Conexões escrita por LohRo


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O barulho das águas batendo no casco, a noite desaparecendo em uma promessa de um nascer do sol incrível. A brisa varreu o convés muito limpo da embarcação adquirida assim que sentiram a necessidade de mais conforto e espaço. Tinha sido uma decisão acertada já que a morada frequente precisava de um toque de casa. O efeito tinha sido perfeito.

O som de um celular reverberou no dormitório bem equipado da embarcação, carregado de evidências de uma noite de muita comemoração, taças vazias, música suave, o teto iluminado pela luz azul do pequeno mas moderno equipamento de som, dezenas de fotos de um casal feliz, muitos sorrisos, paisagens exuberantes, abraços e beijos que eles tinham o hábito de se entregarem e registrarem.

“Você quer se casar comigo ... de novo e desta vez, para sempre?”

Ela respondeu com beijos fortes e intensos, o desafiando a permanecer firme, os braços se agarrando ao corpo que tanto o fizera feliz e ele tivera a insensatez de abandonar. Tudo por conta de um pensamento egoísta e pequeno de que ele a deixava infeliz!

A vida tinha lhes dado uma segunda chance e eles a aproveitavam a cada segundo de seus dias.

E já havia se passado seis longos anos depois daquele novo pedido, sentimentos renovados a cada olhar que trocavam, a cada entendimento do que precisava ser feito, seja em suas atividades profissionais ou domésticas.

Aventuras, certas vezes perigosas pela fúria das águas,   muitos resgastes e cuidados da fauna marinha, os credenciaram a protetores extremamente respeitados. O casal tinha o reconhecimento de um trabalho sério e eficaz salvando mamíferos por toda a costa da América do Sul.

Ele estendeu o braço sobre sua mulher, que dormia tranquilamente em seu peito, uma expressão pacífica e jovial.

“Grissom!”

~♥~

Os pensamentos voavam na medida que as luzes da cidade invadiam o banco traseiro do táxi.

Tantas lembranças, o caminho conhecido, tanta coisa que haviam passado juntos.

Eles estavam muito bem instalados em outra parte da cidade, no Caesars Palace, muito conforto e espaço extraordinário, um exagero que cobria o novo contrato de trabalho deles. O caminho era longo e com muito tempo para deixarem seus pensamentos viajarem.

Ele sentiu a cabeça dela descansar em seu ombro e um longo suspiro, após os dedos dela entrelaçarem os seus.

“Querida, você está bem?”

“Sim ... apenas muitas lembranças, acho que são inevitáveis!”

Ele beijou seus cabelos macios e fechou os olhos, aquele mesmo cheiro que nunca o abandonou.

“Tudo isso faz parte no que nos transformamos, no que somos!”

“E de onde estamos!”

“É assustador, mas o que importa é que tenho você ... isso não vai mudar!”

“E nunca mudará ...”

“Acho que chegamos ...!”

O prédio estava todo remodelado, mais imponente, as portas de vidro imensamente maiores, mas a sensação de déjà vu persistia.

Ele olhou para ela, mesmo diante de tanta ansiedade, muito desconforto pela atual situação e toda a incerteza do que realmente estava por vir, havia um sorriso enigmático.

“Que foi?”

Ele levantou a pasta com a mão direita a amparando quase debaixo do braço.

“Sra Grissom ... me dê sua mão, por todas as vezes que não nos foi permitido, por todos os desejos que tivemos que reprimir ...”

Ela riu feliz, balançando a cabeça, pensando o quanto ele era um novo homem mesmo, o quanto não havia mais dúvidas de que nada ou qualquer que fosse o acontecimento, pudesse pôr em cheque aquela união tão extraordinária que eles haviam se permitido.

“Com toda certeza, Dr. Grissom, que assim seja!”

Suas mãos se entrelaçaram e a postura profissional tomou conta do exterior, mas o interior estava altivo e confiante, fazendo-os se divertirem com a nova sensação de liberdade e o poder maravilhoso da cumplicidade.

~♥~

Grissom se sentia desconfortável cada vez que sua mulher saía à campo sem ele, ele estava tentando se acostumar com as ausências necessárias dela.

Não era sobre a questão de que ela desaprendera a se cuidar, isso talvez nunca se destituiria da CSI de alto nível que ela sempre fora, mas o instinto de proteção era mais forte que ele, aflorado ainda mais nos últimos anos.

Qualquer que fosse o conflito, ele se sentia compelido a cuidar. Ele a amava tanto, mais que sua própria vida.

A medida que o tempo passava, aquela sensação tomava maiores proporções, a ponto dele olhar diversas vezes no relógio e em direção ao corredor, próximo à sala que haviam destinado a eles.

“Onde está você? Por que essa demora?”

Como consultor, ele passava muitas horas dentro do laboratório, ou até mesmo no quarto de hotel deles, enquanto ela era mais exigida nas cenas.

Havia muitas coletas de evidências e estavam chegando outras tantas, o prendendo nas paredes de vidro e diversos instrumentos ultra modernos que o deixavam se sentindo obsoleto.

