Onde Nós Vamos escrita por Julio Cezario


Capítulo 13
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Eu esqueci de postar na sexta-feira, mas em minha defesa, digo que tive uma semana bem corrida e precisava muito mesmo descansar um pouco. Ai eu lembrei hoje que havia esquecido de postar kkkkk Me perdoe, mas o escritor aqui já é uma pessoa bem velha e idosa.

Mas enfim, preciso dizer pra vocês que o último arco de Onde Nós Vamos vai ser postado agora só em Janeiro. Vão ser os último três capítulo e que com eles vão vir a versão paga e spoilers do próximo livro que será lançado


Beijos de Luz e uma boa leitura.



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Tá, vamos lá. Eu sei o que você, leitor, deve estar pensando. Ah, mas Zach isso é uma péssima ideia. Eu jamais teria aceitado esse pedido. Vai dar merda, ou, quem faz uma vez faz todas. Mas tentem visualizar a minha posição naquele momento, todo aquele cenário, tudo o que ele disse, o Mike de fato se esforçou e convenhamos se você como uma boa homossexual jamais teria recusado também. Então. Sem julgamentos. Mas concluindo, eu aceitei, não a parte de se mudar com ele, isso de fato parecia meio precipitado e uma péssima ideia, mas aceitei namorar com ele. E isso garotos e garotas, não me arrependo nem um pouco. Enfim, preciso continuar a história.

Era a última semana de novembro e sexta-feira. O Gary me disse que eu dormiria na casa dele hoje, pois a aposta começava as doze horas do sábado e que eu teria que passar o final de semana. E por falar no diabo, ele passou o dia inteiro estonteante, não parava de falar e ria de qualquer coisa, na hora do jantar até a Sra. Stone estranhou e perguntava se algo estava acontecendo, mas ele se limitava a rir e soltar gracejos e elogios. Como o melhor amigo, eu fiz o que me cabia a função, ignorar e seguir com a vida. Depois de comermos, subi até o quarto para arrumar a minha cama, um colchão inflável que compramos uns tempos atras, era um dos bons. E lá estava eu, sozinho no quarto do Gary tentando alcançar o colchão na prateleira do closet quando a porta fechou com um baque alto. Quase derrubei tudo em cima de mim.

— Gary, que susto! Eu já disse... — Gritei me virando preparado para dar um soco no maldito, mas não era ele que estava parado ali na porta. — S-S-Se-Sem-Senhor Stone? O que faz aqui?

O clima do quarto caiu bruscamente, só o do cômodo. Adrian Stone em pé, bem ali. Usando uma camisa social cinza escuro e uma gravata de linho preta com detalhe em dourado, eu chutaria que chegara a pouco do trabalho, seus olhos cinzas selvagens, me fitando como um lobo olha pra a caça. Podia ouvir as batidas do meu coração, uma camada fina de suor se formou na minha testa.

— Nada. Eu só queria dizer algo para você, Zach Young. — Ele deu mais um passo e imediatamente eu recuei mais um.

— C-C-Claro. Pode dizer. — Minha voz falhava, estava muito tenso.

Mas ele não disse. Só deu mais um passo em frente e eu recuei mais um, pensei em gritar por ajuda, mas a vergonha de toda aquela cena proporcionaria simplesmente me deixou sem alternativa. Pensei em passar por ele, mas com certeza falharia, o Adrian tinha braços nodosos como troncos de arvores, tatuado e levemente peludo. Meu corpo reagiu a sensação, eu queria, queria muito, mas não posso. E sem qualquer aviso ele avançou rapidamente num bote feroz e certeiro e como reação recuei na mesma velocidade, mas havia um closet atrás de mim e bater contra ele foi inevitável, uma dor me subiu pelas costas e derrubei algumas coisas em cima de mim.

Indefeso e excitado, essa era a minha situação quando Adrian Stone, com todos os seus um metro e noventa, músculos, barba, um hálito de menta e cigarro, tatuagens e um sorriso, um maldito sorriso, estava por cima de mim. O seu braço se apoiava na parede impedindo qualquer tentativa de fuga e com a outra desfrouxou a gravata. Eu repetia incessantemente na minha cabeça que não podia fazer nada, ele era o pai do meu melhor amigo, era casado. Por que então ele está fazendo isso?

Sua respiração forte e hálito invadiam minhas narinas me deixando alucinado, era como uma droga e estava chegando em todos os meus pontos fracos. Ele se aproximou, foi com os seus lábios até os meus ouvidos.

— Eu. Zach Young. — Ele disse suavemente. — Eu não faço amor. Eu fodo... com força. — A sua voz aveludada junto com aquelas palavras foi o golpe final, acho que nunca fiquei tão excitado.

