Titanium Man escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 2
Capítulo 2




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Depois de um tempo conversando, Márcio se convenceu que Adamastor realmente havia feito um bom trabalho durante sua ausência.

— Muito obrigado Adamastor, gostei muito de tudo, realmente você cuidou da empresa. - sorriu ele, cumprimentando-o.

— Não tem de quê Senhor Sterling. Ainda não entendo porquê estava com dúvidas, afinal, trabalhamos juntos há anos e nunca teve problemas enquanto eu estive aqui. - retrucou Adamastor, retribuindo o cumprimento.

A verdade era que Márcio, desde que descobrira a sua doença óssea, sofreu tanto bullying que perdeu a confiança nas pessoas, não importava o quanto as pessoas se esforçavam para provarem o seu valor, sempre terá algum momento em que Márcio duvidará dele. 

E claro, isso deixava Adamastor incomodado sempre.

— Esquece isso. Como reconhecimento pelo bom trabalho, te convido para um almoço entre patrão e empregado, o que acha? - suspiro Márcio.

— Aceito sim, com certeza. - sorriu Adamastor.

Então, ambos saíram da sala e caminharam para o refeitório, quando chegaram na mesa de Karen, Márcio a olhou:

— Karen, estamos indo para o refeitório, você vem? - perguntou.

— Já estou indo Senhor Sterling. - respondeu ela, com uma voz doce e os olhos verdes fixados nos dele.

Márcio apenas assentiu e saiu com Adamastor.

Porém, antes de partir, Karen se levantou lentamente e caminhou a passos curtos em seus saltos plataforma para disfarçar os seus 1,60 de altura e adentrou a sala de Márcio.

Fechando a porta lentamente, ela caminhou até a mesa dele, aonde tinha o computador, ligando-o e sentando rapidamente na cadeira. Em seguida, tirou um  pen drive que estava escondido em seu cabelo disfarçado de presilha e o plugou na lateral do mesmo.

Com ele, Karen conseguiu acesso aos dados do computador sem precisar usar a senha para entrar, então começou a vasculhar tudo o que tinha ali por trás daquela tela. Começou com os projetos futuros que Márcio tinha arquivado,  carros que não poluíssem o meio ambiente, aviões movidos à energias solares ou lunares, para evitar a poluição do ar com seus combustíveis, no entanto, nada demais, então fechou o arquivo.

Tentou outro arquivo, mas eram apenas os gráficos do quanto sua empresa lucrou no último mês, porém, ela não desistia tão fácil.

Saindo de lá, encontrou o que tanto procurava.

PROJETO CASA CAI

Karen sorriu e começou a copiar tudo o que tinha encontrado naquele arquivo.

— Te peguei... - sussurrou ela, sorrindo de orelha a orelha. 

                                                      Enquanto isso, no refeitório da empresa...

— Então, Senhor Sterling, estive pensando em fazer uma festa simples, hoje à noite, sem muitos gastos, apenas com suas canções favoritas e um pouco das ONG's que nossa empresa faz parceria, para celebrar sua volta.

— Não precisa, Adamastor... - suspirou ele.

— Como assim não precisa? O senhor sempre foi festeiro. 

— Sim, eu sei, mas estive pensando melhor nessa última internação, não quero ficar tanto tempo longe de casa. Já passei tempo demais fora, voltei hoje de manhã, preciso aproveitar um pouco mais a minha filha. 

Adamastor suspirou.

— Por quê não trás ela para a festa? - sugeriu.

— Ela não gosta desse tipo de festas, mesmo que tenha crianças. Prefere festas das amiguinhas dela. Você entende né? Ela só tem três anos, lógico que não vai se animar tanto.

Adamastor assentiu, mas suspirou, nunca havia sido pai, então não tinha muito noção, porém, não queria estressar seu patrão.

— Está bem Senhor Sterling, pode ir curtir sua filha o quanto quiser. - ele disse, forçando um sorriso.

— Me desculpe te decepcionar...  - disse Márcio.

— Não se preocupe, tá tudo bem.

— Não pelo seu tom de voz.

Adamastor limpou a garganta.

— Sim, dá um pouco, mas é o seu momento, não posso ficar simplesmente te pressionando e te prendendo a algo que você sente estar te prejudicando de alguma forma. - respondeu.

Márcio sorriu.

— Obrigado por entender. Bom, vamos comer antes que esfrie. - riu ele, começando a comer seu prato e Adamastor fez o mesmo.

Depois de almoçar, Márcio se retirou da mesa e olhou em seu iPhone. O relógio marcava 12:30 o que significava que sua filha já devia ter saído da escola há alguns minutos. Então se dirigiu até sua sala e encontrou Karen, toda calma, digitando algo em seu computador.

— Olá Karen, preciso de um favor seu. - disse ele.

— Pode falar Senhor. - ela disse, sorrindo sem mostrar os dentes.

— Preciso dar uma saída, buscar minha filha na escola, anote os recados e atenda todos que aparecerem por mim... - pediu ele.

— Claro, pode deixar.

— Obrigado.

E se retirou, não percebendo o suspiro de alívio que Karen soltou quando ele virou as costas e saiu em direção ao seu Koennisegg, ligando o mesmo e partindo em direção à escola de sua filha. 

