenção no semblante divertido da garota, e, por que não? Em toda a aparência da Butafci.

"Nunca reparei antes, mas..." — os olhos azuis captam cada detalhe da feição da africana, do sorriso fofo que ela mostrava e os olhos púrpura brilhantes, similar à duas pedras de ametistas, o cabelo longo azul-escuro preso num rabo-de-cavalo alto com algumas mechas tingidas de ciano contrastando com a pele clara — "Ela é bem bonita!".

— Pois bem... O que vai pedir?

— Um encontro!

Silêncio.

As maçãs do rosto de Kai’sa ameaçavam ficar vermelhas tamanha era sua vergonha. Por Deus, ela realmente teve coragem de pedir isso? Desejou que um buraco se abrisse embaixo de seus pés e a engolisse andar abaixo. Por outro lado, Akali ainda estava calada porque ficou deveras surpresa com a exigência da nerd. Um encontro? Tipo, uma saída romântica? Era isso que seus amigos temiam?

— Um encontro? Só isso? — arqueou a sobrancelha, desconfiada.

— S-sim! Um encontro é suficiente pra mim!

Ainda não lhe pareceu convincente, não é possível que tudo o que precisava fazer era passar um dia – talvez até menos que isso – com Kai’sa, uma garota bonitinha, inteligente, tímida e fofa. A sorte estava ao seu lado agora? Cadê seu azar de cada dia? Não dará o ar de sua graça? A maldição ininterrupta finalmente encerrou-se? Podia viver como uma pessoa normal, sem muitos problemas?

— Tudo bem, Kai. Eu aceito sair num encontro com você! — deu um sorriso que, aos olhos da azulada, era muito lindo.

O mais lindo de todos, na verdade.

— S-sério? Então ótimo! Tenho um trabalho reserva na minha mochila, você só vai precisar colocar seu nome. — abriu um sorriso largo. Ainda que estivesse em sua presença, Kai’sa sentia-se um pouco menos nervosa já que ela aceitou o convite.

— E as respostas estão certas? — perguntou por curiosidade.

— Está brincando? Se eu não tirar nota máxima nesse trabalho, o professor Jhin estará louco de droga, porque tá tudo correto! — brincou, arrancando uma gargalhada da Jhomen.

— Muito obrigada Kai! Você é minha salvadora da pátria! — pulou em cima da garota, quase derrubando ambas, pendurando-se no pescoço dela. Kai’sa ficou mais vermelha que tomate, estava extremamente sem graça, seu coração batia forte no peito e, por um instante, esquecera como respirar normalmente. Acima de tudo, estava feliz! Ganhou a atenção da garota que gosta e conseguiu um encontro com ela, tinha tirado a sorte grande.

— Não há d-de quê, Akali!

Irrompeu-se de repente um sinal que não era o mesmo que anunciou o princípio do intervalo, na verdade, mais parecia um alarme.

— O que está acontecendo? — se soltou da mais alta, se aproximando da grade de segurança do terraço e encarando o pátio andares abaixo. Kai’sa fizera o mesmo, surpresa com a euforia dos alunos. Todos gritavam histéricos e isso assustou as duas terceiranistas.

— É o alarme de incêndio? — preocupou-se.

— A escola tá pegando fogo? AI MEU DEUS! — Akali se desespera — KAI, TEMOS QUE SAIR DAQUI!

Não esperou resposta, pegou a mão da mais alta e a puxou terraço afora, descendo as escadas como se não houvesse amanhã – e poderia não ter mesmo, se o instituto estivesse mesmo em chamas, como o alarme sugeria –. Kai’sa não conseguia raciocinar direito, tanto pelo susto quanto pelo fato de estar de mãos dadas com sua crush, tudo aconteceu muito rápido!

Mas o que elas não sabiam era que não havia incêndio algum ocorrendo.

— AHRI! — a Siren gritou — Por que você acionou o alarme, doida?

— Eu sempre tive vontade! — abriu um sorriso inocente, descartando o martelinho que utilizou para quebrar o vidro e liberar o botão de emergência — E ainda podemos cabular aula por justa causa, é perfeito!

— Hmm... Cabular aula? — Evelynn ficou pensativa — Você é um gênio, amor!

— É claro que sou! — riu orgulhosa — O que eu ganho por ter nos livrado da aula tediosa do professor Taric e do professor Jhin? — aproximou-se do rosto da Diva, encarando-a com malícia escancarada.

— O que quer ganhar, minha Gumiho? — ela sorriu de canto, percebendo as intenções da namorada.

— FIRE! FIRE! TÁ PEGANDO FOGO, MEU DEUS DO CÉU! — Qiyana apareceu gritando no corredor.

— É UM INCÊNDIO, PORRA! — Ekko acompanhou a namorada nos gritos.

— Não amiga, a escola tá de boa. Eu que acionei o alarme. — explicou-se Ahri.

— Quem falou da escola? Quem tá on fire aqui são vocês duas, suas safadas! — riu Qiyana, deixando o casal envergonhado.

— Gente, cadê a Kali? — Ekko pergunta, olhando para os lados.

Foi só falar nela que a criatura apareceu, arrastando a coitada da Butafci pelo braço.

— AAAAH! FIRE! NOW BURN, BABY! BURN! — Akali berrava, quase derrubando Kai no chão pela euforia — GENTE, O QUE VOCÊS AINDA ESTÃO FAZENDO AQUI? TEM FOGO NO INFERNO! RUN, RUN, RUN!

