P.O.V Da Sam

— E se não cumprirem com o acordo? - Me preocupei.

Freddie trancou a maleta com o dinheiro. Seu pai conseguiu sacar o restante para cobrir o valor. Havia vários bolos de notas de 100 dólares novinhas ali dentro.

— Por isso que eu vim preparado! - Edward sacou uma pistola.

Arfei assustada dando alguns passos para trás.

— Você está louco? Onde conseguiu esta arma? - Indagou seu irmão surpreso.

— É legalizada, para uso pessoal. Agora que tenho uma família, zelo pela segurança dela! - Se referiu a Melanie e o bebê.

Ele guardou a pistola cuidadosamente no cós da calça cobrindo com a camisa escura.

Estávamos só nós três ali no nosso apartamento. Minha irmã não sabia sobre nada. Só avisei para a nossa mãe que ficou super aflita.

Os pais deles também ficaram bastante preocupados. O Sr. Benson logo tratou de conseguir o dinheiro para o resgate da netinha.

— Você fica aqui. - Freddie avisou.

— O quê? Não posso ficar aqui. Tenho que ir. É minha filha, eu preciso...

— Ouça o Freddie, Samantha. Você fica. Nós iremos! - Edward disse com seriedade.

— Você nem deveria ir! - Retruquei contrariada.

— Melhor nem discutirmos sobre isso. - Parecia calmo e decidido.

— Meu amor, a viagem é longa. Por favor, confie em mim. Trarei nossa filha de volta para casa, eu prometo! - Tentou me tranquilizar.

— Está bem. - Concordei com o meu namorado.

Freddie me deu um selinho e um abraço reconfortante.

— Tome cuidado. - Pedi.

Horas depois...

P.O.V Do Freddie

— Me dá a sua camisa! - Ed pediu.

— O quê? - O olhei confuso.

— A sua camisa. Rápido! - Me apressou.

Havíamos estacionado alguns metros do local de troca.

— Alice está nas mãos da Alexandra. Quêm mais saberia da foturna da nossa família? E além do mais, que outra pessoa quer se vingar de você? Ou até mesmo da Samantha? Alexandra é uma vadia louca! Vamos logo acabar com isso! Fica aqui, eu vou no seu lugar! - Ele queria se arriscar por mim?

— Não acho que seja ela...

— No fundo você sabe que sim. É pessoal, irmão. - Droga.

A contragosto trocamos de camisa, Edward desceu do carro junto com a maleta. Ele foi caminhando pela estrada, fingindo ser eu, indo direto para o galpão.

Me senti de mãos atadas.

Mas eu precisava confiar nele. Mesmo sendo muito arriscado.

Fiquei ali no carro observando-o se afastar, era uma zona meio rural, um lugarzinho pacato.

Chequei às horas... 17h:58min...

Decidimos não envolver a polícia, o Gibson até queria nos ajudar, mas não aceitamos.

Quanto menos gente envolvida, melhor.

[...]

P.O.V Do Edward

Cheguei no galpão 115, no horário marcado. Tinha um carro estacionado perto da placa indicando a Rota 56. Olhei para o portão de ferro chapado e enferrujado, havia grade na janelinha. Fiquei atento olhando para todos os lados, pelas laterais do galpão. Depois da averiguada, caminhei até o portão de rolamento e o forcei para esquerda abrindo o mesmo. Adentrei o galpão 115.

Mal-iluminado e fedendo à ferrugem, o portão ficou encostado.

— Tem alguém aí? - Perguntei em voz alta.

Ouvi o som de passos, salto batendo no piso liso ecoando.

A silhueta feminina saiu das sombras lá de trás de uns contêines, carregava um bebê-conforto.

Filha da puta.

— Oi, amor! - A voz doce e enjoativa me dava nos nervos.

— Alexandra. - Eu não estava nem um pouco surpreso.

Engoli as palavras irônicas diante do seu novo visual.

Eu quis rir, mas tinha que segurar a onda.

Além das mechas tingidas, os fios loiros falsos ganharam cachos. A maluca ainda usava lentes de contato azuis.

Nem de perto se parecia com as Puckett, embora fosse a intenção.

— Chega mais perto, Freddie, eu não mordo... A não ser que você queira. - Sorriu maliciosa.

O plano estava dando certo.

— Está sozinha? - Olhei ao nosso redor.

— Sim, querido. - Sua voz soou tão serena.

A bebê dormia dentro do bebê-conforto.

Parecia bem... O que era um alívio.

— Aqui está o dinheiro. A maleta pela bebê. - Estendi a mão.

