Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 45
S03Ch09;




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Por mais que estivesse com peso extra, Rin alcançou o prédio vizinho e usou o Chakra nos pés para escalá-lo até seu telhado. Doro não escondia sua surpresa já que não era todo dia que alguém a puxava aos braços, saltava do segundo andar de sua casa e chegava ao telhado do vizinho. No entanto, aquilo não parou. O rosado sequer descansou por um segundo quando chegou ao novo telhado, ele disparou para a beirada do outro lado e saltou, desta forma alcançando o próximo. Moveu seu rosto o suficiente, olhando para Doro que fechará seus olhos e encostou o rosto bem perto de seu pescoço. "Ela está com medo?" o rosado pensou e abaixou um pouco sua cabeça, alcançando a orelha da garota.

— Não tenha medo. Agora… onde fica o hospital? — Rin sussurrou inicialmente, mas foi lentamente afastando seu rosto e olhando em volta. — Não vou deixar que caia, Doro. —

Doro abriu lentamente seus olhos. E moveu sua cabeça de um lado a outro enquanto o rosado terminava de pular para o telhado adjacente. Ela sentia um frio em seu estômago, mas era por causa do que o rapaz fazia. A garota estendeu seu braço direito com o punho quase inteiramente fechado, exceto por seu indicador que apontava numa direção específica, depois retornou a usar o braço em volta do pescoço do rosado. Rin olhou para a direção que a garota apontou, sua expressão tornou-se mais séria e ele aumentou sua velocidade, sequer se dando ao luxo de parar por dois segundos ao alcançar outros telhados. O mesmo podia não conhecer a estrutura de Sunagakure, mas não era difícil pular de um telhado a outro e no processo ganhar cada vez mais velocidade. "O treinamento de Sasuke-san está sendo útil" pensou, mas lentamente seu olhar foi perdendo a seriedade, tornando-se mais entristecido enquanto saltava de telhado a telhado. "Ele só aceitou me levar porque descobriu sobre mim? Quem mais soube que era filho dele?" pensava nisso e seus olhos lentamente ficaram marejados, mas ergueu sua cabeça e olhou para o céu azul sem nuvens e tentou esquecer daquelas coisas que passavam por sua mente. Quando abaixou a cabeça, seu olhar retornará a seriedade. E aumentou novamente sua velocidade.

Não demoraram para chegar a construção de alguns andares que era considerado o hospital de Sunagakure. O mesmo possuía três andares e fora construído de forma esférica, cada andar era um pouco menor que o de baixo. O kanji "médico" se destacava em toda a coloração marrom por causa do tom avermelhado da letra. Ao lado do hospital, tinha uma clínica. 

Rin aterrissou na entrada do hospital, pôs Doro no chão e caminhou na direção das portas enquanto a garota ajeitava sua roupa e cabelo que tinham se bagunçado durante a rápida viagem, mas sua caminhada não durou muito. 

Uma mulher de pele levemente escurecida, olhos escuros e um cabelo castanho e liso que descia até seus cotovelos, usando aquecedores vermelhos com bordas pretas em seus braços, uma calça legging preta com um leve detalhe em vermelho, botas pretas com listras vermelhas e, por fim, um vestido semelhante ao que Sakura costuma usar, mas a cor era preta com os detalhes em vermelho. 

A mulher impediu que Rin entrasse no hospital. Ela usou sua mão esquerda para o segurar pela parte de trás da camisa, nem mesmo olhando para o garoto de cabelos róseos que olhou para ela com intenção de entender a situação, ou melhor, saber o porquê dela fazer aquilo. Mas a mulher olhava diretamente para Doro que calmamente andava até os dois, as mãos da garota estavam nas costas e com os dedos médio e indicador segurando os mesmos de outra mão. A garota assobiou com descontração quando a mulher a olhou enraivecida, mas não disse uma única palavra. A desconhecida jogou Rin para trás e depois cruzou os braços.

— Cadê o excepcional ninja médico que me contou, Doro? — A mulher perguntou. Seus olhos se concentravam nos olhos púrpuros da garota, ignorando quase que totalmente a existência do garoto, mas dando continuidade. — Aqui não é lugar de adolescentes passearem. Então, sumam se não quiserem apanhar. —

"Ninja médico excepcional?" Rin pensou, olhando de relance para a garota que sentiu estar sendo observada e, por isso, levou a mão direita para a cabeça e a inclinou para o lado esquerdo enquanto mostrava a língua para o rosado. Ele suspirou e coçou com suavidade seus olhos. 

