I'd do Anything for Love (even destroy myself) escrita por Saint Jily


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer novamente as meninas do Pride Month, e a Rafa. Obrigada pelo apoio que vocês me deram quando eu precisei escrever essa fic aos 45 do segundo tempo pra finalizar as inscrições!



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Lily pegou suas roupas que estavam espalhadas no chão do quarto, tentando ser o mais silenciosa possível. Ela correu para o banheiro da suíte numa tentativa de se esconder fosse do rapaz que ela tinha acabado de transar ou de si mesma. Enquanto se vestia, não teve coragem nenhuma de se encarar no espelho. Ela sabia que, no momento em que fizesse isso, começaria a chorar.

Lily saiu do apartamento tão rápido quanto pode, sem fazer questão de deixar um bilhete. Ela queria esquecer que aquela noite tinha acontecido. Eram três horas da manhã quando ela abriu o celular e chamou um táxi para voltar pro apartamento que dividia com suas amigas. Lily torcia para que, quando chegasse lá, elas já estivessem dormindo. Ela também não conseguiria encará-las e fingir que estava tudo bem. Elas saberiam na hora que tinha alguma coisa errada.

E, por Deus, parecia que absolutamente tudo na vida de Lily, naquele momento, estava errado. 

Ela sabia que ela era diferente. Tinha noção disso já fazia muito tempo. Mas, mesmo assim, Lily tentou ser igual às outras pessoas. Se ferindo imensamente no meio do caminho. Porque ela sabia que era assexual. E acabara de sair de fininho depois de transar com um estranho.

Quando o táxi parou na frente do prédio, ela finalmente se permitiu respirar. Entrou no carro, tentando esconder o desespero que sentia, sem perceber que essa tentativa havia sido falha, porque as lágrimas que até então estivera segurando começaram a descer pelo seu rosto. 

Ela sentia que não tinha ninguém com quem pudesse conversar sobre isso. Por isso, Lily segurou a tempestade que havia dentro de si, com medo do que aconteceria quando finalmente a liberasse.

Ela não sabia como havia chegado no seu apartamento. Havia se colocado em modo automático, de forma que não se lembrava da trajetória do carro, de subir as escadas, de chegar em casa.

Quando entrou no seu quarto e trancou a porta, entretanto, ela finalmente se permitiu sentir.

E Lily chorou pelo que pareceram horas. 

Ela se abraçava com o máximo de força que podia, tentando se sentir acolhida por si mesma. Mas era quase impossível se consolar quando, simultaneamente, ela se culpava. Se culpava por ter se forçado a fazer algo que ela não queria.  Por se sentir traída por si mesma. Por ter se violado mais uma vez.

Ela nunca havia sentido uma dor tão profunda em seu peito quanto a que sentia agora.

Ela sabia que se entendia como graysexual e que sim, ela poderia querer transar em algum momento. Em algum momento, a ideia de dividir a cama com outra pessoa não a deixaria em pânico como ela estava se sentindo agora.

Mas, mesmo assim, mais uma vez, ela se forçou a estar com alguém. 

Porque Lily sabia que, se não se forçasse, nunca teria chances de ser amada. 

Porque ninguém aceitaria estar com uma pessoa tão quebrada quanto ela. 

Seu pulmão doía. E Lily sentia que não conseguia respirar. 

 

| I (ace) You) |


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Notas finais do capítulo

Neste mesmo dia, após sua crise de pânico, Lily Evans inscreveu-se no fórum sobre assexualidade no reddit.
Eu sei que essa fic é bem triste e angst, e eu escrevi ela em um momento que estava tendo a mesma dificuldade pra aceitar a minha assexualidade que a Lily. Eu espero que vocês tenham gostado do que surgiu disso, e se você estiver passando pelo mesmo que eu: vai ficar tudo bem. O processo de aceitação é o mais difícil, mas a gente consegue.