Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 104
S05Ch10;




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No dia seguinte, mas em outro lugar. Mais precisamente em Yattsuhoshi, entretanto não passava das oito da manhã. Ontake estava no quarto de hóspedes — o único — da casa de Chishiki, mas não estava sozinho. O moreno dispunha as mãos na parede ao lado da cama e mordia seus lábios antes de escorar totalmente seu corpo magro na parede. Suor escorria por seu rosto e ele olhou de relance para o escritor logo atrás dele.

— Chi-Chishiki… — O moreno começou a dizer, mas foi interrompido.

— ...aguente. A dor já vai passar. — Chishiki disse, desta forma interrompendo o moreno tão próximo dele.

— Você diz isso a ci-cinco minutos… — Ontake disse, então abaixou sua cabeça depois de voltar a olhar para frente no momento que sentiu mais um pouco de dor. — Ah… — Ele gemeu de dor.

— Se você parasse de respirar por alguns minutos, quem sabe já teríamos… — O escritor puxou os fios do corpete que tentava vestir no moreno, então deu continuidade assim que pôs o pé direito nas costas dele e puxou mais ainda. — ...acabado com essa merda! E pare de fazer barulhos estranhos. —

A manhã em questão era um pouco confusa naquela casa, mas Chishiki conseguiu convencer Ontake a posar para que o fotografasse uma única vez, desta forma o moreno serviria para ser a personagem que ficaria na capa de seu próximo livro. O único problema é que Chishiki não disse que Ontake deveria usar vestimentas femininas, por essa razão que a todo custo tentava vesti-lo com um corpete. 

— Vou morrer se não respirar! — Ontake disse, mas então continuou assim que o escritor levou a mão para sua cabeça e puxou seu cabelo. — Pare de puxar meu cabelo! —

— Pare de reclamar! E eu só tô querendo deixá-lo solto, porra! — Shiki disse, então sentiu-se aliviado ao conseguir ajeitar o corpete no corpo magro do moreno. — Pronto! —

— Me diga, porque estou fazendo isso mesmo? — Ontake perguntou e levou as mãos para o corpete e voltou sua atenção para o escritor. 

— Porque você está na minha casa. Comendo e bebendo e dormindo de graça. Nada mais justo do que me prestar um serviço ou dois. — Shiki respondeu e cruzou os braços um pouco satisfeito com o resultado.

— Eu tô me sentindo usado. — Take murmurou, mas continuou assim que entendeu um detalhe na frase do escritor. — ...um serviço ou dois? O que mais está querendo de mim? —

— Você obviamente se parece com uma mulher, mas faltam algumas coisas para que seja uma mulher em minha capa. Então… — Shiki sorriu pelo canto dos lábios e levou sua mão direita ao queixo do moreno, apertando-o um pouco. — ...vou transformá-lo numa mulher. —

"Isso… ele… com certeza é pior que minha mãe" pensou o moreno que engoliu em seco e desviou sua atenção para a porta aberta do quarto, depois voltou sua atenção para o escritor e tentou correr dele. Ele pretendia fugir do quarto, quem sabe de casa, ou de Yattsuhoshi e se encontrar com Rin e pedir por um pouco de segurança, mas ele não chegou muito longe. Isso porque Shiki lhe segurou pelo cabelo assim que o mesmo passou por ele, então o escritor pôs a mão disponível no bolso enquanto ouvia as reclamações e choramingos do outro.

— Já estou com tudo pronto. E a porta está trancada com a chave guardada num lugar seguro. Você está preso comigo pelas próximas horas. — Shiki disse com um sorriso debochado, quase provocativo e malicioso. 

— Não… — Ontake sussurrou e depressa encostou os braços em seu abdômen, engoliu em seco enquanto fechava suas mãos em punho, então continuou. — ...não mesmo. —

— Sim! Ah, sim! — Shiki disse.

