Triângulo escrita por Tiê Braz


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus, eu estava louca de vontade de postar uma fanfic Dcebônica. É minha primeira e faz um tempinho que não escrevo momento fofo de ship e tal, então espero não estar muito travada.
Essa fanfic é um presente para minha prima, aka Park Joah. Pensei um tempão no que escrever, mas só me veio na mente isso aqui ontem e escrevi tudo muito rápido e para passar para o pc e corrigir foi- AHSGHSASHS. Espero que goste, Flor S2
Espero que todos gostem.
Boa leitura~



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Cebola, DC e Mônica olharam para o quarto. O cenário era algo muito semelhante a um filme de terror: um móvel velho no canto perto da janela; uma cama simples do outro lado do cômodo, forrada com uma colcha que algum dia pode ter sido um azul escuro muito bonito; um lustre velho e limpo com lâmpadas alaranjadas e um rato correndo para dentro do buraco próximo ao banheiro.

—UM RATO? —Mônica gritou e deu dois passos para trás.

—Achei bonitinho —DC comentou.

—Quer dormir no chão com ele, então? —Cebola perguntou irritado. Ele só precisaria passar uma noite naquela cidade, mas precisava ser em um lugar como aquele?

—Certo, não temos muitas escolhas aqui. É esse quarto ou a rua, e já pagamos. —Mônica ponderou enquanto dava o primeiro passo.

—Apesar de termos levado um calote. Eu tenho certeza que pedi dois quartos e três camas —Cebola continuou resmungando. —Sabia que o preço parecia bom demais para ser verdade.

Cebola deu uma olhada no quarto agora que estava dentro. Era horrível, mas ao menos estava limpo.

—Tarde demais para reclamarmos! —Mônica se virou para eles e apontou a cama. —Temos outro problema.

—Será que tem algum rato aqui em cima também? —DC perguntou puxando uma cadeira para subir e olhar sobre o guarda-roupa.

—DC, desce daí! Você por acaso sabe se essa cadeira não vai despencar com você?

Cebola suspirou. Como foram parar ali? Ele iria matar Cascão quando aquela gincana acabasse. O que era aquilo? Um tipo de vingança macabra por todas as vezes em que Cebola o levou a apanhar por causa dos seus planos de dominar a rua?

—Tudo certinho, não parece que os ratos sobem ali.

—Uau. Que ótimo —ele respondeu. —Tem espaço para alguém dormir lá?

—Não vamos começar, Cebola —Mônica avisou. —Eu quase morri correndo atrás daquela galinha hoje e só quero descansar um pouco. Quem tentar me impedir, de propósito ou não, vai dormir no chão ou lá fora.

—Vou ao banheiro —DC avisou.

—Não sente nesse vaso! —Mônica falou antes que ele fechasse a porta.

—Ué? O lugar parece limpo.

—Cebola, tem um rato rodando o quarto... —Mônica pegou o despertador e colocou para 4:30 da madrugada. Eles precisariam acordar cedo para se arrumar e irem em busca do que precisavam para o jogo.

O maldito jogo! Cebola queria tanto matar Cascão!

Ele sentou na cama e Mônica olhou já com as mãos na cintura.

—Eu vou ficar no canto e isso não tem discussões. Sinto que um de vocês vai me empurrar para fora se eu ficar na beira.

—Você quem manda.

Do Contra abriu a porta secando as mãos nas roupas. Cebola se perguntou se não havia um pano por ali, se ele estava em estado precário ou se DC estava só sendo o DC de sempre.

—Então… Boa noite, eu acho? —Cebola foi o primeiro a falar. —Como a gente faz para ninguém cair da cama?

—Eu vou ficar bem no canto —Mônica pegou o lençol da mochila e o puxou para cobrir suas costas, se acomodando bem no canto em seguida, mas o suficiente para não ficar muito desconfortável. —E então? Vocês conseguem também?

Cebola e DC deitaram quase com os ombros se tocando e soltaram um “não” em uníssono.

—AO MENOS TENTEM! —Mônica levantou e encarou os dois até eles virarem um pouco mais. —Não vamos ficar de implicância, ok? Só tentem relaxar. Vamos apenas dormir. Compartilhar uma cama não é como nos filmes de comédia romântica, relaxem. Sempre faço isso com a Magali.

DC e Cebola se encararam por um momento e Mônica deitou, bem relaxada. DC apagou o abajur e voltou a deitar perto DEMAIS.