Depois de alguns minutos, ele chegou e viu a garotinha sentada em um banco, tão distraída conversando com sua amiga que nem havia o notado, foi preciso ele buzinar para conseguir chamar sua atenção. Marina sorriu, se despediu da amiga que logo ele reconheceu: era a filha de Lúcio, o que o fez abrir um leve sorriso, pois agora sua filha tinha uma grande amiga para lhe acompanhar.

No entanto, sua face mudou quando Marina chegou no carro e deixou a mochila nos pés.

— Oi papai. - disse ela, o olhando.

— Oi filha, desculpe o atraso, fui almoçar com o Adamastor. - disse ele.

— Não vai almoçar comigo então?

— Claro que vou meu amor...

— Mas o senhor deve estar com a barriga cheia.

— Eu vou dar um jeito.

— Certo...

Então, o carro arrancou para a mansão Sterling.

— Como foi a escola? - perguntou ele.

— Legal. - respondeu ela.

— E por quê você está tão murcha? Fizeram algo com você? - perguntou ele, sério.

— O problema não é comigo papai. É com a Lu.

— O que tem a Luísa? - quis saber ele.

— Bom, fiquei sabendo que o pai dela terá que tirá-la da escola, porque perdeu o emprego e agora não tem como continuar lá. E ela é minha única amiguinha, por isso estou desanimada. - desabafou.

Márcio suspirou, pior do que ver seu império ser derrubado era ver sua filha triste, desmoronando, ele sentia que precisava fazer alguma coisa a respeito. 

— Te entendo filha, sinto muito. - suspirou ele.

— Tudo bem papai, ao menos irei visitá-la sempre. - disse ela.

O resto do caminho foi em silêncio. Ao chegarem em casa, Márcio logo foi preparar as coisas para o almoço da filha.

— Querida, pode ir tomando seu banho que eu vou pedir pro I.A.M.S servir o almoço. - pediu ele.

— Claro papai. - disse ela, indo pro quarto tirando a mochila das costas.

— I.A.M.S, almoço. - chamou ele.

É pra já chefe - respondeu a voz.

I.A.M.S na verdade, era a abreviação de (Inteligência Artificial de Márcio Sterling) e era nada mais nada menos que um robô construído pelo próprio no intuito de fazer as tarefas domésticas da casa. Não por preguiça, mas porque Márcio já havia queimado a mão fazendo comida e isso deixou os ossos da sua mão ainda pior do que já era, o que lhe causou três dias de internação. Então, para evitar mais um acidente como este, Márcio decidiu criar um robô para fazer as tarefas de casa nas quais ele poderia se machucar e ir para o hospital. Tarefas essas, que eram poucas, diga-se de passagem.

Depois de alguns minutos, o almoço pronto, Márcio e Marina estavam almoçando juntos na sala de jantar, algo que não acontecia desde muito tempo, já que quando ele não estava no hospital, quase nunca parava em casa, agora ele era um homem que tentava recuperar o tempo perdido.

— Filha, quer sorvete? - perguntou ele, ao terminar.

— Quero sim papai, tem de quê? - perguntou ela.

— Flocos e Napolitano. Se quiser, pego os dois. 

— Só de flocos então.

Márcio assentiu e foi pegar, aquilo não era um bom sinal, Marina sempre ficava bem animada quando ele oferecia sorvete depois do almoço, mas daquela vez não havia ficado tão feliz, certeza que era por causa da amiga.

Depois de escovado os dentes, Márcio decidiu fazer uma surpresa para ela.

— Filha, tenho que voltar para a empresa agora. Quer ficar um pouco com a Luísa até eu voltar? - perguntou.

— Quero sim papai. - disse ela.

— Ótimo, espere um pouco.

Ele foi então até seu celular, que estava no escritório e o ligou.

Alô? Sr. Sterling?

Sim, sou eu Lúcio. Escuta, preciso voltar para o trabalho e não quero deixar a Marina sozinha. Tem como o senhor trazer a Luísa para cá? Fiquei sabendo o que aconteceu

Claro, posso sim, chego aí bem rápido.

Ótimo, até.

E desligou. Quando voltou, viu que Marina assistia seu desenho favorito na televisão enquanto esperava sua amiga chegar.

O que não demorou muito. Uns quinze minutos e Lúcio Roque estava lá com sua filha.

— Olá Senhor Sterling. - disse ele.

— Olá Lúcio... E Luísa, sejam bem-vindos. Entrem. - disse ele, dando espaço para eles.

— Marina! - sorriu de leve Luísa.

— Oi Lu, vamos brincar?

— Claro...

E foram correndo para o quintal acompanhadas de I.A.M.S bem animadas.

— É tão bom ver elas duas brincando, tão animadas, tão unidas. - disse Lúcio.

— Concordo plenamente, ainda mais porque nos ajuda a sossegar também, nossos afazeres são mais fáceis com elas assim. - riu Márcio.

— Pois é, uma pena que tenhamos que afastar as duas. 

Márcio então, sorriu. Era essa a oportunidade que ele tanto esperava.

— Pois então, Seu Lúcio... Era justamente isso que eu ia te falar. Você é um cara que minha filha conhece muito bem, eu confio demais em você, tanto que sempre te deixo cuidar dela na minha ausência. Então... - ele fez uma pausa - O que acha de trabalhar para mim? Assim, ganhando um salário, poderá manter sua filha na escola da Marina.

O coração de Lúcio acelerou. Claro que Márcio estava fazendo isso apenas por pena de Lúcio, Luísa e Marina, não por pura vontade, mas ele sabia que Lúcio não perceberia, e ficou ali, parado, esperando sua resposta.  


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