Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 147
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A casa de chá era feita inteiramente de madeira com assoalho verde musgo, assim como as telhas que ocupavam os dois andares. No primeiro andar as mesas e assentos eram de madeira e a entrada era larga o suficiente para o clima lá dentro fosse agradável, além de haver um balcão com os respectivos funcionários que preparam as bebidas e algum tipo de aperitivo para os visitantes. A casa de chá era bem identificável por causa das três pedras lustrosas em seu segundo andar e cada uma delas contendo uma letra para chá. Rina não estava muito longe daquele pequeno edifício, na realidade encontrava-se no telhado de uma construção a frente e ligeiramente ajoelhada com o antebraço em seu joelho e com Sírius no seu lado esquerdo. Um vento agradável mexeu com os longos cabelos róseos e a obrigou a semicerrar um pouco seus olhos verdes como esmeraldas. Sua atenção estava única e exclusivamente numa pessoa de cabelo esbranquiçado e olhos carmesins que cobria o restante do corpo com um manto desgastado. O desconhecido tinha a sua frente uma xícara de barro contendo chá e um prato com três espetinhos com bolas coloridas — Dango. 

"Que estratégia uso? Sei que tenho chakra o suficiente para o Kuebiko, mas pode haver muitas pessoas, algumas certamente me verão usando essa habilidade, então vou precisar levá-lo para outro lugar. Certo, a primeira ideia é essa, mas e as outras? Não posso depender de apenas uma. Como posso fazê-lo me dizer o que quero saber?" pensou a rosada que levou a mão para o queixo e deixou o indicador roçando seus lábios e mordiscou a lateral distraidamente. "Se for ele mesmo quem estou procurando… pode ser que se interesse por um contrato falso. E se for esse o caso… por qual razão uma mulher sentiria vontade de matar uma pessoa?" a rosada continuou pensando e sentindo-se incomodada, afinal de contas não tinha um lado feminino para ajudá-lo com aquele problema. Ele levantou as sobrancelhas e olhou para Sirius que usava a pata esquerda para coçar o focinho, por isso acabou sorrindo. "Um contrato de vingança por um membro perdido, não há porque desconfiar…" pensou e não demorou para se levantar e atrair a atenção do cachorro que ergueu as orelhas.

— Fique aqui. Já viram você comigo, sabem que é meu cachorro, então é melhor que não se destaque. — Rina disse e abriu um sorriso bem suave quando o canídeo baixou as orelhas e o mesmo parecia chateado, por isso que a rosada soltou um risinho. — Eu sei que quer me acompanhar, mas agora não dá. —

"Eu realmente tô conversando com um cachorro, sem dúvida preciso de mais amigos" pensou a rosada com um sorriso forçado e rindo novamente quando a esganiçada gargalhada de Shukaku ecoou em sua mente. Às vezes ele se esquecia que a Besta de Cauda não tinha mais o que fazer e usava o chakra que compartilhavam para assistir as aventuras do rosado. "Pode conversar comigo quando quiser, garoto" foi o que a Besta de Cauda disse em seu subconsciente. Rina suspirou e levou a mão para o bolso da calça e deu alguns passos até a beirada do telhado, seu olhar continuou na figura dentro da casa de chá que parecia mais concentrado em ver o líquido dentro da xícara do que propriamente bebe-lo. Não demorou para que a rosada deixasse o telhado e caísse com os joelhos dobrados no chão, então ajeitou sua postura e seguiu em direção a casa de casa de chá. "Como vou fazer isso? Serei uma personagem distraída ou Tsundere como aconteceu na invasão da Shi no Hana? Aliás, como me aproximo dele? Será que posso dizer que um certo alguém ligado ao Daimyo me contou sobre ele? Não, parece arriscado demais…" pensou e acabou suspirando com desapontamento enquanto entrava na construção.