— NÃ-NÃO! — Ontake berrou completamente envergonhado.

Algumas pessoas passaram próximas a casa do escritor e surpreenderam-se com o estridente grito, mas não pensaram que alguma coisa perigosa acontecia lá dentro. O grito de Take tornou-se comparado ao de um gemido, por essa razão que as pessoas recuaram e se concentraram em suas respectivas obrigações.

[ ۝ ]

Alguns minutos depois os dois não estavam mais dentro de casa — para total desgosto de Ontake — mas num gramado muito bem esverdeado atrás da casa do escritor e com um pequeno morro com uma árvore que certamente seria agradável de passar o tempo embaixo dela.

— Não consegue abrir mais suas pernas? — Shiki perguntou mantendo aquele tom provocante e malicioso.

— Co-Consigo, ma-mas é vergon-vergonhoso… — Ontake sussurrou um pouco audível com o rosto bem ruborizado.

O moreno encontrava-se sentado num tronco de árvore partido. Ele usava um vestido vermelho decotado no busto — aliás… havia enchimento para ser confundido com seios — e seu cabelo estava bem solto e molhado, desta forma pareceria mais brilhoso na imagem — pelo menos foi isso que Shiki contou para Take — e o mesmo usava um pouco de maquiagem para deixá-lo mais afeminado, suas unhas foram pintadas — contra sua vontade — de um azul piscina. O moreno obedeceu ao pedido de Shiki, desta forma abrindo mais suas pernas e engolindo em seco quando ouviu um riso divertido do escritor.

— Porque estamos fazendo isso? — Take perguntou.

— Um amigo me pediu um favor. Ele precisa de uma mulher na capa do livro dele, mas com certeza não vou pedir essas coisas para uma mulher. Vai que supõe que está sofrendo algum tipo de abuso ou coisa do tipo? Então… — Shiki pôs as mãos na cintura e curvou para frente seu corpo enquanto exibia um amigável sorriso para o moreno. — ...você é a minha salvação. —

O moreno ficou em silêncio. E admirou o máximo de tempo possível aquele sorriso do escritor. Ele já tinha visto Chishiki sorrir para algumas pessoas, mas era por etiqueta — sempre um sorriso forçado com desgosto, provocativo ou coisa do tipo — mas aquele sorriso era… sincero. O moreno suavizou um pouco sua expressão, então abriu um sorriso pelo canto dos lábios e balançou sua cabeça de cima a baixo. "Eu posso fazer isso por ele" pensou enquanto mantinha seus olhos rubros no escritor que agora tinha uma das mãos no queixo, alisando-o pensativo.

— O que foi? — Ontake perguntou.

— Essa sua expressão suave. É boa para o que ele estava querendo, mas falta alguma coisa. — Chishiki disse e inclinou a cabeça para o lado esquerdo, depois para o direito e enfim suspirou. — Ah… já sei. —

Ontake ia perguntar alguma coisa, mas não teve essa oportunidade. Ele só ficou em silêncio por causa do escritor que aproximou-se dele, então levou as mãos ao seu rosto. Seus rostos estavam ridiculamente próximos, por essa razão que as bochechas do moreno se esquentaram e um brilho passou por seus olhos rubros e ele engoliu em seco. Ele observou como Shiki exibia um olhar de pura concentração, assim como sentia a maciez das mãos dele em seu rosto. O escritor sorriu pelo canto dos lábios.

— Não me olhe dessa maneira. Tem que exibir um olhar determinante, sabe? Finja que está olhando seus inimigos de cima de uma pilha de mortos. — Shiki disse.