— PARA DE BERRAR, ACÉFALA! — Ahri exigiu, mas tampouco fez efeito, Akali permaneceu agitada, temendo pelas chamas que sequer existiam — Não tá pegando fogo em nada! É alarme falso!

— Alarme falso? — uma grande interrogação apareceu na feição da maknae — Então não tem incêndio?

— Não, não tem! — repetiu a Choi, suspirando em seguida.

— Gumiho acionou porque ficou com vontade. — Evelynn prosseguiu com a explicação e Akali soltou um curto "Ah" em compreensão.

No fim, a escola toda foi evacuada para nada, mas antes dos professores e diretores perceberem que não passava de um trote de muito mau gosto, avisaram que todos os alunos poderiam retornar para suas devidas casas e esperar um pronunciamento do diretor quando fosse possível o retorno deles. A maioria dos adolescentes adorou essa notícia, principalmente Akali Jhomen Tethi, que agora estava livre da encrenca com o trabalho de História esquecido.

— Devo uma para Ahri. — comemorou.

— É... Meus serviços não foram necessários, no fim. — Kai’sa lamentou, retornando a sua personalidade tímida.

— Oh, verdade! — Akali pôs a mão na boca.

Acabou que nem precisava ir atrás da garota, bastava causar uma distração para se livrar da enrascada em que se meteu por conta própria. Observou a expressão frustrada da mais alta, sem entender o motivo por trás dela.

— Então... O encontro já era? — perguntou Kai num tom triste.

— Ah, você quer saber do encontro! Tinha esquecido! — finalmente ela entendeu, rindo em seguida pela sua lerdeza — Desculpe Kai, eu sou lenta assim mesmo!

Lenta é pouco, parece que não tem cérebro...

— S-sem problemas Akali!

— Sobre o encontro... — continuou, encarando o chão por alguns segundos — Não vejo problema em sair com você mesmo assim! — sorriu.

E bastou dizer isso para que a esperança da azulada retornasse com força. Ela ainda tinha uma chance!

. . .

— Argh! Eu tirei nota baixa nessa porcaria! — Qiyana resmunga, encarando com ódio palpável o pedaço de papel registrando 45 pontos em vermelho.

— Tá vendo? Falou que eu e a Eve que nos ferraríamos, mas parece que o jogo virou! — Ahri sorriu debochada.

— Você também tirou nota baixa, energúmena! — a de pele morena faz sua clássica revirada de olhos.

— Sim, mas eu tirei 47. Dois pontos a mais que você! — estalou a língua — Aceita que dói menos, QiQi!

— Ainda não acredito que vocês perderam pontos por besteira! Eu falei pra marcarem "C", por que marcaram a droga do "E"? — Ekko bufou estressado — Qiyana, você está de castigo por isso!

— Como assim? Amor meu, piedade! — choramingou.

— Hmm... Hoje tem! — Evelynn riu maliciosa.

— Foda agressiva! Puro daddy!kink! — complementou a Choi — Adoro! — riu.

— Crianças... — Sivir bocejou.

— As únicas com complexo de “daddy” aqui são vocês duas! O castigo vai ser o cancelamento da pintura nova no cabelo, que eu ia pagar! — respondeu Ekko.

— Nãããão! Eu não aguento mais esse azul e rosa, eu nunca posso mudar de cor, é tão 2019! — Qiyana choraminga mais ainda.

— Eu consegui 100 pontos pela primeira vez! — Akali comemorou, dando pulinhos ditosos na cadeira e ignorando as tretas alheias — Obrigada por me ajudar, Bokkie!

— D-de nada! — Kai’sa corou.

— Da próxima vez eu vou pedir a ajuda da Kai’sa, e não de vocês! — Qiyana cruzou os braços, insatisfeita com sua nota e o castigo — Você vai me ajudar também, Kai? — sorriu amigável para a Butafci.

— SAI DEMÔNIO! — a Jhomen se levantou, praticamente se jogando no colo da azulada — Bokkie é minha salvadora da pátria particular! Não empresto pra ninguém! — declara, roubando-lhe um selinho rápido.

— EEEITA! — Ahri abriu a boca em um perfeito "o", impressionada com a audácia de Akali — Chocada!

— Quê isso, Kali? Já tá beijando a menina assim? — Qiyana arregalou os olhos com a atitude da bicolor — Não precisa marcar território não, oxe!

— Kai? — Sivir encarou a amiga — Kali, olha o que você fez! Ela tá toda vermelha!

— Que fofa! — Eve sorriu com a cena.

— Que desnecessário! — Ekko revira novamente os olhos.

— Bokkie? — Akali chamou, visivelmente preocupada com a mais alta — Desculpa, foi impulso!

— Obrigada, Deus... — Kai’sa murmurou, antes de desmaiar.

— DEUS DO CÉU! KAI’SA! KAI’SA! — Akali arregala os olhos.

— A mina desmaiou com um beijo! Imagina quando forem trepar? — Evelynn gargalha com a própria piada, fazendo Qiyana, Ekko e Ahri darem risada junto com ela enquanto Akali e Sivir ficam desesperadas.

E tudo acabou bem para Akali Jhomen Tethi, a garota que sempre se ferrava no final. Como arranjar uma namorada? Simples! Esqueça seu trabalho em casa e seja feliz.


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