Eu queria fugir. Essa era a verdade. Fugir desse mundinho patético e sem graça que eu vivia. Trabalho, faculdade, pagar contas, fazer supermercado e mais um monte de blá blá blá. Faziam uns dois anos que eu morava sozinha. Juntei um bom dinheiro, sai da casa dos meus pais e virei dona do meu próprio nariz. A vida estaria maravilhosa se eu não estivesse novamente tomada pelo tédio.

A minha existência no mundo não podia ser só essa rotina que mais de milhões de pessoas viviam. Eu não era “milhões de pessoas”, eu era Beatrice Prior. Desde muita nova, coloquei na cabeça que a minha vida tinha que ser extraordinária, eu gostava de desafios e coisas inusitadas.

O que eu podia trazer de novidade? Eu me considerava diferente do meu grupo de amigos. E durante uma madrugada, com as luzes apagadas, eu estava navegando na internet com meus fones de ouvidos tocando Los Hermanos quando alguma coisa dentro de mim se acendeu.

Há 4 meses eu começara a praticar pole dance. Um esporte encantador. E se eu começasse a performar? Pole dance, chair dance... Uma coisa sentimental e sensual ao mesmo tempo. Me pareceu algo bem interessante. Quem sabe eu ganhava uma grana com isso também, mal não ia fazer.

Eu gostei da ideia. Até já sabia a primeira música do projeto. Mas se minha família e amigos me vissem fazendo isso... Que povo de mente pequena, acham que “pole dancer” e “prostituta” é a mesma coisa. Com certeza iam me chamar de puta pelas minhas coisas.

Nem gastava mais saliva explicando que pole dance é um esporte que traz diversos benefícios, principalmente força e as praticantes precisam usar roupas curtas porque é a pele que gruda na barra e permite que os moves fossem feitos. Então pra isso, eu precisava de um pseudônimo.

E foi assim que Tris nasceu. Uma nova parte de mim mesma. Eu só não imaginava que esse novo projeto fosse me trazer tantas aventuras inesperadas.