Precisamos de Uma Babá escrita por Fofura


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802858/chapter/1

A Sra. Grissom jamais pensou que pisaria naquele laboratório novamente. Percebeu que não importava que rumo diferente tomasse ou quanto tempo passasse, ela sempre voltava.

Daquela vez não era permanente, até porque tinha outras prioridades e obrigações, todas das quais não imaginava que teria. A vida de casada sim, ela já teve, mas a maternidade nunca esteve em seus planos. Aliás, esteve sim, mas não chegou a acontecer de fato.

Já haviam se passado seis anos desde a última vez que esteve ali, quando desistiu da diretoria para velejar com Grissom. Demorou cerca de um ano e meio mais ou menos, pra voltar à cidade do pecado, pois além de sua gravidez ter sido arriscada, queria curtir aquela experiência com Gil. Viajaram algumas vezes para visitar os amigos, mas sempre ficavam pouco tempo.

Agora com a ligação que recebeu do laboratório em risco, e Jim também, Sara e Grissom tiveram que voltar à Las Vegas e pensaram "Precisamos de uma babá".

Isso não foi tão difícil assim, e acharam uma confiável, mas sempre que paravam pro café ou esperavam resultados, Sara ligava pra saber se estava tudo bem por conta da saudade que apertava. Não podiam voltar pra casa o tempo todo para averiguar, então só restava o telefone.

Foi com surpresa que recebeu uma ligação de casa, quando estava no locker se arrumando pra sair à campo com um dos CSI’s novatos.

— Oi Hodges!- atendeu.

— Oi Sara! Tudo bem por aí? Que ótimo! Olha só...- ele falou num fôlego só sem esperar ela responder e Sara quis rir. Que desespero era aquele? — O que você deu pra esse menino?

— Como assim?- ela estranhou a pergunta e franziu o cenho.

— Fala pra mim, o que tinha no teu leite? Energético?- Sara fez aquele barulho com a garganta, de quem quer rir. — Esse menino não para quieto desde que acordou. Eu digo A, ele diz B. "Arthur, senta um pouquinho" "Ah, não quero". Sério, se eu já era grisalho, agora estou igual ao Grissom.- Sara erguia as sobrancelhas e abria a boca surpresa, se divertindo com o que escutava. — De verdade, é mais fácil cuidar de vinte crianças iguais a Anne do que uma igual ao Arthur.

Sara riu do desespero dele. Ele já tinha brincado com Arthur e Anne algumas vezes desde que nasceram, mas nunca passou um dia inteiro com eles.

— Deixa eu falar com ele, Hodges...

— Arthur!- ouviu-o chamar seu filho. — Sua mãe no telefone!

Ela conseguiu ouvir um "Mamãe! Mamãe!" entusiasmado do filho e sorriu com isso, e do que Hodges falou em seguida: — Pelo menos de você ele gosta.

Sara riu e ouviu a voz do filho na linha.

— Oi mamãe!

— Oi filho! O que você está aprontando, mocinho?- Sara semicerrou os olhos com um sorriso escondido.

— Eu? Nada.

— Arthur, não mente pra mim. O tio Hodges falou que você estava fazendo bagunça.

— Foi… só um pouquinho…

— Mas não pode, meu amor. Você prometeu pra mim que ia se comportar.- do outro lado da linha, Arthur abaixou a cabeça, triste com a bronca. Hodges apenas observava. — Tem que obedecer, porque senão quando papai e eu voltarmos pra casa, vamos levar só sua irmã pro parque de diversões. Você acha justo levar só ela, e você não?

— Não.- ele respondeu tristinho.

— Eu também não acho nem um pouco justo, mas é o que vai acontecer se você não se comportar direitinho. Se ele falar pra você ficar quietinho, você fica. Se ele pedir pra você ir comer, tomar banho, dormir… você vai. Se ele disser pra não fazer bagunça, você vai obedecer.- Arthur ouvia a bronca calado até a mãe terminar de falar. — Entendeu, amor? Promete pra mamãe que vai ser bonzinho com o tio Hodges.

— Tabom mamãe… Desculpa…

— Tudo bem.- sorriu. — Eu sei que ele pode ser estranho e às vezes chato, mas é uma boa pessoa né.- brincou só para fazê-lo rir, pois sentiu que ele tinha ficado triste com a bronca.

