Piratas do Caribe: Tesouros Antepassados escrita por _FoX_


Capítulo 2
Capítulo 1 - Ato e conseqüência




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Virei para trás e vi Sara indo ao banheiro. Fiquei parado ao lado de um vaso com uma samambaia. Suando frio, observei a mulher passar do banheiro para o quarto de seu filho e depois, finalmente para seu quarto.

Pensando que estava seguro, sai de meu “esconderijo” e segui com meu furto. A casa dos Spann era muito grande, o que para alguns ladrões pode ser uma benção, mas para outros como era o meu caso, podia ser uma maldição, já que não buscava o maior numero de coisas possíveis, e sim uma coisa especifica. Um tesouro específico para ser mais exato.

Passei pela sala. Era uma sala muito chique, com objetos que claramente eram de valor. Vi vasos com flores, quadros muito bonitos, uns com retratos, possivelmente de sua família, um que fazia referência a barcos, todos belos e caros, mas aquilo não me interessava mais. Já havia roubado coisas “fúteis” o suficiente para a noite.

Eu sabia que o Capitão Spann tinha um cofre na sala. Sabia também que o anel de esmeraldas que eu procurava estava no cofre. Só faltava achá-lo. Onde um Capitão da Marinha britânica esconderia um cofre?

Pensei um pouco, e fiz uma pequena lista de lugares possíveis. Embaixo de um tapete, atrás da estante, do relógio ou de um dos quadros. Até mesmo embaixo de um de seus sofás. A resposta como sempre era a mais obvia, porém a que nós pensamos por último.

“O quadro com barcos!”.

Rapidamente, fui até o quadro e o removi. “Achei!”. Coloquei meu ouvido no cofre e fui virando seu código. A cada pequeno barulho, mais atenção eu prestava, pois sabia que aquele era o momento crucial daquela noite. Tec! Fora o primeiro estalo. Faltavam mais quatro. Fui virando o segundo código, e então Tec! Novamente desvendei um número do código.

Cada vez mais animado, eu já estava com os nervos à flor da pele, dentro de mim uma mistura de animação, por estar quase acabando o meu trabalho, e medo, pois alguém poderia chegar ali a qualquer momento. Também sentia certa frustração, pois alguém como eu, apesar de estar no meu sangue, não merecia estar tendo que roubar depois do trabalho de meus antepassados. Um deles especificamente...

Voltemos à narrativa. Mais um número havia sido descoberto. Depois outro. Finalmente, o último. Quando estava prestes a descobri-lo, modéstia a parte eu era muito bom e muito rápido nisso, aconteceu o que eu mais temia.

-Ora, ora... Sabia que estava acontecendo alguma coisa aqui. Por aqui, homens. – Disse o capitão Spann - Minha mulher não passa da meia-noite acordada. Tinha movimento demais por aqui.

-Boa noite para o senhor também, Capitão Spann. É um grande prazer conhecê-lo. Você tem grande fama pelas tavernas da cidade. - eu disse - Mas, permita-me dizer que muitos dizem que o senhor é um pouco folgado. E idiota também.

-Muito engraçado, filho. Porém, eu acho que você está em uma situação desfavorável no momento. Ora, vejam só, um gatuno ridículo, provavelmente inexperiente, pois nem para fechar a janela por onde entrou você prestou, contra um capitão da Marinha e um esquadrão noturno da milícia. Acho que teremos mais uma cela preenchida.

- Meu caro Capitão, adoraria passar horas trocando elogios com você, mas, se me permite dizer acho que tanto eu como você temos melhores coisas a fazer. Vamos lá, você está cansado, trabalhou o dia inteiro. Acho que é chegada a hora de nos despedirmos.

Eu transparecia uma grande calma pela minha voz. Mas, indubitavelmente, todos os presentes perceberam que eu estava com medo, louco para pular a janela e sair correndo.

-Não, amigo. Agora você vai esperar um pouco. Um soldado já foi chamar o Comandante e o Colin.

“Ih, ferrou” pensei comigo. Comandante e o Colin eram as autoridades máximas da cidade.

O Comandante Waylon era um dos mais respeitados e temidos homens de Oxbay. Desde seus 17 anos estava na milícia. Com o passar do tempo fora sendo promovido, e hoje 30 anos depois, virou a máxima autoridade.

Colin era seu braço-direito. Havia entrado há pouco tempo na milícia, mas devido a sua habilidade com espadas e sua velocidade para atirar, fora descoberto pelo Comandante e já fora promovido a segunda maior autoridade. Ele parecia não gostar muito disso. Eu o entendo. Quando você entra na milícia você só fica a paisana, e como fora rapidamente promovido não pode aproveitar o começo da profissão. Tinha de ficar o dia inteiro dentro de uma sala quente de uniforme. Graças a Deus que não era eu.

Tinha que sair de lá. Não importava como, mas tinha.

