Lembranças escrita por blackswan


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. :)



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Point of view • Isabella Marie Swan Cullen

13 de agosto de 2021

"There's a possibility

There's a possibility"

Sentada no chão frio coberto pela grama, esperava pelo vento congelante e pelas gotas de chuva que eram muito comuns naquela cidade, mas não foi isso que aconteceu. O céu estava aberto e o sol ia de uma ponta a outra no velho cemitério da cidadezinha verde cheia de musgos.

Eu estava em frente a ele, ou melhor dizendo, ao seu túmulo. Uma parte de mim nunca conseguia aceitar o que havia acontecido a quase quinze anos atrás. Ele era o meu porto seguro, a minha vida e, então, uma doença terrível o tirou de mim, de meus braços, de nossa família, de meu amor.

Ainda sob aquele chão, eu segurava uma folha retirada de um de seus cadernos, uma carta, a rosa que ele havia me presenteado, e outras coisas que eu não conseguia me desfazer. Olhei para o papel em minha mão, resolvendo lê-lo outra vez.

 

"Para, meu amor Isabella 

 

Isabella, sim, porque é incapaz de existir um nome mais bonito. Claramente isso de deixar uma carta é totalmente clichê, mas faço isso para nunca deixar que se sinta sozinha ou abandonada por mim"…

 

Aquelas poucas palavras eram suficientes para me fazer derramar lágrimas e mais lágrimas.

 

'So tell me when you hear my heart stop

You're the only one that knows'

Talvez eu não devesse colocar esse trecho tão de primeira, mas, hoje, em especial, é um momento melancólico. E você sabe que é isso que eu penso. Mas não quero que se esqueça que quando você está comigo, sempre estou achando que fui para o paraíso, você é o que existe de melhor para mim. Também preciso que se lembre que  ainda tem uma vida, e então te digo essas próximas palavras, aqui e na sua frente para não se esquecer disso. Quero que se lembre de seguir em frente depois que eu me for, que você e Nessie vivam, bem e felizes.  Acredito, Bella, que tenha certeza de que acima de qualquer pessoa, você é a que mais me conhece, sabe tudo de mim, mais do que eu mesmo, até. Tudo que desejo é que seja feliz, que alcance tudo o que sonhou, e as coisas que sonhamos juntos, que imaginamos para nossa menininha. Que vocês tenham o mundo em suas mãos"…

 

Como em meio a tanto sofrimento ele conseguia pensar nisso, imaginar um futuro para mim e para Renesmee em que ele não estivesse? Eu nunca entenderia isso, o que me renderia mais uma rodada de histeria pelas próximas horas. 

 

"E que você encontre  alguém que te ame ainda mais do que eu fui capaz de amar, que te trate como a pessoa maravilhosa e tão perfeita de seu modo que você é,  você merece, a vida te deve isso, depois de tudo que passou nestes últimos meses"...

 

Eu não me importava em encontrar outra pessoa, ele tinha plena consciência de que eu não seria capaz de amar qualquer outra pessoa que fosse. Mas ele era tão bom, tão altruísta, que mesmo com a dor que pensar nesse assunto causava nele, ele jamais parou de pensar nisso, na minha felicidade.

 

"Dito isso, acho que não tenho motivos para prolongar esta carta, então vou tentar poupar que os  rostos tão bonitos de você e Nessie chorem mais, porque sei que estarão chorando ao ler isso. Eu te amo! Mais do que minha própria vida. Amo nossa família.  Posso não estar ao  lado de vocês fisicamente no futuro, mas estarei em seu coração, no coração dela,  estarei de onde quer que estejam, vendo suas vitórias. Em cada comemoração, sorriso, e tudo mais. Vocês são  o que existe de mais especial em mim"...

                Com todo o amor e carinho do mundo

                       Edward Anthony Masen Cullen"

 

Por um momento longo, me permiti chorar, gritar. Tudo o que eu tinha guardado nos últimos quinze anos. Não era justo, a vida me tirar o que eu tinha de mais importante. Olhei para o lado e abri a caixa que havia trazido. Ela estava cheia de lembranças que foram feitas nos momentos em que estávamos juntos, em família. Me ocorreu uma delas no segundo em que bati o olho na minha rosa vermelha e murcha, uma das lembranças mais importantes. Fechei meus olhos e me deixei inundar por ela. 