Quando seus filhos conheceram o ex técnico — já com a consciência de reconhecer e falar quem é quem, lá pros três/quatro anos de idade — eles disseram que o tio Hodges era meio esquisito, que sempre usava termos difíceis e técnicos, mas que era até engraçado.

— É.- o menino riu concordando.

Hodges franziu o cenho com isso, pois Arthur olhou pra ele quando riu.

— Então estamos combinados, né? Posso confiar em você?

— Pode, mamãe.- ele sorriu.

— Então tá bom, passa pro tio Hodges agora. Mamãe te ama.

— Também te amo.- mandou beijinhos e entregou o telefone ao adulto de volta.

— Misericórdia.- Sara ouviu novamente a voz do colega. — Ele me olhou com uma cara! Ele é igualzinho a você.

— Não entendi o comparativo.- Hodges riu e Sara balançou a cabeça. — E a Anne?

— Essa preciosidade não me dá um pingo de trabalho. Está na mesa de jantar desenhando e comendo biscoitos.- ele respondeu admirando a criança quietinha desenhando. Serena, igualzinha a Grissom. — Quer falar com ela?

— Quero.- a morena sorriu ansiosa pra falar com a filha.

Anne ficou feliz em atender.

— Oi mamãe!

— Oi, minha princesa! Como você está?

— Tô bem, tô comendo biscoitinhos.

— É mesmo?- sorriu abertamente. — E está gostoso?

— Aham…- balançou a cabeça mesmo que a mãe não pudesse ver. — Você já vai voltar pra casa?

— Não, meu amor…- ficou triste com a pergunta. Ela não gostava de ficar longe dela e de Gil. — Vamos demorar só mais um pouquinho, tá?

— Tá…- ela respondeu decepcionada. — Cadê o papai? Eu tô desenhando borboletas.

— Borboletas! Nossa, eu estou doida pra ver!

— Mas eu não sei que cor pintar elas, mamãe…

— Ah, pinta com suas cores favoritas, amor…- nessa hora, Park apareceu na porta do locker perguntando se ela estava pronta pra ir. Ela fez sinal com a cabeça que sim e com o dedo fez pra esperar um minutinho. — Filha, a mamãe tem que desligar agora, tá?

— Mas você acabou de ligar...- disse triste. — Eu queria falar com o papai também...

— Eu ligo de volta assim que puder, meu anjo, está bem corrido aqui. Eu juro pra você, tá?

— De dedinho?

— De dedinho.- Sara sorriu. — Beijinho, mamãe te ama.

Ela disse o mesmo e devolveu o telefone para Hodges.

— Hodges, qualquer coisa me liga tá? Arthur sossegou?

Hodges olhou pra sala onde o menino estava.

— Está assistindo desenho. Não sei o que falou pra ele, mas funcionou.

Sara riu.

— Que bom!

Ƹ̴Ӂ̴Ʒ ~

Quando Sara voltou, encontrou o marido na sala de descanso.

— Oi!- sorriu ao vê-lo.

Ele respondeu com o mesmo sorriso, mas deu pra ver que estava cansado.

— Quantas xícaras de café já tomou?- inclinou-se para beijar seus lábios de leve.

— Umas três, talvez.- respondeu Gil após o beijo, suspirando.

Sara sentou em uma de suas pernas e acariciou seus cabelos agora completamente brancos e ainda sedosos.

— Tem que dar uma parada, Griss…

— É que nada faz sentido, amor.

— Eu sei, vamos descobrir o que está acontecendo.- beijou sua testa e levantou para pegar um pouco de café também.

— Falei com as crianças. Arthur estava deixando Hodges de cabelo em pé.

— É mesmo?- Gil não conseguiu evitar a risada.

— Eu disse pra ele se comportar e parece que ele ficou quieto depois da bronca. Anne queria falar com você.

Grissom sorriu.

— Que saudade da minha princesa.

Sara quem sorriu dessa vez. Ele era muito apegado aos filhos, de um jeito que ela jamais imaginou. Gil tinha se mostrado um pai maravilhoso ao longo dos anos e era uma delícia observá-lo com as crianças.

— Vamos voltar logo pra casa… Assim espero.

Ƹ̴Ӂ̴Ʒ ~

Gil e Sara demoraram poucos dias pra voltar pra casa. O caso ainda não tinha sido solucionado, mas eles pediram e decidiram dar uma pausa pra ver os filhos e dormir devidamente. Uns cochilos no hotel não eram o bastante. Se voltassem pra casa pra cochilar, seus filhos iam questionar o porquê de voltar e sair tão rápido.

