Escrava do destino escrita por Garota Neutra


Capítulo 3
A meia noite




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A menina nunca havia estudado em escolas, sempre estudou em casa com professores particulares. Os pais eram formados e ganhavam bastante dinheiro, a mãe, Suzy, era médica de um hospital público. Enquanto o pai, Robert, era historiador, professor de uma universidade pública também. A menina, nascida no dia 12 de outubro de 1999, possuía uma altura mediana, nem baixa como a mãe, nem alta como o pai. Sua pele era clara, seus cabelos eram pretos com mechas azuis brilhantes, possuía um temperamento razoável herdada do pai e da mãe, as vezes acordava com um sorriso no rosto, no outro dia não tinha vontade nem de dar um bom dia.

Sonhava em ter uma vida normal, ir para a escola, ter amigos e ir em festas. Gostava de quase tudo, mas amava comer e treinar. Gostava de escrever seus sonhos e pesadelos em um diário dos sonhos e as vezes passava horas tentando decifrar algo. Seus sonhos eram em preto e branco, nunca colorido, nunca normal. Sonhava com guerras e batalhas. As vezes sonhava só com a escuridão. Ela contava as vezes aos seus pais, mas eles apenas colocavam a culpa nos filmes e livros.

                                   ~*~

Quando completou 16 anos, vivendo quase um cárcere domiciliar privado por causa das mechas coloridas no cabelo, escrava do destino, era assim que costumava dizer a si mesma, ela decidiu conversar com seus pais. Cansada de ser sozinha, cansada de ter uma vida monótona, pediu aos seus pais, que sempre davam tudo a ela para compensar a sua falta de socialização, que ao completar seus 17 anos, queria fazer seu ensino médio em um colégio e para que esse pedido fosse aceito, ela explicou que nessa idade muitas pessoas já pintavam cabelos sem serem denegridos pela sociedade. Pois seus pais eram consideravelmente conhecidos na sociedade, como se já não bastasse o nascimento dela para chamar atenção, só faltaria sair a notícia de que seria uma filha rebelde, mal criada e do mundo. Era assim que os adolescentes que usavam tatuagens, piercings e mechas nos cabelos eram taxados pela sociedade.

A menina foi criada com poucos contatos com outras pessoas e quando tinha, era muito rápido e de pracinha. Até apelido ganhara: A menina do capuz. As vezes pediam para olhar embaixo dele, mas negava. Ela não se metia em confusões, mas sempre sabia, ouvia ou estava por perto, mas não tão perto para ser acusada. Sabia que se alguém se metesse com ela, estaria com problemas, não ela, mas a pessoa, pois treinava desde os 5 anos, amava treinar, era seu hobby, seu escape.

Uma vez, tentaram roubar seu smartphone e ela quebrou a mão do ladrão, sua mãe teve que cuidar do rapaz, pediu desculpas à família e não ocorreu denuncia. Foi a primeira vez que se sentiu a vilã da história, por mais que quem estivesse errado era o ladrão.

Os meses vão passando e mais expectativas, ansiedades e ânsia pelos seus 17 anos, até que finalmente o seu mais esperado aniversário chegou. Prestes a entrar no ensino médio e realizar seu sonho ou seria melhor dizer, seus sonhos. Já não esconderia mais seus cabelos coloridos. Estava cansada, cansada de tudo.

                                          ~*~

Poucas horas faltando para o seu aniversário, seus olhos não conseguiam fechar, a insônia ou a ansiedade impediam que ela dormisse. Quando deu meia noite, ela olhou pela janela o céu tão limpo e lindo como se fosse a primeira vez que estivesse vendo. Ela se maravilhava, as vezes até chegava a babar olhando aquele tapete estrelar.

Ela pegou suas cortinas e escalou a janela até o jardim, para que seus pais não percebessem que ela saiu de casa pelas portas, ao chegar no jardim, se surpreendeu ao ver que não estava sozinha, e ali estava mais uma vez as oitos pessoas que a viram em tantos anos atrás.