     

            ******************

          ‘23 de setembro de 2004

 

"Ei" - Ouvi um grito lá fora, e me lembrava a voz dele, mas espera… O que ele estava fazendo aqui?

"Edward?"  - Gritei, de volta indo até janela. e vi que ele estava na frente dela. - "O que você está fazendo aqui?" -  Com seu clássico casaco cinza,  braços voltados para trás e o sorriso torto que eu amo, senti meu coração parar. Prontamente, ele respondeu minha pergunta.

"Não posso sentir saudade da minha linda namorada?" - Disse, ainda sorrindo.

"Claro que pode" - Dou a resposta sentindo meu sorriso crescer a cada segundo. - "Espere um momento, já desço" 

 

Alguns minutos depois…

 

Abro a porta e me deparo com ele, o puxo para dentro o mais rápido possível e colo nossos lábios de maneira inocente, mas ele não me abraça, paro o beijo e pergunto:

"O que está escondendo?" - Pergunto

"Nada" - Respondeu tentando fingir 

"Sem essa Cullen, te conheço" - Sorrio 

"Ok, eu me rendo" - Respondeu suspirando, quando seus braços vieram para a frente do corpo, ele segurava uma rosa vermelha. - "Para você colocar no seu livro da Jane Austen, como a personagem do livro que você tem escrito, que marca os livros com rosas dadas pelo amor de sua vida" - Sorriu, agora parecendo  envergonhado 

Eu corei. "Obrigado; obrigado; obrigado; você é perfeito" - Eu não podia estar mais feliz, como tive a sorte desse homem me amar? 

 

             ******************

 

Eu apertei a rosa com um pouco mais de força do que o necessário, sentindo uma pétala se despedaçar. Ela já era bem antiga, passou por vários livros meus. Muitos deles, era Edward que havia me dado. Ele foi o maior incentivador de meus sonhos. E eu dos sonhos  dele. Até que, por uma decisão em conjunto, tivemos que deixar de sonhar com algumas coisas. Pois uma garotinha com lindos cachos ruivos entrou em nossa vida. 

Encontramos Renesmee perdida em Port Angeles quando tinha alguns meses de vida, ao lado de um saco de lixo. Imediatamente, Edward se comoveu, e eu também. Fizemos de tudo, até conseguirmos que ela estivesse em nossas vidas. Quase não conseguimos trazê-la para nossas vidas devido a condição na qual Edward se encontrava naquela época e por ainda sermos adolescentes, mas com um pai sendo chefe de polícia, as coisas se tornaram um tanto mais fáceis. Logo no começo de 2005 estávamos casados, nos unindo de forma mais íntima e também fazendo com que o juizado não tentasse tirar Ness de nós.

 

“All I’m gonna get is gonna be yours then

 

Era incrível como aquela música descrevia tão bem nossos sentimentos, e quanto mais eu me lembrava dela e do que dizia, mais eu chorava, sentindo as lembranças voltarem, ainda mais vivas. Voltei meu olhar novamente a caixa e fechei os olhos me deixando ser dominada.

 

             ****************

           ‘18 de maio de 2005’ 



“Bella” - chamou-me Esme. 

"Sim?" -  respondi, numa tentativa de controlar meu nervosismo, mas falhando.

"Já está na hora" - por um segundo senti meu coração parar. O momento que eu tanto esperava, sonhava, finalmente chegou, um dos maiores desejos de nossas vidas ia se realizar e eu não poderia estar mais feliz. - "Bella, está tudo bem?" - Esme me olhou preocupada e só então percebi que tinha congelado e me perdido dentro de minha cabeça.

"Ah… Estou sim, desculpe" - Ela riu, e então Charlie passou pela porta, completamente bem vestido. Arriscaria dizer que toda a elegância era culpa da minha adorável melhor amiga e cunhada Alice, tão jovem, e totalmente louca por moda. 

"Você está linda Bells" - meu pai disse, a voz cheia de emoção.

