Laços de Esperança escrita por Olívia Ryvers


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo. Muito obrigada a todos que acompanharam e incentivaram essa fic ousada. Suas mensagens de carinho me impulsionaram e me motivaram. Prometo um epílogo e em breve novas aventuras.
Para acompanhar novidades primeira mão sigam meu perfil no Instagram @oliviaryvers. Beijos e mais uma vez gratidão!



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Os sentidos não voltaram todos de uma vez. O silêncio indicava que possivelmente já havia anoitecido. Sentiu o cheiro, parecia conhecido, entretanto de onde? Então reconheceu  a textura suave do lençóis de linho sob si, ela jamais esqueceria aquela sensação, tampouco, às mãos ávidas que a acariciaram na última vez que esteve naquela cama. Talvez fosse um sonho, estava confusa e não lembrava-se ao certo o que acontecera. Junto com a conscientização foram também voltando as lembranças. Marguerite estava no jardim, com Abbie, alguma coisa a perturbou… não estavam sozinhas. James. Protegendo a menina, pediu que ela entrasse na casa. Ele a ameaçou, disse coisas ruins e depois John aparecera para salvá-la… mas isso não era tudo, era? Não! Viu os olhos de James se estreitarem, viu quando se soltou dos seguranças e quando tirou a faca de sua bota e  a arremessou na direção de…

—JOHN!_abriu os olhos com seu próprio grito e num impulso lançou-se pra frente assustada como se precisasse novamente estar entre o homem que a amava e a faca que inevitavelmente o atingiria.

A dor foi alucinante. Seu corpo retesou automaticamente. Gemeu lacerante e só então percebeu que já tinha acontecido. Estava em algum lugar entre a consciência e o sono, mas agora se via completamente desperta.

—Shh…eu estou aqui._a voz profunda e preocupada de John a alcançou tão rápido como as suas mãos quentes_Está tudo bem… está segura._ não teve nenhuma restrição em beijar seu cabelo cheiroso antes de ajudá-la a deitar-se novamente. Continuou a segurar a mão dela enquanto se acomodava na poltrona que pusera ao lado da cama.

Havia ficado ali todo o tempo, vigilante. Mesmo depois que Dr. Summerlee descartou qualquer risco de morte e administrou sedativos para que ela pudesse descansar e se recuperar melhor. O que experimentara naqueles minutos em que estava inconsciente em seus braços ainda estavam vivos na mente de Roxton, não sabia ser capaz de sentir tanto medo. As palavras da irmã ecoavam o tempo todo em sua mente “a vida é curta demais para desperdiçá-la com orgulhos”. Verônica tinha total razão, a possibilidade de perder Marguerite nublava sua racionalidade e não se perdoaria se algo lhe acontecesse sem que ela soubesse o quanto a amava. Não importava se ela não sentia o mesmo, queria Marguerite ao seu lado independente de seu orgulho. Ela salvara a sua vida e ele usaria todo o tempo que lhe restasse dela para cuidar de Abigail e dar motivos para que Marguerite o amasse também. Mas antes, a convenceria de não ficar por aí se jogando na frente de lâminas, seu caracter protetor não suportaria conviver com isso.

O silêncio e o ar sombrio de John lhe provocou mais desconforto do que o próprio ferimento. Marguerite apertou com suavidade a mão dele chamando-lhe a atenção.

—Sinto muito pelo incômodo, John._ele não entendeu, então ela continuou_ não queria ter envolvido você, Abbie e sua casa nisso. Foi culpa minha ter levado à superfície essa história de venda de óvulos. Além disso, você não devia ter me trazido para o seu quarto… não era minha intenção ser um novo estorvo em sua vida e agora em sua cama.

Ele não pôde evitar rir do quanto ela estava enganada. Se suspeitasse que suas intenções eram nunca mais tirá-la daquele lugar. Que a partir daquele dia aquela não seria só a cama dele… seria a cama deles.

—Do que está rindo?_quis saber ela.

—Você acaba de me salvar de uma facada e pede desculpas. É irônico não acha?

Ela esboçou um sorriso dolorido, mas era o suficiente para aquecer o coração de John. Adorava vê-la sorrindo, e saber que tinha sido o responsável era ainda mais gratificante.

—Por que fez aquilo, Marguerite?

Sua pele pálida pela perda de sangue ruborizou levemente.

—Fazer o que?_ela sabia do que se tratava, mas queria um pouco de tempo para escolher a melhor resposta.

—Porque salvou minha vida sem se importar com a sua?

Ela baixou os olhos envergonhada. Preferia não falar sobre aquilo ali, onde tantas lembranças a preenchiam. Mas não era justo negar uma resposta.

—Abbie sentiria sua falta. Você é tudo para ela, não podia permitir que James o ferisse.

Ao ouvir o nome de Smith uma fúria novamente se ascendeu no seu íntimo. Quando assegurou-se que Marguerite estava estável tratou de usar sua influência como nobre de Avebury para ter um tempo a sós com o invasor de sua propriedade. Não era dado a vinganças mas queria que homem estivesse ciente de que a próxima vez que ameaçasse alguém que amava ele não teria piedade ou compaixão em puni-lo. Os olhos assustados de James frente a explosão de John foram mais do que prova que ele não incomodaria mais. Agora sua dívida era com a justiça.

—Ele não vai mais machucar ninguém. Fique tranquila, a justiça cuidará de tudo.

—Obrigada._ murmurou  ela.