— Seja bem vinda. — Uma voz feminina disse logo após sua chegada. Era uma atendente com o cabelo amarrado e usando um avental e segurando uma bandeja contra o corpo. — O que vai pedir? —

"Quais as especialidades daqui?" pensou a rosada que continuou olhando para a atendente que aguardava por sua resposta. "Eu ainda não me decidi como deveria agir. Isso está acontecendo muito rápido. Depois que começar não posso abandonar a personagem… ah, merda!" pensou e sentiu que iria começar a suar em desespero a qualquer momento, mas acabou se acalmando e exibindo um olhar bem calmo, porém seu sorriso era levemente malicioso, assim como sua voz que sairá com muito convencimento.

— Quero bolinho de arroz com atum seco e tomate, quanto ao chá quero o Sencha, sim? — Rina disse.

— Ah, sinto muito. Ainda estamos no cardápio da manhã, os bolinhos de arroz são feitos a noite. — A atendente disse e sorriu pelo canto dos lábios com uma gentileza e inocência sobrenatural.

— Eu não quero saber em que momento é feito. Quero para agora, entendeu? — Rina disse e retirou a mão do bolso e mostrou uma moeda e usou o polegar para jogá-la para o alto e não deu a mínima quando a mesma caiu em cima da cabeça da atendente. — Vocês têm os ingredientes, então façam. —

"Desculpe…" pensou o rosado que não abandonou aquela expressão, nem mesmo alterou o tom de convencimento, apenas continuou olhando para a atendente que havia se irritado com seu argumento e já estava a classificando como uma cliente muito difícil. "Estou usando o personagem errado, sinto muito…" continuou pensando antes de desviar sua atenção da atendente e olhar para os lugares disponíveis, então seguindo para uma mesa vizinha ao do albino e escolhendo um assento que a deixava de costas para ele. Rina olhou para a atendente que inspirava e expirava algumas vezes antes de se afastar e passar o pedido para alguém, então a rosada pôs o cotovelo na mesa de madeira e levou a palma para o queixo e ficou observando o teto com um leve desinteresse. "Misa poderia gostar desse lugar, afinal trabalhou num lugar semelhante antes de se tornar professora, quem sabe não venho com ela numa próxima vez? Acho que Tsuyu e Doro também gostariam daqui, mas Chishiki parece o tipo de pessoa que só bebe café, então nem adiantaria trazê-lo… e não tenho a mínima certeza do que Take goste…" pensou e suspirou com desapontamento.

— Minha vontade era estapear esse tipo de gente inconveniente, mas não dá para fazer muita coisa. — Rina murmurou. Sua intenção era parecer que estava falando consigo mesma, muito semelhante a "pensar" um pouco alto.

Rina olhou com o máximo de discrição possível, seus olhos verdes bem concentrados nos mínimos movimentos do desconhecido que continuou de cabeça baixa e mantendo os olhos carmesins na xícara larga de chá. Ao que parecia não estava interessado em conversar, nem mesmo numa provável companhia, por isso que Rina mordiscou seu lábio inferior e retornou. "Isso será bem mais difícil do que parece. Como faço para alguém silencioso conversar comigo? E pior… contar que é um assassino?" pensou e começou a sentir os inúmeros buracos em seu plano. "O Kuebiko seria bem útil nesse momento, mas pode acontecer dele reagir da mesma forma que Miura caso a mente dele seja… não tenho ideia…" pensou novamente.

— Com licença? — Rina disse. Ela engoliu em seco quando a cabeça do desconhecido se moveu um pouco e seu olho carmesim se concentrou nela. Ela tentou ao máximo parecer que sentia medo.

— Que foi? — O desconhecido perguntou aos sussurros e assumiu um olhar mais sério. Ele fazia questão de parecer incomodado em ter de conversar com alguém. 

"Sou direto? Digo que tenho conexão com um certo alguém na residência do Daimyo? Ou deixo a conversa acontecer, mas se for esse o caso… sobre o que podemos conversar? Eu tenho que conseguir levá-lo para um lugar que não me vejam usando o Kuebiko…" pensou e forçou um sorriso e um olhar que apropriadamente lembrava a deboche.

— Seu olhar é bem intimidante, mas parece que tá passando pela alteração de voz. Isso até chegar a ser fofo. — Rina disse. 

