Onde Nós Vamos escrita por Julio Cezario


Capítulo 12
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

E aí, curtindo a história? O último capítulo foi bem fora da curva, mas prometo que o romance vai voltar daqui pra frente hehehe Agora vamos acompanhar a redenção do Mike. Espero que gostem, esse final de semana vai ter prova da 1° Fase da FUVEST então quero desejar boa sorte para quem for prestar o vestibular e quem não, um ótimo final de semana!

Não esqueçam de comentar e dizer o q estão achando da história, assim vocês mantém esse escritor funcionando ^^

Beijo de Luz



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Uma semana se passou após aquele episódio. Todos que estavam lá pareciam preferir evitar tocar no assunto, Gary havia dito que talvez tínhamos bebido demais e que eles batizaram a comida e a bebida, então a chance de aquilo ter sido uma brisa bem forte que havia batido errado era de noventa por cento. Mas aí havia dez por cento que provaria o contrário e eu resolvi não focar nessa parte. Agora mudando de assunto que esse é um novo capítulo, o mês de novembro começou e todos já estavam animados para o baile e a formatura. Mike começou a ser mais presente e até o Gary parecia suportar a presença dele agora, eu estava satisfeito só de não ter que separar uma briga.

Por falar no Gary, ele fez questão que eu fosse para a casa dele hoje. Parecia todo animado e elétrico, quando eu perguntava o motivo de toda aquela agitação ele só respondia que estava inspirado. Nada de novo sob sol com aquele menino. Então depois do almoço fui até a casa dele e subimos.

—Hoje, jogaremos Gears of War. — Ele disse indo até a instante tirar o jogo.

— Estranho. Pensei que você era ruim nesse jogo. — Olhei ele indo pôr o jogo no aparelho. — Ah é, lembrei. Você é ruim em todos.

— Engraçado, vamos ver o que vai dizer depois de hoje. — Ele disse de uma maneira calma, calmo demais para ele. — Pronto para apostar a sua vida, Zach Young?

Eu juro que por um segundo vi sua feição diabólica olhando para mim, agora eu comecei a me sentir assustado.

Sem dizer nada começamos a jogar. Foi aí que eu percebi o motivo daquilo tudo, não havia o Massacre ao Gary, ele não só morria, Gary estava jogando muito sério, se escondendo para me pegar de surpresa, montando armadilhas e emboscada, estava me matando. Não demostrava, mas por dentro estava uma pilha de nervos, já ele não, o Gary estava vidrado no jogo.

Mudei de estratégias várias vezes, mas ele se adaptava por brechas, não parecia ele jogando, tinha que ser alguém jogando por ele. Mas já era tarde. 200-199.

— Vamos, Zach. Vamos jogar de novo! Pode ser outro jogo, outro modo, qualquer um. Esse não é o sentido dos jogos? Ficarmos obcecados em derrotar nossos amigos e vê-los perder tudo. — Ele disse rindo, meu amigo tinha virado um apostador compulsivo. — Vamos apostar tudo o que temos nas partidas de Gears.

Gary havia ganho por um ponto.

Eu vi a tela de resultado congelado, não havia palavras para descrever aquilo.

— Antes que diga algo. — Gary pegou o celular, desbloqueou e com um toque a minha voz saiu do aparelho falando com todas as letras os termos da aposta.

— Merda.

— Eu usei esses dias para treinar Zach Young, assisti horas e horas de gameplays, competições, partidas on-line. Tudo para que nos trouxesse para esse momento, esse momento que eu reivindico o que é meu por direito. E agora eu não sei o que é melhor: Ganhar de você e ver essa sua cara ou saber que independente do que seja, você vai ter que me obedecer por vinte e quatro horas. Mano, essa vou até contar para os meus filhos.

— Tá, tá. Já entendi, o que eu tenho que fazer? — Disse já irritado.

— O que?!? E estragar a surpresa? Nananão. Você vai saber na hora certa.

— E quando vai ser?

— Bom, como vai ser o último trote do ano, acho que sexta que vem. Aí você vem dormir aqui em casa.

É pessoal pelo jeito eu não ia ter paz por um bom tempo.

 

...

 

Fui atingindo por algo que me tirou no devaneio, até tinha me esquecido que estava na aula de Biologia. Jogaram uma pequena bolinha de papel quando olhei para o lado vi o Mike piscando, decidi ignora-lo e focar na aula. Não se dando por vencido, ele me cutucou por debaixo da mesa e eu não dei bola.

Quando me dei conta ele já estava me entregando meu estojo. Li o que estava escrito em letras garrafais: “VAMOS SAIR HOJE?”

— Era o meu estojo novo. — Tive que sussurrar, mas deixei bem claro o meu ódio no tom de voz.

— Foi mal. — Ele deu de ombros.

— Esquece. — Revirei os olhos.

— Silencio, aí atras! — A Sra. Gillie nos alertou e lancei um olhar de repreensão para o garoto.

