Onde Nós Vamos escrita por Julio Cezario


Capítulo 7
Capitulo de Homenagem


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, caro leitores esse capítulo vai ser um especial de homenagem ao acidente que ocorreu nessa sexta onde perdemos não só uma grande artista, mas também pessoas que tinham uma vida pela frente.

Esse capítulo é em homenagem à Marília Mendonça, ao piloto, o copiloto, ao Henrique Ribeiro, ao Abicieli Silveira, a Dona Regina, mãe da minha melhor amiga. A todos que perdemos nesses anos de luta.



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Após um dia exaustivo estava aproveitando o que faltava dele vendo TV com a minha mãe enquanto o Pedro não chegava. Estava chovendo bastante o que amenizava um pouco o meu humor. Oito e meia em ponto consegui ouvir o som do carro estacionando na garagem. E quando meu pai chegou não estava com uma das melhores caras, Lily percebendo a situação entrou em ação.

— Querido, está tudo bem? Você... — Ela nem sequer terminou a frase e ele já a abraçou forte e começou a chorar. Eu já devo avisar que o meu pai não é bom em esconder as emoções.

— Eu recebi uma ligação hoje do Tio Marcos. Parece que a Marilia Mendonça e mais quatro pessoas sofreram um acidente de avião e não sobreviveram.

Eu e minha mãe sabíamos que era um momento delicado para ele. Nossa família tinha uma tradição de sempre fazer coisas típicas do Brasil, como pratos típicos, filmes, feriados e principalmente músicas, meu pai amava escutar as músicas da sua terra natal e era como se ele voltasse a época da adolescência. Essa cantora era uma das suas favoritas. E além disso havíamos perdidos alguns entes queridos nesse ano, acho que o peso está todo sobre os ombros do Pedro agora,

— Calma, amor. Vá lá pra cima, tome um banho e troque de roupa, você está todo encharcado.

E respondendo em murmúrios ele obedeceu.

— Mãe, ele vai ficar bem? — Perguntei me aproximando dele.

— Vai querido, o seu pai está passando por um período de luto já algum tempo e digamos que devido a depressão ele se culpa por coisas até que estão fora do seu controle. Essas coisas levam tempo.

— Não há nada que possamos fazer?

— Apoiamos. É a melhor coisa a se fazer, mesmo sendo uma guerra pessoal. Ele tem muitas pessoas que o amam e o nosso amor é fundamental nesses momentos.

Eu havia entendido o que ela queria dizer, mas senti que deveria fazer algo.

...

— Tem certeza que não quer uma carona, Pedro?

— Sim, Sr. Potter. Eu estou bem. — Dei um meio sorriso e saí.

Na verdade, estava me sentindo meio vazio, muitas coisas aconteceram ao longo desse ano, perdi pessoas que faziam parte da minha raiz, de quem eu era. E nem sequer estava na minha terra. Eu moro aqui há tanto tempo, construí uma família e mesmo assim me sinto tão deslocado. Dirigi em silencio, pensei em como a vida era frágil e a incerteza se conseguiria sobreviver mais um dia. Aquele vazio foi me consumindo até em casa. Guardei o carro e quando saí pude escutei uma música vindo dos fundos. Era uma música da Marilia.

Quando entrei em casa, todas as luzes apagadas e uma bem fraca vindo do fundo. Andei até lá.

Meus olhos se encheram de lagrimas com a visão que tive, todos os nossos amigos estavam ali no quintal.

— Mas o quê... — Disse quase sem palavras.

— Pai. — Zach logo tomou a frente. — Eu sei que tem sido um ano difícil. Não temos como trazer de volta as pessoas que se foram, mas podemos mantê-las vivas em nossos corações. Sei que já passou o Dia dos Mortos, mas fiz algumas ligações, consegui reunir todo mundo...

— Eu que fiz as ligações! — Gary gritou ao fundo.

Zach revirou os olhos.

— O Gary fez as ligações e montamos isso...

Todos mostraram o que tinham nas mãos. Lanternas de papel. E aos poucos começaram a soltar e todas elas voaram bem suave. Lily e Zach logo trouxeram uma para mim.

— Só vai valer se todos fizerem. — Ela disse me dando um beijo na bochecha.

Eu já estava em lagrimas, mas consegui esboçar algum sorriso. Agradeci e acendi a minha lanterna, enquanto via a minha se juntar as outras fiz uma oração em silencio. Uma oração para todos que se foram, que suas almas encontrem paz e descanso.


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