— Hey, Saryu-san. — Doro sussurrou no momento em que baixou seu braço direito, mas moveu seu rosto para voltar a olhar o garoto que a acompanhava. — É ele… Shiki de Takigakure. —

Saryu olhou para o garoto de cabelos rosados. Levantou novamente uma sobrancelha durante uma avaliação, cruzando os braços abaixo dos seios e levantando um pouco sua cabeça. Para ela, o garoto a poucos metros não parecia tão especial quanto Doro lhe contou outro dia. Saryu continuava observando Rin que adotou uma postura relaxada, levando as mãos para os bolsos e bocejando preguiçosamente durante a demorada avaliação da mulher. O rosado levantou sua cabeça, desta forma olhando para o céu azul por alguns segundos, mas abaixando-a novamente e suspirou. Então, se virou e começou a tomar distância.

— Não posso fazer nada se ela duvida das minhas capacidades, Doro. — Rin comentou, mas deu continuidade enquanto olhava para a garota. — O que me diz de voltarmos para casa? —

— Qual o procedimento mais difícil que já fez? — Saryu perguntou, mas deu continuidade ao descruzar os braços e usar o direito para apontar ao hospital atrás de si. — Quais as três regras para um ninja médico? —

Rin parou de andar, mas continuou de costas para a mulher. Ele removeu a mão direita do bolso e mostrou o punho fechado.

— 1° Regra: Um ninja médico não deve desistir de dar tratamento aos companheiros enquanto respirarem. 2° Regra: Não devemos nos envolver em batalhas. 3° Regra: Devemos ser os últimos do esquadrão a morrer. — Rin respondeu. Seu dedo indicador, médio e anelar subiam com cada uma das regras citadas. Ele enfim olhou para a mulher, mas manteve a preguiça no contato visual. — Mais difícil? Uma cesariana de emergência conta? O bebê morreria por causa do cordão umbilical que se enrolou no pescoço. Não tinha anestesia para oferecer para a paciente, por isso ela teve que aguentar a dor. Ah… também cuidei da pata de uma vaca esses dias. —

"Ok, sabe das três regras" Saryu pensou e semicerrou seus olhos. Um pouco de suor escorria de seu belo rosto. A mulher moveu a cabeça, desta forma olhando para o hospital, ou melhor, para um específico andar. "Ainda temos algum tempo…" pensou, então retornou sua atenção para o garoto que continuava de costas para ela, aparentemente disposto a abandonar tudo para retornar para a casa de Doro e descansar como se nada tivesse acontecido. Saryu enfim suspirou.

— Sou Saryu, a cirurgiã chefe desse hospital. Você deve entender que tenho responsabilidades demais, né? Não posso deixar qualquer pessoa entrar só porque se diz ser um "excepcional ninja médico"... — Saryu olhou para Doro naquela última parte, mas retornou sua atenção para o garoto ainda imóvel. — Me siga. —

— E ela? — Rin perguntou. Ele usou a outra mão para apontar Doro que ouvia silenciosamente aquela conversa. Os olhos do rosado continuavam fixos na mulher. — Ela está comigo. —

Doro olhou para Rin. As bochechas da garota se esquentaram e um sorriso tomou conta de seus lábios… e um brilho de alegria surgiu em seus belos olhos púrpuros. E isso foi algo que Rin não deixou de perceber, por isso o mesmo suspirou enquanto se virava e seguia na direção de Saryu.

— Eu estou com você, Shiki? — Doro perguntou. Apesar de toda aquela animação, ainda se lembrava do nome inventado do rosado.  

— Deixa para lá, Saryu-san. Nunca vi essa garota em toda a minha vida. — Rin sussurrou e sentiu um arrepio quando Doro avançou e o abraçou por trás. Ele só levantou uma das sobrancelhas enquanto movia a cabeça, olhando de relance para a garota. — Não faça bagunça, O.K? —

— Me carregue em suas costas, Shiki. — Doro sussurrou aquele pedido. Seus lábios estavam bem próximos do ouvido do rosado, por isso não via necessidade de falar tão alto.

Saryu olhava de relance para a dupla. Levantando as sobrancelhas outra vez quando Rin suspirou, balançando a cabeça e aceitando o pedido da garota. Por mais que aquilo o deixasse envergonhado, ele a obedeceu. As mãos dele agora seguravam as coxas de Doro que passava os braços em volta do pescoço do rosado. Rin olhou para Saryu que sorria com uma leve malícia.

— Vocês formam um belo… — Saryu começou, mas foi interrompida pelo rosado.

— ...qual foi a razão de ter me chamado, Saryu-san? Tenho certeza que seus médicos são mais capacitados do que eu, além disso possuem mais de sua confiança. Eu sou um visitante de Suna que em breve estará partindo. — Rin comentou.

