Florescer escrita por mittchi


Capítulo 1
Signs of Spring


Notas iniciais do capítulo

Também postada no AO3 e Spirit Fanfics (links no perfil).

Boa leitura!



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[...]

In a frost 

Winter calls

For bitter hearts 

And cold ears

(Em uma geada

Inverno pede

Por corações cruéis

E orelhas geladas)

Signs of Spring — Softheart

 

Dezembro 

 

Suguru era cruel. Compartilhavam da aversão ao frio de dezembro, mas mesmo assim Geto pediu que ele acordasse mais cedo esta manhã. 

Até teria relevado a gravidade do pedido ele gosta de ficar até o último segundo possível na cama, principalmente no inverno e o mistério que o garoto fez quando perguntou o porquê ele precisava estar especificamente debaixo da árvore mais velha do pátio tão cedo, indo todo sorridente de encontro ao amigo, porém o cretino não estava ali. Ele disse que estaria o esperando, que seria rápido para fazer o que quer que fosse. Mentiroso!

Satoru só conseguia tremer de frio, já não sentia os dedos das mãos 一 pois esqueceu as luvas em casa 一, sentia a ponta do nariz e as orelhas doendo de tanto frio. Se soubesse que faria tanto frio assim, teria trazido um cobertor daqueles gigantes consigo, além de muito chocolate quente com marshmallows para esperar o seu querido melhor amigo. 

Suspirou pela enésima vez, queria se livrar da ansiedade e principalmente da tremedeira 一 que talvez não fosse só pelo ae gélido batendo em seu rosto. Tentava imaginar porque Suguru estava se atrasando, ele era tão, tão pontual e responsável, principalmente quando ele marcava algo entre ele ou os outros colegas. Invejava essas qualidades do amigo, ele era o seu total oposto, afinal. Entretanto, Gojo gostaria de ao menos uma vez ser responsável com seus compromissos e, infelizmente, escolheu o ser justamente quando tomou bolo.

Tirou o celular do bolso da calça e ligou a tela. Se fosse para ficar plantado, que ao menos fosse ouvir uma música legal, não é mesmo? Reparou no horário e concluiu que havia chegado ali mais ou menos no horário combinado 一 alguns minutos de atraso, porque ninguém é perfeito 一, uns quinze minutos atrás, sobrando mais de vinte minutos para poder ficar igual idiota intercalando o olhar entre a entrada da escola, desejando que fosse Suguru passando pelo portão, e seu celular. Ótimo!

Sentia os minutos passarem junto às melodias contagiantes que escutava, não sendo difícil ser entretido pelas postagens do Twitter. Os surtos de Yuji eram divertidos de acompanhar, e quando Sukuna se metia então, o mais novo não hesitava em usar segredos sujos do irmão gêmeo 一 provando tudo com screenshots 一 para defender-se de qualquer xingamento dele. 

Tão divertido era ver as respostas de Fushiguro e uma tal Nobara às brigas dos gêmeos que Satoru não percebeu um corpo pouco menor que o seu aproximando-se. Só notou porque foi acertado na cabeça  一 que estava baixa 一 por um objeto bem sólido. Não pôde conter um gritinho de dor e surpresa. 

— Bom dia, Sato — Suguru disse, segurando uma caixa quadrada nas mãos, provavelmente o que acertou a cabeça do maior. Não parecia ter corrido até ali pelo tom relaxado da voz.

— Ah, Sugu, tá mais pra noite por esse seu atraso! — devolveu, mostrando a língua ao amigo. — Eu esperei todos esses minutos por isso? Uma caixa? Na minha cabeça ainda por cima!

— Calma, idiota, me deixa me explicar, pelo menos. — Tentou fazer um biquinho, mas não era muito bom nisso, então desistiu no meio do caminho. 

— Acho bom mesmo. — Cruzou os braços, fazendo o biquinho que Suguru não tinha tanta coragem de imitar. Eram como duas crianças quando interagiam, ou Satoru era a própria infantilidade dos dois. 

