I (ace) you escrita por Saint Jily


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar esse capítulo eu queria agradecer a roza, por me estimular a escrever e por ser a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado na vida. Não sei o que seria dessa fanfic, ou de mim, sem você.
Quero agradecer a prongs, noora, red hood e violet hood por terem organizado esse projeto maravilhoso, a maria por ter ajudado na betagem inicial dessa fanfic, e finalmente a rafa, por ter aceitado betar aos 45 do segundo tempo.
todas essas mulheres incríveis foram, de certa forma, responsáveis por essa fanfic linda que vocês estão prestes a ler ♥



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lilywithaY: eu tava pensando em uma coisa mas 

é uma ideia bem doida e eu não sei se você vai topar

mas eu acho que seria muito muito legal se você topasse

 

thatprongs: você pensa?

 

lilywithaY: ha ha ha

 

thatprongs: no que vc tava pensando?

 

lilywithaY: como você se sentiria sobre a possibilidade de nós dois... talvez... nos encontrarmos?

 

thatprongs: uh

eu não sei

acho que nunca parei pra pensar muito sobre isso?

 

lilywithaY: é só que...

nós nos conhecemos já tem um bom tempo

fazem o que, oito meses desde que começamos a conversar?

e você já comentou que mora perto de Godrics Hollow

e eu moro em Godrics Hollow

e enfim… 

 

thatprongs: e você quer me conhecer

 

lilywithaY: sim

se você se sentir confortável com isso, lógico

mas se você preferir manter nossa amizade por aqui, tá tudo bem também

eu entendo que você pode se sentir inseguro

 

thatprongs: e como eu posso ter certeza de que você não é um maníaco se passando por uma garota assexual de 21 anos só pra me sequestrar e roubar os meus órgãos?

 

lilywithaY: uh

eu não sou?

 

thatprongs: você não foi muito convincente

 

lilywithaY: eu prometo que não sou um maníaco me passando por uma garota assexual de 21 anos só pra te sequestrar e roubar seus órgãos.

 

thatprongs: ok

 

lilywithaY: ok?

 

thatprongs: vamos nos conhecer pessoalmente, Lily with a Y. 

mas então

quando vai ser esse encontro?

 

lilywithaY: não é um encontro

e eu não pensei nisso

não achei que você realmente fosse concordar

 

thatprongs: claro que é um encontro

entre dois grandes amigos :)

 

lilywithaY: continua não sendo um encontro

 

thatprongs: como você quiser chamar, lily

 

lilywithaY: tem essa livraria que eu gosto muito, no centro da cidade

ela tem um café no segundo andar

o que você acha?

 

thatprongs: ótima escolha

lugares públicos, seguro

 

lilywithaY: sim. e eu pensei em levar alguém comigo
não pra ficar junto

mas, sabe?

de olho

a distância

caso você seja o maníaco ladrão de órgãos

 

thatprongs: eu não sou

 

lilywithaY: claro que não

mas então?

 

thatprongs: a cafeteria está perfeito pra mim, lily. que tal sexta?

 

lilywithaY: pode ser!

como vou te diferenciar de outras pessoas na cafeteria?

 

thatprongs: é só procurar o homem mais bonito que você já viu na sua vida

 

lilywithaY: você vai estar do lado oposto dele?

 

thatprongs: ha ha ha

pra sua informação, lily with a Y, eu sou lindo. 

 

lilywithaY: claro que é

eu vou estar usando uma pulseira dourada com um pingente de lírio. 

você acha que consegue me achar?

 

thatprongs: sim, vou pedir pra cada mulher que eu ver pela minha frente pra me mostrar os pulsos. 

nem um pouco bizarro.

 

lilywithaY: nem um pouco.

 

thatprongs: já que você vai ir inspirada pelo seu user, eu também vou

vou estar com um suéter de natal vermelho. com um cervo. em meados de agosto.

 

lilywithaY: muito criativo

 

thatprongs: não sou?

 

lilywithaY: então sexta… às 15h? 

 

thatprongs: sexta às 15h. se prepare pra encontrar o amor da sua vida.

 

lilywithaY: claro, prongs. 