No fim da aula fui parado por ele.

— Cara, o que você quer? Riscar o meu estojo já não foi o suficiente?

— Foi mal, eu já disse. Eu queria chamar você para sair hoje. — Ele me seguiu até o armário. — E aí?

— Sério, Mike? Eu não sei...

— Então, por que não pedimos uma opinião exterior... — Ele olhou em volta até achar o Gary que passava tranquilamente. — Gary, você pode dizer para o Mike sair comigo.

Ele para e olha para mim com a cara. Eu fui parado para isso? Eu dou de ombros em resposta.

— Se você abandonar ele de novo, eu mato você. — E então segue andando. Era totalmente oposto do que eu queria que dissesse.

— Tá vendo. Ele deixou.

Suspirei e fechei o armário.

— Beleza, eu vou. Mas não espere grandes coisas.

Ele fez um gesto como se tivesse ganhado na loteria, falhei em segurar um risinho. Ele era fofo as vezes como se voltasse a ter cinco anos de idade.

— Me espera hoje na frente do Cresmont. As oito.

E assim nos despedimos. Vou ser sinceros com vocês, um lado meu ficou em estado de alerta, porque era o Mike River, todos nós sabemos que a ficha dele não é da mais limpa. Mas o outro estava animado, eu queria sair dando pulinhos e toda essa viadagem.

A noite estava bem fria, tinha chovido um pouco a tarde o que deixou o ar com um toque úmido e gelado. Estava no local combinado e a rua tinha movimento, toda aquela visão das pessoas passando e cuidando das suas vidas era gostoso de assistir.

— Ora, se não é o meu pequeno padwan. — O Mike surgiu do nada. Ainda estava de uniforme.

— Você conhece Star Wars?

Ele me olhou com uma cara de que acabei de insultar ele.

— Zach, eu trabalho num cinema. Se não conhecesse pediria as minhas contas.

— Foi mal, não quis ofender. E porque você está de uniforme?

— Eu quero muito te levar a um lugar, mas meu expediente acaba em duas horas, por isso vamos ver o filme.

— Durante o seu trabalho?

Ele riu como se eu tivesse contado uma piada.

— Só me segue. — Ele me segurou pela mão e guiou pelos corredores do cinema.

Quando menos esperei estávamos em uma das salas. E entendi o motivo de que o Mike estava tranquilo sobre ficar ali, o cinema estava bem vazio. Fora nós, só um senhor de idade dormindo na primeira fileira, era um filme da Marvel passando. Eu estava animado por estar ali, ele até colocou a mão no meu ombro meio que me abraçando.

 

...

 

Quando o filme acabou, Mike me pediu para espera-lo do lado de fora enquanto se trocava, e fiquei surpreso quando ele apareceu em cima de uma moto, pela aparência deveria ser uma Harley-Davidson Fat Boy, algo chamativo sendo discreto.

— Da onde você tirou isso? — Perguntei quando ele me ofereceu um capacete.

— Essa belezinha? Digamos que quando o Bill capota de tantas drogas, eu tenho certas liberdades. — Ele passou a mão na moto admirando como se fosse uma escultura de arte.

Eu nem argumentei só peguei o capacete e subi no veículo. Seguimos pelas ruas frias de Springfield do centro e depois paramos em frente do Springfield Building, um prédio comercial dos mais chiques que tinha na cidade. Fiquei mais impressionado ainda quando entramos pelo estacionamento e o Mike foi entrando como se pertencesse ao lugar.

— Você não vem? — Ele disse quando percebeu que eu não o estava seguindo.

— Mike, se nos pegarem podemos ser presos.

Ele revirou os olhos rindo de novo.

— Você é hilario. — Ele voltou e me puxou pelo braço. — Vem, menino. Eu sei o que estou fazendo.

Entramos pela porta principal e de cara já tinha um rapaz na recepção, com certeza um segurança noturno, na casa dos vinte talvez ainda tinha espinhas no rosto o que indicava o excesso de hormônios. Não consegui evitar ficar nervoso.

— E aí, Carl? — Mike disse se aproximando do balcão.

— E aí, River. O que está fazendo aqui? Seu plantão é só depois de amanhã.

— Eu vim mostrar o local para o Zach.

Ele tirou os olhos do Mike e os pôs em mim, acho que ele acabou de perceber que eu estava ali. Senti o meu rosto corar de vergonha, a cara insinuava que iriamos fazer outras coisas.

— Tá bom, só não façam bagunça.

E assim o garoto fez um gesto para que eu fosse para os elevadores.

Subimos até o trigésimo sexto andar e o Mike me guiou por várias salas de reuniões, era a primeira vez que estava ali e tudo era silencioso e impecavelmente limpo.

— Você vai me contar o que estamos fazendo aqui ou continuar no mistério?