— Você irá embora? — Doro perguntou.

— Antes de respondê-lo… gostaria que visse uma coisa, Shiki. — Saryu comentou.

Rin não respondeu Doro. Nem mesmo quando a garota insistiu perguntando novamente, ou mordendo com suavidade sua orelha para ter sua atenção. Saryu os levou ao segundo andar do hospital, então abriu a porta 205 e olhou para o garoto e gesticulou com sua cabeça. Um movimento que ele entendeu, por isso acessou o quarto e olhou em volta. Era um quarto como qualquer outro. Doro saiu das costas do rosado e olhou para Saryu, a cirurgiã chefe mantinha-se na porta do quarto com os braços cruzados, mas atenta ao garoto que caminhava até a única cama do quarto. Ali encontrava-se um rapaz de cabelo ruivo bem raso e com pele na mesma tonalidade que a mulher encostada na porta. O estranho apesar de estar de olhos abertos parecia que sua mente estava muito, muito longe.

— O que ele tem? — Rin perguntou. Ele se aproximou um pouco mais do estranho e estalou os dedos, mas não conseguiu ter sua atenção. — Genjutsu? —

— Não é nada disso. Esse é um teste para você, garoto. Se descobrir e curá-lo, terá minha permissão para fazer o que bem entender por esse hospital. — Saryu respondeu, mas moveu seus olhos o suficiente para encarar Doro e depois o rosado. — Qualquer coisa, exceto usar os depósitos e quartos de descanso para… —

— Não somos isso que você está pensando. — Rin comentou. Adotando um olhar mais sério. Ele retornou sua atenção para o desconhecido na cama e levou a mão direita ao queixo, o coçando. — Não sabia que uma cirurgiã chefe tinha todo esse poder. — 

— Quando seu marido é o diretor do hospital… tem. — Saryu respondeu e um sorriso convencido tomou forma em seus lábios. — O que ele tem é a coisa mais idiota que se pode imaginar. Meus médicos se acham orgulhosos demais para tratá-lo. Eu até resolveria, mas você apareceu numa ótima hora… garoto. —

Rin adotou um pouco mais de seriedade, mas retornou sua atenção para o paciente e se aproximou um pouco mais dele. Ele não se importava que aquilo fosse um teste, mas admitia que gostaria de esfregar o resultado na cara da mulher se passasse. "Sua mão está inchada e mesmo daqui sinto o cheiro de urina no seu hálito. Isso quer dizer que seus rins estão com problema" pensou, reparando inicialmente na mão esquerda do desconhecido, mas se aproximado da direita e levantando uma das sobrancelhas.

— Seus dedos estão amarelos… — Rin sussurrou. 

Ele desviou sua atenção para Saryu, a cirurgiã chefe apenas agitou os ombros e abaixou um pouco sua cabeça, sorrindo como se não se importasse com o que era dito pelo garoto. "Isso quer dizer problemas no fígado. Merda, rins e fígado estão com problema…" pensou e suspirou e coçou seus olhos por um momento. 

— Alguma dor? — Rin perguntou.

— Só vou responder essa pergunta. — Saryu comentou. A mulher usou a mão direita para enrolar uma mecha do cabelo em seu dedo indicador. — Dor no peito e tossindo sangue, por isso demos alguns medicamentos para que ficasse nesse estado.. —

"Pulmões também. Ou seja, Rins, fígado e pulmões não estão trabalhando bem" pensou e levou o polegar da mão direita para os lábios e o mordeu com sutileza. Seu olhar ficava um pouco mais sério, então se aproximou de um computador que mostrava os sinais vitais do desconhecido e engoliu em seco.

— Então? — Saryu perguntou.

— Rins, fígado, pulmões e coração. — Rin sussurrou. Ele olhou para os últimos dados mostrados e entendeu que ele estava sofrendo de uma arritmia. — O que diabos aconteceu com ele? —

— Eu disse, não disse? É mais idiota do que se pode imaginar. Claro, mortal… mas ainda idiota. — Saryu respondeu, mas bocejou com preguiça e levantou os braços para se espreguiçar e depois os cruzou. — Claro, seus órgãos começaram a ter problema a pouco tempo, mas não acho que dure por mais um dia. Na realidade, chuto que ele não sobreviva até a meia noite se não receber o tratamento. —

— Me dê outra dica. Por favor… — Rin sussurrou. Sua atenção voltou para a mulher, mas abaixou sua cabeça como se fizesse uma reverência. — ...só mais uma dica. —

Saryu não escondeu a surpresa. Seus médicos eram debochados demais, ou melhor, acreditavam que eram bons demais, por isso nunca fariam uma reverência para terem mais informações médicos, mas ali estava um garoto buscando por detalhes. 