Cebola iria matar Cascão.

Era só uma questão de tempo.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Diferente do que imaginou, Cebola conseguiu dormir muito fácil. Talvez fosse o cansaço: ele mal conseguia se firmar nos próprios pés depois de se enfiar em uma mata e correr por dois quilômetros atrás de uma galinha.

O certo era que já fazia quase três horas que ele havia finalmente pegado no sono quando acordou e só conseguiu sentir aquela respiração no ouvido.

Uma única vez e foi o suficiente para ele se lembrar de onde estava. O quarto de filme de terror. Seus olhos se arregalaram e ele deu um grito que jamais imaginou conseguir dar, e foi só quando sentiu DC gritar logo atrás dele, bem rente a seu ouvido, que a lembrança de que não estava sozinho na cama veio. Um pouco tarde demais, pois já estava sendo puxado para o chão. Cebola se agarrou na primeira coisa que viu e quando abriu os olhos Mônica estava por cima dele, também gritando. DC estava por baixo, batendo nos dois ainda desesperado em meio ao susto.

—Que merda foi essa? —Mônica perguntou, levantando de cima dos meninos.

—O Cebola gritou do nada! —Do Contra respondeu, ainda tremendo. —E me deu uma cotovelada.

—Eu achei que você era um fantasma!! —Cebola ralhou com ele. —Você quase me deixou surdo! Não grite no ouvido dos outros assim!

—O que? —Mônica ficou confusa. —Como assim fantasma?

—Olha o tamanho da cama, Cebola! É claro que eu ia acabar perto de você!

—Meu Deus, por que eu aceitei participar dessa gincana? —Mônica sentou na cama e colocou a mão sobre a testa. Mesmo no escuro dava para ver como ela tremia. Cebola olhou para DC e notou que ele estava no mesmo estado. E claro, não precisou erguer o próprio braço para saber que havia quase morrido de susto também.

—Ok, isso foi um bom teste para o coração. Desculpem pelo grito.

—Certo, vamos só tentar voltar a dormir —Mônica falou e os dois concordaram.

Concordaram, mas apenas um dormiu. Como Cebola poderia, afinal? O susto ainda estava tão vívido em sua mente. Seu ouvido ainda doía, mesmo passado quase meia hora.

Ele arregalou os olhou quando Mônica se aconchegou contra ele e seu coração acelerou. Ele olhou para ela e sentiu aquele quentinho bom no peito subindo e esquentando seu rosto. Ela jogou a perna sobre sua coxa e se apertou mais, os cabelos pretos cobrindo um pouco do rosto e Cebola achou, pela milésima vez, que ela estava mais bonita do que nunca.

Talvez ele não mataria Cascão.

Ele olhou para cima e respirou fundo. Esperava que ela não o matasse no dia seguinte. Ela mandou ele ficar parado e ele não estava fazendo nada além disso.

Cebola franziu a testa quando ela passou o braço até seu ombro e o puxou para perto.

Ironicamente, era ela quem estava se mexendo demais!

Ainda encarando o teto com sentimentos mistos, ele travou quando a mão de DC escorregou leve para baixo de sua camisa até sua cintura.

Que merda estava acontecendo?

Ele olhou de soslaio e DC estava de olhos fechados, dormindo profundamente. Ele não iria brincar com essas coisas, certo? Do Contra sabia os limites (muitas vezes mais do que ele próprio, Cebola detestava admitir). Talvez ele só fosse muito parecido com Mônica e gostava de abraçar quem estivesse ao seu lado enquanto dormia. Cebola agradeceu por ter ficado do lado de Mônica; ele não admitiria acordar com eles se abraçando como um casal apaixonado.

Ele ficou vermelho quando lembrou de mais cedo. A consciência de sua posição anterior e atual fazia seu corpo queimar e sua orelha arder de novo.

Ele não era gay, era? Ficar nervoso por Mônica era normal, mas pelo Do Contra era novidade.

Talvez ele fosse bissexual ou p-

—Mas que merda eu tô pensando, meu Deus? —ele sussurrou para si mesmo. —Só foi constrangedor.

DC se mexeu mais um pouco, apertando seu corpo contra o dele e enfiando o rosto em sua clavícula, o que o fez ter um sobressalto, Cebola olhou para o lado para verificar se não tinha acordado Mônica e começou a se mexer para acordar o outro rapaz.