— Bom. Já de antemão posso dizer que eu meio que trabalho aqui também nos finais de semana, me ajuda a ocupar o tempo e um dinheiro extra. — Ele abriu a porta das últimas salas do corredor.

Pelo que eu pode observar era uma sala de reuniões, tinha uma mesa enorme com várias cadeiras e me aproximando da janela era possível toda a cidade, parecia uma maquete iluminada, dava para ver alguns carros passados.

— É lindo, né? — Mike disse parecendo dar voz aos meus pensamentos.

— Eu. Eu, não sei o que dizer.

— Bom, como eu amo ficar em telhados, essa vista aqui é um prato cheio. Na verdade, eu vou até o telhado para refletir sobre muitas coisas, mas lá faz muito barulho por causa do vento.

— E uma delas era me trazer até aqui? — Disse me virando para encarar o seu rosto meio iluminado.

— Também. Eu não sei como falar isso. Muita coisa aconteceu desde aquele dia, eu passei e aprendei muitas coisas também, mas se posso dizer que a única que não mudou foi o que eu sinto por você, Zach Young. Eu observei você e vi você mudando sem mim. Eu teria dado tudo para desfazer o que fiz e poder fazer parte do seu crescimento, suas fases...

— E o que mudou? Por mim você parecia bem satisfeito pelo jeito que as coisas andavam. — Cruzei os braços. Estava curioso para ver até onde essa conversa iria dar.

— Eu não sou mais uma criança confusa, indefesa e desesperada por um lugar para me sentir protegido e acolhido. Hoje trabalho, ganho meu próprio dinheiro e estou quase me formando. — Ele se aproxima da grande janela e põe a mão no vidro, seus olhos enxergam algo além da vista. — Eu quero sair daqui. Desse lugar. Dessa cidade maldita de papel. Não quero queimar o meu futuro aqui, quero ver o que há além.

— E aonde eu entro nisso?

— Zach. Eu sei o que fiz. E me arrependo todo santo dia e pedir isso... eu quero uma chance. — Ele se vira para mim. Seus olhos verdes me fitando.  — Quero recuperar o que não tivemos, quero crescer com você a partir de hoje, quero construir a minha vida ao seu lado.

— E como faríamos isso? — Meus pelos se arrepiaram com a aproximação repentina.

 Mike River pôs a mão no meu rosto e sem dizer uma palavra me beijou, eu sabia que era errado e não fazia ideia do quanto sentia falta do toque dele. Senti as borboletas no meu estomago, ele passava a mão por mim enquanto o segurava com os meus braços. Eu o queria, eu sentia a sua falta, meus pensamentos não faziam sentido algum. O beijo demorou o que pareceu horas, não sei dizer ao certo. Só voltei a realidade quando o Mike encostou a sua testa na minha.

— Vamos embora daqui Zach. Só eu e você. — Ele disse ofegante.

— Do prédio? — Perguntei sem sequer solta-lo.

— Não. Vamos sair de Springfield, morar juntos.

Aquilo foi um pouco brusco, mas me ajudou a voltar a realidade. O afastei de mim.

— Opa, opa, opa. Calma. Como assim? Você quer que fugíssemos?

— Não, não. Você me entendeu errado. Não é fugir. Eu estou planejando isso desde o começo do ano, eu quero ir para o Canadá, começar do zero e você pode vir comigo.

— Mike, somos dois adolescentes de dezessete anos. Temos que terminar os estudos e tem a faculdade.

— Zach, essa ideia de vida são querem escolher para nós. Estudar, crescer, fazer faculdade, arrumar um trabalho e morrer atras de uma mesa. Nos jogam no mundo e querem escolher cada passo sem perguntar a nossa opinião. Vamos fazer dezoito ano que vem, somos nós que temos de escolher como vamos viver. Escola? Sim, vamos terminar, eu só vou embora após a formatura. Faculdade dá para fazer de qualquer lugar se você quiser. Só não quero viver nessa cidade que suga os sonhos da pessoa enquanto envelhecemos e apodrecemos. Eu só não quero ir sem você, podemos conquistar tudo o que sonhamos.

— Eu não sei...

— Não preciso de uma resposta agora. A única coisa que eu preciso é que você me perdoe.

— O que você quer dizer com isso?

Mike abriu um sorriso, ele aprecia animado e esperançoso. Se ajoelhando na minha frente.

— Zach, você quer namorar comigo?


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Notas finais do capítulo

O quê? Você ainda está aqui? Vá pra casa, acabou por hoje. Você quer mais conteúdos? Ah tá bom. Então vou deixar alguns links aqui para você não ficar com tanta saudades... Mas não se esqueça de deixar o seu comentário, seu apoio é muito importante para mim ^^

Uma playlist que me inspirou bastante para a historia:

https://open.spotify.com/playlist/4NHnkZTvzeFSpBjf2dvkgu?si=74383642a55f4b5e

E o link da página oficial aonde todas as histórias se encontram:

https://www.facebook.com/jcalves.oficial



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