Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 15
Capítulo 15




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Gil decidiu levar os namorados para o bar das Bimbettes, consciente do quão Harry estava tenso.

— Vai dar tudo certo, ok? – Jay garantiu, apertando os ombros de Harry enquanto entravam no bar cheio.

— Escolham um lugar, eu vou falar com minhas tias rapidinho. – Gil sorriu, dando um beijo no ombro de Harry e apertando a mão de Jay.

— Você sabe o que está acontecendo agora? – Harry perguntou, sentando-se, escolhendo uma mesa no canto do bar com boa visão para a televisão. — Onde elas estão agora?

— Não. – balançou a cabeça. — Mas, bom... Tenho certeza que quando prenderem a Úrsula, vão interromper qualquer programa e vai aparecer imediatamente no noticiário.

Harry tentou se consolar com isso.

Gil voltou trazendo três copos de sangue de sapo, a bebida mais famosa da Ilha dos Perdidos.

— Pedi os crepes de queijo também. Logo elas trazem. – falou, puxando uma cadeira e sentando-se entre os dois. — Vocês não se ameaçaram nem nada enquanto eu não tava, né?

— Não.

— Não, a gente tá bem. – Harry garantiu, a voz baixa enquanto passava com carinho o gancho sobre a mão de Jay. — Eu só tô preocupado com a CJ, só isso.

Harry e Jay compartilharam um olhar. Apesar de tudo, Harry entendia a lógica do plano de Jay, era um bom plano. Fazer os vilões pecarem por suas fraquezas era algo que com certeza apenas os piores dos piores jovens da Ilha conseguiriam e, apesar de todas as brigas de gangues sempre terem o impedido de admitir, Jay estava entre os piores dos piores. Era um plano esperto. Mas ainda o preocupava.

Já não o irritava tanto, mas preocupava.

— Aqui está! – Claudette sorriu, trazendo uma bandeja com os famosos crepes de queijo das Bimbettes. — Oi, garotos! Como foi a corrida?

— Demais. – Harry fez careta, rolando os olhos.

— Você ganha na próxima, Harry. Tenho certeza. – ela sorriu, fazendo carinho no cabelo dele, alheia ao verdadeiro problema. — Sua irmã não quis vir aqui? Estou fazendo um bolo para comemorar a vitória dela...

— Ela tinha um compromisso, mas vem te ver logo, tia. – Gil prometeu, sorrindo.

Antes que Claudette dissesse mais algo, um tremor abalou toda Auradon. Harry cravou o gancho sobre a mesa para não cair e Jay se segurou na borda. Gil caiu da cadeira tentando segurar a tia.

— O que foi isso? – Harry questionou entre dentes, olhos arregalados.

— Terremoto? – Gil questionou se levantando, o rosto pálido.

Claudette tinha os olhos arregalados, se segurando na mesa.

Antes que ele pudesse se sentar de novo, outro abalo alcançou a Ilha. Os tremores tão intensos que agitaram os mares e puderam ser sentidos do continente. Gil caiu novamente, batendo a cabeça na mesa.

— Gil!

— Eu tô bem. – ele murmurou, cobrindo o rosto e sentando-se no chão. — Acho que vou ficar aqui até isso resolver parar.

Gritos assustados se espalhavam pelo bar das Bimbettes. Copos e pratos caíram no chão e todos tentavam se segurar em algo, nervosos.

— São só uns abalos pequenos. – Jay murmurou. — Não deve ser nada.

— Se nada for uma bruxa do mar gigante agitando os tentáculos, é, não é nada. – Harry concordou e apontou para TV enquanto falava. O noticiário mostrava uma Úrsula gigante e furiosa, cercada de soldados tritões e helicópteros.

Antes que Jay pudesse dizer algo, outro tremor veio e Harry o segurou antes que caísse, sem tirar os olhos da TV. Viu o Rei Tritão com seu tridente mágico e as ondas se levantando. Os olhos furiosos de Úrsula. A cada golpe de um dos tentáculos dela, um novo tremor abalava toda Auradon.

***

Freddie gritou, apavorada, se agachando para desviar de um tentáculo.

Respirou fundo, o coração disparado.