— Chamou a atenção só para zombar de mim? — O desconhecido perguntou e semicerrou suas sobrancelhas. Era bem óbvio que havia se irritado mais ainda com a recente chegada.

— Não, chamei sua atenção para falar sobre uma coisa, mas acabou acontecendo de zombar de você, além de me parecer pouco receptivo com esse olhar, então a culpa acaba sendo toda sua. — Rina disse.

A rosada não abandonou a provocação, nem mesmo deixou escapar de seu campo de visão um movimento no manto desgastado, por isso imaginou que o desconhecido tinha apanhado alguma coisa, ou tendo acabado de mover o braço para outra posição. Rina olhou para a atendente que retornou com uma bandeja e pôs em sua mesa um prato contendo meia dúzia de bolinhos de arroz com atum seco e tomate e pôs do lado direito do prato uma xícara de chá com um líquido amarelado. Rina pegou a xícara e a levou cuidadosamente para seus lábios. "Amargo, mas também um pouquinho doce…" pensou assim que afastou a xícara de seus lábios e suspirou, então olhou para a atendente e balançou a cabeça em agradecimento. A funcionária tomou distância.

— Agora tem a minha atenção. Então, o que está querendo? — O desconhecido sussurrou a pergunta. Ele já estava se sentindo incomodado com aquela conversa.

— Agora não é um bom momento. Espere até que eu termine de comer, mas pode me acompanhar se estiver interessado. — Rina disse.

"Se irritá-lo, posso tirá-lo daqui, então segui-lo sabendo que ele saberá que está sendo seguido, por isso me levará para um beco e… o resto é história… não estou com tantos buracos nesses planos" pensou a rosada que levantou as sobrancelhas ao ouvir o desconhecido saindo de seu assento. "Tão rápido? Não pude nem aproveitar meu chá…" pensou e levantou um pouco a sua cabeça e o seguiu com o olhar no momento que ele passou ao seu lado e decididamente sentou-se à sua frente pôs a própria xícara de chá na mesa e levou a mão esquerda para um bolinho de arroz e mordeu um pedaço generoso. Rina levou a xícara de chá Sencha para os lábios e tomou outro gole enquanto mantinha seus olhos verdes concentrados nos olhos carmesins.

— Diga de uma vez. — O desconhecido disse. E seu olhar novamente era bem agressivo e sua voz áspera. Havia um grão de arroz no lábio inferior dele.

— A última pessoa que olhou para mim dessa forma… — Rina disse e levou seu indicador e polegar para o lábio do albino e removeu o grão de arroz e o jogou no chão. E depois olhou para ele com uma perfeita mistura de seriedade e paciência com um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios. — …coisas boas não aconteceram. —

— Posso imaginar. — O desconhecido disse e moveu seus olhos carmesins para o lado esquerdo de Rina… para a ausência total de seu braço.

— Tem que ver a situação da outra pessoa. — Rina disse assim que olhou para o lado esquerdo. Ela bebeu novamente um pouco do chá Sencha e comeu um pedaço muito pequeno do bolinho de arroz.

— O que você é? — O desconhecido perguntou e moveu cuidadosamente seus olhos pelo corpo da rosada, mas não encontrava qualquer símbolo de que ela pertencia a uma vila.

"Deve estar curioso quanto a minha posição como shinobi. Genin e Chunin não causam risco para ele, mas é provável que Jounin sim… deve haver o rosto dele no Bingo Book, então pode estar achando que sou Jounin e o identifiquei…" pensou e lambeu lentamente seus lábios e depois os mordiscou, tendo certeza absoluta de que cada movimento era cuidadosamente observado pelo desconhecido. "Seria estranho dizer que sou professora por uma série de fatores, apenas Misa-chan parece ter burlado eles…" pensou novamente.

— Sou cozinheira em treinamento. Estou no País dos Vales para aprender um pouco sobre as especiarias. Um dia quero ser chefe de um renomado restaurante. — Rina respondeu.

— E o que aconteceu para uma cozinheira em treinamento acabar nessa situação? — O desconhecido perguntou. Ele não parecia ter sido convencido pelo comentário da rosada. 