— Dormência. Isso é tudo que vou dizer. — Saryu respondeu. Ela enfim entrou no quarto, se aproximou de uma cadeira e se sentou enquanto olhava o garoto e o paciente. 

Doro não sabia o que fazer, mas entendia que naquele momento devia ficar em silêncio, por isso não abriu sua boca e apenas observou. Rin se aproximou um pouco mais do estranho e devagar abriu a boca do mesmo, olhando para a garganta e rangendo seus dentes. 

— Irritação na garganta. Aqui parece que foi o ponto zero. — Rin sussurrou.

— Bingo… — Saryu sussurrou e olhou para as unhas de sua mão direita. — ...quais as causas de uma irritação nessa área? —

— Ahn… — Rin fechou seus olhos e se concentrou nos inúmeros sintomas, mas antes de dizer cada um deles se lembrou de algo. — ...algo idiota, né? — O rosado olhou para Saryu com um leve divertimento e abaixou a cabeça antes de se afastar do paciente. — Ingestão de toxinas. Uma toxina em específica que causa dormência no corpo, mas… se ingerida… imagino que possa causar esses e muitos outros problemas no corpo humano. É uma toxina bem comum da região… eu diria que o veneno do escorpião marrom? Que causa dormência no corpo. —

— Nota seis para você. — Saryu comentou e continuou olhando para suas unhas, mas retornou sua atenção para o garoto. — Não espera que eu faça o tratamento, né? —

Rin sorriu um pouco mais. Então, olhou para sua mão direita e imediatamente o dedo médio e o indicador foram cobertos por Chakra. Ele aproximou os dedos do corpo do paciente e devagar mexeu sua mão, desta forma fazendo um corte com o bisturi de Chakra. Ele engoliu em seco e encostou suas mãos no corpo, imediatamente suas mãos foram cobertas pelo Chakra.

— Ele ingeriu mesmo veneno… — Rin sussurrou ao sentir a toxina no corpo do paciente. — ...como? Porque? —

— A resposta do amigo era de que fizeram uma aposta. Queriam ver se o corpo dele se adaptava ao veneno do escorpião-marrom, por isso bebeu uma boa dosagem. — Saryu respondeu, balançando sua cabeça um pouco depois de sua resposta. — Idiotas sem nada para fazer. —

"Nota 8 para ele" Saryu pensou. Rin se concentrava na toxina dentro do paciente, juntando vagarosamente. Ele não permitiria que qualquer dosagem ainda continuasse dentro daquele corpo quando terminasse. Alguns minutos depois um líquido preto saiu do corpo e Rin o depositou num frasco e o fechou. "Nota 9" Saryu pensou, semicerrando seus olhos e saindo de seu assento, se aproximando de Rin e pegando o frasco de sua mão.

— Agora feche o corte. — Saryu comentou.

— Que corte? — Rin perguntou e sorriu pelo canto esquerdo. 

Saryu olhou para onde devia ter um corte, mas estava limpo. "Ele tirou o veneno com uma das mãos e a outra usou para fechar o corte. Nota 9" pensou e retornou sua atenção para o rosado.

— Me siga. — Saryu comentou, mas depois olhou para Doro que parecia contente com o resultado. — Onde diabos você o encontrou? —

— Ahn… no deserto, Saryu-san. — Doro respondeu e levou a mão direita para trás da cabeça, esfregando a região e rindo um pouco antes de continuar. — Ele salvou minha vida. —

— Para onde vamos? — Rin perguntou.

— Só me siga. — Saryu comentou.

Rin ficou mais sério. Odiava todo aquele mistério, mas tinha de aceitar. Ele pôs as mãos nos bolsos novamente e olhou para Saryu seguindo para a porta e depois virando o lado direito. Ele acompanhou a mulher com Doro segurando seu braço esquerdo contra o corpo como já era de hábito dela. Eles foram levados para o último andar do hospital, mais precisamente para a UTI. No entanto, a mulher continuou andando confiante enquanto passava por vários médicos, guiando os dois jovens para outro quarto e abriu a porta.

Lá dentro do novo quarto a sensação era bem diferente. Era uma sensação desconfortável… que deixava qualquer um cansado bem rápido. Rin reparou em quatro médicos no enorme cômodo, cada um deles numa posição e com um paciente no chão, mas quase todos tinham outro médico atrás deles. No total eram sete médicos e um paciente. Havia um símbolo no chão que Rin não demorou para entender. 

— Chikatsu Saisei no Jutsu. — Rin sussurrou o nome daquela técnica de alto nível de Ninjutsu Médico. 


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