First Love escrita por Lady Anna


Capítulo 1
1: I remember


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Muito feliz de estar postando mais uma vez nesse projeto incrível e já vou começar agradecendo as organizadoras perfeitas: red hood, violet hood, noora e prongs. VOCÊS FIZERAM TUDO♥
Também quero agradecer a Foster por essa capa incrível e que está combinando com a capa da fic da Morgan. Sério, tudo para mim!!! Não posso deixar de mencionar a Morgan aqui, por betar a fic, ouvir as minhas ideias sobre essa casal e criar a maravilhosa Anastacia Sorin e me deixar usá-la. Fanfiqueira maravilhosa faz assim, né? ♥

Ok, agora vamos falar um pouco da fic: FL se passa após a fic da Morgan, Summer Love, e eu aconselho que vocês leiam ela antes para não ficarem um pouco perdidos aqui haha. O link: https://fanfiction.com.br/historia/802796/Summer_Love/

Por fim, um beijão para morphmagus, yasmin e Callie que também postam hoje ♥



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Molly assoprou a mecha de cabelo chamuscada para fora do rosto. Já estava acostumada com o cheiro pungente do queimado, mas isso não o tornava confortável ou menos enjoativo. Ignorando a falta de equipamentos de segurança, os quais foram esquecidos na pressa, ela andou pelo cercado com a varinha em punho, procurando o filhote de Barriga-de-Ferro português que deveria estar ali. Na tarde do dia seguinte, três dragonistas portugueses iriam até a Romênia apenas para regressar com aquele filhote, que fora contrabandeado e, por sorte, salvo por funcionários do Santuário.

Sorte, afinal aquela era a maior raça de dragão e pesava até seis toneladas, ou seja, se não crescesse no ambiente adequado a criaturinha, que atualmente não tinha mais do que dois metros, poderia destruir cidades inteiras. Molly não estava preocupada por perder o dragão que deveria vigiar a noite, não, seria mais adequado dizer que ela estava completamente desesperada. Aquela era uma das primeiras vezes que seu tio a deixava em um cargo de confiança sozinha e a ruiva não poderia, de maneira alguma, informá-lo sobre aquele desastre.

Mesmo odiando voar, pegou uma vassoura e saiu voando, seguindo a trilha de árvores chamuscadas e terras secas. Era oficial, estava fudidamente ferrada. Quando percebeu que o filhote ia em direção ao rio Danúbio, abandonou a vassoura e aparatou ao longo do percurso em pontos estratégicos. Molly possuía a vantagem de conhecer muito bem a área e ser ótima rastreando dragões, o que a permitiu andar diversos quilômetros em apenas algumas horas. Os primeiros raios solares despontavam no horizonte quando finalmente encontrou rastros consideráveis; a óbvia destruição em uma rua periférica daquela cidade, até então desconhecida, marcava a passagem do pequeno dragão por ali. Um Barriga-de-Ferro português em meio a centenas de pessoas, o que poderia ser pior?

Ficou aliviada ao perceber que ninguém daquela cidade havia se machucado e que o dragão atingira apenas algumas casas, assustando a todos. Provavelmente o filhote parou o voo porque já estava cansado demais, afinal, até mesmo Molly já sentia a energia esvair de seu corpo devido as aparatações constantes. Percebeu que havia um grupo de bruxos já cuidando da situação, as varinhas escondidas em punho enquanto lançavam feitiços não verbais. A maioria dos trouxas estava transtornada demais para perceber que tudo se consertava magicamente e, aqueles poucos que notavam, eram distraídos por outros bruxos.

Molly decidiu ir até o grupo de bruxos mais próximos e descobrir para onde o dragão fora. Quando estravam em áreas urbanas era mais difícil rastreá-lo e infelizmente só conseguiria descobrir seu paradeiro se ele destruísse outra parte do local, o que ela torcia para que não acontecesse. Assim, precisava perguntar a direção em que ele fora e, com a maldita sorte, encontrá-lo em algum castelo velho ou algo parecido.

— Com licença. – Ela tocou no braço de um bruxo alto e de expressão calma. – Eu queria saber...