— O-O-Okay. — Não sabia o que fazer naquele momento.

— E é assim caros leitores! Que pegamos um gay. — O Gary rompeu pela porta do quarto. E num estalo todo aquele clima sensual e tesão foi sugado por um aspirador de pó gigante.

— Gary, eu juro que se você não tiver uma ótima explicação para o que acabou de acontecer. — Disse tentando conter a minha fúria.

— É que apostamos dez dólares. E nós, os Stones jamais recusamos uma aposta. — Adrian respondeu sorrindo sem ter a ideia do que tinha feito.

— O que? — Disse não acreditando. Olhei furiosamente para o filho dele.

— Calma. Nossa, pensei que ia me agradecer. — Ele foi até o pai e entregou a nota dez e um tapinha no ombro dele.

— Te agradecer? Te matar sufocado me parece mais apropriado.

— Calma, Zach. Não o culpe, tá no sangue. Então eu preciso ir, sem ressentimentos?

— Claro, Sr. Stone. Eu sei que o senhor não tem culpa de ter um filho retardado.

Antes de sair ele me deu um abraço e um beijo na bochecha. Simplesmente não havia como odiar aquele homem, que homem.

E Gary percebendo que não havia nada para protege-lo já foi se adiantando.

— Antes que diga algo. Quero dizer que foi uma brincadeira totalmente inocente.

— Inocente?!? Você tem ideia do que acabou de acontecer?  O que a sua mãe vai pensar?

— Nada, oras. Ela estava no momento que a aposta foi feita. Zach, nós te amamos e jamais faria algo por mal. — Ele deu de ombros e se deitou na cama. — Olha, já está tarde e eu quero dormir. Se você quiser tem papel higiênico na última gaveta. — Ele apontou para o lugar.

— Credo! Eu não vou fazer isso! — Bati o pé e fui pegar as minhas coisas para dormir.

— Tem certeza?

— Tá. Não aqui e nem agora.

Me deitei e por sorte o cheiro do Adrian ainda estava em mim. Sei que agora tinha um namorado, mas iria aproveitar a única casquinha que teria dele por toda a minha vida, amanhã seria um grande dia, não no bom sentido, mas vai ser.

...

— Mas por que não vamos juntos? — Perguntei confuso pois ir sozinho até a escola em pleno sábado não fazia sentido algum.

— Zach, eu já disse, preciso pegar algumas coisas, digamos arquivos, por isso tem que ser na escola e você tem que ir sozinho. Pode confiar eu vou estar lá.

Eu nem ousei perguntar mais, só aceitei.

Chegando na hora combinada na escola. Um detalhe, eu acho sinistro escolas em finais de semana, é tudo tão silencioso e se acontecer algo eu sei que não vai ter ninguém pra socorrer.

 Fui até as arquibancadas do campo de futebol. Olhei ao redor, nada, só havia eu ali presente.

— Ei, psiu! — Uma voz sussurrou atrás de mim.

Me virei rapidamente com o susto. Uma sombra estava entre as grades, uma pessoa usando um sobretudo e um chapéu que cobria o rosto, se não fosse pela voz eu correria dali.

— Gary? É você?

— E quem mais seria?

— Amado, tá tipo uns trinta e dois graus...

— Eu sei, eu sei. Agora cala a boca e vem aqui.

Eu me aproximei lentamente. Era ele mesmo, reconhecei pelos olhos cinzas.

— Por que isso tudo? Hoje é sábado e com certeza somos os únicos seres vivos aqui.

— Primeira regra dos trotes. Não fale sobre os trotes...

— Gary, sem referências de Clube da Luta. — Cruzei os braços.

— Estraga prazeres. Num trote não se deve confiar em ninguém, nem mesmo em lugares. — Ele disse sério.

— Isso inclui a mim?

— Não né, cabeção. Você faz parte do trote. É neles em que nem confio. — Ele apontou para o nada, mas para evitar outro monologo fiquei calado. — Sempre tentando me atrapalhar e me pegar, mas estou sempre um passo à frente. Agora que é clima de final de ano, eles redobram a atenção.

— Tá. Eu já posso saber o meu papel nesse crime que vamos cometer?

— O que iremos fazer, meu caro Watson, é um pouco mais importante do que só um trote de escola. — Ele me entrega uma pasta bem grossa com várias folhas dentro.

— O que é isso? — Eu abro e vejo o nome escritos com todas as letras garrafais. JIMMY HARTLINE.

— Relatórios. E como você pode ver, de uma pessoa bem especifica.

— E por que do Jimmy?

