Laços de Esperança escrita por Olívia Ryvers


Capítulo 4
Capítulo 4




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Marguerite não imaginava o quanto seu corpo estava carente por afeto. Os anos de solidão pareciam ter afastado dela a lembrança de quão delicioso era se sentir desejada por um homem. Entretanto, este não era qualquer homem. Lorde Roxton despertou um ardente sentimento que imaginava estar morto para ela. No momento em que os lábios dele tocaram os seus toda e qualquer consciência do que era prudente e seguro evadiu-se de sua mente, entregou-se aos apelos de seus instintos e mergulhou de cabeça nas sensações que John lhe proporcionava.

Ter aquela mulher em seus braços libertador” pensou Roxton enquanto provava o doce sabor de Marguerite. Desde sua viuvez, ele jamais se sentira atraído por outra pessoa como se sentia por ela. Mesmo após dezenas de tentativas frustradas de Verônica, nenhum dos encontros às cegas alcovitados pela irmã foram capazes de despertar isto nele. Na verdade, John tinha impressão metafórica de que seu corpo, sua mente e seu coração estiveram mantidos presos na escura caverna de sua alma de luto e que finalmente avistavam a luz que emanava de Marguerite.

O calor, a maciez da pele, seu o perfume, a forma como seu corpo se encaixava ao dele, tudo nela era convidativo e tentador. Encorajado pela reciprocidade dela, o nobre aprofundou o beijo deslizando uma de suas mão pelo dorso da mulher e alcançando sua cintura, puxou-a pra si, diminuindo ainda mais a distância entre eles.

Ela notou de imediato o desejo evidente dele, embora fosse libidinoso saber que ele a queria tanto quanto ela, o contato inesperado a fez despertar para o que estava acontecendo. Ela não tinha o direito de se sentir assim, não podia se envolver emocionalmente com ninguém agora, muito menos com alguém que sequer sabia a razão pela qual ela havia entrado em sua vida. Marguerite questionou-se se a arrebatadora e descontrolada excitação que a atingia era motivada pelas emoções do dia. Seu corpo involuntariamente retesou diante da possibilidade de sua reação a John ser oriunda do que ele representava na vida de sua filha, o excelente pai que era e possivelmente amoroso marido que um dia foi. Ela queria fazer parte daquilo, mas, infelizmente não podia, pois era uma intrusa ali e assim que ele descobrisse quem ela era a desprezaria.

Roxton percebeu a tensão nela. Afastando-se alguns centímetros observou os olhos constrangidos e hesitantes da mulher que acabara de beijar. Ela então aumentou a distância entre eles pousando suas delicadas mãos sobre o seu peito.

—Marguerite… _sussurrou ele.

Ela desviou os olhos incapaz de mirá-lo sem perder novamente o controle sobre suas ações.

—Eu sinto muito._falou por fim._não sou este tipo de mulher que…

—Eu nunca pensaria isso._a interrompeu levando pra longe qualquer preocupação que ela pudesse ter sobre como ele julgava sua moralidade._a culpa foi minha. Peço desculpas se não me comportei como um cavalheiro._ele fez uma breve pausa antes de acrescentar._Entretanto, não me arrependo._admitiu.

Um sorriso tímido rasgou a bela face dela. Marguerite também não se arrependia, vergonhosamente, ela não se arrependia de nada.

—Eu também não me arrependo._revelou com voz fraca mas sincera. Já estava escondendo coisas demais dele para negar algo que certamente afetaria sua autoestima masculina._Porém, eu…

—Existe outra pessoa?_perguntou com receio da resposta.

—Não._respondeu definitivamente com certo tom de inacreditabilidade na voz._não há ninguém._desde o término de seu casamento seu coração esteve fechado a este tipo de relacionamento. Malone insistia que ela precisava namorar, inclusive a apresentou a alguns de seus amigos advogados, embora interessantes e interessados, com nenhum deles Marguerite passou do primeiro encontro. Não dava aos pretendentes nenhum tipo de esperança ou falsa expectativa, em contra partida nenhum foi persistente o suficiente para fazer com que ela mudasse de ideia. Sempre foi muito sincera com seus sentimentos e suas intenções, pelo menos até agora._Você não fez nada de errado, apenas eu…

—Eu sei._disse ele.

—Sabe?

—Sim._sorriu em complacência_e você está certa.

—Estou?

—Claro! Nós mal nos conhecemos, não sabemos muito um sobre o outro. Foi extremamente impetuosa a minha atitude, espero que possa perdoar o meu desvio de conduta.

Ela perdoar? Marguerite não pôde deixar de notar a ironia do destino. John a pedia perdão quando na verdade a pessoa que esperava ser perdoada ali era ela.

—Não se preocupe com isso, considere o fato esquecido._mais uma mentira, pensou. Ela não esqueceria aquele beijo nem em um milhão de anos.

—Espero que o que aconteceu não interfira na sua presença no piquenique de amanhã… Abbie ficará decepcionada se souber que eu afugentei a convidada de honra dela._tentou exibir um tom divertido para tratar algo que realmente o preocupava. O que havia acontecido com ele para agir de forma tão indecorosa? Marguerite era uma dama e ele parecia um alucinado sedento por sexo.

Ela sorriu com extrema doçura e o coração de John falhou uma batida. A mulher a sua frente conseguia ser ainda mais linda quando mostrava os dentes perfeitamente alinhados e brancos adornados por lábios carnudos e róseos. Ele sentiu seu corpo responder involuntariamente. Mudou rapidamente o olhar dos lábios para outro foco e então conseguiu assumir novamente o controle sobre suas vontades.

—Você seria incapaz de me afugentar._declarou._nosso compromisso de amanhã está de pé.

John sorriu aliviado.

—Gostaria de compartilhar, sei que não tenho disponível uma cozinha para preparar sanduíches ou uma torta, mas, talvez eu pudesse comprar algo que vocês apreciem comer.

—Não se incomode com isto. Mary preparará tudo do que precisamos.

—Ainda sim não acho justo que eu não colabore com alguma coisa._insistiu teimosamente a mulher.

Roxton percebeu que não seria fácil persuadi-la, tinha o temperamento forte e um senso de justiça aflorado. Isto estranhamente o atraia ainda mais.

—Compartilhar sua companhia conosco já me parece uma boa colaboração, entretanto, se insiste, posso lhe contar um pequeno segredo._ele baixou a voz e se aproximou do ouvido dela_Mary não pode saber.

Marguerite riu da brincadeira e concordou com um aceno de cabeça.

—Mary não admite doces franceses em sua cozinha._continuou ele em confidência_porém, Abbie adora crème brûlée— fez uma pausa antes de continuar._e eu também_confessou._Eu soube que na delicatesse no final da rua vendem um crème brûlée excepcional._Olhou pra ela com uma expressão desconfiada_eu não lhe contei isso, ok?

Marguerite acenou com a cabeça em silêncio ao mesmo tempo que piscava um dos olhos. Aproximou-se dele e beijou-lhe o rosto com ternura.

—Obrigada._não esperou até que ele respondesse._boa noite._virou-se , pegou sua pequena mala e caminhou em direção a hospedagem.

John ficou parado observando a bela silhueta sumir na entrada da pensão. Levou a mão ao rosto e acariciou o calor dos lábios de Marguerite sobre a pele de sua bochecha. Sorriu e tentou organizar o que sentia, por fim desistiu. Não importava conceituar tal sentimento, afinal ele simplesmente estava feliz.

 


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