John apenas assentiu. Não queria cansá-la agitando-a com emoções desagradáveis. Então decidiu mudar de assunto.

—Você dormiu bastante, deve estar faminta.

Era verdade. O estômago de Marguerite rosnava e minutos depois Mary trazia um apetitoso caldo de legumes. Ela agradeceu a governanta que sorriu com sinceridade desejando-lhe boa recuperação. Depois que a empregada saiu, Marguerite se deu conta que tinha um grave impedimento. Ela era destra e a imobilização do braço com a tipoia por conta da lesão a impossibilitava de levar a colher a boca. Ela conseguiria fazer muita coisa com o braço esquerdo, mas conduzir o talher aos lábios não estava na lista. John percebeu isso.

—Com licença._ ele pegou um pouco da sopa na colher e assoprou, era quase uma carícia o fôlego que saia da boca dele encontrava sua pele_quer que eu faça um aviãozinho?_brincou.

Ela gargalhou da piada e aceitou de bom grado a refeição que lhe era oferecida. Tentou ignorar o fato que que aquela atitude era por demais carinhosa, ele só estava sendo gentil, disse a si mesma. Porém, quando finalmente terminou, não pode se conter e tocou-lhe a mão que limpava seu rosto com a ponta do guardanapo. Ele imaginou que seria por gratidão,  entretanto, quando encontrou seu olhar sabia que havia algo mais.

—Eu não fui totalmente honesta com você, John. Mais uma vez escondi coisas importantes.

Roxton afastou o guardanapo e trouxe sua atenção toda para ela.

—Do que está falando?

—Quando me perguntou porque me joguei na sua frente , não foi só por Abbie… foi por mim também._admitiu_ não suportaria viver  em um mundo onde você não existisse… e não me perdoaria se algo que eu pudesse evitar lhe acontecesse.

Lorde Roxton ouvia seu coração acelerar a cada palavra e se perguntava se não estava vivendo um sonho. Ela continuou.

—Eu sei que não tem nenhuma responsabilidade sobre meus sentimentos e que talvez nem esteja acreditando em mim. Não o julgaria por isso. Eu trai sua confiança, mas, preciso que saiba que o amo, que nunca menti quanto a isso e que…

Ele tomou-lhe os lábios sob os seus em um ímpeto sedento e urgente. Só mais tarde pensou no machucado no braço dela. Marguerite também não pareceu se importar com a dor porque correspondeu ao beijo com igual fulgor. Quando se separaram para tomar fôlego, ele sussurrou.

—Eu acredito… e eu a amo também._se deliciou com o sorriso dela_ quando a vi inconsciente em meus braços a única coisa que pedia era a oportunidade de lhe dizer isso._confessou_ eu te amo, Marguerite!_beijou-lhes as lágrimas que escorriam de seus olhos claros._eu não quero só que faça parte da minha vida, como lhe sugeri uma vez… quero que você e Abbie sejam de fato a minha vida.

Não eram necessárias mais palavras. Algumas vezes no universo almas gêmeas que vagavam separadas finalmente se encontram, o destino faz com que aconteça. John e Marguerite sabiam que estavam presenciando isto, suas almas se completavam e dali em diante seguiriam juntas.

 

… seis meses depois…

 

Um coro entoava a canção mais tradicional de aniversário. John, Marguerite, Verônica, Malone e Mary haviam se dedicado muito em organizar uma comemoração surpresa pelo quinto aniversário de Abbie. Todo o evento tinha um sabor especial para Marguerite, os últimos meses tinham sido os mais incríveis de toda a sua vida. Estava realizada e completa, preparar o aniversário para filha era a cereja do bolo em seu manto de felicidade.

John havia lhe pedido em casamento na semana anterior e ela obviamente aceitou com entusiasmo. Verônica e Malone também desfrutavam de uma felicidade semelhante, cada vez mais envolvidos agora planejavam uma viagem a América para que a namorada conhecesse sua família. James Smith estava preso e ao que tudo indicava ficaria lá um bom tempo. A clínica de reprodução assistida perdera o processo movido por Lorde Roxton, a indenização altíssima e a falta de credibilidade levou Dr. Askwitch a declarar falência. Com o dinheiro da indenização Marguerite e John compraram a clínica e tornaram o espaço um centro de referência em pesquisasobre fertilidade humana. Era um projeto audacioso, mas, objetivo de ajudar outras mulheres no sonho de se tornar mães valia a pena. Com a influência de Lorde Roxton a ideia havia ganhado apoio e colaboração de várias universidades nacionais e estrangeiras. Dr. George Challenger aceitou o convite do casal para coordenar a instituição. Tudo parecia finalmente estar no seu devido lugar, ate mesmo a invejosa Charlotte tinha finalmente se convencido de que não havia possibilidade de se tornar a nova Lady Roxton e por fim encontrara um novo amor. Assim a paz e a harmonia voltava a reinar em Avebury.

—Meu amor, agora você sopra as velinhas e faz um pedido._Marguerite falou para a filha depois que a canção de parabéns terminou.

A menina encheu os pulmões de ar e soprou com toda força apagando as cinco velinhas sobre o bolo de cobertura branca.

—Meu último pedido de aniversário se realizou._confessou Abbie.

—É mesmo, querida? E o que você pediu?_questionou amoroso John.

—Uma mamãe._respondeu sem rodeios.

Os olhos de Marguerite se encheram de lágrimas. Com carinho beijou a cabeça da filha e com a voz embargada pela emoção perguntou.

—E o que você pediu este ano?

—Um irmãozinho, lógico!


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