-Qual o problema, garoto? Ficou com medo agora?- perguntou o capitão

-Bom, medo não. Digamos respeito. Fica mais bonito. Não se preocupe Capitão. Ficarei aqui, esperando pacientemente o Comandante e o Colin. Mas, antes... Segura seu quadro!

Aquela era a hora. Aproveitando que o capitão distraira-se com o quadro corri de volta ao quarto do pequeno Joey, já que o Capitão havia me lembrado que eu havia deixado a janela aberta.

Mas, infelizmente aquele não era meu dia de sorte.

Ao pular a janela, reconheci meu erro. Logicamente, o Capitão não viria sozinho para casa ao ver que tinha alguém nela, mas eu não esperava que ele fosse mandar uma parte do esquadrão noturno guardar o perímetro de sua casa.

Na rua mais ou menos uma meia dúzia de homens estava armada com espadas (graças a Deus que não eram armas de fogo). Puxei minha espada de meu cinto, mesmo sabendo que não poderia lidar com todos eles. Iria lutar, mas não só com meu sabre. Tinha uma arma que com certeza 80% deles não tinha: cérebro.

Começou então um breve duelo. Eles não tinham uma grande habilidade com a espada, o que explicava porque eles tinham que passar a noite em claro, prendendo, ou melhor, tentando prender ladrões e recuperar fugitivos da prisão. Consegui manter um ritmo bom na batalha, já que eles eram ruins demais.

Quando um deles veio dar uma investida contra mim eu desviei dele e ele foi seco e caiu dentro do quarto do moleque. Com o barulho o menino acordou e começou a berrar:

-Ahhhhh! Mãããããe! Socorro! Tem alguém no meu quarto!

-Calma, filho. –gritou de volta o capitão Spann, que fora correndo ao quarto do filho e viu o soldado caído que nem um saco de bosta sob a cama de seu filho – Saia daí, Crimson.

Ao ver o capitão Spann gritar com o soldado, os outros ficaram amedrontados e esqueceram-se de mim.

Aproveitei a hora para correr, mas era tarde demais.

Colin estava na minha frente, parado com sua espada e me olhando com um leve sorriso desdenhoso no rosto.

Eu nunca o havia visto, mas ele não era totalmente diferente de como eu o imaginava. Era um homem praticamente da minha idade, ou pelo menos era o que aparentava. Era mais alto que eu, moreno e magro. Olhou impacientemente para mim e disse:

- Pronto, vamos acabar com essa palhaçada. Venha comigo, sem resistência que, quem sabe você pode chegar vivo na cadeia.

- Entretanto você pode me deixar ir embora e vai para um médico e, quem sabe consegue arranjar um cérebro para você.

Esse era o plano. Já estava tarde, e ele estava nervoso e quanto mais inquieto ele ficasse, menos focado em mim e no duelo que nós teríamos ele ficaria.

-Muito engraçado. Vamos ver se você é tão bom com seu sabre quanto você é para dar essas respostas.

Naquele exato momento ele investiu contra mim e eu só tive tempo de me defender. Ele era muito rápido com seus movimentos, o que dificultava muito para mim.

Porém ele não era muito forte, o que era justificável pelo seu físico, já que ele era tão magro quanto rápido. Essa sua falta de força poderia ser usada ao meu favor, mas eu teria que esperar a hora certa para atacar.

-Não está cansado de se defender? Eu não posso ficar aqui a noite inteira - falou com um sorriso sarcástico no rosto

-Ah, é verdade. Quase havia me esquecido que vocês do alto posto da milícia são uns imbecis sem vida própria.

Assim que eu respondi o sorriso de sarcasmo sumiu do rosto dele, e deu lugar a uma face que transparecia muita fúria.

Pronto, eu já havia irritado ele o bastante. Ele estava bem nervoso.

E essa foi a causa da minha vitoria.

Junto com esse nervosismo veio a precipitação dele, que começou a me atacar de um modo sem sentido que me deixava brechas para contra-atacar.

- Que foi? Já cansou, Colinzinho?

-Não. Pelo contrário. Estou com tanto ódio de você que poderia ficar até amanhã, mas acho... Ou melhor, que você não agüenta.

Dizendo isso, ele me atacou com uma fúria muito grande, mas eu consegui defender na hora certa, o que o deixou desestabilizado.

Aproveitei a oportunidade, eu o ataquei com muita força, ele conseguiu defender, mas a eficácia de minha investida foi tão grande que ele deixou a sua espada cair.

-Maldito... Você não foi honesto na luta - ele disse

-Não, eu fui honesto. Você que não teve cabeça suficiente para me derrotar.

Quando eu disse isso, Colin ficou sem palavras. Mas ele ainda estava nervoso comigo, e tentou me atacar mesmo com as mãos vazias. Ele me deu um soco, que se eu não vou para o lado, ia em cheio à minha cara. Eu o empurrei e fiz um pequeno corte com a espada em seu braço.