— Existe esse tipo de olhar? — Ontake perguntou e fechou seus olhos ao sentir suas bochechas serem beliscadas. — Qual é?! —

— Eu acabei de descrevê-lo, porra. Tente prestar um pouco de atenção nas coisas que digo. — Shiki disse, então aproveitou que segurava o rosto do moreno para levantá-lo um pouco. — Agora o olhar. —

Take obedeceu o máximo que pôde. E exibiu um excelente olhar — frio e desinteressado, mas contendo uma ameaça muito forte neles. Shiki pareceu levemente satisfeito com aquele resultado, mas sabia que ainda não era o bastante, por essa razão que moveu seu polegar para o lábio de Ontake que arrepiou-se por inteiro com o toque, mas esforçou-se para não alterar o olhar.

— Mova o lado esquerdo um pouco. Tem que parecer um sorriso confiante e debochado. — Shiki disse.

— Da onde estão saindo essas ideias absurdas? — Take perguntou, mas obedeceu ao loiro e sorriu pelo canto dos lábios com um pouco de confiança, mas tentando ao mesmo tempo parecer que estava debochando de algo.

— Características que meu amigo me mandou na carta. — Shiki respondeu e afastou suas mãos do rosto do moreno, então cruzou os braços. — Tente deixar os braços relaxados. —

— Rin ficará feliz em saber que você tem mais de um amigo. — Take sussurrou, mas audível o suficiente para o loiro escutá-lo.

Shiki semicerrou as sobrancelhas. Muita coisa que poderia dizer naquele momento, mas controlou-se ao máximo para não acabar de vez com o emocional do moreno, assim o mesmo engoliu o pouco orgulho que tinha para o bem de outra pessoa. Ao menos sentiu-se aliviado pelo moreno ter tocado num assunto interessante. 

— Como você o conheceu? Ainda não me contou essa história. — Shiki disse enquanto se afastava do moreno e pegava do chão uma sacola e de dentro dela uma câmera fotográfica. 

— Ah, essa história não é tão interessante, Shiki, mas posso contá-la se me disser como se conheceram. — Take disse e piscou um dos olhos para o loiro antes de acrescentar. — Eu gosto do máximo de informação, sabe? Quero algo em troca dessa informação, então nada mais justo do que algo semelhante. —

"Ele até parece um informante ou coisa do tipo" pensou o escritor que agachou-se na frente do moreno, então ajeitou a lente de sua câmera e emitiu um "tsc" antes de afastar-se um pouco. Take mantinha a exata pose que foi pedido, assim como o olhar, mas o problema era o ângulo. E aquilo era serviço de Shiki que era inexperiente com fotos, mas excelente na escrita.

— Nos conhecemos num lago perto daqui. E tentei bater nele, mas não deu certo. E aí ele foi enforcado por um cara que mais tarde descobrimos que era um dos inimigos dele. — Shiki respondeu, mas sorriu pelo canto dos lábios antes de continuar. — Eu o ajudei a descobrir quem era o inimigo. Ele não seria nada sem mim. —

— Uau. Deve ter sido um trabalho muito difícil de investigação. — Take sussurrou, então pôs a mão direita em seu queixo e pensou sobre a resposta do loiro, mas deu continuidade. — Nos conhecemos prestes a participarmos de um evento mortal em Amegakure; o Coliseu. Dei a ele as informações que queria e ele me deu a proteção que eu necessitava. Então me aliei com a Rokujūshi. —

— O que é Rokujūshi? — Shiki perguntou.

— Um esquadrão especializado em Iryō Ninjutsu. Cada um estava se especializando numa coisa em particular, mas todos aprendemos o Shōsen Jutsu… — Take respondeu, mas deu continuidade assim que coçou uma das bochechas levemente avermelhadas. — ...ainda tenho um longo caminho, mas a minha área é de venenos, antídotos e medicamentos. —

O escritor estava para dizer alguma coisa, mas sua atenção se desviou no mesmo instante que o olhar de Take foi para suas costas, desta forma ambos observam um moreno mais velho de óculos — Shojiki — que levantava o braço direito em comprimento aos dois. Ele paralisou no momento que viu Ontake transvestido, então levou a mão direita para perto da boca e a tampou, desta forma abafando o máximo que pôde de um sorriso. Ontake gemeu manhoso e baixou sua cabeça. Certamente tinha uma boa explicação a dar ao líder de Yattsuhoshi, mas o mesmo teria de acreditar.

