Alix havia voltado para seu apartamento, estava cansada demais, foi para o quarto e se jogou de costas na cama, não queria nada, nem falar com ninguém, nem mesmo com Luka, o dia tinha sido extremamente insatisfatório e cheio de lacunas.

Fluff saiu do seu bolso, e flutuou ansioso até ficar de frente para ela e lançou lhe um olhar preocupado: " Você realmente não me parece bem! Você está doente?! Ou apenas estar de mau humor hoje? Posso fazer alguma coisa?”

Ela suspira: “Não se preocupe Fluff, não estou doente! Não é ... nada demais. Apenas, um monte de pequenas coisas do dia a dia...”

Fluff: “Igual daquela vez?”

Ela suspira:” Um pouco mais complicado!”

Fluff foi até o lugar das suas cenouras pegou algumas e sentou-se na cama próxima a sua portadora, apenas esperando ela estar disposta a conversar.

Ela sorri e se lembra do primeiro dia que se abriu com seu Kwami.

Flash back

Hoje tinha sido um longo dia e extremamente insatisfatório, ela voltou para o seu quarto naquela noite, arrancando os patins e deixando-os largados no quarto e se jogou de costas na cama sem se importar em tirar a roupa de treinamento.

Fluff saltou de seu bolso, um olhar preocupado em seu adorável rostinho. "Está tudo bem? Você parece estar de mau humor! Você está bem?"

Ser tutora de um kwami ​​era diferente do que Alix poderia imaginar, não importava o que estava acontecendo, ou fazendo, onde quer que ela estivesse, Fluff estava sempre lá também, observando, escondido, ciente de tudo e ainda assim tão silencioso, era raro ele fazer qualquer movimento para chamar sua atenção quando estavam fora, ele só era extremamente agitado quando estavam fora das vistas de curiosos, ou seja em um banheiro ou em seu quarto.

Para alguém que estava acostumado a ser solitário, esta "proximidade" lhe parecia algum tipo de vigilância constante, ela não achou que se sentiria assim ao se tornar tutora dele, era um pouco estranho.

Não que ela não gostasse dele ali, ela tinha adquirido um carinho enorme por ele, mas realmente era estranho.

Ela sabia, é claro, que com o tempo passaria a confiar no pequeno, ela tinha visto como seu eu mais velho agia com ele, era certo que a relação deles era ...como explicar isso em palavras, era de uma sintonia perfeita, havia confiança mutua... mas isso vai ser anos no futuro, até então... era estranho... ela não era capaz de se abrir com qualquer pessoa, imagine se abrir para um pequeno ser mágico isto seria uma tarefa ainda mais lenta e complicada, bem era o que ela imaginava.

E também havia o fato de ser um pouco frustrante não poder estar em ação e se transformando com frequência, como os outros heróis, tudo porque os poderes de Bunnix eram fortes demais para serem usados ​​nos ataques de akuma do dia-a-dia, era a ultima alternativa, e ainda não podia ficar na toca pois não tinha terminado seu treinamento então simplesmente tinha que viver sua vida normalmente, ou quase, e agora com o adicional de que um pequeno ser observando cada movimento seu para se conhecerem melhor, é realmente Fluff tinha razão ela estava de mau humor hoje.

Fluff insistiu: "Alix, você está bem? Você está doente?! Posso fazer algo?"

Oh, por onde começar ou como explicar.- ela suspira - era difícil explicar todas as pequenas coisas que se acumulavam no seu dia a dia que a deixaram assim, perder aquela corrida de patins hoje foi difícil, seu treinador estava confiante de que ela ganharia fácil, e acabou que lhe chamando a atenção porque ela não deu seu melhor, mas seu joelho ainda estava doendo da queda da semana passada, onde ela caiu de mal jeito em uma curva, mas não deu importância no momento, porém hoje fez toda a diferença, e fora isto, ela ainda tinha dever de casa para fazer e nenhum desejo de começa-lo.

Mas, para dizer a verdade, todas essas coisas eram coisas fáceis de lidar em sua vida, o que realmente a estava deixando para baixo era ...

Fluff voou e deu uma pequena cutucada em sua bochecha a tirando de seus pensamentos.

