Após uma semana morando ali, sentia-me mais confiante quando transitava pelos diversos corredores e cômodos da casa.

Determinadas coisas ainda me causavam calafrios, era inegável. Mas, ao menos, havia feito amizade com os quadros. Inclusive, descobri-os bons ouvintes. Toda vez que limpava as paredes, papeava com eles, num eterno monólogo, sem azáfama nenhuma.

Por vezes, acreditava ouvir suas respostas. Provavelmente, simples frutos de minha imaginação.

A saudade de meus pais não havia passado; a sensação de solidão, muito menos. Mas, aos poucos, me acostumava. Ou fingia me acostumar.

Naquela fatídica noite, enquanto varria o chão, deparei-me com uma porta insólita.