Amor é um Vício escrita por Johan Liebert


Capítulo 3
Capítulo 3 - Não me abandone




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Quando acordou sentiu um corpo pesado em cima dele. Alex havia jogado o peso de seu braço por cima de seu peito com a mão na sua cabeça como se quisesse fazer um cafuné. Estava deitado de bruços com a cabeça encostada nos ombros de Daniel. Mesmo dormindo ele achou uma forma de me manter preso. Alex se mexeu e resmungou algo baixinho, como uma criancinha. Droga, que porra de fofura é essa? Suas costas eram rígidas e os contornos delas musculosas, tudo nele parecia perfeitamente definido. Dos ombros aos pés.

Tentou tirar o braço dele de cima do seu peito para que pudesse sair. Mas quando tentou movê-lo, Alex o apertou e o puxou para perto.

Santo pai, ele é totalmente sem senso de espaço.

— Não – resmungou Alex sonolento. – Fica aqui.

Ele está dormindo, mas ainda não quer me deixar sair? O que eu fiz para merecer isso?
Todavia, tinha que levantar, já devia passar das dez da manhã precisava tomar café, comer e fumar. Então tinha que se livrar dele de qualquer jeito. Tentou novamente, mas quando ele percebeu, Alex jogou seu corpo em cima do seu. Pesado e quente. O corpo dele estava ainda mais quente que antes e o toque do abdômen nu dele no seu era excitante.

Ele depositou a cabeça do lado da dele, a respiração lenta e ritmada próxima de seu ouvido causou uma nova onda de arrepios. Ele parece tão calmo dormindo. É tão lindo. Porque tem que ser tão lindo?

— Alex, eu preciso levantar – tentou acordá-lo, mas sem resposta. – Alex?

Sua mão seguiu involuntariamente até os cabelos dele, finos e curtos, a mão acariciou devagar e lentamente, o corpo dele fez um movimento ao toque. Daniel sorriu. Ele também é vulnerável.

— Alex, sai de cima de mim – pediu enquanto acariciava os cabelos dele.

O garoto se moveu e abriu os olhos um pouco.

— Por quê? É sábado, vamos ficar aqui o dia inteiro.

— Com você em cima de mim? Pense na diferença de peso. Você teve ter uns 15 quilos a mais que eu, no mínimo. E é maior.

— Você é macio – murmurou ele. – E quente, eu gosto de ficar em cima.

Daniel sentiu que o pau dele tinha ficado ereto. Eu não mereço isso.

— Preciso ir ao banheiro e você está duro.

Ele balançou a cabeça positivamente.

— Ereção matinal, todo homem têm.

A mão dele segurou a sua e a guiou até o short, onde a protuberância dele estava elevada. O movimento foi tão repentino que não pensou nem mesmo em recuar.

— Se você me masturbar ou me pagar um boquete eu saio.

— Se você quer se aliviar, pode usar suas mãos. E por que sou eu que tenho que fazer isso? – perguntou com uma curiosidade genuína.

Alex apoiou o corpo com os braços, enquanto Daniel permanecia por de baixo dele. Poderia usar aquele espaço para empurrá-lo, ele não poderia fazer nada, até porque não teria tempo. Mas estava realmente curioso para saber a resposta. Alex o olhou fixamente com seriedade além da necessidade.

— Se você quiser que eu te chupe, eu chupo, mas sou eu que vou foder você.

Hã? Que tipo de lógica é essa? Daniel não fazia ideia de como interpretar algumas coisas ditas pelo amigo.

— Para você é tranquilo chupar outro pau? – perguntou Dan levantando a sobrancelha. Ele sempre fazia aquilo quando não entendia algo.

Alex pensou por alguns segundos. Ele pareceu realmente pensativo para Daniel.

— Acho que o seu não me incomoda.  Então, sim, se o outro cara for você.

Daniel suspirou.

— E ser fodido por mim, não?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Eu sou o ativo entre nós dois – respondeu ele sem nem pensar.

— Por quê?

Alex dessa vez o encarou com estranheza, como se Daniel fosse algum tipo de anormalidade.

— Ora, porque é assim que deve ser. Eu sempre fui o ativo entre nós. É meu papel, não? Não faz sentido eu ser passivo. É você quem tem que ser. Seria estranho se não fosse.

Daniel suspirou novamente, completamente derrotado pela falta de lógica do amigo. Não que isso o incomodasse, no final, não se importava muito com essa regra. Apesar de já ter imaginado ambas as posições em sonhos com o garoto.