Era só vir andar na praia, jogar uma pérola na água e ir andar de navio. Mas, não! Guardas brotaram do nada, começaram atacar a Úrsula e de repente Freddie se viu com um tentáculo ao redor do pescoço, a sufocando... Então, se viu caindo no chão com Calista tentando atacar Úrsula e de repente a bruxa do mar estava gigante e mais guardas apareceram.

— Saía do meu caminho, sua lula fedorenta! – CJ gritou empunhando a espada.

— Calista, não! – Freddie tentou impedir, mas antes que pudesse a namorada já estava correndo na água tentou cravar a arma nos tentáculos da bruxa do mar. — CJ, olha o tamanho dela! É como tentar machucar alguém com um palito de dentes!

— Então eu só tenho que acertar o olho dela! – CJ gritou se afastando para pegar impulso e poder se balançar em sua corda

— Onde essa corda tá presa? - Freddie franziu a testa, olhando em volta. — E por que sempre tem uma corda perto quando você precisa?

Os guardas tentaram puxá-la para uma caverna rochosa na praia, mas ela se desvencilhou vendo CJ pousar no ombro da Úrsula apenas para cair novamente.

— Algum dia eu vou ter que parar de correr atrás dessa garota. – resmungou, tirando os sapatos e correndo enquanto a namorada caia na água, entre os tentáculos agitados.

Ouviu os barulhos da batalha. Os gritos de guerra dos atlânticos, o som dos helicópteros, o poder dourado que saía do tridente de Poseidon, os gritos blasfêmicos de Úrsula que tentava tomar a pérola das mãos de Tritão (em que momento ele a pegou pra começo de conversa? Freddie não tinha a resposta e não era hora pra isso). O chão inteiro tremia a cada vez que Úrsula movia os tentáculos e ela tinha dificuldade de manter o equilíbrio correndo na água durante aqueles pequenos terremotos.

Um tentáculo acertou-a na barriga, a derrubando na água e prendeu a respiração, as ondas passando por cima de si a impedindo de emergir novamente. Seus pulmões prostestaram, sendo jogada de um lado para o outro com os movimentos de Úrsula.

Resfolegou ao levantar a cabeça.

Uma mancha caramelo e vermelha há alguns metros de si.

— CJ! – gritou, desesperada. — Calista... – tentou nadar até ela, mas a maré parecia determinada a afastá-las. — Calista! Não... Calista! CJ!

Uma onda a derrubou. A água inundou sua garganta e seus pulmões, ardeu seus olhos. Tinha leve consciência de estar cada vez mais distante do corpo de CJ. Tinha total noção do mais completo desespero enquanto era empurrada de um lado por outro pelas ondas, atingida por tentáculos, batendo nas pedras submersas, até perder a consciência.

Mas, teve uma leve noção de alguém com cauda de peixe a levando de volta para a praia quando o mar finalmente se acalmou.

***

Assim que foi dada a notícia de Úrsula ter sido presa e levada para um dos calabouços na parte mais profunda do oceano, Harry arrastou os namorados para o navio do pai, a Jolly Roger, para poder ver se a irmã estava bem.

Subiram a bordo e viram os marujos cercando CJ e Freddie, que estavam encharcadas, tremendo de frio em seus vestidos molhados, os braços arranhados e cabelos bagunçados. Freddie tinha um corte coberto na testa e CJ um arranhão na bochecha. Mas, estavam inteiras.

— Ah, vocês estão bem! – Harry largou o gancho e foi correndo para perto da irmã. — Não tá faltando pedaço nenhum de nenhuma das duas?

— Minha meia-calça rasgou. – CJ resmungou e espirrou em seguida.

— O que estão esperando seus ratos do mar? – Harry gritou com a tripulação. — Tragam água quente e cobertores! E ajeitem um banho quente para as duas! E alguém busque roupas secas para elas na loja da Freddie! E tragam bandagens e algo para limpar esses machucados! Vamos logo! Agora mesmo, seus imbecis!

Os marujos do capitão se dispersaram, assustados, a fim de seguir logo as ordens de Harry.

— Mas, vocês estão bem mesmo, né? Deu tudo certo com a Úrsula, não é?

— Estamos bem, Harry. – CJ garantiu.

— Aqui, coloca meu casaco! – Ele murmurou jogando a peça de roupa vermelha sobre as duas. — Cadê o papai?