 

Lily releu as mensagens trocadas com seu amigo pela quinta vez no dia. Finalmente era sexta, e a sua ansiedade parecia não querer lhe dar um segundo de descanso. Ela respirava fundo depois de finalmente convencer sua amiga, Marlene, a ficar de olho nela durante o encontro. Ela precisou literalmente implorar e fazer promessas absurdas de que sim, Lily levaria ela para passar as férias de verão na Grécia assim que tivesse dinheiro o suficiente pra isso, porque aparentemente Lene queria reviver o plot de Mamma Mia e ter seu merecido “hot girl summer”, exceto, é claro, pela parte de engravidar. Entretanto, apesar de ter concordado, ela não sabia de um detalhe crucial: Prongs não era apenas um garoto que sua amiga tinha conhecido no Tinder, mas, sim, em um fórum do Reddit. Porque, afinal, se ela soubesse, não pensaria duas vezes antes de socá-la pela sua imprudência. E, pensando bem, ela também queria se socar. E se realmente Prongs fosse um maníaco sequestrador de órgãos? 

Ela balançou sua cabeça tentando espantar aqueles pensamentos, porque afinal, depois de meses conversando com ele, a ideia dele fazer mal para sequer uma mosca parecia absurda. Ele era uma das pessoas mais amáveis que ela conhecia. Ele conseguia ultrapassar até mesmo Dorcas nesse quesito. Mesmo tendo suas duas melhores amigas desde a infância, Lily sempre se sentiu sozinha, porque Lene e Doe nunca poderiam compreender a sua sexualidade. Ela sempre foi diferente, e apesar de suas amigas aceitarem esse fato, nunca houve de fato uma compreensão ou um apoio. Porque afinal, elas não sabiam que Lily era assexual, e ela não tinha intenção de mudar isso num futuro tão próximo. Por isso, quando meses atrás, Prongs respondeu o comentário de Snivelus69, um usuário stalker que insistia em insultar Lily de todas as formas possíveis, com um “eu sinceramente acho que você deveria tomar no cu”, foi impossível não simpatizar com ele logo de primeira. E desde então, eles não passaram um dia sequer sem conversar.

Fazia cerca de oito meses que eles se conheciam, mesmo sem exatamente se conhecer. O fato de não saber seu nome verdadeiro e não ter um rosto para colocar nele não era um fator importante, Lily sentia que ele a conhecia melhor do que qualquer outra pessoa, e ela também sabia que o conhecia como ninguém. 

Ela sabia que ele tinha dois melhores amigos que eram um casal, e que, por mais que ele se sentisse extremamente feliz pela felicidade dos dois, ele também às vezes se sentia sozinho. Ela sabia que ele tinha uma relação saudável com os pais dele e, por Deus, ela até o invejava por isso — e ele sabia. E ela sabia que ele não se via tendo um relacionamento sério com ninguém, porque, na última vez que havia tentado, sua namorada o traiu inúmeras vezes e o culpou por “não suprir as satisfações carnais dela”. E isso a deixava com raiva, porque Prongs era tão maravilhoso que a ideia de alguém fazer isso com ele era inconcebível. E ela também sabia que ele amava fazer piadas, mesmo tendo um senso de humor altamente questionável. E ela sabia melhor do que ninguém que Prongs era apaixonado. Não por alguém, mas pela vida, pela ideia de viver um grande amor, por cada coisa pequena e aparentemente irrelevante, mas que para ele era a coisa mais incrível do mundo. E ela sabia que ele amava flertar com ela, mesmo sem ter nenhuma segunda intenção, apenas pelo prazer de fazê-la ficar sem graça. Prongs era seu melhor amigo. E era uma pena ninguém mais saber disso além dos dois. 

E, talvez o mais importante de tudo, ela sabia que, mesmo negando que aquilo definitivamente não era um encontro, no fundo, desejava que fosse. 

E ele a conhecia. 