—Ei, Do Contra! —ele chamou baixinho. Não foi o suficiente. DC só se mexeu o suficiente para seus lábios tocarem no pescoço de Cebola. Ele deu umas batidinhas em DC com o cotovelo e finalmente ouviu um resmungo e os olhos castanhos se abriram sonolentos e se moveram para ele. Cebola sentiu um frio bom correr por sua espinha e colocar cada pêlo de seu corpo em pé. Ele percebeu pela primeira vez aquela semelhança desconcertante entre Mônica e Do Contra. Podia dar uma desculpa para seu próprio cérebro e falar que era o cabelo escuro solto jogado de qualquer jeito, mas ele teve uma impressão, de seu ponto de vista uma péssima impressão, que as borboletas em seu estômago não eram só isso.

—Será que dá para me soltar? —ele falou baixo enquanto empurrava o outro pensamento para longe. DC olhou para trás e voltou a encarar Cebola.

—Acho que vou cair se me afastar mais —ele tirou a mão da cintura dele e afastou o rosto no entanto, o que fez Cebola respirar mais aliviado.

—Bem, dê um jeito. Não quero gente colada em mim a noite toda.

—Não estou te ouvindo reclamar dela —DC apontou para Mônica, que dormia pacificamente apoiada no peito de Cebola.

—E-eu develia acolda ela? Enlouqueceu? —Cebola gaguejou, ficando ainda mais vermelho e desviando os olhos para o teto mais uma vez.

—Por que não? Você iria ter todo o espaço do chão e eu poderia dormir em paz com ela.

—De forma nenhuma eu vou deixar isso acontecer —eles se encararam por vários segundos, até que DC deu de ombros.

—Bem, eu também não vou sair daqui e prefiro não cair na cama, então tente me suportar um pouquinho, certo? Ou você pode trocar comigo e aí só precisará aguentar uma pessoa colada em você a noite toda.

—Nem pens- —Mônica resmungou e apertou o ombro de Cebola parecendo meio zangada e os dois olharam para ela, esperando que continuasse adormecida. —Continuando: não vou sair do lado dela. E nem dá, como você acabou de ver.

Do Contra sorriu.

—Certo. Acho que ninguém quer que ela acorde ou vamos os dois dormir no chão.

—Com sorte.

—Sim.

—Você não vai mesmo se afastar?

—Já expliquei que não tem espaço —Cebola se esticou para ver melhor e era verdade. Do Contra cairia eventualmente se continuasse assim.

De repente a imagem de Mônica acordando muito brava veio em sua mente. Fosse por causa do barulho ou porque só estariam ela e ele na cama abraçados, Cebola nunca chegaria ao final daquela gincana se ficasse sozinho com Mônica na cama.

—Vamos tentar isso —ele ergueu o braço direito. —Levanta um pouco.

Do Contra se apoiou para levantar, mas Cebola logo o parou.

—O que? É para deitar no seu braço? Você acabou de me acordar para pedir distância.

—É, mas se a Mônica acordar e você estiver no chão, sinto que vou acabar levando a culpa.

Do Contra obedeceu de imediato e Cebola se arrependeu tão rápido quanto.

—Oh, isso melhorou bastante —DC falou.

—Hm. Que bom. Agora saia.

—Ãh? —Do Contra parecia confuso e sua expressão era fofa, o que deu mais certeza a Cebola que precisava se afastar dele.

—Foi uma má ideia.

—Não foi. Está mais espaçoso.

—Meu braço vai ficar dormente se você dormir aí.

—Se você dormir logo, nem vai sentir.

—Eu deveria ter deixado você cair!

—Você vai acordar a Mônica —Do Contra abaixou o tom de voz e apontou para ela e Cebola ficou vermelho quando a encarou. Ele estava com o braço esquerdo imobilizado também, então usar a força era inútil.

Deveria MESMO ter deixado ele cair da cama.

Estava decidido: Cascão iria morrer!

—Será que a gente pode só voltar a dormir, por favor?

Cebola olhou para o teto se sentindo ainda mais miserável do que quando pegou a maldita galinha pela tarde, quando entrou naquele quarto de filme trash ou quando acordou gritando. Agora ele estava completamente preso. Anos de planos infalíveis para acabar em um hotel esquisito dormindo em uma cama de solteiro com a mulher de sua vida, seu rival amoroso e uma pulga escavando sua orelha com uma bandeira LGBT+.