— Fique tranquila, senhorita, isso foi apenas um acidente. – Ele abriu um sorriso. – Logo tudo voltará ao normal.

— Sim, mas...

Molly olhou em direção a varinha dele, escondida no bolso do casaco, e instantaneamente o homem colocou a mão ali.

— A senhorita precisa de alguma coisa? Talvez possa se juntar ao grupo que está com John. – Ele apontou para um bruxo que explicava gesticulando algo para os trouxas reunidos a sua volta. – Ele explicará tudo que a senhorita quiser.

Molly dificilmente achava que John a explicaria para onde um Barriga-de-Ferro fora em meio a tantos trouxas. Nesse momento, percebeu que o homem a sua frente pensava que ela também era uma trouxa, o que só tornava a sua situação mais difícil. Nunca precisara dizer para outro bruxo que era uma bruxa, então o que exatamente deveria dizer? “Eu sou uma de vocês?” Parecia misterioso demais.

— Weasley?

Quando se virou na direção daquela voz, encontrou a última pessoa que imaginava encontrar ali.

Anastacia Sorin.

Na sua frente, com os mesmos olhos e o mesmo sorriso que fizeram Molly se apaixonar naquele verão, três anos atrás. Estava petrificada, sentia que sua boca estava pateticamente aberta e mesmo assim não conseguia dizer nada. Ao contrário dela, o bruxo ao seu lado estava ansioso para falar.

— Anastacia! Que bom que você aqui! Você já conhece essa jovem? – Ele sorriu, aliviado. – Pode ajudá-la, então. Eu não sei do que ela precisa, mas tenho certeza que vocês vão... conseguir. Até mais tarde.

Correndo, ele saiu dali e foi até alguns trouxas que chegavam perto demais dos entulhos de uma das casas derrubadas. Enquanto o observava, Molly se aproximou devagar de Anastacia. Era estranho encontrá-la após anos, e a sensação desconfortável que se instaurara entre elas só piorava tudo.

— Então, Weasley, devo supor que aquele dragão que passou por aqui é responsabilidade sua?

Molly sentiu as bochechas esquentarem e, não querendo admitir o desastre que aquele dia estava, se concentrou em outra coisa que pudesse conversar com Ana.

— Agora é Weasley, Sorin? – Respondeu, um sorriso sarcástico aparecendo em seu rosto.

— Achei que fosse seu sobrenome de gente famosa.

Pela segunda vez em poucos minutos, sentiu o rosto quente. Usara a cartada-Harry Potter apenas uma vez na vida e sentia vergonha disso até hoje. Não conseguia entender como James Sirius desfilava por aí usando seus sobrenomes como se fossem medalhas pelas quais deveria ser reconhecido.

— Você não se lembra do meu nome, Anastacia?

— Eu nunca me esqueci de nada sobre você, Molly.

Aparentando plenitude após aquela resposta, mesmo sentindo todo o seu corpo colapsar com algo muito parecido com expectativa, a Weasley respondeu:

— Então use-o.

Ana balançou a cabeça afirmativamente e elas passaram alguns segundos apenas se encarando. Aquilo estava ficando pior do que imaginava, ela só queria encontrar o filhote e levá-lo em segurança de volta e, ao invés disso, encontrara seu antigo amor de verão. Molly queria saber o que se passava na cabeça da outra garota naquele momento. Apesar dos anos sem contato, podia sentir que ela não mudara em nada: era a mesma pessoa que ajudara Molly a descobrir mais sobre si mesma alguns anos atrás, no início daquela história que parecia ainda não ter chegado ao fim.

— Então – Ana apontou para as ruas atrás delas –, você tem alguma coisa a ver com um filhote de dragão que passou voando por aqui, quase destruindo o sul da cidade?

— Eu estou rastreando-o. – Molly afirmou, sentindo-se mais confiante. – Ele foi contrabandeado e fugiu ontem à noite. Provavelmente está assustado demais, procurando algum lugar para se esconder. Como você disse, é um filhote, o que quer dizer que vai procurar outros dragões. Com base nisso, meu primeiro palpite é um castelo, talvez abandonado, mas também pode estar em algum lugar com bastante água, já que veio através do rio.

