Para proteger você escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Para proteger você




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Para proteger você

                Ichigo desviou o olhar do que a professora explicava no quadro ao ouvir um gemido de dor discreto, mas audível, da pequena shinigami na cadeira ao lado da sua, e a viu segurar o ombro direito com uma expressão de dor, mas que logo se desfez quando ela o percebeu olhando para ela. Se Ichigo tinha notado, os outros alunos também poderiam, mas olhando em volta Rukia viu que felizmente ninguém além dele percebera. Talvez ele estivesse prestando atenção nela o tempo todo? Virou o rosto discretamente, vendo um par de olhos castanhos cheios de preocupação ainda em sua direção.

                Além de estar ignorando completamente as explicações da professora, Ichigo havia dormido pouco na madrugada, uma vez que seu cérebro não parava de ligar um alerta vermelho pelo ferimento que Rukia sofrera na batalha de horas atrás, apesar dela jurar que estava bem, e tudo porque ele não vira um dos hollows que estavam combatendo tentando ataca-lo pelas costas. Rukia se atravessou entre os dois no último segundo, usando seu próprio corpo como escudo.

                Quando a mente da shinigami voltou a funcionar, percebendo que há vários segundos seu olhar estava preso ao de Ichigo, ela voltou sua atenção para a aula novamente, lembrando-o de fazer o mesmo no exato instante em que a professora se virou, lançando um longo olhar desconfiado aos dois antes de se virar novamente para o quadro. Por sorte faltava pouco para a última aula acabar, então ele encontraria um jeito de driblarem os colegas, chegar em casa mais rápido e obrigar Rukia a cuidar adequadamente de si mesma, ou deixa-lo ajuda-la se preciso e se ela assim quisesse.

                Os últimos vinte minutos da aula pareceram uma eternidade para ele e enquanto o sinal gritava, os alunos exclamavam de alegria, a professora implorava para não esquecerem de fazer os deveres, Orihime conversava com Tatsuki, Keigo discutia alguma besteira com Mizuiro, e Uryuu e Chad guardavam seus materiais, Ichigo e Rukia foram mais rápidos, e o ruivo a puxou rapidamente para fora da sala e pelo corredor antes que alguém os notasse.

                - Ichigo, o que está fazendo?! – Ela perguntou irritada.

                - Não importa o quanto você me jure que aquilo não foi nada, eu sei que você está com dor – ele disse, deixando Rukia sem resposta – Vamos pra casa antes que alguém nos intercepte, e você vai cuidar disso.

                E assim quando Orihime, Tatsuki, Uryuu e Chad deixaram a sala, não havia sinal dos dois mais sequer no pátio do colégio, e tiveram que suportar os lamentos de Keigo por ser deixado para trás.

                - Cala a boca, seu bebezão! – Tatsuki reclamou – Não vê que estamos todos aqui, você não tá sozinho coisa nenhuma.

******

                Os dois entraram em casa pouco tempo depois, não encontrando Isshin ou as gêmeas.

                - Karin e Yuzu só vão chegar mais tarde. Meu pai deve ter saído pra repor alguns suprimentos da clínica e busca-las. Vá cuidar desse ferimento. Ainda temos suprimentos médicos no quarto.

                Rukia assentiu.

                - Pode me emprestar um pouco seu quarto? Apesar de eu já ter tomado parte dele de qualquer forma – ela falou ironicamente com um sorriso divertido.

                - Vai logo, sua baixinha ladra de armários.

                Rukia riu e subiu as escadas. Ichigo sentou à mesa da cozinha e esperou, mais uma vez lutando contra seus pensamentos para não ficar paranoico com o resultado da batalha, e decidiu verificar Rukia quando se passaram vinte e cinco minutos sem nenhum sinal dela.

******

                Rukia fechou a porta do quarto e as cortinas, guardando seu material escolar no armário e sentando-se na cama de Ichigo com o estojo de primeiros socorros que os dois mantinham ali. Removeu a camisa do uniforme e preocupou-se ao ver uma mancha de sangue nas bandagens em seu ombro. Começou a desfazer as faixas que prendiam o ombro e o peito, pegando o espelho do kit e vendo a ferida aberta que felizmente não apresentava sinais de infecção.

                - Droga... Está pior do que eu esperava. É o que ganho por ser tão descuidada. Eu devia ter cuidado melhor disso. Ainda bem que não estou mais naquele gigai ridículo que o Urahara me deu.

                Limpou cuidadosamente o sangue seco e aplicou o medicamento para anestesia e assepsia, depois uma nova gaze com pomada cicatrizante, cerrando os dentes quando sentiu a ferida arder durante o processo, e se pôs a enfaixar tudo de novo quando o incomodo passou, finalmente cortando a bandagem e a prendendo adequadamente.