— Passei algum tempo em Amegakure para desenvolver novas receitas, uma coisa levou a outra e meu braço foi arrancado. — Rina respondeu e levou a mão para o ombro e suavizou um pouco seu olhar e até mesmo tentou parecer triste em se lembrar de algo que não aconteceu. E não demorou para voltar seus olhos verdes ao rapaz. — E o que você é? —

— Um mercenário. — O desconhecido respondeu e moveu um pouco o manto, dessa maneira revelando algumas adagas no interior e uma besta. — Faço serviços para quem paga bem. —

"Então, não é um assassino, mas um mercenário…" pensou e semicerrou seus olhos ao reparar na besta que ele tinha guardado. "Eu preciso ver as flechas, quem sabe não consigo encontrar semelhança com aquela que foi usada em Sekitan?" pensou e retornou seu olhar para os "amedrontadores" olhos carmesins do desconhecido que aproveitava para arrumar o manto como estava antes, assim escondendo seus equipamentos. 

— O que está fazendo aqui? Alguém o contratou? — Rina perguntou e levou a mão para a xícara de chá e a guiou para os lábios e tomou um generoso gole enquanto aguardava pela resposta.

— Estou aguardando por novas ordens. — O desconhecido respondeu e levou a mão direita para a nuca e usou a ponta dos dedos para coçá-la ao mesmo tempo que suspirava com desinteresse.

— Porque? — Rina perguntou.

— Porque o que? — O desconhecido perguntou.

— Porque está aguardando por novas ordens? — Rina perguntou e sua expressão se alterou um pouco, assim deixando evidente a dúvida que a mesma sentia naquele momento.

— Porque toda essa curiosidade? — O desconhecido perguntou e semicerrou seus olhos e pôs as mãos na mesa. 

"Merda, ele tem razão…" pensou o rosado que tentou não esboçar reação com a pergunta dele, mas acabou se esforçando um pouco para sorrir com um mínimo de malícia pelo canto dos lábios e até exibir um olhar que remetia a puro convencimento.

— Não posso fazer nada se está me deixando curiosa com o que está me contando, posso? — Rina perguntou e pôs o braço na mesa e deixou a palma aberta para um aperto. — Esqueci de me apresentar. Sou Katsumi Rina, muito prazer. —

— Já chega… estou farto de conversa. — O desconhecido disse e aproveitou para se levantar e arrumar o capuz para cobrir o rosto. Ele usou as costas da mão direita para bater na mão de Rina, dessa maneira afastando-a por alguns centímetros. — Até outro momento. —

"Ele não quer revelar sua identidade? Deve supor que conheço seu nome por causa de alguma viagem?" pensou e fechou sua mão em punho e só continuou observando para o encapuzado passar por ela e seguir para o balcão. "Eu não quero saber seu nome, mas para quem está trabalhando. Quem o contratou para a tentativa fracassada de assassinato… então, é óbvio que não posso deixa-lo sair com tanta facilidade" pensou a rosada que olhou para a xícara de chá e acabou com o conteúdo numa golada e retirou o dinheiro de dentro do bolso e o depositou na mesa. Ela continuou olhando para o desconhecido que terminava de acertar a sua conta e nem mesmo olhava para ela enquanto seguia para a porta, nem mesmo parecia ter intenção de se despedir por mais que tivessem conversado por algum tempo. Rina aguardou por alguns passos para sair silenciosamente do assento, mas não caminhou para a porta. Em questão de um piscar de olhos não estava mais dentro da casa de chá, mas regressado para o lado de Sirius que não emitiu som com a repentina aparição. Na realidade, o canídeo exibia um olhar duvidoso, quase reprovativo.

