I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 20
Capítulo Dezenove




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— Nyssa, saia desse banheiro de uma vez! Vamos chegar atrasados. — Dean gritou do quarto pela milésima vez.

 

A ruiva bufou, não se dando ao trabalho de responder novamente. Ainda estava terminando as tranças de seu cabelo, parte do coque que estava fazendo. Dean não entendia que ela demorava muito mais do que eles, que só precisavam tomar uma ducha e colocar o termo que já estavam prontos.

Olhou satisfeita para o espelho quando terminou o penteado. Colocou o brinco com franjinhas pretas e pegou a bolsa que estava em cima da tampa da privada. Abriu a porta do banheiro e se deparou com os dois sentados na cama. Quando a viram, não falaram nada.

— Estou tão mal assim? — perguntou chegando perto deles. — Sejam sinceros.

— Com toda certeza não. — Dean falou boquiaberto. — Nunca te vi assim garota. Você está tão gos...

— Dean! — ralhou Sam.

Olhou para o seu corpo no espelho grande do quarto, ignorando o comentário de Dean, por mais que seu rosto denunciasse como ficou envergonhada. Mas se olhando no espelho, precisava admitir que estava bem diferente do normal. O vestido azul delineava seu corpo até a altura das suas coxas, as faixas pretas ajudavam a marcar sua cintura e o tom do vestido fazia um belo contraste com o seu cabelo. O scarpan a deixava quase na altura de Sam, o que seria engraçado, já que Dean seria o mais baixo da noite. Tudo bem diferente dos jeans e blusas soltas que era acostumada a usar.

— Obrigada, mas isso não é nada demais. Vou pegar o sobretudo e já estamos prontos para ir. Enquanto estivermos indo para o ginásio podemos conversar sobre o caso. — avisou enquanto voltava para o banheiro e pegava o casaco. Quando voltei para o quarto, havia uma pessoa a mais. — Castiel?

Castiel sorriu para a ruiva. Ele estava vestindo um belo smoking preto e seu cabelo estava ajeitado, provavelmente com gel, e havia deixado de lado seu costumeiro sobretudo.

— Vocês fizeram isso? — perguntou acusadora para Dean e Sam quando entendeu o porquê dele estar ali. — Poderiam ter me avisado!

— Assim estragaria a surpresa. — Castiel respondeu por eles. — Está linda.

Sentiu seu rosto esquentar e abaixou o olhar. Castiel andou poucos passos até parar a sua frente, colocando uma de suas mãos no queixo da ruiva e levantando seu rosto. Seu coração começou a bater freneticamente na esperança de repetir o beijo, mas ele não veio. Castiel soltou seu rosto e se virou para os garotos.

— Podemos ir, não?

— Claro. — disse Dean pegando a chave do carro. — Finalmente a donzela está pronta.

— Vai se ferrar Dean. — o xingou.

Castiel estendeu seu braço para Nyssa, que aceitou prontamente. Caminharam até o carro e sentaram no banco de trás.

— Vamos confirmar se a diretora realmente é a bruxa. Não podemos sair matando sem confirmações. — falou principalmente para Dean.

— Quer mais alguma prova? Ela nunca envelheceu, tem a aparência de vinte anos até agora. E sempre foi uma megera conosco. — reclamou Dean.

— A marca nos corpos parece ser de algum tipo de anel ou brasão. Esse tipo de coisa uma bruxa não deixa solto por aí, sempre está com ela. Se encontrarmos alguém com o mesmo brasão, matamos. — Sam disse.

— Como vamos fazer isso? Uma bruxa só morre se for queimada, como fizemos com a bruxa da Lua de Sangue. — perguntou.

— Podemos deixá-la inconsciente e levá-la para a floresta que tem perto do colégio. — Dean deu a solução.

— Beleza. Eu trouxe uma faca, mas também posso usar minha katana e matá-la lá mesmo, mas temos que ficar sozinhas.

— Claro, é verdade. Vamos dar um jeito nisso.

Passaram o resto do caminho de forma tranquila e silenciosa. O ginásio não era muito longe do hotel, então não demoraram para chegar. Estacionaram o carro do outro lado da rua e caminharam em direção ao ginásio.