Ele avistou a atual chefe do laboratório bem próximo à sala, falando ao telefone.

“Como assim ela quase foi atropelada? Mas ela está bem?”

Seu coração gelou!

“Maxine?”

Ela se virou rapidamente avistando Grissom à porta, os olhos ansiosos, as mãos inquietas, Maxine estendeu um dedo, fazendo o gesto para que ele esperasse.

“É ... eu preciso desligar, voltem imediatamente!” - Ainda o encarando, ela guardou o pequeno aparelho no bolso. - “Dr . Grissom ... é que .... sua esposa teve um pequeno contratempo, mas está tudo bem, ela saiu ilesa quando estava em uma perseguição.”

“Perseguição?”

“Sim ... logo estarão de volta, fique tranquilo!”

Foi a vez dele continuar a encarando quase em hipnose, enquanto ela seguia em frente.

Uma nova tentativa de chamada e desta vez Sara atendeu imediatamente, o deixando mais aliviado, mas não menos nervoso.

“Gil?”

“Honey ... você está bem? Maxine me disse que houve um incidente?”

“Sim ... mas estou bem, não se preocupe, estamos à caminho e posso explicar tudo!”

Os minutos pareciam intermináveis, sua respiração em um lopping descoordenado. Enquanto não a visse com seus próprios olhos, não arredaria o pé dali. Como as paredes de vidros ajudavam a visão quase total de todos os lados, as portas de acesso às entradas tanto pela frente quanto pela garagem não haviam mudado, ficavam apenas há alguns passos do final daquele mesmo corredor.

De repente ele a viu e sem pensar duas vezes foi ao seu encontro apressadamente, enquanto tinha somente olhos para o sorriso nervoso que ela tentou disfarçar.

“Sara ...” - Ele queria dizer tantas coisas que com certeza quando estivessem sozinhos não pouparia uma sílaba sequer. Eles tinham adquirido aquilo, sem silêncios, sem disfarces, mente e coração abertos em um relacionamento ímpar, o melhor que eles pudessem gerir.

Sem se importar com curiosos, se abraçaram intensamente e, assim que sentiu o contato, ele descansou a cabeça na curva de seu pescoço, a apertando como se não a visse há dias e não apenas algumas horas. - “Venha ... me conte o que houve!”

Eles se sentaram de frente um ao outro, as mãos juntas.

Sara apertou os lábios e suspirou, como se tivesse aliviada, muito perto de seu marido, sentindo toda a segurança que ele sempre lhe dava.

“E então?” - De repente ele avistou uma mancha quase imperceptível em seu ombro. - “Você se machucou?”

“Não, Gil ... foi apenas um ferimento sem muita importância quando rolei pelo asfalto."

Ele arregalou os olhos e a boca, enquanto ela afastava a gola para que ele ficasse mais tranquilo.

“Viu? Não foi nada ...!”

“Como nada, Sara! Tem um hematoma aí!”

“Grande coisa ... isso não é nada!” - Ela repetiu. Sem lhe dar chances de mais comentários, ela ajeitou a camisa de volta e emendou as explicações. - “Estávamos seguindo uma pista quente, próximo à Freemont, quando avistei o suspeito muito próximo, ele percebeu nossa presença e tentou se camuflar entre a multidão, para não perde-lo completamente de vista, iniciei uma perseguição, quase fui atropelada, mas consegui me safar ... e o filho da mãe também!”

“Seus reflexos ainda estão perfeitos ... mas onde estava com a cabeça ... isso poderia realmente ter acabado muito mal, querida ... você precisa fazer uma visita na enfermaria”

Ela levantou uma das mãos, o interrompendo.

“Eu estava com a arma, ele não! Se for para te tranquilizar, vamos deixar que um médico veja isso, vai ver que está preocupado sem motivos ...”

Ele apenas assentiu, as coisas voltando ao seu normal, há tempos que não discutia mais com sua mulher ... ela ainda mantinha seu gênio quase indomável quando queria!

~♥~

“No final, querida, a verdade surge!”

Sara olhou para seu marido, brindando a vitória, tudo estava bem e ela quis que não houvesse copos entre eles e  pudesse se achegar sem demora. Era sempre tão bom, tão deliciosamente familiar e aconchegante.

O cenário sob as luzes brilhantes na enorme tela da janela panorâmica, os picos de jatos espessos da fonte do pátio do hotel, desenhava um espetáculo luxuoso e porque não dizer romanticamente perfeito.

Ela se levantou, fechou o notebook dele, calmamente retirou o copo de sua mão e o colocou sobre a mesa, se sentando em seu colo.

“Tem uma outra verdade que sempre surge, e tenho certeza que você está mais do que familiarizado com ela. Eu te amo, e se quer saber, não consigo parar de fazer isso.”

Grissom segurou em sua cintura, seus olhos nunca deixando os dela, com toda a correria e trama completamente intrincada, eles estavam devendo uma noite de amor com tudo que poderiam ter direito.

Envolvimento, espaço e tempo.