— Deveria tê-lo marcado com o Hiraishin no Jutsu, né? — Rina disse e passou a mão na cabeça do cachorro que gemeu manhoso por gostar daquele afeto, mas a atenção da rosada desviou para o encapuzado na rua que seguia à esquerda da casa de chá. — Será aquele plano. —

A rosada pulou com sutileza no chão e apressou seus passos poucos segundos depois. Ela olhou de relance para a casa de chá e sorriu pelo canto dos lábios quando a atendente pareceu confusa com seu sumiço. Rina retornou sua atenção no caminho a frente e também no desconhecido que continuava caminhando e passando por algumas pessoas, mas sem dúvida que não havia percebido que era seguido. Rina precisava fazer com que ele soubesse o que estava acontecendo, por isso puxou do bolso uma moeda e deixou-a posicionada em sua mão e fechou o olho esquerdo enquanto mirava e mordia suavemente a ponta da língua. E não demorou para acertar a moeda com o polegar, assim jogando-a muito próxima do desconhecido e acertando o cano exposto de uma construção. O desconhecido parou de andar e parecia mexer em alguma coisa dentro de seu manto. "Suas armas? Está verificando?" pensou e depressa se moveu para o lado esquerdo e depois ficou de costas quando o desconhecido olhou para trás e procurou por alguma coisa. Rina esperou por alguns segundos e retornou a sua caminhada e abandonou o sorriso quando percebeu que tinha perdido o estranho de vista. 

— Eu só tinha uma obrigação. — Rina sussurrou e levou a mão direita para os olhos e os coçou por alguns segundos.

Mesmo perdendo de vista, Rina imaginou que o alcançaria se corresse, por isso apressou seus passos e disparou pela rua enquanto olhava com cautela para as pessoas na tentativa de reconhecê-las como sendo o desconhecido. "Ele pode ter usado o Henge no Jutsu, então é óbvio que nunca mais vou encontrá-lo. Caramba, devia ter preparado melhor esse plano, quem sabe colocado o máximo de Kage Bunshin para vigiá-lo…" pensou e rangeu os dentes enquanto continuou correndo. "Se eu tivesse o marcado com o Hiraishin no Jutsu poderia aparecer ao lado dele, mas… ah, que droga!" pensou e apressou ainda mais os seus passos. "Essa é a informação mais quente que tive até agora e deixei que escapasse, além disso… por quais novas ordens está esperando?" pensou e diminuiu sua velocidade e levou a mão para o queixo e usou o indicador para cutucar os lábios e praticamente ignorava a movimentação de pessoas. Alguns homens olhavam para ela com um pouco de interesse, afinal de contas o Henge no Jutsu lhe dava uma bela aparência, sem contar que o suor que escorria agora por seu "delicado" rosto dava-lhe um pouco de charme adicional. "Se um ninja sensorial me acompanhasse, sem dúvida não teria esse problema…" pensou novamente e não demorou para sentir algo encostando em sua cabeça.

— Porque estava me seguindo? — Era o desconhecido. Ele estava logo atrás dela e com o braço esquerdo à frente do corpo e preso no antebraço havia um crossbow preso e uma flecha pronta para ser usada. — Não gostará de saber o que acontecerá se mentir. —

— Eu posso imaginar. — Rina disse e sorriu pelo canto dos lábios. Ela nem ao menos olhou para trás para vê-lo, assim mantendo sua atenção no caminho a frente. — Porque era você quem estive procurando, até tentei chegar ao assunto naquele lugar, mas você é teimoso. —

— Um serviço? O que uma cozinheira em treinamento está querendo com… — O desconhecido então se lembrou da conversa e olhou para o lado esquerdo de Rina e suspirou. Ele deduzia que ela queria vingança pelo que aconteceu, por isso continuou assim que olhou para o lado esquerdo e viu um beco. — Me acompanhe. Não gosto de combinar negócios tão em público assim. —

O albino abaixou o braço e voltou a escondê-lo em seu manto. Rina olhou para o desconhecido seguindo para o lado esquerdo e adentrando num beco cheio de latões de lixo e objetos facilmente descartados e com um cheiro desagradável. "O meu caminho rápido e prático por Konoha antes do Hiraishin eram os esgotos, isso não é nada demais…" pensou e agitou seus ombros e seguiu para dentro do beco e só levantou uma sobrancelha quando reparou em alguns ratos correndo e no forte cheiro de urina. O desconhecido, que andava a metros de um metro e meio dela, finalmente parou e jogou o manto para trás e revelou seu corpo esguio coberto por roupas escuras e com adagas presas num cinto, então o mesmo cruzou os braços. "Ele desarmou seu crossbow enquanto me trazia…" pensou ao reparar que faltava a flecha naquele simples e útil equipamento.