— Uau, alguém fez o dever de casa. – Anastacia sorriu, aproximando-se de Molly. – Bem, temos alguns lugares para visitar de acordo com a sua análise.

— Temos? Nós?

Ana sorriu, aquele mesmo sorriso de quando chamou Molly para conhecer a cidade na garupa de sua moto.

— Você conhece essa cidade?

Molly crispou os lábios. Não saberia dizer nem o nome do lugar em que estavam, muito menos andar por ali sem algum guia bruxo, já que não poderia pedir para um trouxa ajudá-la a encontrar um dragão especialmente perigoso.

— Não.

— Não vejo outra solução, então. Você precisa de alguém para te mostrar a cidade e eu estou de folga. Excelente coincidência. – Molly apenas concordou, seu pequeno sorriso refletindo o de Anastacia. – Vou buscar minha moto. Um minuto e já volto.

Com aquela frase o sorriso em seu rosto se tornou completo. Aquilo estava parecendo um déjà vu mais do que ela gostaria. Só esperava que não com os mesmos sentimentos da última vez.

***

— Em qual cidade nós estamos? – Molly perguntou, tentando encontrar um assunto seguro para conversarem.

Elas haviam ido de moto até o que parecia ser uma fortaleza de pedras. A vista era incrível e, se Molly não estivesse atrás de um dragão potencialmente destrutivo, adoraria conhecer aquele lugar e sua história.

— Ruse, Bulgária. Esse é o Castelo Cherven, ou as ruínas do que foi um dia. Era uma cidade fortificada na Idade Média e acho que um ótimo lugar para um filhote de dragão se esconder. – Anastacia apontou para a entrada do lugar. – É um ponto turístico muito conhecido e o lugar é enorme. Talvez leve algum tempo para vasculharmos tudo.

Molly apenas assentiu, incapaz de dizer alguma coisa. Estava cansada pela noite em claro e por ter aparatado muito e, no fundo, estava muito grata por Anastacia ter se oferecido para ajudá-la.

Elas compraram as entradas e logo se afastaram de um grupo de trouxas que visitava o lugar. Eles pareciam extasiados com as construções em pedra e todo o sistema que eram a marca de uma civilização, as ruínas do que um dia fora uma cidade incrível. Molly pensou que também estaria assim se estivesse ali apenas de viagem, talvez para visitar Ana algum dia. Isso a fez lembrar que o plano inicial da outra garota não era morar na Bulgária, mas sim na Noruega.

— Você não foi para a Noruega? – Perguntou, realmente curiosa.

— Fui. Eu fiz tudo que minha mãe sonhou por lá. – Ana abriu um sorriso sincero e melancólico. – Me formei, conheci mais da cultura trouxa e me apaixonei por tudo isso. Foi maravilhoso, Molly. Acho que mamãe ficaria orgulhosa de mim.

— Eu tenho certeza disso, Ana. – Elas se encararam por alguns segundos, antes de Molly desviar o olhar e pigarrear. – Então, como você veio parar aqui?

— Por mais que eu ame tudo da cultura e dos estudos trouxas, eu sentia falta do mundo bruxo. De todos os feitiços, poções e, sabe, magia. Eu consegui uma bolsa de estudos para a Bulgária e descobri que havia uma associação de bruxos por aqui. Eles ajudam os trouxas a manter tudo em paz, como você viu na cidade mais cedo. É tão incrível ver essa junção do mundo mágico e trouxa. – Os olhos de Anastacia brilhavam. – Você iria adorar.

Conversaram mais sobre suas vidas pessoais, sobre tudo que havia acontecido durantes os anos que não se viram, enquanto procuravam atentamente pelo filhote de Barriga-de-Ferro. Em voz baixa, Ana falou dos lugares em que morou, as coisas novas que conheceu e os amigos que fez, não contando a Molly sobre possíveis relacionamentos amorosos, que era o que a Weasley mais queria saber.