"Acho melhor irmos antes que a emoção nos domine no momento errado." - Falei me controlando o melhor que pude.

Saímos do enorme quarto de Alice, o casamento seria no jardim da casa, e confesso que não poderíamos ter escolhido local mais bonito possível para esse acontecimento.

Aos passos que dávamos, eu respirava cada vez mais fundo, sentindo todo o meu corpo tremer. O nervosismo me enchia por inteiro quando me lembrava que esse caminhar daqui a algumas horas seria a "senhora Cullen", a mulher com quem Edward passaria o resto de seus dias. Eu não poderia estar mais feliz e completa.

Uma música lenta e romântica soava por toda a casa. Logo chegamos ao jardim, olhei para minha frente e tudo que era capaz de ver ele, e consequentemente nosso futuro.

 

                  *****************

 

"Mãe" - era a voz de Renesmee me chamando, me tirando dos meus devaneios. Seus olhos, assim como os meus, estavam vermelhos, ela também havia chorado.

"Oi meu amor" - respondi com a voz falha, segurei sua mão que estava estendida.

"Por que a senhora se tortura assim?" - Seu olhar estava voltado a caixa.

"Não estou me torturando" - Devolvi, enxugando algumas lágrimas, mentindo. Fazer aquilo todos os anos doía cada vez mais, à medida que o tempo passava.

"Não mente pra mim" - Retrucou. Por mais que não fosse nossa filha de sangue, ela era teimosa como ele.

"Não estou mentindo" - pelo amor de Deus, até quando eu ficaria mentindo? Até que ponto eu negaria que eu sentia um fundo buraco em meu coração que era causado pela falta dele. E desatei em mais uma histeria

 

"So tell me when my silence's over" 

 

"Mãe" - ela me chamou de novo, preocupada com minha crise repentina.

"O que? Desculpe, eu" - fui interrompida, eu tentava me controlar.

"Não se desculpe, hoje é um dia difícil" - suspirou antes de continuar. - "Só disse isso porque não gosto de te ver assim" - ela chegou mais perto.  Aproveitei essa aproximação e a abracei, o mais forte que consegui.

 

                    ****************

                    '17 de março de 2005' 

 

A vida não poderia ter me dado momentos melhores do que esse. Mesmo tendo que fazer cirurgias e usar um aparelho no coração, Edward não deixava de viver. Inclusive nesse momento, ele sorria de orelha a orelha enquanto interagia com nossa menininha. Era simplesmente encantador ver a forma como agiam perto um do outro. Como cuidava dela, para ele, ela era tudo que ele sonhou para nós.

Estávamos na nossa campina. Eles estavam muito atentos às flores, observando cada uma delas, sorrindo um pro outro, de forma doce. Podia parecer algo bobo para quem visse de fora, mas eu sei o quanto aquelas pequenas coisas importavam para meu amor. 

 

                ****************

 

Renesmee havia se afastado, um novo par de mãos me cercavam. Eram de Esme, minha caridosa e gentil sogra. O ser humano mais doce existente.

"Bella" - Sua voz estava tão apagada e entristecida quanto a minha. 

"Esme" - Voltei meu olhar para ela, me jogando em seus braços estendidos e mais uma vez chorando compulsivamente. Ela também chorava. 

"Não é justo, Esme, não é. Por que ele tinha que nos deixar?"  

"Eu não sei Bella, eu também não entendo" - Me respondeu com a voz por um fio. 

 

"You're the only one that knows"

 

                    **************** 

                   '25 de dezembro de 2005'

 

Natal. Uma das datas comemorativas favoritas de Edward. Agora oficialmente como uma família. Nossos pais, irmãos, a pequena Renesmee. Todos muito alegres. Ele parecia melhor, realmente bem. Depois de todo o sofrimento que passamos nos hospitais de Port Angeles e Seattle, finalmente estávamos tendo um bom tempo familiar. 

Em especial, observei a forma como Esme e ele estavam interagindo. Minha doce sogra parecia explodir de felicidade ao ver seu filho com um sorriso enorme e brincando com todos como sempre. 

"Gostaria de pedir um segundo da atenção de vocês" - anunciou meu marido - "Se não for pedir muito" - soltou uma risada ao dizer.