— Vamos falar de negócios. — O desconhecido disse e assumiu um olhar mais sério para a rosada.

— Vamos falar dos meus negócios. — Rina disse e levou a mão direita para a cintura e respirou fundo, então fez beicinho e assobiou.

O desconhecido descruzou os braços, mas levou as mãos para os ouvidos, afinal achava irritando aquele assobio duradouro. E também fechou momentaneamente seus olhos. Assim não escutou e nem viu quando um cachorro de pelagem escura e olhos carmesins agressivos passou em disparada pelo lado esquerdo de Rina e saltou em sua direção com a boca aberta e abocanhou com sua garganta, além de obviamente usar todo o peso e velocidade para derrubá-lo no chão. As presas afiadas de Sírius se agarravam entre as cordas vocais e laringe do desconhecido, destruindo completamente sua capacidade comunicativa e sangue escorrendo entre os ferimentos e manchando as presas do canídeo que rosnava e não parecia se importar que o desconhecido engasgava com o próprio sangue. Rina se aproximou lentamente do mercenário e o encarou com toda seriedade possível ao mesmo tempo que semicerrava suas sobrancelhas, além disso seus lábios se moviam a parecer com algo semelhante a repúdio, e isso melhorava significativamente com a leve sombra que a franja causava em seu rosto e melhorava o tom esverdeado de seus olhos.

— Que respostas será que tem para mim? — Rina perguntou ao mesmo tempo que seu Sharingan se ativou e não demorou para que o Mangekyou Sharingan fosse ativado em seguida junto ao In'yu Shōmetsu, então continuou quando sangue escorreu de seu olho direito e escorreu por sua bochecha e pingou ao chegar no queixo. — Kuebiko. —

E novamente o cenário mudou. Já não era mais aquele beco escuro e fedorento, mas um ambiente pouco iluminado com um cérebro e não precisou de muito esforço para que cabos surgissem e a partir deles alguns televisores. E não era mais Rina, mas o próprio Rin que invadiu o subconsciente do desconhecido. Ele pôs sua mão no órgão e sorriu pelo canto dos lábios.

— Mostre-me… que relação tem com a tentativa de assassinato do Daimyo ou de Sekitan. — Rin disse.

Ele esperava que houvesse alguma conexão, nem que fosse mínima para ter mais pistas a serem seguidas, por isso deu aquela ordem relativamente simples, afinal de contas não sabia a quanto tempo o contrato aconteceu, por isso esperava alguma coisa. E com aquela ordem… o rosado submergiu nas lembranças do desconhecido.

[ ۝ ]

Naquele momento, Rin era o mercenário e estava de volta ao bar, já estava cansado de esperar sentado por alguém que marcou um encontro para alguns assuntos. O mercenário olhou com desinteresse para o barman se aproximando de uma mesa e servindo uma bebida que ele não se interessou, então o funcionário ficou a conversar com o freguês e pareciam íntimos por causa do que chegava até ele, mas sua atenção se desviou para a entrada do bar quando a porta é aberta e por ela uma figura encapuzada passou. Ele continuou observando aquela pessoa até mesmo quando se esbarrou no freguês que acabou pedindo desculpa. E não demorou para que o recém chegado se aproximasse de sua mesa e ocupasse um assento. E houve um momento de silêncio entre as duas partes.

— Você é aquele cara? — O recém chegado perguntou.

— Você tem bons contatos. Seus amigos me encontraram e avisaram para que eu estivesse aqui nesse dia… — O desconhecido disse e aproveitou para remover o manto que encobria seu rosto para que o estranho pudesse confirmar que era mesmo ele. — …estou esperando faz quarenta minutos. —

— Não mais. — O recém chegado disse.