                Assustou-se ao ouvir os passos de Ichigo do lado de fora de repente, e sequer teve tempo de fazer qualquer coisa para detê-lo quando ele abriu a porta e ficou lá parado olhando para ela.

                - Ei! Não estou pronta ainda!!! – Ela reclamou, instintivamente puxando a camisa socorros contra o peito, embora já estivesse completamente coberto por bandagens de novo – Você podia ao menos bater na porta antes de entrar.

                Ichigo não respondeu, o mesmo olhar preocupado da aula, e que ela também já recebera dele em tantas batalhas, estava em seu rosto.

                - O que você está dizendo? Está no meu quarto – ele brincou ao caminhar até ela.

                - Sim, eu sei! Mas ao menos você podia mostrar um pouco de consideração com a pessoa que se feriu pra te proteger.

                Ichigo ficou em silêncio observando sua expressão chateada, enquanto o exato momento em que aquilo acontecera e as bandagens ensanguentadas largadas no chão o assombravam mais uma vez em seus pensamentos. Rukia gritando para tentar avisá-lo a tempo, seu pequeno corpo pressionando suas costas quando o hollow a feriu ao invés dele, rasgando seu ombro pelas costas e ensopando o shihakusho negro de sangue.

                - Deixe de se sentir tão culpado. Salvar você é parte do que faço – a shinigami disse de costas para ele, puxando a camisa para se vestir novamente.

                - Me ensine kidou.

                - Desde quando você está interessado em kidou?

                - Só os kidous de cura. Você me disse que pra um shinigami é muito difícil curar a si mesmo. Por isso eu acho que... Cada vez que você se machucar por minha culpa eu poderia te ajudar curando suas feridas.

                - Não! De jeito nenhum! Com o pouco controle que você tem de sua reiatsu é provável que arruíne tudo, até pode sair machucado! Então é melhor você esquecer isso de eu te ensinar kidou. Se o protegi, foi porque eu quis fazê-lo, isso é tudo. E pela última vez, essa foi uma falha que cometi devido a meu descuido, e isso não tem desculpa. Quantas vezes tenho que repetir pra que entenda que...

                Rukia parou de se vestir e de falar, arregalou os olhos, sua respiração congelou, e seu interior aqueceu ao sentir os lábios do ruivo em seu ombro, bem ao lado das bandagens que cobriam seu ferimento, num beijo cuidadoso e cheio de afeto. Ela virou o rosto para vê-lo e ele continuava ali, seus olhos apertados em pesar, os lábios quentes ainda em sua pele.

                Quando Ichigo ergueu o rosto e seus olhares se cruzaram, ficaram presos novamente, como na aula mais de uma hora atrás. Qualquer coisa que Rukia pretendia lhe dizer apagou-se completamente de sua mente, e tudo que Ichigo via era ela. A baixinha não precisou que ele falasse nada para que ela soubesse o que os olhos castanhos lhe diziam, e um era tudo que havia nos pensamentos do outro quando fecharam os olhos e uniram seus lábios. A dor ainda não completamente anestesiada do ferimento, a camisa a meio caminho de seus braços, a conversa sobre kidou, e as responsabilidades de cada um na batalha, tudo esquecido nesse instante.

                O beijo se aprofundou e a mão de Ichigo alcançou a sua, acariciando sua pele com o polegar. Rukia entrelaçou seus dedos com os dele e o beijou com mais força até os dois precisarem respirar e se afastarem. O ruivo carinhosamente embalou sua cabeça com a mão livre e beijou o ponto entre seu nariz e sua testa, enviando um choque de emoção por seu corpo.

                - Eu não gosto nada quando você se machuca – ele sussurrou ainda próximo a sua pele, o hálito quente a acariciando ali e fazendo seu corpo outra vez se aquecer agradavelmente.

                - E por que você acha que eu fiz isso?

                Quando se afastou Ichigo pode ver uma expressão mais suave em seu rosto, e os olhos violeta brilhantes de lágrimas de nervosismo e felicidade. Ele sorriu para ela e puxou a camisa no resto do caminho por seus braços, ajudando-a a se vestir e evitando olhar enquanto ela arrumava a roupa, mesmo sabendo que não havia nada a mostra para constrangê-la.

                - Obrigado, Rukia. Mas, por favor, ao menos me diga quando não estiver bem.

                Ela sorriu e empurrou as pernas para o chão para sentar-se ao lado dele.

                - Certo – respondeu quando entrelaçaram suas mãos, sorriram um para o outro novamente e Ichigo beijou sua têmpora.

                Não precisavam falar mais nada por hora, eles sabiam o que se formara entre eles desde que haviam se conhecido, e agora era oficial. Estavam bem em lidar com isso em poucas palavras por enquanto.

 


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