— O que você está querendo? Não tá vendo que tá atrapalhando? — Shiki perguntou e moveu a mão que segurava a câmera fotográfica.

— Ah, desculpe, desculpe. Algumas crianças disseram ter visto uma boa moça aqui, mas agora percebo como estavam um pouco enganadas. — Shojiki respondeu, então se aproximou de Ontake e deu continuidade. — Não acho que esse tipo de roupa combine com você. —

— Obri… — Ontake não concluiu seu comentário.

— Você não tem que achar nada. Quando a foto estiver bem editada nem saberá quem é. Então, vá para sua maldita fonte termal ou babar no seu neto. — Chishiki disse e levou seu pé direito para a canela esquerda do mais velho, chutando-o para que o mesmo fosse embora. — Xô! —

— Eu até poderia, né? Meu neto é tão fofinho, sabem? Ele olha para tudo com curiosidade, então começa a rir como se fosse a coisa mais engraçada do mundo, ele até já sabe pronunciar algumas palavras. — Shojiki disse com um ânimo muito diferenciado e sacolejando seu corpo enquanto se abraçava. — "Apa" é sua palavra favorita. —

"Seu neto tem meses. Ele não tem o cérebro bem desenvolvido ainda" Chishiki pensou e rosnou prolongado antes de semicerrar suas sobrancelhas e cruzar os braços, suspirar e olhar para Ontake que o observava, mas que desviou a atenção quando os olhares se cruzam, então o escritor voltou a observar o líder de Yattsuhoshi que continuava balbuciando coisas sobre o neto maravilhoso.

— O que está querendo? Fale de uma vez, homem. — Shiki pediu.

— Você é do tipo ciumento então, huh? — Shojiki comentou com um pouco de malícia e levando seu braço direito ao ombro do loiro.

— Ciumento pelo quê? — Shiki perguntou e levantou uma das sobrancelhas, além disso odiava aquele tipo de proximidade com o mais velho, porém imaginava que de nada adiantava relutar..

— Pelo seu namorado. Tá impaciente porque estou atrapalhando alguma eroticidade entre vocês. Estou certo? — Shojiki perguntou, mas deu continuidade sem reparar no olhar de surpresa de Ontake. — Algumas pessoas até ouviram sobre "uma dor que passara", mas quero avisá-los que isso não dá para ser feito em público, então… —

Shojiki não concluiu seu comentário. Isso porque Shiki o golpeou com toda força de alguém desprovido daquela qualidade e que pouco praticava exercício ou qualquer coisa do gênero, ou seja, com pouquíssima força, mas ainda foi sentido pelo mais velho que agachou-se no gramado esverdeado e levou as mãos ao estômago depois de golpeado. Ele não sabia o que tinha falado de errado, por isso estava curioso, mas relutante em dizer alguma coisa por causa da dor.

— Eu não estou namorando. — Shiki disse e aproveitou para cruzar os braços, abaixar a cabeça e suspirar, levantá-la e dar continuidade. — Até poderia me explicar para você, mas… —

O loiro ficou em silêncio. Ele olhou para Ontake deixando o tronco de árvore partido e se aproximando do caído líder do vilarejo, então pondo as mãos por cima das mãos dele e sorrindo enquanto uma energia surgiu da palma — Shōsen Jutsu — e tratou daquela dor. O moreno mais jovem não incomodava-se em estar transvestido enquanto auxiliava nos cuidados de Shojiki.