Sara entrou primeiro enquanto o marido guardava o carro na garagem.

Foi quase recepcionada com uma festa quando chegou. As crianças correram para abraçá-la e largaram o quebra-cabeça que montavam com Hodges no tapete.

— Ah, meus amores!- Sara os abraçou forte dando beijinhos em cada um. — Não demorei tanto assim, demorei?- Sara riu ao receber um "sim!" dos filhos.

— Tio Hodges disse que achou que você tinha abandonado a gente com ele.

— Como castigo por ser puxa saco.- Anne completou a fala do irmão.

Sara deu risada ao ver Hodges se aproximar "animado". Tinha olheiras e cara de cansado.

— Esse é o resultado de cuidar de duas crianças por alguns dias?- sorriu ao olhar pra ele ainda abraçada aos filhos.

— Ah, eu só vou fazer parte do elenco da nova temporada de The Walking Dead, nada demais.

Sara riu.

— Obrigada por cuidar deles. Vou ficar te devendo.

— Você tem sorte que eu adoro vocês e esses dois pimpolhos, senão eu nunca toparia.

Sara riu mais uma vez e olhou pra filha ao ouvi-la perguntar: — Cadê o papai?

Grissom entrou na mesma hora.

— Alguém perguntou por mim?

— Papai!!- os dois sapecas correram até Grissom que pegou os dois no colo de uma vez. Eles abraçaram seu pescoço e o entomologista sorriu.

Sara também sorriu ao ver a cena.

— Cada dia que passa eu acho menos que Grissom parece avô deles.- comentou Hodges fazendo Sara revirar os olhos.

— Ele ficou chateado com o que você disse. Eu tive que insistir que era mentira.

— Mas parecia, Sara. Quando eles nasceram, parecia. Você ficou brava comigo por nada.

— Por nada?? Gil já achava que era velho demais pra ser pai e você ainda vem com um comentário desses? Tem sorte que isso foi há cinco anos e ele já esqueceu.

— E então?- Gil cortou a conversa deles colocando os filhos no chão. — Como foram as coisas por aqui? Algum problema com eles, Hodges?

— Nada que não já tenha sido resolvido.- fez cara de convencido arrumando a gola da camisa. Gil revirou os olhos fazendo Sara rir. — Anne teve febre alta noite passada. Eu tentei ligar pra vocês, mas estava fora de área. Como não sabia o que fazer, liguei pra uma médica, que a propósito era muito simpática, atenciosa, bonita, loira…

— Hodges!- o casal disse ao mesmo tempo.

Ele fez careta e continuou: — A médica disse que foi puramente psicológico, ela não estava com nada grave, era só saudade de vocês. Disse a ela que a pequena Anne nunca tinha ficado tanto tempo longe de vocês e isso só a fez confirmar.

— Oh meu amor…- Sara sentiu uma dó imensa e pegou a filha no colo para seu abraço protetor e aconchegante.

— Arthur ficou com ela o tempo todo.- Hodges achou importante mencionar. — Anne disse que ele é o melhor irmão mais velho, achei uma gracinha.

Grissom e Sara sorriram.

— E o melhor irmão mais velho se comportou direitinho?

— Sim mamãe, eu obedeci o tio Hodges. Não foi, Anne?

— Aham! Ele foi bonzinho, mamãe.

Sara sorriu e olhou para o marido.

— Bom, então eu acho que vai todo mundo pro parque hoje!- levantou o filho do pro alto ao dizer e Arthur gargalhou comemorando.

Hodges observava a interação da família e sorria bobo com cada coisinha. Nunca em seus pensamentos mais loucos ele imaginaria Grissom casado com Sara e tendo dois filhos.

Mas ali, vendo todo aquele amor, toda aquela alegria, ele sabia que não importava quanto tempo demorasse, era pra ter sido daquele jeito. E os dois mereciam ter aquela família. Tinha orgulho de, pelo menos um pouco, fazer parte daquilo, daquela história.

Grissom olhou pra ele cortando seus pensamentos.

— Obrigado por tomar conta deles, David. Foi de grande ajuda.

— Imagina, estou às ordens! O que precisar, terei prazer em ajudar.

— Puxa saco!

Os três adultos foram pegos de surpresa com a fala das crianças, e caíram na risada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi isso, simples e viajado kkkk mas fofinho ❤ O que vocês acharam?
Abraço de urso quentinho em cada um que leu e até mais :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Precisamos de Uma Babá" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.