Alex continuou encarando-o, esperando qualquer coisa que pudesse ser dita naquele momento. Daniel nem sabia como reagir aquilo, não fazia muita questão. É problemático lidar com ele. Ele é completamente problemático em relação a isso. Aquilo exigia esforço demais dele e tudo que necessitava de esforço eram completamente cansativos de se fazer por parte dele. Levar a cabo uma discussão como essa com Alex o levaria a se irritar em minutos.

— Agora pode sair de cima de mim? Realmente preciso usar o banheiro e tomar café.

— Não saio.

— Você está sendo birrento. Isso não é do seu feitio.

— Eu tô com tesão porra, e você está nessa posição, pronto para que eu faça o que quiser com você. Preciso me aliviar.

Daniel sabia que ele continuaria com isso até cansar, mesmo que não fosse tentar nada enquanto Dan não dissesse sim. Mas era relativamente cansativo entrar em uma situação de diálogo com Alex. Vou dizer que sim e quando ele abaixar a guarda, eu saio. Depois que estivesse livre o garoto não faria nada.

— Se eu disser sim você para com essa birra?

Ele concordou várias vezes com a cabeça, e começou a sorrir. É um idiota tarado mesmo.

— Então, okay, só uma mão amiga.

Ele pareceu completamente decepcionado, mas foi neste momento que sua guarda baixou. Quando ele libertou os movimentos de Daniel ele teve espaço para levantar e assim que levantou saiu da cama. Alex simplesmente o seguiu com o olhar e Daniel se afastou se dirigindo para porta.

— Quem sabe outra hora? – perguntou rindo

Alex se levantou imediatamente. Daniel levou um susto quando ele cobriu o espaço que os separavam com apenas um movimento. O susto foi tão grande que ficou paralisado. Alex se aproximou com os olhos o encarando com violência. Ele levantou a mão e então Daniel sem entender, fechou os olhos. Alex acariciou seu cabelo.

— Bem, eu consegui seu sim – ele aproximou a boca próxima de seus ouvidos. – Você não pode fugir de mim agora.

E então sentiu os lábios dele nos seus. As mãos desenhavam um contorno entorno do rosto de Daniel, acariciando suavemente seu rosto. Quando se afastou Dan encarava Alex com confusão e raiva. Raiva porque uma parte dele não tentou impedir e confusão por estar ciente do que aquilo significava.

— Você achou que eu fiquei bravo? – perguntou ele quando parou de beijá-lo. – Que eu iria machucar você por isso? Dan – sua voz ficou baixa, mas firme. – Eu jamais faria qualquer mal contra você. Não precisa ficar assustado. Eu teria saído de cima de você de qualquer jeito.

Daniel sentiu um alívio tão grande que não soube realmente dizer o porque daquele sentimento. Não fazia sentido pensar em Alex como alguém que o machucaria. Estou assustado comigo mesmo porque que vou ceder e quando isso acontecer, tudo pode vir a ruir. E pensar que isso poderia afetar a amizade de ambos era terrivelmente assustador.

— Não me pareceu que você sairia – Daniel contrapôs.

Alex concordou.

— Por que não me pareceu que você queria que eu saísse. E você é tão bonitinho que eu não me controlo. Sempre foi. Desde pequeno eu tive vontade de ver como você ficaria se eu te parecesse maldoso.

— Não faça mais algo assim, entendeu? – sua voz saiu grave. Repleta de raiva. – Não faça esse tipo de coisa. Não me deixe entre a cruz e a espada. Não faça transparecer que você está brincando comigo e me pressionando.

Alex ficou surpreso. Seus olhos assumiram uma tristeza profunda. Ele segurou o rosto de Daniel com ambas às mãos e encostou sua testa na dele.

— Desculpa, por favor, me desculpa. Não quis assustá-lo... de verdade – lágrimas escorriam de seus olhos. – Não quis que você ficasse assustado ou que parecesse que estava te pressionando. Por favor, não fique chateado comigo.

— Alex – Daniel chamou.

Não sei o que fazer. Nunca viu o garoto chorar antes. As lágrimas dele escorriam abundantes, deixando um gosto salgado em sua boca.

— Não quero que você me abandone – sussurrou, a voz sendo modificada pelas lágrimas.