"Fala aí meu consagrado" - Respondeu Emmett na ponta da sala, praticamente grudado em Rosalie. 

"Queria dizer que estou feliz por estar com todos vocês. Sim Emmett, mesmo você  me enchendo a paciência todos os dias eu também estou grato por sua presença." - Ele sorriu outra vez, e Emmett deu uma risada um pouco mais alta. "Este ano não foi fácil, mas todo o apoio vindo dessa família tão especial, me ajudou a superar todos os problemas, especialmente o que veio da minha pequena monstrinha." - Desta vez eu sorri também. Ele tinha apelidado Nessie de monstrinha  depois de perceber como um de seus apelidos era igual ao nome do monstro do lago. Eu detestei, é claro, mas ela não se importava. Assim como o pai, minha filha estava sorrindo grandemente. - "E mais do que óbvio, da mãe mais linda desse mundo." - Ele voltou um olhar cheio de amor e carinho para Esme. - 

"Muito, muito obrigado por nunca ter soltado minha mão, ter sido um dos pilares da minha vida no meio desse tormento" - Lágrimas rapidamente surgiram nos olhos dos dois. - "Eu te amo muito".

Ele finalizou correndo para os braços dela. Impossível  não se emocionar com isso. Eles tinham uma conexão inimaginável e nada no mundo poderia quebrá-la. Não querendo insinuar nada, mas arrisco dizer que Edward conhecia a mãe melhor do que qualquer outra pessoa, até  mesmo mais que Carlisle. 

 

                 ****************



Outra vez, me encontrava em um tipo de  vazio físico. Minha sogra também havia se afastado de mim. Emmett e Alice não se aproximaram, mas eu sabia que eles faziam sua presença naquele cemitério. 

Eu não tinha o que dizer, minha voz se perdeu em meio a crise e outra vez tornei a olhar a caixa. Vi os bonequinhos que ele fez de nós dois, no banco de uma praça. Foi completamente impossível não chorar. Aquele presente era uma representação nossa, um tanto mais viva de nossa história, eu não conseguia me conter. São quinze anos e eu ainda não superei. Acho que jamais superaria a falta que ele me faz. 

 

"By blood and by me I'll fall when you leave" 

 

                    **************** 

                   '12 de agosto de 2006' 

 

"Hey Swan" - Despertei num pulo ao ouvir a voz fraca. Acordado antes de mim. "Não se desespere. Não estou morrendo ainda." - Havia um sorriso. Como ele era capaz de sorrir neste momento? 

"Está tudo bem?" - Dispensar a preocupação estava longe de meus planos. 

"Estou" - Ele respondeu, de forma rápida, sua expressão mudou para algo mais sério. - "Quero que me prometa algo" 

"Depende da promessa" - Respondi.

"Se eu morrer agora, você seguirá, viverá. Cuidará de si e de nossa filha. Arranjar alguém para se apoiar, assim como nós nos apoiamos no tempo que estivermos juntos." - Sabia que ele falava sério  pelo tom usado. 

"Posso cumprir as duas primeiras, mas você sabe, a terceira é descabida, não pode me pedir isso." - Senti meu estômago revirar 

"Não pode viver presa em mim para sempre." - Retrucou com certa tranquilidade.

"E não pode pedir para que esqueça tudo que vivemos, me mandando procurar um outro amor." 

Ele suspirou. "Isso parece ser mais difícil do que havia imaginado" - Sentia sua frustração por seu plano não ter dado certo.

"Não gaste mais seu tempo tentando me convencer dessa última, pois isso não irá ocorrer de forma alguma." - Meu tom saiu mais sério desta vez. "Neste segundo, vamos pensar apenas em você. Ok?" 

"Ok." - Ele respondeu inconformado. Eu me inclinei e o beijei de maneira suave.

 

                 ****************

 

Naquele mesmo dia, fiz com que ele esquecesse o assunto. Ficamos trocando juras e carícias, como eu havia lhe pedido. Eu o perdi na tarde seguinte. Ele teve uma parada cardíaca e não resistiu. A doença que ele tinha no coração o tirou de mim. E naquele momento, uma parte minha foi junto com ele. "Obrigado por ter me dado uma vida tão perfeita, eu sempre te amarei, não se esqueça disso". Estas palavras, suas últimas. Todo treze de agosto, ecoavam em minha cabeça. E hoje não seria diferente. 