Todo o externo estava decorado com balões e cortinas vermelhas do chão ao teto. Várias luzes estavam apontadas para a parede da frente, movimentando-se o tempo todo. Havia um enorme tapete vermelho com arcos iluminados, juntamente com alguns painéis que exibiam fotos dos antigos alunos. A maioria ela não reconhecia, é claro, mas Dean e Sam apareciam em pouquíssimas fotos.

— Vocês não eram tão participativos, ao que parece. — comentou para os dois que estavam à sua frente.

— Nunca tínhamos chance. Não passávamos mais de seis ou dez meses em um colégio. — lamentou Sam.

Nyssa se segurou em Castiel para não tropeçar e não cair em nada, aumentando um pouco o contato de seus corpos. Entraram no ginásio e viu diversas mesas redondas postas ao redor da pista de dança onde já haviam pessoas. Foram para uma mesa afastada e se sentaram.

— Quando a virem, tentem dar algum sinal. — Sam comandou. — Mas duvido que seja fácil levá-la para longe.

— Posso tentar pedir alguma informação a ela que seja longe do ginásio. — Nyssa comentou. — Ou fazer com que ela nos veja indo para algum lugar errado e vir atrás de nós. Pelo que Dean falou, ela é bem rigorosa e é capaz de ir atrás.

— Vamos ter uma chance.

Alguns garçons passavam colocando bebidas nas mesas, todos em copos vermelhos como de festas de adolescentes. Pareciam que queriam que a festa fosse como anos atrás.

— Você pode beber? — Castiel perguntou quando ela pegou o primeiro copo.

— Teoricamente, não. Ainda não fiz vinte e um anos, mas ninguém aqui está levando em consideração. — piscou para ele enquanto tomava um gole do que descobriu ser vodca pura. — Estão colocando bebidas fortes aqui. Daqui a pouco todos vão estar um pouco alterados.

— Se é que já não estão. — Dean apontou para um casal que estavam praticamente transando no meio da pista de dança. — Vai ser engraçado até o final da noite. — zombou.

— Imagino.

Nyssa continuou observando as pessoas dançando, todas pareciam animadas e não tinham nenhuma consciência de que havia uma bruxa perto delas, que em um estalar de dedos poderia tirar todos os anos que restavam de suas vidas.

Cansada daquela desanimação, se levantou.

— O que acha de dançar um pouco? — propôs a Castiel, que a olhou espantando. — Qual é, duvido que você não saiba dançar um pouco depois de milênios de existência.

Assim que terminou de falar uma música calma começou a tocar. Levantou uma sobrancelha em direção à Castiel, desafiando-o. Ele levantou alguns segundos depois, receoso, pegando a mão da ruiva e a puxando para a pista de dança.

Segurou em sua cintura e começou a dar alguns passos.

— Viu, não é tão ruim. — sussurrou.

Apoiou sua cabeça em seu ombro e aproveitou para deixar que ele conduzisse a dança e curtir um pouco o momento.

(...)

— Nada dela? — perguntou aos meninos quando voltaram à mesa.

— Nada. Talvez tenhamos chances de encontrá-la quando ela discursar daqui meia hora. — Sam falou.

— Vou ficar nas salas atrás dos palcos. Fica mais fácil se alguém estiver lá assim que ela sair ou até mesmo quando ela estiver chegando. — avisou já me levantando.

— Tome cuidado. — Castiel pediu.

Pegou um copo de vodca enquanto andava em direção aos corredores do colégio. Ali apenas podia ouvir um pouco do eco que vinha da música, mas nada mais, e por isso barulho de seus saltos ecoavam pelo corredor.

Nyssa ficou atrás da porta que dava até outra parte do ginásio onde algumas conversavam atrás do palco. Ficou um pouco afastada, onde não poderiam vê-la. Analisou quem estava ali, todas já com as marcas de tempo no rosto, menos uma. Tentou encontrar algo em seu corpo que mostrasse o brasão, mas ela estava longe demais para conseguir ver alguma coisa com clareza.

Mandou um SMS avisando Dean e Sam e pediu para que focassem nas joias da diretora. Era óbvio que era ela quem sugava a vida daquelas pessoas inocentes. Se questionou como as outras pessoas não perceberam que ela não envelhecia.