— Bom, acho que a sua memória é boa o suficiente para se lembrar do que aconteceu no Halloween. Eu... só quero me vingar do que fizeram com a gente.

— É compreensível. Mas invadir a casa dele...

— Bom, eu prefiro o termo intervenção urbana, mas cada um chama do que quiser. — Tenho certeza que ele deu de ombros. — Enfim. Esse ano vamos entregar um presente de natal antecipado. A operação começa uma e meia da manhã e preciso que você seja meu piloto.

— E por acaso vamos ter que roubar o carro de alguém?

— Não. Pegaríamos o carro do meu pai, já que os seus pais fariam mil perguntas e precisamos evitar levantar qualquer tipo de suspeita... e preciso que você compre esses itens. — Ele coloca o braço para fora e me entrega um pedaço de papel.

4 Sanduiches;

9 Pacotes de Sachê de Ração Úmida

6 Montain Dew/Red Bull;

6 Latas de Tinta Spray;

2 Pacotes de Biscoito;

2 Lanternas (De preferência com baterias);

2 Galão de Leite;

1 Bandeja de Ovos;

— Pra quê vamos usar leite e ovos? — Perguntei intrigado.

— Ah é, esses dois últimos você entrega para minha mãe. Ela pediu.

Inacreditável.

— Antes de ir. Preciso que você leia atentamente o fichário, decore o plano, absorva, mentalize ou faça um mantra, isso ajuda o Mitch. É importante também que você evite abrir em lugares públicos ou com alguém além de mim e você, essas informações não podem vazar de forma alguma.

Ele explicou tudo meio rápido demais. Eu me virei para perguntar algo, mas ele já tinha sumido.

— Eu hein.

Sem ter como recusar fui em direção ao mercado mais próximo. E já que ele pediu suprimentos ao invés de armas de fogo, então já estava no lucro. Tive que passar uma loja de construção para poder comprar as lanternas e voltei direto para a casa do Gary, entreguei as compras para a Yasmin e subi para o quarto para ler o relatório e guardar o resto das coisas na minha mochila.

Em resumo enquanto lia basicamente era a vida inteira do Jimmy, aonde morava, plantas da casa, histórico escolar, observações, rotinas, atividades que fazia fora da escola e até laudos médicos. Eu diria que só o fato de termos essas informações já poderíamos ser presos. Quando terminei de ler já era por volta das seis horas e o tempo da aposta já contava, não vou mentir que estava ansioso para o que íamos fazer, parte de mim queria fazer aquilo. Quando o Gary chegou fingimos que tudo estava normal, não toquei no assunto e não fiz nada que transparecesse suspeito como ele mandou.

Eu fui acordado de súbito no meio da noite, a culpa era minha de pegar no sono tão fácil quanto respirar, pelo Gary tampando a minha boca com a mão e fazendo o sinal para fazer silêncio, eu acenei com a cabeça com concordando.

— Guardou tudo na mochila? — Ele disse sussurrando o mais baixo possível.

— Sim. — E indiquei aonde estava.

— Beleza. Me segue.

Gary foi até a janela do quarto e abriu, descemos pelas treliças que havia do lado, parecia muito com uma escada como fosse fossem feitas para aquilo, sabe deus lá como o Mike suba pelas lá de casa já que era bem diagonal.

O carro não estava na garagem o que facilitou bastante. As placas já estavam cobertas com um saco preto, provavelmente o Gary cuidara disso depois do jantar.

— Não vamos ligar ele agora. Solta o freio de mão e vamos empurrando.

É ele parecia falar bem sério sobre isso. Tivemos que empurrar até o fim da rua só aí podia dirigir. Assim que entrou o Gary suspirou aliviado.

— Ufa. Primeira fase concluída com sucesso. — Ele disse orgulhoso e suado. — Acredito que você já saiba para onde temos que ir.

— Alameda Rigdewood.

— Sabe o caminho? Não podemos usar de forma alguma o GPS do carro.

— Sim, sim. Pode ficar tranquilo.

E partimos pelas ruas desertas de Springfield, passamos por alguns bares e boates noturnas que estavam abertos, era primeira vez que via a vida noturna da cidade, mesmo que só de relance já que não podíamos parar.


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Notas finais do capítulo

O quê? Você ainda está aqui? Vá pra casa, acabou por hoje. Você quer mais conteúdos? Ah tá bom. Então vou deixar alguns links aqui para você não ficar com tanta saudades... Mas não se esqueça de deixar o seu comentário, seu apoio é muito importante para mim ^^

Uma playlist que me inspirou bastante para a historia:

https://open.spotify.com/playlist/4NHnkZTvzeFSpBjf2dvkgu?si=74383642a55f4b5e

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