— ...não estamos juntos. É tudo um mal entendimento de algumas pessoas. — Ontake disse com um olhar gentil, mas ao mesmo tempo penoso e forçou um sorriso para o mais velho. — O que tenham escutado mais cedo na casa de Chishiki não passa de um engano. —

— Faz muito mais sentido. Afinal, duvido muito que alguém gostaria de ficar num relacionamento duradouro com esse mal educado. — Shojiki disse enquanto recuperava-se depressa do solitário ataque.

— O que você disse!? — Chishiki disse áspero e batendo seu punho direito na palma esquerda antes de dar continuidade. — Acho que estou ficando surdo, então poderia repetir o que disse? —

— Eu concordo. — Take disse e cruzou os braços abaixo dos seios falsos antes de continuar. — Shiki-san é tenebroso em muitos aspectos. Ele se mantém decidido até o final, até por essa razão que estou vestido dessa maneira, um cabeça oca que não pensa em nada mais do que escrever, por isso até acho que não faz ideia do que seja namorar. —

Shiki ficou em silêncio, mas continuou ouvindo seu hóspede reclamando dele para o líder do vilarejo que escutava silenciosamente, mas dava-se para perceber um sutil brilho de concordância no olhar de Shojiki, até mesmo um sorriso de respeito para o garoto que ignorava a presença do escritor para falar de suas piores qualidades. E não eram poucas. 

— Mas… — Take baixou sua cabeça e sorriu timidamente ao mesmo tempo em que entrelaçou as próprias mãos na barriga. — ...ele se preocupou comigo quando me vestiu dessa maneira, sabe? Escolheu um local perto de casa para tirar uma foto, ou seja, não queria me fazer passar vergonha ao escolher um lugar mais público. Shiki-san em momento algum me cobrou por estar sob o teto dele, pois sabe que não tenho para onde ir, por essa razão creio que seja um homem justo e admirável. —

Shiki ficou em silêncio, contudo surpreso com aquelas palavras. Um brilho passou despercebido por seus olhos enquanto continuava observando o moreno mais jovem que possuía uma expressão tão tranquila. O escritor continuou observando-o e engoliu em seco enquanto suas bochechas se aqueciam muito pouco por vislumbrar Ontake de um jeito tão… natural. Ele retornou a si em algum momento e levou a mão direita fechada em punho para perto da boca, então fingiu uma tosse.

— Já passou do tempo de falarem de mim. — O escritor enfim disse e levou a mão direita para o bolso antes de continuar. — Explique aos curiosos que tudo não passou de um mal entendido. —

— Com certeza, mas antes de partir gostaria de ter uma rápida conversa com seu amigo, Shiki. — Shojiki disse e sorriu convencido pelo canto dos lábios.

— Comigo? — Take disse, mas continuou assim que inclinou para o lado direito a cabeça. — Sobre o que? —

— Uma proposta de emprego temporário em Yattsuhoshi. — Shojiki respondeu amigável e continuou assim que levou as mãos para a cintura e virou-se, desta forma observando um pouco do vilarejo. — Não há um único indivíduo que saiba Iryō Ninjutsu por aqui. Então, quando o Garoto Abençoado… —

— Rin. — Shiki o corrigiu. Ele estava bem atento na informação desconhecida, assim como Ontake.

— ...quando Rin mencionou que tinha interesse em mudar-se para cá, sugeri em certo momento que trabalhasse como médico. E ele aceitou sem impor qualquer condição, mas certamente receberá um bom salário pelo serviço. — Shojiki disse, entretanto sussurrou a última parte enquanto coçava seu queixo, então continuou assim que voltou sua atenção para o moreno. — Mas ele ainda não se mudou. Em nossa duradoura conversa, me contou a seu respeito e não deixou de citar seu Iryō Ninjutsu, por isso gostaria de tê-lo à minha disposição temporariamente. Não tenho a mínima ideia de quando uma pessoa se machucar em meu vilarejo, então fico muito preocupado, mas com alguém como você à nossa disposição eu poderia sossegar um pouco, sabe? Óbvio que essa vaga é temporária, mas poderá permanecer como médico após a mudança dele. Então, o que me diz? —

Ontake ficou em silêncio. Ele gostaria de negar aquela oferta, mas antes que pudesse pronunciar sua rejeição ao pedido, sentiu-se levemente curioso. O que o rosado diria em seu lugar? Bom, certo que ele aceitaria com ânimo já que possuía uma vaga de emprego fixa naquele vilarejo, mas quais palavras usaria? "Porque tô pensando em você?" pensou Ontake que mordiscou sutilmente seus lábios, mantendo-se pensativo ainda.