Ele sabia que ela estava perdida antes de encontrá-lo. Que ter entrado naquele fórum, tê-lo conhecido, tinha sido uma das melhores coisas que já havia acontecido com ela. Que foi, através dele, que ela finalmente conseguiu se entender como grayssexual e se aceitar como realmente era. E ele sabia das tentativas falhas de relacionamento que ela havia tido no passado. Ele sabia que ela só tinha se apaixonado uma única vez na vida, e que, quando isso aconteceu, ela teve medo demais de se entregar para o sentimento porque, para ela, naquela época, Lily não achava que seria saudável ter um relacionamento onde não houvesse lugar pra sexo, quando, para muitos, esse era um dos pilares principais.

E ele sabia que Lily não tinha uma relação boa com sua família, e que não conversava com eles desde que havia saído de casa aos dezoito anos. E sabia, mesmo que ela não conseguisse admitir para si mesma, que ela sentia falta deles. Ele também sabia que ela dividia um apartamento com suas duas melhores amigas da infância e que ela as amava muito — mas não conseguia conversar sobre sua sexualidade com elas. 

Lily respirou fundo, se olhando no espelho enquanto conferia se a roupa que ela tinha escolhido estava apropriada para o clima do dia pela quinta vez nos últimos minutos. Sentia que estava a cinco passos de começar a roer as unhas quando Lene abriu a porta do seu quarto.

— Toc toc. — Anunciou, mesmo já estando dentro do quarto. — Uau, Lils, você vai matar seu date com essa roupa.

Lily de repente, se sentiu insegura.

—  Eu já disse que não é um “date”, nós só vamos nos conhecer. — Ela se checou mais uma vez no espelho. — Você acha que eu exagerei? 

— Eu acho que você pronunciou errado “nos encontrar numa cafeteria e dar uns amassos”. — Lene sorria com malícia. — Não precisa mentir pra mim, Lils, se você não gostasse desse cara você não teria nem aceitado sair com ele.

— Eu juro que não é bem assim. — Finalmente, parou de se olhar no espelho e se virou para a amiga, que já estava deitada na sua cama. Revirou os olhos ao perceber que os coturnos de Marlene estavam em cima do seu lençol e, instintivamente, puxou o pé dela para fora da cama. — Ele é só um amigo. 

— Se você diz, eu acredito. — A morena se levantou. — Você tá pronta?

— Sim. Não. — Lily mordeu os lábios, que já estavam machucados de tanto ela insistir nessa mania. Mesmo sabendo que Lene não seria capaz de entender o seu nervosismo, em parte por não saber o exato motivo dele, acrescentou: —  Eu estou?

— Sim. Você tá perfeita. — Ela a puxou pela mão para fora do quarto, enquanto Lily rapidamente agarrava sua bolsa e seu cachecol. — Vamos, você não quer deixar seu amigo te esperando. — Lily não precisou ver a expressão dela pra saber que havia uma expressão de deboche em seu rosto.

— 

A livraria, como nas diversas outras vezes em que a visitou, estava vazia. Assim que passou pelo balcão, cumprimentou seu antigo colega de escola, Frank Longbottom, que trabalhava ali. Lene decidiu que ficaria para trás, matando hora enquanto conversava com Frank, enquanto Lily ia em direção às escadas para subir até a cafeteria. O cheiro característico dos grãos de café sendo moídos estava tão forte e delicioso que ela podia sentir desde que havia entrado no estabelecimento.

Com um suspiro, começou a subir as escadas. Quando o segundo andar entrou no seu campo de visão, ela passeou seu olhar por ele, mas ninguém chamou a sua atenção. Todas as pessoas que estavam por ali se encontravam acompanhadas. Mas, se Prongs já estivesse ali, ele deveria estar sozinho. 

Ela sentiu um arrepio no seu corpo todo e não teve certeza se era apenas por conta da baixa temperatura. Enquanto seu corpo se acostumava com os aquecedores da cafeteria, Lily se dirigiu ao balcão e fez o seu pedido, afinal, o dia estava frio demais para que ela desperdiçasse a oportunidade de se entupir de chocolate quente enquanto esperava ansiosamente seu amigo chegar. 

Com suas mãos já sendo aquecidas pelo líquido quente da caneca, Lily sentou-se em uma das mesas mais afastadas e tirou seu celular do bolso para olhar as horas. 15h07. Seus dedos tamborilavam pela mesa enquanto ela aguardava para, a qualquer segundo, receber uma notificação dele, possivelmente, desculpando-se e dizendo que não poderia ir. Ela suspirou.