Não foi profundo, só o suficiente para deixá-lo com um pouco de dor e fazer com que ele não me atacasse mais.

-Até mais, Colin. Tenho certeza que nos veremos mais vezes.

Virei-me para ir embora e tentar achar um lugar seguro, já que a pequena pousada que eu estava antes de ontem não me aceitaria mais.

Corri, e entrei em um beco. Esperei um pouco a poeira abaixar para poder sair, já que a taverna da cidade ficava perto da casa dos Spann. Uns 15 minutos depois eu sai, e fui e direção à taverna.

Perto da casa dos Spann não tinha ninguém, então aproveitei para seguir em frente. Quando eu passei da casa dos Spann tive uma grande surpresa.

O Comandante Waylon estava em pessoa na esquina, como se estivesse me esperando.

Ele me viu de longe e veio em minha direção. Ele eu já conhecia, era chegado a um amigo que eu tive, mas a última vez que eu o havia visto fora a alguns meses em uma passagem pela prefeitura.

Chegou perto de mim e disse:

-Olá de novo, Sean.

-Boa noite, Comandante. Faz um tempinho já, né?

-Alguns meses. Sabia que você me daria problemas

-Waylon, eu acho que eu já passei por coisas suficientes essa noite. Deixe-me ir agora. Você não quer acabar como o Colin. Não é mesmo.

O Comandante fez uma cara como se quisesse me matar, pois além de eu ter o chamado pelo primeiro nome, coisa que ele odiava, ainda tinha o ofendido e também seu subordinado.

-Você está muito abusado, garoto. Venha logo, você já fez o que tinha que fazer, e agora vai ver a conseqüência desse ato... Ou melhor, atos. Todo ato tem a sua conseqüência.

Eu nunca tinha visto-o tão serio, mas eu não podia dar o braço a torcer. Não depois de tudo que eu havia passado nessa noite.

-Desculpe, Comandante, mas eu não posso. Passei por muito sufoco essa noite para acabar em uma cela...

-Mas infelizmente é isso que vai acontecer, é a conseqüência de seu ato.

-Bom, posso até ir, mas não sem resistir.

Disse isso já puxando minha espada. Estava disposto a duelar, uma vez mais, pois sabia que seria o único jeito de eu conseguir sair de lá.

-Sean, você sabe que eu não quero fazer isso. Não me obrigue, por favor. Você sabe que eu gosto muito de você, você é um garoto bom, não precisa fazer isso. Sua família não aceitaria isso.

-Se minha família fosse a mesma, ela não teria que dar palpite, pois minha família já dependeu disso.

-Isso foi nos tempos ruins. Você mesmo me contou alguns anos atrás.

-Foram tempos melhores que agora.

-Bom, chega de conversa, você virá comigo para a prisão. A única coisa que você pode escolher é se você vai vir a força ou sem resistência.

-Esqueça, Waylon. Já disse que não vou.

Eu o chamei pelo nome de novo. Isso fez com que ele me puxasse, para me levar a força para a prisão, mas isso não aconteceria.

-Me solta, Comandante.

-Não, Sean. Você vem comigo.

-Você pediu.


Eu segurei o braço dele com a minha outra mão e fiz com que ele me soltasse. Ele tentou me segurar de novo e eu, novamente me desvencilhei.

Até que ele ficou nervoso e, para me amedrontar, puxou seu sabre. Eu pensei que ele ia duelar comigo e empurrei-o.

Ele caiu de costas no chão, o que deve ter doido, já que as ruas eram todas de pedregulhos. Rapidamente ele se levantou, mas eu já estava armado.

-Solte a espada, Sean. Não tem nenhuma necessidade disso. Você sabe.

-Eu não vou com você. Desista.

Eu já estava cansado daquilo. Assim como eu tenho certeza que você também está. Então tomei uma decisão.

Investi contra ele, atacando-o rapidamente. Logicamente não o acertei, propositalmente, mas ele ficou estático.

Ele tentou segurar meu ombro, mas eu segurei a mão dele antes de ele conseguir e torci-a. O homem caiu de joelhos no chão com um grito de dor e então eu disse:

-Você tentou me prender mais de uma vez. Eu já tinha te avisado. Eu sei que você não teve em nenhum momento a intenção de me prender a força, e nem usou suas habilidades. Eu fui forçado a fazer isso.

-Você não merece isso, Sean.

-Eu sei. Não é merecimento, é escolha. E me desculpe pela sua mão, mas como você mesmo disse todo ato tem uma conseqüência.

Ao dizer isso, deixei o lugar correndo, triste pelo meu amigo, porém feliz por ter saído daquela situação. Quando eu já estava bem longe, o comandante disse:

-Eu ainda vou te encontrar de novo, Sean...

CONTINUA...


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