“Eu também te amo, muito e se quer saber, não me importo que não consiga parar ... eu mesmo posso te lembrar quantas vezes for preciso!"

“Acho que isso é bom ...”

“É maravilhoso ...”

Ele abriu a boca para se juntar a dela, o gosto atraente da bebida, mesmo os pequenos goles que haviam degustado juntos, deu o toque mais que delicioso do encontro desejoso.

Ela se afastou um instante e lambeu os lábios, ele continuava tendo beijos tão poderosos como da primeira vez.

“Você continua fazendo isso ...”

“Que seria...?”

“Me provocar ... é tão doce, tão excitante!”

“Posso sentir ...”

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas sutilmente.

Sara desceu de seu colo e eles caminharam abraçados, parando imediatamente em frente a cama, ela engatinhou sobre o colchão macio enquanto ele a admirava de uma posição bastante privilegiada, ela continuava provocante, e ele era o homem mais sortudo do mundo.

Entre os braços esticados e ele estar dentro deles foram apenas nano segundos, nem que ele fosse maluco perderia aquela deixa, ele sabia o que estava por vir.

Suas mãos conheciam todos os caminhos que a faziam delirar, sua boca ainda podia fazer maravilhas em seu corpo, seu gosto, suas manias, seu jeito, ainda eram os mesmos que o fizeram chorar ao vê-la caminhando em sua direção em San Diego, há um bom tempo atrás.

Ele estava tão desgostoso do caminho que sua vida estava retomando, seu orgulho ainda estava lá, o massacrando, querendo que ela estivesse com ele, que eles fossem ser felizes longe de toda a loucura ... ele não havia deixado de pensar nela um só dia ... uma só noite.

E de repente ele teve aquela visão!

Lembranças!

Ele deu um longo suspiro, aspirando seu cheiro inebriante.

“O que há? O que são esses suspiros?”

Ele estava sobre ela quando seus olhos se encontraram.

“Estive pensando em como sou um sortudo, em como agradeço por San Diego ...”

“Hei ...”- ela segurou sua face entre as mãos e o beijou languidamente. - “Você já superou isso ...”

“Não, Sara! E você sabe disso.” - eles tinham um pequeno segredo, lágrimas sempre vinham em seus olhos quando ele se lembrava daquele dia.

Ela intensificou seus beijos fazendo-o apenas pensar na loucura que ainda eram os dois em uma cama, os dois se amando, a forma ainda muito poderosa com que ele a possuía, com que ele se mexia sobre ela, como ele a girava sobre ele, como os lençóis deslizavam da cama para o chão, em tantas vezes.

Este era o poder indescritível da junção deles!

O sexo ainda era ótimo, ainda os deixavam exaustos, ainda sorriam antes de sucumbir ao sono, ele ainda se agarrava a ela e a beijava docemente depois.

~♥~

O quarto estava na mais imensa escuridão, Sara, com muito cuidado, retirou o braço e as pernas de seu marido sobre ela e puxou ao lençóis para o lado se levantando.

Ela vestiu seu robe silenciosamente e caminhou descalça até as janelas, olhando o mundo colorido lá fora. A imensidão de águas jorrando poderosamente para cima e caindo em cascata.

Sara abraçou seu corpo, pensando em todos aqueles dias, em toda a movimentação do laboratório, o caso findado e a proposta de mais algum tempo de parceira, os ajustes para alguns outros casos e a necessidade de pessoas com a competência e maestria deles, nível que muitos ainda precisavam galgar para alcançar.

Ela sentia saudade do barco, da vida marinha que eles tinham, da felicidade simples, do maravilhoso pôr do sol, mas também sentia muita falta dali.

Na verdade não era onde, e sim com quem ela estaria. Sempre.

Como suas vidas tinham entrado nos eixos, como ela teve a certeza que aquele amor era realmente para sempre, eles tinham um respeito mútuo no trabalho e um fogo intenso em suas vidas íntimas, e era tão sensacional, tão maravilhosamente bom.

Eles precisavam encontrar um pequeno lugar, talvez até fora dali, o custo de uma estadia de luxo poderia facilmente ser pago com suas economias, eles viviam bem, mas seria um desperdício. Talvez aceitassem a formosa pousada dos pais de Josh, há alguns poucos quilômetros dali.

De repente ela sentiu dois braços a segurando, e um beijo macio na curva de sua clavícula.

“Volte para cama ... senti a sua falta.” - Sua voz estava rouca de sono.

“Acho que despertei com tanta coisa pra pensar e resolver ... e toda essa euforia por termos aceitado a proposta de mais algum tempo aqui.”

“Você se arrependeu?” - Ele bocejou suavemente e a balançou com delicadeza ainda dentro do abraço.

“Não ... eu estou tão entusiasta, vai ser muito bom ainda estar aqui!”

Ele riu em simpatia e a empurrou com muita delicadeza para a cama.

“Eu preciso de mais algumas horas de sono ... e não gosto de estar sozinho em uma cama tão grande ...”

“Você está feliz, Gil?”

“Certamente ... eu estarei feliz em qualquer lugar, desde que você esteja nele!”

Fim


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