Ela me encarou, deu alguns passos à frente.

— Um beijo. Também desejo um beijo. - Merda.

— O trato não era esse! - Mantive o tom calmo.

— Mudanças de plano, baby. Larga aquela mulher sem graça e fuja comigo. São 5 milhões. Você e eu podemos ir para qualquer lugar do mundo! - Só podia ser louca mesmo.

— Toma o dinheiro e devolva a minha filha... Por favor. - Me forcei a ser educado.

— Freddie, meu amor, o que ela tem que eu não tenho? Eu te amo. Seremos felizes bem longe daqui. Você, eu e... - Olhou para a Alice. - E essa lindinha. - Sorriu para a bebê.

Me aproximei com cautela, ainda estendendo a mão.

— Devolva a minha filha. - Pedi.

Ela sorriu e vi seus olhos marejarem.

Estava tão diferente. Não se parecia com a Alexandra que eu conhecia.

— Por quê não me ama mais? - Estava magoada.

— Isso não importa. Fiz tudo que você pediu, não envolvi a polícia. Agora cumpra com o nosso trato. Pegue o dinheiro e me dê a bebê! - Eu já estava começando a ficar nervoso.

— Edward? - Ela recuou pasma.

Como percebeu minha identidade?

Merda. Merda. Merda.

— Quê? - Olhei para trás, disfarçando.

— Você! Você não é o Freddie! - Acusou furiosa.

— Claro que sou. Só quero a minha filha. Me devolva a criança! - Exigi.

— Não! - Se recusou.

Larguei a maleta no chão e saquei minha arma rapidamente.

Destravei a pistola com agilidade e apontei para ela.

— Não me force a fazer uma besteira! - Avisei sério.

— Cadê o Freddie? - Olhou para os lados desesperada.

Ela estava desprevenida e sozinha.

— Você é mesmo burra! Se não fizermos a troca agora mesmo, você não irá só perder o dinheiro! Nada vai me impedir de cravar uma bala na sua cabeça! - Ameacei.

Ela engoliu em seco.

Com toda aquela agitação. Alice acordou.

Minha filha começou a chorar.

— Maldito... - Alexandra tremia de medo e talvez raiva.

Seus planos foram por água abaixo.

Chutei a maleta pra ela, ainda mantendo-a em minha mira.

A desgraçada empurrou o bebê-conforto na minha direção. A bebê estava presa e segura ali dentro.

Alexandra recolheu a maleta e correu para os fundos do galpão.

Me abaixei baixando a guarda, peguei o bebê-conforto.

Saí do galpão o mais depressa possível e me deparei com Alexandra apontando uma arma para mim ali na frente.

Ela deu a volta para me encurralar.

— Ninguém passa a perna em mim! Você arruinou meus planos! O Freddie devia estar aqui e não você! - Estava mesmo enlouquecida.

Alice estava aos prantos.

— Por favor, Alex... - Eu temia pela vida da criança.

Eu não podia falhar com meu irmão.

— ALEXANDRA! - Freddie surgiu atrás dela.

Ela se assustou e a arma disparou quase me acertando.

Aproveitei sua distração e bati na mão dela com força, a desarmando.

Meu irmão nos alcançou correndo.

Sua ex ficou desorientada, ela não sabia o que fazer.

— Dá o fora daqui! - Grunhi raivoso.

Deixei ela escapar, Alexandra correu levando a maleta cheia de dinheiro.

— Graças a Deus! - Freddie parou diante de mim vermelho e ofegante.

— Ela está apenas assustada. - Lhe entreguei o bebê-conforto.

Ele pegou a Alice que agitava os pés e as mãozinhas.

— Minha filha... - Abraçou ela, beijando a cabecinha.

Soltei o ar e respirei aliviado.

— O plano da Alexandra era pegar o dinheiro e fugir com você levando a Alice. Ela descobriu minha farsa, teria me matado se você não tivesse aparecido. - Contei.

— Você estava demorando, achei que estivesse em apuros. Ainda bem que cheguei à tempo! - Me encarou. - Obrigado. Obrigado por tudo que fez. - Me agradeceu.

— Você faria o mesmo por mim. Me dê ela aqui. Ligue para a sua namorada. Diga para ela que a menina está bem, que conseguimos. - Falei.

Samantha devia estar quase morta de preocupação.

Ele me entregou a bebê.

Quando a peguei no colo, abracei seu corpinho frágil.

Era sangue do meu sangue.

Eu me colocaria em risco de novo se fosse preciso.

Freddie ligou para minha cunhada e eu fiquei ali me sentindo feliz por ter feito algo de bom.