Desabafo escrita por Nina-osp


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Há uns dias eu tava P da vida com minha mãe e resolvi desabafar. Ignorem comentários sem sentido, é só uma crise de adolescente passageira... eu espero.



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É injusto.

Em 13 anos, eu nunca fiz nada pra merecer isso.

Nunca te questionei, sempre aceitei minhas punições. Por que eu sabia que estava errada, e era justo que você me punisse. Por que, no fundo, isso só queria dizer que você se importa comigo.

Mas agora já é demais, é exagero.

Eu sempre fui uma aluna exemplar, uma filha perfeita. Entre aspas, é claro, pois ninguém é perfeito. E você mesma disse que não queria que eu fosse perfeita, mas queria que eu fosse boa o suficiente para me virar sem a sua ajuda quando eu crescesse.

Mas agora eu percebo a verdade.

Por um mísero erro, que qualquer um em sã consciência poderia cometer, você apelou. Veio gritar comigo, me chamar de burra e de irresponsável. Eu confundi uma data. Cometi um erro. Como se você fosse perfeita o suficiente para poder falar isso comigo.

Tá certo, eu estava distraída quando anotei a data errada. É perfeitamente normal e perfeitamente aceitável que uma adolescente se distraia. Mas não, eu tenho que ser perfeita porque senão eu vou ser somente um estorvo pra você, um serzinho consumista que só sabe sugar tudo o que você oferece, que não tem nenhuma obrigação além dessa na qual foi negligente.

Não estou dizendo que você está errada. Só estou dizendo que está exagerando. E você não parece disposta a ouvir.

Você diz que eu não estou fazendo nem a minha obrigação, que eu estou ficando igual à Carolina. Pois eu tenho algo a te dizer. Se eu estou ficando igual a ela, é uma coisa para se orgulhar. Por que, por mais que ela nunca avise nada para a mãe dela, ela é uma excelente aluna e uma amiga com a qual se pode contar a qualquer hora. Ela, diferente de todos os outros – inclusive de você – não fica me enchendo com os próprios problemas, como se eu fosse obrigada a ouvir. Ela se oferece para ouvir os meus próprios problemas, apesar de saber que eu prefiro carregar tudo sozinha. Ela presta atenção em mim. Ela sabia por que eu passei um mês deprimida, por que ela se importou o suficiente para perguntar. Ela sabe dos meus segredos, e sabe como eu me sinto em relação a tudo isso. Ela é minha amiga. Mais do que isso, uma excelente amiga.

E, a propósito, o nome dela é Caroline, com “e”. Você não se importa nem em saber os nomes dos meus amigos, com a qual eu posso contar sempre.

Por falta de atenção, você não sabe que eu gostava do meu melhor amigo. E que briguei com ele. E que agora não estamos mais brigados, mas nossa amizade nunca mais vai ser a mesma. Você não sabe que eu perdi grande parte do contato que eu tinha com meus amigos, porque eu descobri que não posso contar com a maioria. Dá pra contar nos dedos das mãos quem são meus amigos de verdade. E você não sabe por que eu me sinto sozinha.

Eu nunca desabafo com ninguém, isso é verdade. Mas isso só acontece porque eu sou covarde. Fraca e covarde demais para dizer a alguém como eu realmente me sinto sem que tal pessoa pergunte. Eu não tenho coragem de enfrentar nem meu pai, quando ele me obriga a tomar conta das minhas meio-irmãs. Você me diz para levantar e lutar pelos meus direitos, mas quando eu faço isso com você eu é que estou errada, eu é que sou a feia, a chata, a irritante, a estressada. Como se não pensassem a mesma coisa de você no resto da família.

Em todos os meus quase 14 anos de vida, eu nunca questionei um castigo seu, por mais que você me dissesse que eu poderia fazê-lo se o achasse injusto. E ontem, na única vez que eu questionei, eu é que estava errada.

Eu perdi uma aula. Por que eu confundi uma data. E você gritou, falou que eu tinha que recuperar toda a matéria pro dia seguinte (quando de fato não teria aula). Mas como eu iria fazer isso? Ah, aí já é problema meu. Eu que criasse poderes psíquicos para adivinhar a matéria da aula que eu perdi. Eu disse que não dava pra fazer isso, e pedi como prazo dois dias, por que assim eu poderia pegar o caderno de um amigo emprestado pra copiar a matéria que eu perdi. E o que você me disse?

Disse que não estava nem aí. “Se vira, Nina. Isso não é problema meu. Mas eu quero ver isso pra amaná.”

Ah, quer dizer que não é problema seu?! Então do que te interessa ver o que eu fiz? Hein? Se não é problema seu, eu não tenho a mínima obrigação de te mostrar. E depois eu é que sou a grossa, a indelicada. Quando eu ofereço pra ajudar ela nega, como se quisesse que eu desaparecesse. “Quer ajuda com as compras?” “Não.” Que bela mãe eu tenho, hein!

Olha... Eu sei que eu errei e tudo mais, mas não precisa apelar pra cima de mim. Se você gritar comigo, saiba que eu sou corajosa o suficiente para gritar de volta. E depois não me mande abaixar o tom, foi você quem gritou primeiro.

Bom... Eu sei que você nunca vai chegar a ler isso, graças a covardia de quem está escrevendo, mas é ótimo poder desabafar de alguma forma. Por isso o título é “Desabafo”. Por que aí eu posso falar como eu me sinto sem correr o risco de ofender alguém.

E isso é só pra ter uma ideia de como a minha vida anda um lixo.


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Notas finais do capítulo

Bem, isso é nada mais nada menos que um desabafo de adolescente. Então reviews encorajando a continuar não fazem sentido, mas review é bom de qualquer jeito, então...