“Você realmente não me parece bem... você precisa que eu faça alguma coisa? Vou pegar o termômetro ou então poderia..."

“Não, não precisa, não estou doente, não se preocupe!” Alix disse sem convicção " Tá tudo bem!"

Por mais descontente que estivesse, ela não pôde deixar de sorrir, geralmente Fluff era o ansioso, inquieto, conversador, aquele que precisava de cuidado e atenção, era doce saber que o pequeno kwami ​​ficaria feliz em fazer o mesmo por ela, quando  precisasse.

"Bem, seja o que for que você precise, é só me avisar e eu farei o possível pra ajudar!"

"Obrigado. Mas de qualquer maneira não há realmente nada que possa ser feito.”

"Por que não? O que está errado?"

Alix suspirou. “Não é ... nada demais. Apenas, um monte de pequenas coisas.”

"Como o quê?"

Como coisas que Alix não dizia em voz alta para ninguém, nem pra suas amigas, um turbilhão de emoções que giravam dentro dela que a deixava constantemente confusa e frustrada.

Mas Fluff parecia tão preocupado e interessado, e já que ia tê-lo morando em seu bolso pelos próximos anos, pelo menos, havia algumas coisas que não seriam capaz de esconder dele , não sem muito estresse, de qualquer maneira, ele iria saber ,decidiu começar com algo que era perfeitamente aceitável para reclamar:

"Para começar"-  disse Alix jogando os braços pra frente e se auto abraçando - "é aquela época do mês... se é que me entende..."

“Oh ...” Fluff acenou com a cabeça, seus olhos inquietos: “Lembro-me vagamente de portadoras reclamando sobre isso ...”

“É uma merda, dói, doi tudo, e tudo parece maior do que realmente é e não adiantou em nada tomar aquela pílula para pará-lo... parece que fez o meu humor fica pior e mais instável... É frustrante sabe... "

Ele concorda com a cabeça, e ela se questiona se realmente ele sabe, mas decide continuar:

 "E digamos que hoje não estava num bom dia e meu pai, bem você ouviu o que ele disse hoje certo?"

Fluff acenou com a cabeça novamente. Sentada no bolso de Alix o dia todo, não havia como não ter ouvido as indagações direcionadas a sua portadora, o que ele não achou gentil da parte de seu progenitor falar daquela forma com ela:

 Alix, minha filha, por que não colocou algo mais apresentável? 

Você não é mais uma criança, precisa parar de ser tão imatura, precisa aceitar suas responsabilidades!

Você é uma dama, sabia que era uma ocasião importante para nós, poderia ter colocado algo melhor!

"Sinto muito", disse Fluff, dando-lhe uma tapinha gentil na cabeça. “Não há nada de errado em se vestir assim, mesmo na sua idade.”

Alix estremeceu. "Sim, mas ... não é exatamente isso ... ou não só isso..."

Tinha sido bom quando ela era criança, sabendo que ela poderia apenas agir como quisesse, ser quem ela quisesse, e seria visto como sua fase de “moleca” e ela nunca precisara se preocupar com isso, mas, envelhecendo, começou a ser sufocante, como se ela devesse se encaixar em algum molde ...algo pré-moldado pela sociedade, sempre ouvia:

Deveria parar de se vestir assim, você é uma dama, vista-se como tal.

Devia se arrumar melhor está tão largada,deveria colocar algo mais feminino ou mais elegante!

Ser diferente, ter seu próprio estilo de vestir, naquela idade não era ideal, era obrigatório seguir um padrão, isso ...isso era frustrante.

Não tinha liberdade para ser quem ela queria, vestir o que estava afim, não, ela tinha que seguir um padrão...arggg como aquilo era irritante.

Fluff estava olhando para ela, mais inquieto do que o normal, diz um pouco exitante: “Alix? Há algo que você queira conversar?”

Sim, meu Deus, sim, como ela queria conversar com alguém, mas ela não estava acostumada a dizer essas coisas para ninguém,  por que ela deveria contar ao kwami ?

Seu telefone tocou era uma mensagem, ela deu uma olhada rápida, fez uma cara de quem não gostou do que leu e o jogou na cama com força, Fluff deu um pulo de surpresa.

