Um retrato de amor escrita por Teca Black


Capítulo 1
Num piscar de olhos


Notas iniciais do capítulo

É isso, espero que gostem :)
Fiquem à vontade pra entrar em contato, mesmo que seja pra desabafar.



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Nunca sei muito por onde começar. Começar pelo começo seria o mais lógico, mas ao mesmo tempo traria muita dor. Contemplar vagarosamente tudo que era e comparar com o que é, eu me perderia no devaneio e jamais chegaria no final. No ponto principal. O mesmo pode ser dito sobre começar pelo final. Não falaria sobre o começo, sobre tudo aquilo que precedeu o fim. e sobre o amor. Vou começar então pelo meio.

Você não é uma pessoa que especialmente se destaque na multidão. Não é o mais bonito nem o que tem a personalidade mais brilhante. Você não é a pessoa dos gestos grandiosos ou das surpresas espontâneas. Não. Mas você é confortável. Você é um cobertor quentinho num dia frio. Você é o melhor abraço depois de um dia horrível. Mas o principal: você era certeza. Certeza de que estaria sempre exatamente ali, a um grito de distância. Então eu burramente me apaixonei. Foi avassalador, assustador, perfeito e desesperador. Foi incontrolável. Quando os defeitos afloraram já era tarde demais. Tarde demais para ver o egoísmo, a facilidade que as inverdades vinham nos seus lábios. Eu sempre achava uma justificativa, um motivo. Ele está sofrendo, eu pensava, apenas não sabia lidar com a dor, eu dizia.

E assim, eu fui me partindo, abrindo mão de mim pra não abrir mão desse amor que me transformara tão profundamente que eu já não me reconhecia mais. Eu já não sabia mais ser eu sem ele, então como poderia desistir dessa relação? A cada vez que o perdia de vista, o peito gritava desesperado. O inconsciente já sabia o que o consciente lutava pra esconder. Você não estava mais ali, não de verdade. Talvez nunca estivesse estado, não como eu, de qualquer forma. A cada vez que você partia, eu sabia que aumentava a chance de nunca mais voltar. E como eu sobreviveria?

Até que um dia não voltou. E eu parti. Algo bem no fundo da alma foi embora para sempre. Para nunca mais voltar.

Mas a pior parte é que mesmo assim eu não aprendi. Não aprendi sobre a facilidade que você tinha de dobrar a verdade e não aprendi o quanto você gostava de cultivar as pessoas. Então me deixei ser cultivada. Com promessas vazias e meias palavras, com talvez muito improváveis no futuro. O meu amor teimoso que se recusava a morrer, que se agarrava desesperadamente a um fio de esperança que há muito já não tinha razão de ser.

E assim o coração foi feito de gato e sapato, foi destruído e destroçado, mas o amor continuava ali. Por causa de um “quem sabe quando eu tiver melhor”. Mas o quem sabe nunca chegou.

Agora tanto tempo depois as palavras entre nós se perdem. As conversas se tornaram frias e banais, sem sentido. Duas almas que já se despiram juntas hoje estão em dois lados distantes de um rio. Um rio profundo e intransponível. Até que de repente, inesperadamente, os corpos se encontram no meio do caminho, em um abraço que continua sendo a cura para todos os piores dias. O corpo custa a esquecer daquilo que a mente já não quer mais lembrar. Por apenas um instante, o rio se torna um riacho, nada mais que um fiapo d’água entre duas almas que se entrelaçam. Como eu queria morar nesse abraço. Mas ele acaba. E como se nunca tivesse ocorrido, você se vai sem olhar pra trás. E assim, o amor infinito intenso e avassalador, num piscar de olhos,

 

acaba.


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