Quando chegou a vez de Molly falar de si, ela contou sobre como amava cada vez mais o Santuário de Dragões e como tinha certeza que era aquilo que faria para o resto da vida, contou sobre tudo que aprendera lá e sobre sua família e sua atual relação com eles, chegando ao desconfortável assunto que sua mãe era.

— Ela não gosta que você trabalhe com dragões? – Ana perguntou.

— Não, eu queria algo mais... adequado. – Molly bufou. – Ela nunca gostou da ideia de eu vir para a Romênia, para começo de conversa, e quando eu me assumi... ela culpou tio Charlie, disse que ele que estava colocando essas “ideias indecentes” na minha cabeça. Quis que eu voltasse para Londres pois, segundo ela, era só uma fase e logo iria passar. Nós discutimos depois disso e não nos falamos muito. É incrível, você precisava ver como os feriados são divertidos. – Molly acrescentou, ironicamente.

— Eu sinto muito, Molly. Isso é horrível. E o seu pai?

— Papai faz o melhor que pode. – Molly suspirou. – Sempre discute com minha mãe quando ela diz algo preconceituoso e diz que sou perfeita do jeito que sou. Explica para ela que eles devem me apoiar e que não há nada de errado em mim, mas ela nunca o ouve realmente. Muitas pessoas no nosso mundo não gostam dele pelo que ele fez quando jovem, eu sei disso, mas ele sempre foi maravilhoso comigo. – A ruiva fez uma pausa, refletindo. – Acho que o casamento deles está desmoronando, mas eu não fico em casa tempo o suficiente para saber.

— Seu pai parece ótimo. – Anastacia sorriu. – É ótimo que ele te apoie assim.

De repente, Molly se lembrou de que o pai de Anastacia não era exatamente um ser humano admirável. Não sabia ao certo quão ruim ele era, mas a outra parecia desconfortável demais para que ela perguntasse. Assim, decidiu continuar a conversa por um caminho mais leve.

— Ele adoraria conhecê-la. – Sorriu. – Não é nada parecido com o tio Charlie. Ele é mais cálculos e organização do que aventura e dragões, mas adora estudar sobre eles para conversar comigo.

Anastacia abriu um sorriso.

— Eu gostaria de conhecê-lo, Molly, espero ter essa oportunidade um dia.

Ela sentiu suas bochechas esquentarem um pouco e não soube ao certo por quê. Querendo desviar sua atenção daquilo, verificou o último canto daquelas ruínas que elas ainda não haviam procurado, constatando que o filhote de dragão não estava ali.

Sentiu-se cansada, afinal, tinha certeza que o encontraria ali e, bem, agora não fazia ideia de onde procurar ou se conseguiriam encontrá-lo. Percebendo a exaustão de Molly, Anastacia tentou animá-la:

— Nós conseguiremos encontrá-lo, Molly, fique tranquila. Ainda há algumas ruínas aqui perto e ele pode estar lá. Vamos, é bem perto. Podemos ir a pé.

***

— Lá está ele. – Anastacia apontou para um amontoado de rochas perto de um vale. – Aquilo é um... ninho de dragão? Você consegue ver melhor?

Molly esticou o pescoço enquanto assentia para a pergunta de Ana. Pela organização dos galhos, penas e restos de animais em volta das pedras, ela poderia apostar que aquele era um ninho de um Rabo-Córneo Húngaro, e pela expressão de Anastacia ela também sabia disso.

— Ele precisa ser tirado de lá. Este pode ser um ninho abandonado, contudo, na pior das hipóteses, a mamãe dragão apenas saiu para caçar e quando voltar encontrará um filhote de dragão e duas humanas aqui. – Ela balançou a cabeça. – Isso não é nada bom.

Elas se aproximaram o máximo possível, tentando chegar perto do filhote o suficiente para analisarem melhor a situação. Quando estavam a uma distância considerável, Molly percebeu que o pequeno Barriga-de-Ferro estava acordando de um cochilo e olhava atentamente para os restos de um animal, os quais estavam a alguns metros do ninho. Provavelmente os restos da caça de uma criatura mágica maior.