Depois de alguns minutos ela foi chamada para o palco e as outras mulheres foram em direção às mesas. Nyssa permaneceu atrás da porta, vendo-a falar incansavelmente sobre a juventude e o passado. Viu que Sam estava nas primeiras mesas, atento à diretora. Ele percebeu que a ruiva estava atrás da porta pela passagem de vidro e assentiu. Era o sinal de que ela precisava.

Mentalizou a Katana em suas mãos. O brilho azulado já era aparente. Ouviu aplausos do outro lado e se preparou, escondendo-se atrás dos armários de metal. Essa era a hora. Era a primeira vez que enfrentaria algo sozinha, ao menos de propósito, e estava ansiosa por isso. A porta se abriu e ouviu o barulho dos saltos vindo em sua direção. Ela estava sozinha.

Antes que ela pudesse ver que a ruiva estava ali, Nyssa pulou a sua frente, apontando a Katana para seu rosto. Ela a olhou espantada, talvez pelo susto, mas logo relaxou o rosto.

— Nyssa. — sussurrou. — Sabia que tinha sentido um poder diferente no ginásio, mas não imaginei que seria você.

— Você me conhece? — perguntou curiosa, não tirando seus olhos dela.

— Não pessoalmente, mas já ouvi falar muito sobre você nestes últimos tempos. A arma contra Deus. Esse tipo de coisa espalha rápido entre nós. — sorriu. — Muitos cobiçam o que você tem.

— E aposto que você é uma delas. Matando pessoas inocentes para manter a pele perfeita. Você não pode continuar a fazer isso.

— É claro que sim.

Ela movimentou uma de suas mãos e Nyssa sentiu algo pressionando seu peito, jogando-a para trás. Atravessou o corredor, batendo suas costas nos armários. Mentalizou o escudo ao redor de seu corpo e foi em direção a bruxa, que sorria diabolicamente para ela. Tentou lançar outro feitiço contra a ruiva, mas não conseguiu passar pelo escudo.

Nyssa chegou perto dela, colocando a ponta da lâmina embaixo de seu queixo.

— Você devia saber que não é fácil lutar contra mim.

— Não foi o que ouvimos depois da sua quase morte. — aumentou ainda mais seu sorriso. — Você ainda está tão fraca...

Não deixou que ela terminasse de falar. Em um movimento rápido passou a lâmina por seu pescoço, arrancando sua cabeça. Não houve grito dessa vez, apenas o seu corpo se desintegrando ao pó vermelho.

Ajeitou seu vestido, vendo o pó desaparecer. Olhou ao redor e não havia ninguém por perto. Ótimo, sem testemunhas. Voltou a andar em direção ao ginásio, fazendo a Katana desaparecer.

— Perderam a diversão. — falou quando sentou ao lado de Castiel. — Pensei que vocês iriam para os corredores também.

— Mesmo que eu quisesse, decidimos deixar essa só para você. — falou Dean.

— Como foi? — perguntou Sam.

— Sem complicações. — balançou os ombros. — Mas talvez haja problemas. Ao que parece, alguém espalhou o boato da minha quase morte.

— A bruxa falou algo? — Castiel perguntou ao seu lado.

— Comentou que isso está passando por todos e que estão achando que não passo de uma humana fraca, pelo jeito que ela falou foi como se achassem que eu ainda não estivesse capacitada ainda.

— Talvez mais pessoas tentem atacar você. — comentou Sam.

— É possível. — suspirou. — Vocês vão querer continuar na festa ou voltar para o hotel?

— Eu vou querer ficar. — Dean sorriu malicioso. — Algumas filhas vieram com as antigas alunas, quem sabe que não aproveite um pouco.

Revirou os olhos. Já imaginava que faria algo assim.

— Também vou ficar, mas para cuidar desse aí. — Sam apontou para Dean que bebia todo o copo de vodca de uma vez só.

— Acho que vou para o hotel. Quero dormir antes que esse chegue fazendo barulho.

— Quer carona? — Sam se ofereceu. — Posso ir e voltar para cá.

— Não precisa, posso ir até lá rapidinho. — piscou para ele. — Vai comigo? — perguntou para Castiel, que assentiu. — Então eu já vou indo. Se cuidem.

Levantou-se da cadeira, se enganchando em Castiel novamente e indo em direção à saída. Não poderiam simplesmente se teletransportar diante de tantas pessoas, mesmo que elas estejam ligeiramente bêbadas e provavelmente nem se lembrariam daquilo no dia seguinte. Quando chegaram ao jardim em um espaço que não haviam pessoas por perto, Nyssa os levou até o hotel.