— Então, sobre o que você quer conversar comigo? — O desconhecido perguntou e cruzou os braços, mas foi um movimento que ninguém viu por causa do manto que cobria seu corpo. 

— Quero que mate algumas pessoas. — O recém chegado disse.

— Sempre querem. E eu não sou adivinho, por isso terá que me dizer quem são essas pessoas. É sua primeira vez fazendo esse tipo de contato com um mercenário? — O desconhecido perguntou.

— Em quatro dias. O Daimyo estará na quarta janela do terceiro andar da residência particular dele. Você terá de matá-lo… e use isso. — O recém chegado disse, então puxou um frasco de dentro do manto e pôs no meio da mesa e deu continuidade. Dava para ver uma cicatriz de seis centímetros em seu polegar. — Belladonna. —

— Opa, opa… Daimyo? O serviço vai sair caro… — O desconhecido disse e olhou para o frasco que estava no meio da mesa, depois olhou para o recém chegado.

— Eu posso pagar, além disso… deverá esperar por novas ordens. O Daimyo não é o único que deve sair morto nessa história, mas para isso ainda tenho que encontrar a arma certa. — O recém chegado disse.

— Quem é o próximo da lista? — O desconhecido perguntou e sorriu pelo canto dos lábios cicatrizados. 

— O filho mais novo, Gintaro. Você terá de usar uma arma do irmão para que achem que ele é o culpado pelo assassinato do irmão e do pai, assim perderá credibilidade e terá de ser afastado, mas terá que aguardar por essas ordens, então não vá para longe quando matar o Daimyo, se esconda por uns dias… — O recém chegado disse. Sua voz carregava um nítido divertimento com a ideia proposta.

[ ۝ ]

O cenário mudou. Agora o desconhecido encontrava-se num prédio vizinho à residência particular do Daimyo. Ele estava no terraço e terminando de arrumar seu arco enquanto assobiava distraidamente. Aquele era o dia e o horário que combinou com o estranho no bar de que o Daimyo estaria no terceiro andar. Ele olhou novamente para a construção de alguns andares e alargou um sorriso pelo canto dos lábios quando identificou o Daimyo e mais outra pessoa, os dois aparentemente estavam conversando sobre alguma coisa, mas ele não se interessou e pegou as luvas e as equipou, depois uma flecha e molhou sua ponta com o que havia recebido outro dia e aguardou a passagem de uma brisa para que pudesse fazer o disparo. 

— Até mais, Daimyo dos Vales. — O desconhecido disse assim que a brisa parou.

E ele disparou. E levantou as sobrancelhas quando o Daimyo caminhou e sorriu pelo canto dos lábios. "Filho da puta sortudo…" pensou e observou quando a flecha acertou de raspão a outra pessoa com quem o Daimyo conversava. O desconhecido suspirou e depressa se ajoelhou e arrumou suas coisas, pois achava que seria bom sair dali o quanto antes. 

[ ۝ ]

Rin saiu daquela lembrança. E coçou seus olhos ao mesmo tempo que um sorriso de orelha a orelha surgia. "Não é apenas um golpe contra o Daimyo, mas contra toda a família…" pensou novamente antes de cancelar o Kuebiko. E todo o cenário voltou a ser aquele beco mal cheiroso e de péssima aparência. Ele continuava olhando para o desconhecido que tinha sua garganta destruída por Sirius que aguardava por um sinal do tipo "pare" ou "continue", mas a rosada suspirou e seu Mangekyou Sharingan se desativou, assim seus olhos voltam ao tom esverdeado. Uma poça de sangue já estava se formando por causa da mordida selvagem e firme da garganta do desconhecido. Aquilo poderia ser facilmente cuidado por Iryō Ninjutsu, mas não seria Rin quem cuidaria. Rina então ficou de costas para o desconhecido e num gesto de confiança levou a mão para o cabelo róseo lindo e comprido, assim fazendo questão de balançá-lo para trás enquanto fazia seu caminho para longe do corpo.

— Vamos, Sirius. — Rina disse.


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