— Ele e a Uma estão conversando. – Freddie explicou. — Oi, Jay.

— E aí, Freddie?

— Agora que a Úrsula tá presa, os piratas que eram dela são por direito da Uma. – CJ murmurou.

— O que vocês são? Herança de família? – Jay arqueou as sobrancelhas, incrédulo.

— Basicamente. - Gil deu de ombros.

— Cadê ele? - o grito desafinado de Harriet os alcançou antes mesmo dela própria.

Os cabelos estavam bagunçados. Jay lembrava de Harry dizer que usava lápis de olho por achar que isso o dava um olhar mais ameaçador e na Ilha dos Perdidos toda vantagem contava. De qualquer forma, o lápis de olho e olhar selvagem realmente deixavam Harriet Gancho bem mais assustadora. Ela estava usando um vestido vermelho-sangue com um corset preto e um chapéu pirata e vinha pisando duro até eles.

Tricórnio, Jay lembrou. Era um chapéu tricórnio, mas normalmente chamavam só de "chapéu pirata" porque tricórnio era uma palavra muito feia.

O chapéu de Harriet era decorado com brilhantes, pingentes de fada, ganchos pequenos e conchas. Ela segurava uma espada rapieira longa e parecia ansiosa para cravar a arma em alguém.

— Harriet, o que foi? – CJ questionou, ainda tremendo.

Um dos marujos voltou, trazendo dois cobertores, um pra ela e outro pra Freddie.

— Aqui, senhoras.

— Agora vá conferir se o banho quente está pronto. – Harry ordenou, cerrando os olhos.

O marujo concordou dando as costas rapidamente enquanto as garotas se cobriam.

A cabine do capitão abriu e James Gancho saiu ao lado de Uma e Audrey.

— Tudo resolvido, gente. – Audrey sorriu, de mãos dadas com Uma que apenas rolou os olhos.

— Você! – Harriet rosnou, empurrando Audrey e Uma para abrir caminho até o pai. — Sabia o que estavam planejando?

— Harriet...

— Sabia e deixou CJ e Harry competirem? Onde você estava com a cabeça? – ela gritou, apontando a espada para o pescoço do pai.

Jay arregalou os olhos e Uma segurou Audrey para que ela não interviesse.

— Qual o seu problema? Pensou no que podia ter acontecido com eles? Claro que não, né? Você nunca pensa! CJ desaparece por meses e só há encontramos quando quebram a barreira porque a bonitinha fugiu pra Auradon, mas você não liga! Harry passa dois dias, acorrentado no cais, e você nem pra colocar fogo na casa da Cruela! E ainda não entende porque eu me mudei pro outro lado da Ilha!

— Harriet... – o Capitão tentou novamente, mas a filha mais velha pressionou mais a espada contra sua garganta.

— Eu vou vender o meu navio, comprar uma casa e CJ e Harry vão vir morar comigo. E se você sonhar em chegar perto de qualquer um dos dois, eu mesma te entrego pro Tic-Tac, entendeu?

— Harriet! – Harry arregalou os olhos. — Eu não vou pra lugar nenhum!

Ela olhou irritada para o irmão e rosnou para o pai antes de soltar a espada e sair do navio pisando duro, furiosa, empurrando os marujos que traziam roupas limpas para CJ e Freddie.

— Uau. – Gil franziu a testa.

— E ainda dizem que eu sou a dramática da família. – CJ resmungou, revirando os olhos.

— Né? – Harry fez careta, pegando as roupas limpas que o marujo trouxe. — Aqui, você precisa de um banho. Vou arrumar a cama para as duas deitarem e descansarem.

— Obrigada, Harry.

— É, obrigada. – Freddie sorriu se levantando abraçada com CJ sem soltar a coberta.

— Precisa de alguma coisa? – Gil questionou, puxando a mão de Harry.

— Não, não, é... Eu vou falar com meu pai, ele deve ter ficado mal com a Harriet. – esfregou os olhos enquanto falava. — Por que vocês dois não saem para passear? Eu vou dormir no navio hoje.

— Tem certeza que não quer companhia? – Jay mexeu as sobrancelhas, segurando os ombros de Harry.

— Tenho, valeu. – forçou um sorriso. — Vejo vocês depois, tá legal?

— Tá.

— Tá bom. Até.


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