— Olá, posso saber o que os desaparecidos estão fazendo no meu jardim numa hora dessas? - Ela olhava cuidadosamente, como sempre, não sentia medo, mas ser um pouco mais cuidadosa com estranhos não custava nada.

Eles a cumprimentaram, sempre do mesmo modo que foram das outras vezes: "Olá, senhorita."

— O que fazem aqui? - E mais uma vez ela fala com um tom autoritário, tentando mostrar confiança nas palavras após perceber que não iriam responder sua pergunta.

— Viemos te dá parabéns nesta noite linda. - Um dos homens respondeu.

Ela se surpreende com a resposta, pois não era a que esperava.

— Como sabiam que era meu aniversário? E não ousem dizer que um dia saberei porque esse dia parece nunca chegar.

Eles se entre olham.

— É verdade. - Disse a mulher. - Vou começar com as apresentações e em seguida irei te responder, princesa. Meu nome é Silvia, o dele é Otávio, Pétrix e Fausto. O do rapaz de cabelo prateado com mechas escuras é o Zen, o ruivo é o Naruse, o de cabelos escuros é o Obi, e a loira é Fiona.

A menina observava cuidadosamente todos, o que tinha o nome de Obi era muito bonito, era moreno e alto. O que se chamava Zen, parecia ser a pessoa mais linda que já vira, e olha que só via pessoas bonitas na TV, em séries, filmes ou doramas, mas aquela pessoa ali no jardim, com certeza era a mais linda. Era da altura do anterior, possuía um brinco em forma de cruz prateada na orelha direita e seus olhos, mesmo que tivesse pouca luminosidade, veria um azul diamante. Ela pensou consigo mesmo:

"- Não basta ser lindo, tem que possuir os olhos mais lindos que já vi."

E esse pensamento fez quase com que se esquecesse que estava ali com estranhos.

O Naruse, também era bonito, ela percebeu que todos os machos ali presentes eram bonitos. Este possuía o corpo mais forte e também era alto, seus olhos eram interessantes, nunca tinha visto aquilo em humano, só em animes, metade da íris era verde e a outra metade castanha. Quando reparou na menina, percebeu que está era quase uma cópia do rapaz anterior, possivelmente irmãos gêmeos, só que ela era loira, possivelmente pintava, aquela cor do cabelo dela combinava muito bem. Ela parecia alguém da realeza, usava um batom vermelho que provavelmente veriam a longas distâncias. Era mais alta que ela e como se não bastava, uma beleza que ultrapassava a dela se fossem competir aquilo. 

Eles sorriram, a reverenciam e falaram em uni som:

— Muito prazer, princesa.

Era a primeira vez que ela ouvia aquilo e riu, ora mais, nem seus pais a chamavam assim. 

— Eu sei que é meu aniversário e tal, mas porque me chamaram de princesa se não sou uma?

— Há centenas de séculos atrás, um rei e rainha se sacrificaram para dar...

— Espere aí, - A garota interrompeu Silvia falando - Vão me contar uma história de anime agora, justo no meu mais esperado aniversário?

— Não é uma história de anime, princesa, é um fato.

— Meu pai é historiador e já ouço histórias demais, talvez essa que vá contar eu já saiba, senhora.

— Princesa, por favor, deixe eu continuar a história e você saberá. - A mulher deu uma pausa e continuou. - A muito tempo atrás, houve uma guerra nunca antes vista e para que o lado do bem, o lado certo vencesse, a rainha dos anjos e o rei das florestas uniram seus poderes. Antes deles morrerem anunciaram uma profecia: "No dia 12 de outubro de 1999 uma criança nascerá, ela chamará atenção desde do instante do seu nascimento. Terá a nossa marca dada pelo destino, cabelos com fios azuis. A notícia será espalhada pelo mundo todo. De pais e parentes humanos, ela terá o nosso espírito unido, o espírito Blue. Ela terá poderes que irão abalar o universo, a terra sentirá isto e o céu anunciará a sua chegada. Ela será guiada por quatro anjos e protetores, eles iram servir e proteger fielmente a guiando para que possa vencer o mal. Seu nome real será Pérola, a proclamada pelo destino de "A princesa da luz azul."