— Não quero ser conhecido como o médico daqui por enquanto. Avise que podem me procurar se precisarem de mim, mas não aceito o cargo. Rin é líder do esquadrão a qual participo, com isso em mente vou esperá-lo adquirir primeiro a posição. — Take disse.

— Alguém se machucou? — Shiki perguntou e semicerrou os olhos, então continuou. — Porque escolheu agora como o momento de dizer isso? —

— Ninguém se machucou. E eu apenas queria me manter precavido. — Shojiki respondeu, então acrescentou quando tornou-se animado novamente. — Não quero ser repudiado pelo meu único e adorável neto por não ajudar as pessoas daqui. Que chegue cedo a fase rebelde dele e comece a me odiar. Meu coração não aguentaria isso. —

"Seu neto tem meses" Shiki pensou e suspirou com muito desgosto em continuar com aquela conversa, por isso voltou sua atenção para Take e sinalizou a câmera enquanto o líder do vilarejo falava com descontrole sobre o neto. Ontake entendeu, por isso assumiu as posições que foram sugeridas anteriormente, então o escritor se ajoelhou de frente para ele e cauteloso escolheu o melhor ângulo, então o fotografou. Take olhou para Shiki que virava e começava a se distanciar ainda ignorando Shojiki, por isso olhou para o líder do vilarejo, mas resolveu não insistir numa conversa, por essa razão que afastou-se e ignorou um "ei!" do mais velho depois de alguns passos. Take aproximou-se de Shiki que seguia em direção ao lar e até pensou em segurar-lhe o braço e encostá-lo em seu corpo — como mulheres geralmente fazem — mas balançou a cabeça, desta forma rejeitando a ideia e levando as mãos para trás da cabeça, então observou algo curioso.

— A casa dele. Estão finalmente mexendo nela. — Take sussurrou.

E era verdade. Alguns pedreiros naquele dia começaram o serviço da casa do rosado, por isso já se viam tijolos sendo colocados um ao lado do outro e um em cima do outro, mas ainda era pouco. Ele sabia que levaria alguns meses para que a casa fosse concluída. Shiki olhou para o mesmo lugar que Take, então voltou sua atenção para o moreno.

— Porque aceitou a oferta dele? — Shiki perguntou.

— Infelizmente, pensei no Rin. — Take disse, então suspirou antes de continuar com sua resposta. — Eu gosto de ter informação antes de ajudar outras pessoas, mas dessa vez foi um pouco diferente… o altruísmo dele se enraizou em mim. —

— Hm… — Shiki disse e sorriu provocativo e debochado antes de voltar sua atenção para o moreno. — ...pense em mim na próxima vez que fizerem uma oferta, com certeza achará boas as respostas. —

— Pode deixar… — Take disse e correu para frente de Shiki e levou as mãos para suas costas antes de sorrir e continuar, ignorando completamente que ainda estava transvestido. — ...eu vou pensar. —

"Você já está em meus pensamentos desde o momento que comecei a ler seus livros, mas está dominando quando nos vimos naquela noite e deixou que eu entrasse em sua casa. Isso me deixa tão contente" pensou o moreno sabendo que o escritor não era capaz de ler seus pensamentos. Take continuou com aquele sorriso amável e gentil para o escritor que ficou em silêncio, observando-o enquanto rumavam para a casa.


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