— Eu… Me perdi de manhã no horário e te chamei aqui só pra te dar isso. — disse, estendendo a caixa, com as bochechas um pouco rosadas. Ele também não usava luvas ou um cachecol, devia estar sentindo frio assim. 

— Isso não explica nada, Sugu, continua sendo uma caixa na minha cabeça. — Pegou a caixa meio a contragosto. Grande presente para se ganhar depois de congelar esperando o próprio. 

— Abra — Suguru sussurrou, já não olhava em seus olhos, focava na caixa. 

Satoru puxou a tampa e se surpreendeu. A caixa média tinha apenas um porta-retrato, com uma foto que reconheceu logo de cara. Suguru pegou a caixa, para Satoru poder ter o presente verdadeiro em mãos. 

— Sugu, isso… — começou a falar, mas suas palavras morreram quando viu as bordas do quadro, eram personalizadas.

Era um porta-retrato retangular — o que não condizia com a embalagem que o guardava —, de bordas brancas, com alguns desenhos de cabeças de um gato branco com óculos escuro — uma representação de si mesmo do Gojo — e com uma frase gravada na borda superior. "Cada cara que você faz é adorável, mas é melhor quando você sorri!" estava escrito em um tom um pouco escuro de azul, na letra que sabia ser de Suguru. 

A frase condizia bem com a imagem do quadro. Foi tirada despretensiosamente, num passeio que fizeram por toda a  cidade, da manhã até as altas horas da madrugada, alguns meses atrás. No retrato, sorriam com todos os dentes, de costas para o pôr do sol mais belo que já viram. Era realmente uma boa foto para aquela frase.

Gojo sentiu seu corpo todo subitamente ser abraçado por um calor terno, principalmente no seu coração. Até as orelhas queimavam. Suguru ainda seria o motivo do seu colapso, sempre o dando tantas surpresas.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, Satoru de boca aberta e Suguru esperando alguma outra reação do amigo, até que ele se pronunciou. 

— Isso é… Incrível, Sugu! Você que fez? — indagou, claramente feliz pelo presente. Geto pôde suspirar aliviado e tirar a tensão dos ombros. 

— Sim, tava no tédio uns dias atrás, então não se ache demais. — mentiu, tinha pedido uma senhorinha que trabalhava com esse tipo de decoração para fazer, pagando uma boa nota naquilo. Porém a ideia da decoração havia sido totalmente sua, obviamente, o que fazia a mentira cair para apenas cinquenta por cento. — Guarda na caixa e depois na mochila, por favor. — Deu ênfase na súplica, não queria ser material de chacota dos amigos também, porque conhecendo Gojo, ele o zoaria tanto quanto os outros —  caso soubessem sobre o presente. 

— Ah, claro — Gojo respondeu, baixinho, pondo o seu novo presente favorito na caixa e acatando ao pedido de Suguru. Quando se virou ao outro, ele tinha a mão sobre o peito, onde provavelmente ficava o coração. Trocaram um olhar um tanto envergonhado por um momento. 

Já tinham se presenteado aleatoriamente antes, era estranho que estivessem tão corados e constrangidos por isso agora, um momento de no máximo três minutos, não muito diferente de alguns que já haviam passado. 

— Você tá todo vermelho, Satoru — o menor brincou, abrindo um pequeno sorriso e caminhando para a entrada da instituição. Não é como se ele estivesse muito diferente do amigo também. 

— Culpa do frio. — Tombou a cabeça para o lado.

— Até suas orelhas 'tão rosas, duvido que o frio faça isso. 

— Haha. — Satoru literalmente disse o som de uma risada, seco. — Você mal me olhou na cara desde que chegou, certeza que tá igual um pimentão. 

— Um pimentão sincero! — alfinetou Geto, virando o rosto na direção de Satoru e sorrindo falsamente. Satoru também sorriu, Suguru era realmente um pimentão sincero.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, obrigada por ler! Até a próxima.



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