O Cachorro de Alma Tartarugada escrita por Maria Zennit
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura?
O CACHORRO DE ALMA TARTARUGADA
O cachorro de alma tartarugada havia morado antes na rua. Seu ser era assim não por lentidão ou cascudice, nada disso. É que a disgrama do cachorro gostava de viver. A minha relação com isso? Aí é que tá, não era pra ter né.
Meu plano era fácil: esperar. Só um verbinho desses articulado numa sequência lógica, claro. Primeiro meus pais, depois os amigos, não ter filhos e sem essa de amor-da-minha-vida, porque cada hífen é uma dor de cabeça (ou pra professora ou pra Rafinha mesmo, eu). Não queria dar na cara, ia ser tão gradual que ninguém ia dar uma segunda olhada, sussurrar no velório ou mandar textão no futuro-ex-grupo do 3°Ano B.
Essa salinha do cão aliás foi que me arranjou um cachorro que nunca morre. Se fosse pelo menos um peixe. Quando era criança matei sem querer os peixinhos dourados, dei comida de mais por acidente.
Ia dar tudo certo afinal. Mas não (alonga o ão aí), tinham que presentear a profe que tava tristinha com a morte dos pais, sem ter amigos, encalhada, e finalmente morando numa casa com muita pouca mobília.
Então é isso. Eu tô esperando, mas de sacanagem o cachorro também tá.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenha gostado.