O homem continuou:

— Nos quatros somos seus guias e protetores, estávamos desde do seu nascimento ao redor nos certificando de que estaria salva e protegida até hoje. Esses quatros jovens são seus anjos e protetores, eles são nossos filhos que foram treinados para que tomassem nosso lugar. Eles iram te proteger, te servir, te guiar e te ajudar a lutar contra o mal.

A garota olhava com uma cara de que não estavam acreditando em nada, parecia que estavam lendo uma história de um livro fictício.

— Eu sei que nasci nesse dia ai que vocês falaram e que nasci com esses cabelos estranho, mas eu tenho que dizer a vocês que meu nome não é Pérola, meu pai é historiador e ele nunca me disse nada parecido com isso daí e além disso, eu leio bastante, isto está parecido com um livro de fantasia, gostaria de saber o nome, vou pôr na lista de desejos ou se for uma piada, não estou rindo, então não houve graça. – A menina falava incrédula e com deboche. Estava impaciente, só queria saber a verdade e admirar o céu em paz. Então Zen falou:

— Sabemos que parece inacreditável, mas é a verdade. E se me permite princesa, seus cabelos não são estranhos, seus cabelos são os mais lindos que já vi, eles brilham mais forte nas noites de lua crescente, a gente sabe que você notou isto.

— Princesa, hoje completa 5 mil anos dessa guerra. E estamos aqui para te dizer a verdade e também porque iremos desaparecer hoje.

Ao ouvir até a última frase, ficou espantada.

— Como assim desaparecer?

— Princesa, quando a profecia foi dita, tudo e todos foram apagados. Você nunca ouviu essa história porque foi apagada e esquecida, foi uma época chamada de Período em branco, mas caso o mal voltasse de novo, ordens foram dadas para que nós quatros permanecêssemos e ficássemos ao seu lado.

A garota interrompeu:

— Como assim ficaram só vocês quatros? Vocês estão aqui desde dos 5 mil anos atrás? Só pode ser brincadeira, impossível.

— Não, não é impossível. As forças do rei e da rainha nos mantém aqui até hoje, e o restante das nossas forças serão dadas a esses quatros jovens. Eles cuidarão de você a partir de hoje.

— Mas eu não quero anjos ou protetores ou o que quer que sejam me seguindo, eu não entendo o que vocês estão dizendo.

— Princesa, fomos seus guardiões, e hoje nos despedimos, porque a partir de hoje sua vida irá mudar, com seus 17 anos você irá lutar contra as forças do mal. Sabe quando você entrou para o clube das artes marciais, de tiro, de defesa e de arco? Nós que colocamos nas mentes dos seus pais que desde dos seus 5 anos você iria treinar. Você nasceu com dons que um dia irá descobrir, você nasceu predestinada para salvar a terra.

— Espera aí, como assim colocaram nas mentes deles? Vocês entraram na mente deles?

— Não, fomos em sonhos, então eles acreditaram.

— Mas, eu ainda não entendo.

— Aos poucos, seu espírito irá implantar memórias passadas pelo rei e pela rainha para você. - E eles começaram a desaparecer, ficando cada vez mais menos visíveis como poeiras na luz. - É aqui que nos despedimos de você.  Princesa, desejamos todo o bem e a força para você, use os anjos e protetores para te proteger, aprendam com eles e nós veremos em um dia distante. Saiba que todos os ancestrais estarão do seu lado para sempre.

Naquele momento, os quatros adultos desaparecem como poeira cheios de luzes e subiram para o céu, até que os perdessem de vista. Ela ainda não entendia nada, parecia um sonho, olhou para os quatros que ficaram e não havia dor nem tristeza em seus olhos, pelo contrário, havia agradecimento e honra. Eles se ajoelharam e a reverenciam, até que ela fechou os olhos. Pela manhã cedo, acordou e olhou ao redor, olhou para a janela e a viu fechada.

— É, acho que foi tudo um sonho, um sonho estranho no dia do meu mais esperado aniversário.

E seus pais a chamam na cozinha, ela desce correndo e eles gritam:

— Feliz aniversário, amor! 


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