—O silêncio é um consentimento ou...?

—Pode ser, pode ser. Dorme logo, vai —ele deu três tapinhas no ombro de DC e logo mais o silêncio completo tomou o quarto.

Aqueles dois certamente estavam mais cansados do que ele.

Ele encarou o relógio tiquetaqueando de um lado para o outro e seus olhos foram se fechando devagar. Ele não sentiu quando a dormência em seu braço começou, mas sentiu a mão do Do Contra DE NOVO em sua cintura.

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Cebola, Do Contra e Mônica acordaram assim que o despertador tocou. Cebola abriu os olhos devagar e antes que conseguisse processar a situação, Mônica acertou a parede com as costas e ele não conseguia ver o rosto dela em meio à escuridão, mas sabia que ela estava vermelha.

—O-o que- Por q-que eu est-tav

—Você veio para cima de mim enquanto dormia, por favor não me bata. Do Contra, sai de cima também, eu já sei que não sinto meu braço. Eu consigo perceber. Meus dedos não existem.

Cebola mordeu os lábios para não gritar quando Do Contra arrastou a cabeça sobre seu braço, apenas se virou e o tocou para checar.

—Eu sinto muito, braço. Você está sofrendo por uma ideia ruim que eu tive. Aparentemente é algo que me segue desde criança, você entende?

—Cebola, você tá bem? —Do Contra perguntou ainda sonolento. Ele olhou para Mônica, ainda em choque encostada na parede. —Mônica? Tudo bem aí?

Do Contra ligou o abajur ao lado da cama e fechou os olhos com a claridade. Quando se acostumou, viu Cebola conversando com o braço e Mônica vermelha demais para ser considerado normal. Deveria ignorar aquilo?

—Certo- Nós vamos nos preparar para a gincana? Tomar banho e-

—Como assim nós três vamos tomar banho juntos??? —Mônica perguntou.

—Eu não disse isso —DC respondeu sentindo-se corar.

—Eu não vim aqui tomar banho com vocês! E eu não te abracei de propósito, Cebola! Você inclusive é um travesseiro horrível! Me sinto toda dolorida! —Mônica levantou quase passando por cima dos dois, pegou a roupa de dentro da mala e entrou correndo no banheiro.

—Se isso serve de consolo, eu acho que você é um bom travesseiro, Cebola.

Cebola escondeu o rosto por baixo do braço bom.

—Não serve, DC. Meu Deus, por que você não vai tomar banho?

Mônica gritou um “Ninguém vai tomar banho comigo!” de dentro do banheiro.

—Olha, nós temos tempo para comer alguma coisa antes de sairmos para procurar os itens. —DC abriu a mochila, tirou uma garrafinha de água mineral e uma barra de cereal e as entregou a Cebola. —Manda ver.

Cebola se perguntou se Do Contra não tinha percebido que seu braço estava meio morto ainda ou só escolheu ignorar seu sofrimento.

Um grito veio do banheiro e os dois levantaram de imediato.

—Mônica??

—O rato está aqui!

—O rato está lá! —Cebola gritou, desesperado. O braço dormente bateu na lateral do corpo e ele gemeu.

—O rato?

Como em um filme, a porta voou para fora das guarnições e quase acertou a cama, e o ratinho saiu correndo do banheiro, escorregou e foi deslizando até a cama, de onde começou a correr em círculos enquanto Do Contra tentava o pegar e Cebola e Mônica gritavam. O pequeno animal finalmente se viu livre do barulho quando se enfiou por baixo da porta da entrada e ganhou o caminho do corredor.

Os três ficaram parados para ver se ele não voltaria e quando os meninos olharam para Mônica ela apenas apontou um dedo trêmulo para eles enquanto segurava a toalha.

—Se alguém aparecer nessa porta durante o meu banho, vai morrer. Entendido? —eles concordaram imediatamente. Do Contra sentou na cama e olhou para Cebola, falando baixo em seguida.

—Aquele rato não era muito menor que o da noite anterior?

—...

Certo, Cebola não estava pensando que não se importava com aqueles sentimentos direcionados à Mônica e ao Do Contra, mas ele realmente precisava esquecer aquele quentinho no peito e o frio bom na espinha. Por enquanto.

Porque a urgência agora era matar o Cascão.


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Notas finais do capítulo

Deixem um comentário para eu saber o que acharam e até uma próxima~



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