Ligou as luzes e tirou os saltos, sentindo-se maravilhada. Começou a tirar as jóias e as colocou na mesa de cabeceira de sua cama. Percebeu que Castiel continuou parado perto da porta.

— O que foi? Se quiser, pode ir, não tem problema. — sorriu. — Mas antes queria agradecer por hoje. Fiquei feliz por você ter ido comigo.

— Não precisa agradecer. — disse enquanto andava até ela. — E além do mais, você ficou muito bonita neste vestido. — elogiou enquanto acariciava sua bochecha.

— Obrigada. — sussurrou. — Você também não ficou nada mal neste smoking. É raro ver você com algo além do sobretudo. Me surpreendeu três vezes esta noite.

Castiel colocou uma de suas mãos em seu queixo e a fez erguer um pouco olhar, olhando em seus olhos. Nyssa prendeu a respiração. Ele estava com o mesmo olhar da outra noite, olhando-a com paixão e ternura.

Quando seus lábios se tocaram, a ruiva sentiu o mesmo frenesi da primeira vez. Enlaçou seus braços no pescoço do anjo e colou ainda mais o seu corpo no dele. Sua lingua pediu passagem e ela aceitou prontamente. Desta vez estava sendo mais intenso, com mais desejo do que na outra vez. Era como se Castiel estivesse tentando algo a mais, tentando expressar o que não conseguia verbalmente.

O empurrou levemente quando o ar se fez necessário. Sua respiração estava ofegante, mas sorria. Não tirou seus braços de seu pescoço, com medo de que ele desaparecesse como da outra vez, mas parecia que ele nem ousaria fazer isso.

— Obrigada por não fugir desta vez. — brincou.

Ele riu e negou.

— Vou tentar não fazer mais isso. Mas agora você tem que dormir. Creio que amanhã cedo vocês já irão voltar para Sioux.

— Okay... — falou se desvencilhando dele. — Só vou trocar de roupa e já vou deitar. Você já vai?

— Sim, mas encontro vocês amanhã na casa de Bobby.

— Então até amanhã.

— Até.

Quando o anjo desapareceu, ela voltou para o banheiro e tomou uma ducha rápida. A ajudaria a relaxar e espantar certo pensamentos que vieram durante o beijo. Terminou de se arrumar, colocando um pijama leve e deitou na cama, desligando as luzes.

(...)

— Oh querida, você está tão diferente, parece tão madura. — Irmã Sophie comentou com a voz embargada. — Esses últimos meses fizeram diferença para você.

— Muito. — Nyssa sorriu para ela. — Mas nada mudou meu carinho por vocês, apenas não tive muito tempo para visitas, mas estava com tantas saudades. — lamentou enquanto segurava suas mãos por cima da mesa.

— Não se preocupe, ao menos não se esqueceu de nós. — sorriu. — As meninas estão com saudades suas. É uma pena que você tenha vindo justamente enquanto elas fazem a excursão.

— Tudo bem, virei outro dia quando tiver certeza de que elas estarão aqui. — prometeu. — Tenho que ir agora, ainda tenho que passar na mercearia antes de ir para casa. — falou enquanto se levantava da cadeira com Irmã Sophie.

— Claro, claro. Cuide-se minha filha. — disse enquanto depositando um beijo em sua testa.

Nyssa saiu da igreja e foi em direção à mercearia. Bobby havia comido tudo o que havia na despensa enquanto viajavam, então se ela quisesse comer algo que não fosse fast food naquela noite, teria que passar lá.

Assim que entrou na minivan que Bobby emprestou a ela, logo depois de terminar as compras, começou a dirigir em direção à casa. A sensação de que havia algo de errado se apossou de seu peito, aumentando a medida em que chegava em casa, fazendo-a acelerar o máximo que podia.

Estacionou na frente da casa e subiu as escadas correndo. Abriu a porta e viu a maioria dos livros espalhados no chão. Largou as sacolas e correu em direção ao escritório, vendo Bobby caído no chão.

— Droga. — falou se jogando ao seu lado. — O que aconteceu?

— Eles levaram eles, Nyssa.

— Quem? Como assim? — perguntou desesperada.

— Dean, Sam e Castiel. Os arcanjos os levaram. 

 


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