"O que aconteceu? O que dizia a mensagem? Foi algo ruim? "

Alix balançou a cabeça negativamente, tentava manter aquilo como algo sem importância, mas o dia tinha sido demasiadamente frustrante pra ela e essa mensagem só a fizera lembrar dos parâmetros que lhe eram impostos, percebeu com alarme que o início das lágrimas ardia em seus olhos. Oh merda. Ela não ia chorar na frente do kwami, por fim decidiu responder ao pequeno:

"Foi Marinette", disse ela, piscando para afastar as lágrimas e tentando soar o mais indiferente que podia. “Ela queria saber se eu queria ir assistir a um filme hoje com eles.”

"E você não quer ir? Seria bom pra se distrair!"

“Passo. Estou muito cansada."

Fluff estava carrancudo, olhando para ela, aparentemente capaz de ver através daquela desculpa frágil que algo estava muito, muito errado, ela teve a nítida impressão de que esse kwami ​​já a conhecia muito bem, ou ela estava ficando doida?

Em qualquer caso, uma pontada de culpa a atingiu, Fluff estava se esforçando tanto para ajuda-la, para estar ao seu lado e fazê-la se sentir melhor, e ela não estava exatamente facilitando a vida do coitado, pois não conseguia nem dizer diretamente qual era o problema, mas era tão difícil...

Ela respirou fundo, lembrando-se de como o futuro Alix tinha estado tão perto de Fluff, tão à vontade, e isso deve significar que tudo acabaria bem e eles se entendiam de certo modo.

“Alguns dias como hoje ...eu só ... não sinto vontade de sair com eles" - ela começou tentando encontrar as palavras certas. - “Eles são maravilhosos, adoro estar com eles, e estou tão feliz que sejam meus amigos, mas ... eu...eu simplesmente não posso ir hoje... eu não me encaixo às vezes sabe...- ela suspira resignada - "porque…"

A expressão de Fluff mudou para mais atento ao que sua portadora tinha a dizer, pela primeira vez, aquilo realmente atingiu Alix, ele realmente estava interessado em saber como ela se sentia, este pequeno ato do kwami a fez se sentir especial, talvez Fluff fosse capaz de entender melhor, de fato, por que algumas coisas sobre a humanidade pareciam tão arbitrárias e complexas até mesmo para um humano, eram tão estranhamente sufocantes, ela respirou fundo e por fim ela decide colocar tudo para fora:

"Porque eles estão sempre em pares e eu acabo por me sentir excluída!"

O kwami soltou um "ahn entendo..." - foi o suficiente pra ela deslanchar em falar - " e além disso tem oooo ..ooo Luka ...sabe eu gosto dele..."

Fluff espantado: "Do rapaz da guitarra?"

"Sim, sabe todos acham que eu gosto do Kim, mas não, não gosto, o Kim é só um amigo mesmo, tipo aquele irmão que a gente gosta de perturbar sabe... Eu gosto de estar por perto pra desafiá-lo, é divertido vê-lo perder e ficar frustrado, mas na verdade eu tenho ... Eu realmente tenho uma queda pelo Luka, e ver ele sempre correndo atrás da Marinette e sendo rejeitado me deixa tão... arggg...é frustrante... e também como ele iria olhar pra mim?...- ela deixou sua frustração sair e as lágrimas correrem livremente...

Fluff chega perto dela e tenta limpar suas lágrimas: " Vamos garota...não fique assim, você é bonita do seu jeito, você tem estilo..."

Ouvir aquilo a fez rir involuntariamente, realmente ela tinha visto seu eu adulto e tinha gostado do seu estilo, era livre e simplesmente maneiro, ela se senta na cama e tenta limpar as lágrimas dizendo:

"Obrigada Fluff!" - ele flutua até ela e agarra sua bochecha dizendo: "Por nada!"

Flash back off

É realmente seu relacionamento com Fluff só tinha se estreitado, as vezes ela achava que o Kwami sabia mais sobre ela do que ela mesma, ele a entendia. Ela sorri e apenas observa o pequeno comer suas cenouras, ele olha pra ela e pergunta:

" Pronta pra conversar?" - Alix sorri para ele e confirma com a cabeça.