Quando ele saiu do ninho e correu até o que seria seu jantar, a Weasley acenou a varinha, realizando um feitiço não verbal que afastou os restos de animal do ninho mais alguns metros. O filhote parou e olhou em volta, desconfiado, mas logo voltou a andar na direção da comida. Vagarosamente, Molly continuou afastando a refeição do dragão, deixando-o alcançá-la apenas quando já estava a dez metros do ninho.

— Brilhante! – Elogiou Ana. – O que vamos fazer agora?

— Vou mandar um patrono corpóreo para tio Charlie no santuário. Não queria contá-lo que o filhote fugiu, mas já estamos longe demais para que eu consiga retornar com ele em segurança. – Molly tentou conjurar o patrono, mas apenas algumas faíscas azuis reluzentes saltaram da varinha. – Droga! Estou cansada demais para conseguir um patrono corpóreo.

— Como assim? Há quanto tempo você está trabalhando? – Anastacia perguntou, preocupada.

— Desde ontem a noite. Eu o estava vigiando quando fugiu. – Molly sentiu as bochechas quentes de novo.

— Eu não acredito que você fez isso, Molly Weasley! Saiu sozinha atrás de um dragão perigoso não estando descansada o suficiente para enfrentá-lo? Você poderia ter se machucado, por Merlin!

— Ele é apenas um filhote. – Respondeu, em um fio de voz.

— Nós duas sabemos que isso não é justificativa. – Ana parecia realmente brava. – Eu vou conjurar um patrono e enviar para Charlie, e enquanto isso você pode tentar a árdua missão de não colocar sua vida em perigo de novo, pode ser?

Molly se sentou em uma pedra, observando Anastacia conjurar um patrono e agradeceu por ter feito isso quando viu a forma brilhante que saltou da varinha dela. Uma raposa. Exatamente como o patrono de Molly. Ela ficou petrificada, seus pensamentos embaralhados entre teorias e esperança. Talvez aquilo fosse um sinal ou talvez fosse uma surpreendente coincidência.

— Você está bem? – Ana perguntou, a testa franzida. – Parece que você viu um fantasma.

— O seu patrono é igual ao meu. – Foi tudo que Molly conseguiu dizer.

Ana arregalou os olhos, sentando-se ao seu lado e ficando calada por alguns momentos. Por fim, decidiu quebrar o silêncio:

— O que você acha que isso significa?

— Eu não sei. – Molly suspirou, olhando para suas mãos. – É muito estranho ser apenas coincidência, não acha? Ao mesmo tempo... não sei se faz sentido. Quer dizer, você sempre foi uma incógnita para mim, Ana, e eu sou péssima em matemática.

Elas riram com a comparação, o clima tornando-se um pouco mais leve.

— Eu não acho que seja uma coincidência. – Declarou Ana. – Eu gostei de você desde a primeira vez que te vi e, bem, você foi o meu primeiro amor. Acho que ainda é.

Com aquela declaração meio torta e vigiando um filhote de dragão devorando algo estranho, um entendimento recaiu sobre ela. De repente, Molly percebeu que Anastacia não fora apenas seu amor de verão, mas também o seu primeiro amor. Aquela por quem o coração da ruiva bateu acelerado pela primeira vez. Anastacia Sorin ensinara muitas coisas a Molly, entretanto, não lhe ensinara a esquecê-la.

Era uma grande piada do destino descobrir aquilo agora. Não sabia ao certo o que responder, no entanto, sentiu que, não importava o que acontecesse com elas, precisava dizer o que sentia de verdade.

— Você conhece minha tia Fleur?

— Literalmente todo o mundo bruxo conhece toda a sua família de gente famosa, Weasley. – Brincou Ana. – Mas sim, eu a conheço.

— Quando eu era mais nova, ela gostava de contar historinhas para mim e meus primos. Eu adorava as de dragões, mas detestava que eles sempre fossem maus, então ela modificou as histórias para que eles fossem os heróis. – Ela sorriu diante da lembrança. – Não é esse o ponto. Um dia, eu tive de ir embora antes que ela terminasse a história e fiquei triste porque o casal ainda não estava no “felizes para sempre”. Antes de ir, eu perguntei por que eles não estavam juntos, já que se amavam e o amor era tão maravilhoso.