Me lembro de ter que ser carregada até em casa, pois não tinha forças suficientes para suportar o que me havia acontecido. 

Foram meses terríveis os que vieram depois de sua morte. Fiquei catatônica. Logo após, o estágio de negação me tomou com força. Custou muito tempo para me conformar com minha situação. Fui para Seattle, fazer universidade, como combinei com ele semanas antes. E levei Renesmee e minha mãe comigo, tinha medo de ficar sozinha e cometer uma loucura. Por mais que eu tenha tentado seguir minha vida naquela época, eu não podia ter certeza de que daria tudo certo. Meu pai detestava ter que ficar longe de minha mãe, e Alice se ofereceu para ficar comigo, mas eu não permitiria que ela deixasse seus planos com Jasper para ir atrás de mim. Depois de uma conversa longa, Charlie entendeu e aceitou meus motivos para Renée estar lá e não outra pessoa.

 

"Bella" - Depois de horas, Emmett finalmente se pronunciou - "Precisamos ir" 

Suspirei. Estive sentada no chão frio por horas e o céu voltou a nublar. Me deixei ser guiada por minha família até a porta do cemitério, pois meus pés pareciam presos ao chão. Esme me abraçou de novo e deixei que ela me levasse, enquanto lágrimas silenciosas desciam em meu rosto. Paramos abruptamente um pouco depois do portão, ao olhar para frente, vi um homem  de olhos azuis e cabelos escuros parado na minha frente.

"Isabella Cullen?" - Ele me perguntou 

"Sou eu" - respondi 

"Meu nome Beau." - Ele soltou um suspiro. - "Desculpe aparecer aqui hoje, mas a anos eu procuro pela família Cullen e só agora a encontrei." 

"Porque está nos procurando?" - numa ponta, Carlisle se manifestou. 

"Porquê a quinze anos atrás eu recebi um transplante, e o doador foi um homem chamado Edward Cullen" - Ele disse isso e eu senti minhas pernas fraquejarem. 

 

                  ****************

                 '02 de julho de 2006'

 

Eu saí por cinco minutos e quando volto Edward está cheio de folhetos nas mãos e alguns espalhados na cama. O que raios está havendo? Isso não estava aqui quando eu o deixei.

"O que é tudo isso?" - Pergunto confusa.

"Folhetos sobre transplante" - Edward respondeu sorrindo. 

"Não entendo para que tanto" - Ainda me sentia confusa. 

"Não posso fazer um transplante de coração pois meu problema está nele." - Ele me respondeu, levantando um papel com desenho de coração. 

"Espera. Quer mesmo fazer isso?" - Ele me olhou profundamente antes de falar.

"Sim" - Seu sorriso aumentou.

Ele está tão feliz com a possibilidade de ajudar alguém, mesmo com a vida por um fio. Eu jamais cogitaria a ideia de perdê-lo e ainda mais dar uma parte dele a alguém, porém eu era incapaz de negar isso a ele, ainda mais por isso me deixar vê-lo alegre. 

"Está tudo bem. Eu não vou te perder. Mas será como você quiser" - Sorri junto com ele.

Ele definitivamente era o melhor homem do mundo e não poderia ter tido mais sorte.

 

               ****************

 

A lembrança fez com que eu chorasse desesperadamente. Enquanto todos se espantavam com o que o Beau acabou de dizer, eu escorregava dos braços de Emmett e me deixava cair no chão. Sem acreditar que um de seus últimos desejos teriam sido realizados e aquele que fosse presenteado fosse querer agradecer. 

"Eu… Eu fiz algo errado?" - Ele perguntou preocupado.

"Não." - Eu disse controlando meu choro momentaneamente. "Ele só não está aqui para ver que o desejo dele deu certo." 

 

E mais uma vez como naquele dia. Uma histeria me tomou, não era justo que ele não tivesse o direito de presenciar isso. 

 


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