— Ei, tudo bem – Daniel disse tentando amenizar a situação. Segurou o rosto dele com as mãos também. – Eu não fiquei realmente bravo. Só não faça mais algo como isso. Não me deixe confuso e vulnerável para se aproveitar dessas brechas. Não seja impulsivo e tão birrento. Você não pode simplesmente usar sua força para me prender.

Mesmo que seja bom sentir seus braços e seu copo sobre mim, pensou Daniel, mesmo que eu nem tenha me esforçado para tentar sair. A presença de Alex em cima dele era excitante e isto tornava tudo muito confuso, fazia ficar duas vezes mais fragilizado. Tudo isso o atormentava e com Alex sempre presente para aumentar a tensão acabava ficando esgotado.

— Vou preparar o café, se quiser pode voltar a dormir – disse ele enquanto secava com os dedos as lágrimas que escorriam dos olhos dele. – Se quiser eu trago comida aqui.

Ele concordou e viu que o garoto ainda parecia um pouco abalado, e a tormenta de vê-lo chorar daquele jeito seguiu Daniel o tempo inteiro. Algo está acontecendo ou aconteceu. Ele não é assim. Ele está escondendo algo. E não saber o que ele escondia deixava-o em estado de letargia. Com a cabeça pensando sem parar em algo que pudesse fazer o amigo ficar tão abalado.

Só as atitudes dele não poderia deixá-lo assim, ele não fez nada de relativamente ruim, nada. Não existe motivo ficar tão emocionalmente abalado. Pensou que talvez fosse algo em relação à Ana, mas a ideia era absurda. Alex não ficaria abalado só por um termino de namoro, Ana não era a primeira e nem seria a última. Não via nada em Alex que indicasse tristeza com o possível fim do namoro de ambos. Ele nunca demonstrou qualquer sentimento sobre o relacionamento dele na verdade. Sempre foi alheio a isso pelo que Daniel se recordava.

Após aliviar a vontade de urinar ele foi à cozinha na procura do que comer. Enquanto esperava o café coar preparou alguns pães, comeu um pedaço de torta de maçã e cortou um pra Alex. Beberam tanto ontem que até se esqueceram de jantar. E nem havia notado a barriga roncando. Sentiu um leve frio sobre o peito e até aquele momento não reparou que não usava uma camisa.

Quando foi que a tirei? Não durmo sem camisa, mesmo no calor. Até que a mente buscasse as informações necessárias, Daniel pensou que em algum momento da madrugada pudesse ter deixado Alex fazer qualquer coisa com ele, já que estava bêbado. Mas só por alguns instantes, e quando se recordou ficou aliviado.

— Ainda tenho minha virgindade anal intacta.

E o sorriso malicioso do amigo foi a primeira coisa da qual pensou. Ficou envergonhado mesmo sem ter ninguém ali para ver ou ouvir seus pensamentos. Já que isto não era possível.

Seus pensamentos se resumiam a Alex de duas formas: sexualmente, imaginando como seria transar com ele. E sobre o motivo das lágrimas. O segundo lhe preocupava em demasiado. Teria que perguntar em algum momento quando tivesse a oportunidade.

Quando voltou ao quarto Alex estava dormindo. Ele costumava dormir até mais tarde. Daniel se sentou na beirada da cama, depositou a bandeja de comida que trouxe consigo na escrivaninha. Acendeu o cigarro e bebericou o café. Desligou o ar condicionado, pois já começava a fazer frio e observou Alex dormindo.

Tinha um semblante tão calmo e juvenil. O contorno bonito do rosto, a pequena barba rala que teimava a crescer. A respiração dele, os braços agarrados no travesseiro. O cabelo loiro caia um pouco nos olhos, Dan se viu o arrumando como fazia de costume sempre que Alex ficava perto dele com o cabelo bagunçado. Olhá-lo daquela maneira lhe trouxe um sentimento de calma e tranquilidade. Não importava como se vissem, Alex ainda seria Alex. Acariciou seus cabelos e o garoto pareceu encolher ao toque, como um cachorro recebendo carinho. Olhá-lo dormindo o confortou. Então permaneceu por mais alguns minutos fazendo carinho nele e depois o deixou dormir mais um pouco e foi tomar um banho. Sábados costumavam ser tediosos. Um banho o ajudaria a levantar o humor e começar bem o dia. Mas aquelas palavras teimavam a lhe perturbar.

"Não quero que você me abandone". Ouvia-o dizer repetidas vezes em sua mente. E cada vez que as ouvia, mais seu coração partia.


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