— O que ela respondeu?

— Ela disse que nem sempre há um final feliz na vida real, mas que eu podia ficar tranquila que aqueles que se amavam de verdade sempre estavam destinados a se encontrar. Nessa ou em outra vida. – Molly fez uma pausa, olhando no fundo dos olhos de Anastacia. – Acho que ela estava certa.

— Eu espero te encontrar em todas as minhas vidas, Molly. – Anastacia pegou a mão dela e apertou. – Eu te amo.

Molly não respondeu, não era preciso, apenas se aproximou mais de Anastacia e fechou os olhos, esquecendo-se de todas as obrigações que tinha naquele momento. Fazia muito tempo que não sentia o perfume dela, o calor de seu corpo e estava ansiosa por sentir os lábios dela nos seus de novo.

Infelizmente, o momento foi interrompido pelo barulho de passos e por três bruxos com varinhas em riste que chegaram até elas. Eles observaram as duas e o filhote de Barriga-de-Ferro a alguns metros, ainda se alimentando.

— Você é Molly Weasley? – Um deles perguntou.

Ela apenas assentiu.

— Somos os dragonistas portugueses enviados por Charlie. Foi muita sorte o seu patrono chegar tão rápido, já estávamos perdendo o rastro do dragão quando seu tio nos enviou uma mensagem.

— É claro. – Ela abriu o que pensou ser um sorriso. – Que bom que vocês chegaram.

— Esse pequeno já sofreu demais. – Disse outro dos dragonistas. – Obrigado por rastreá-lo.

Molly apenas assentiu, levantando-se. Conversou um pouco com os dragonistas sobre o filhote e como seria o trajeto dele para casa. Eles lhe entregaram uma chave de portal enviada por Charlie – uma colher – e disseram que o tio a estava esperando. Quando eles já haviam se afastado, ela encarou Ana, sem saber o que dizer.

— Então é isso. – Disse. – Obrigada pela ajuda. Eu... Preciso ir.

Anastacia assentiu, não dizendo nada. Molly pensou que era muito irônico que momentos antes elas estivessem se declarando e agora parecessem duas estranhas. Sentimentos eram confusos e difíceis de lidar. Não queria dizer algo como “adeus” porque era definitivo demais, mas também não queria mentir com um “até já”. Sendo assim, somente virou as coisas e saiu.

— Molly! – Anastacia a gritou e quando ela se virou, sentiu seus lábios sendo colados ao da outra garota. Uma corrente elétrica passou por todo seu corpo, deixando-a arrepiada e com vontade de aprofundar o beijo, mas Ana se afastou rápido demais. – Minha mãe deixou esse anel para mim. Parece que é uma herança de família ou algo assim. Eu quero que você fique com ele.

— Eu não posso, Ana, isso é muito importante para você. – Respondeu Molly, tocada e surpresa pelo gesto.

— Mas eu quero te dar. – Ana começou a colocar o anel com uma pequena pedra vermelha no dedo de Molly e, diante dos protestos dela, mudou a tática: – Fique com ele como um empréstimo, então. Na próxima vez que nos encontrarmos você me devolve. – Elas sorriam e entrelaçaram as mãos. – Porque eu com certeza vou te encontrar de novo.

Molly assentiu, colando seus lábios ao de Anastacia mais uma vez antes de ir. Dessa vez, também não se despediu, mas não por um desconforto e sim por sentir que as palavras eram desnecessárias. Sentia-se mais leve e feliz do que poderia imaginar e sabia que sua história com Ana ainda não terminara. Elas ainda não haviam chegado ao felizes para sempre.


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Notas finais do capítulo

O tanto que eu surtei para escrever essa história kkkkk as pesquisas sobre dragões e sobre a geografia (no que eu sou péssima, diga-se de passagem) me fizeram surtar com a escrita várias vezes!! Mas eu adoro esse casal, então não poderia deixar de exaltá-las por aqui♥ ANA E MOLLY SUPREMACY.
Espero que tenham gostado e nos vemos nos comentários!
Beijooos♥



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