Pouco depois, o som de passos e de pessoas conversando e rindo chamou a sua atenção para as escadas. Dentre todas as pessoas que ela esperava encontrar naquela cafeteria, Sirius Black, Remus Lupin e James Potter, definitivamente, não eram algumas delas. Lily notou que todos eles estavam tão bonitos quanto na última vez que os vira, três anos atrás, na festa de formatura. Sirius, o mais baixo dentre os três, tinha deixado os cabelos crescerem e feito algumas tatuagens no pescoço e nas mãos, que por acaso, estavam entrelaçadas das de Remus. Ela sorriu com a visão, já que o crush do Lupin pelo seu próprio amigo sempre tinha sido óbvio, pelo menos para ela. Ele, por sua vez, tinha o cabelo ao mesmo comprimento de antigamente, sua pele negra parecia radiante e, aparentemente, estava deixando sua barba crescer. Além disso, ele nunca pareceu estar tão feliz quanto nesse momento. 

E, então, tinha ele. James Potter. Ela não soube nem mesmo o que pensar quando sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo. Aparentemente ele ainda tinha o mesmo efeito sobre ela que tivera durante a sua adolescência: sua mera presença era capaz de fazer com que Lily se esquecesse das pronúncias das palavras, e suas pernas tremessem, procurando por estabilidade. Ele estava lindo. A pele amarela parecia mais bronzeada e o cabelo estava – milagrosamente – penteado, contrastando com a memória que ela tinha dele em meados dos seus dezessete anos. Durante alguns segundos, ela torceu para que ele fosse Prongs. Quão sortuda ela seria se o seu melhor amigo dos últimos oito meses fosse, na verdade, o mesmo garoto por quem ela tinha se apaixonado durante a sua adolescência? 

Ela espantou esses pensamentos. Era injusto com Prongs pensar dessa forma... 

Lily olhou o relógio do celular para checar as horas mais uma vez. 15h11. Ela suspirou novamente e começou a se questionar o que poderia ter acontecido. Entretanto, suas teorias foram interrompidas assim que o trio de amigos notou a sua presença no café.

— Lily! — Remus a cumprimentou primeiro, aproximando-se da mesa em que ela estava sentada. Ela se levantou para poder abraçá-lo, lembrando-se de como eles haviam sido próximos durante o colegial. — Quanto tempo!

— Remus, eu mal te reconheci! — Ela o soltou do abraço. — O que vocês estão fazendo por aqui? — perguntou impulsivamente, sem se policiar. Afinal, nunca os tinha visto por ali nos últimos três anos em que morou na região.

— Viemos escoltar o James pra um encontro. — Foi Sirius que falou dessa vez, fazendo-a olhar para ele. É claro que James estaria ali para se encontrar com alguma outra pessoa. Lily sentiu seu coração apertar por alguns segundos, antes de reprimir esse sentimento. Já fazem três anos, Lily. Você já superou, pensou. — Bonita a sua pulseira, Evans. — Sirius sorria para ela com um daqueles famosos sorrisos que ela nunca conseguia interpretar se eram verdadeiros ou levemente sarcásticos. James, por sua vez, parecia olhar para ela com uma expressão impassível. O desconforto que ela sentiu ao olhar para ele a fez decidir que era melhor evitar a troca de contato visual, fixando-se de volta em Sirius.

— Obrigada, eu ganhei da Lene. Você viu ela lá embaixo? 

— Não! Mas eu e o Reminho aqui estávamos indo lá embaixo agora mesmo pra procurar um daqueles livros de pornô feérico que ele tanto gosta de ler. — Remus revirou os olhos enquanto o sorriso do seu, aparentemente, namorado, estava carregado de malícia. — Te vemos depois, Evans! E se cuida, James. 

Ela acenou pra ele, com o cenho franzido. Afinal, eles nunca tinham combinado de se ver novamente. Quando ambos saíram em direção a escada conversando, Lily sentiu um leve desconforto novamente. 

— Mas e você, Lily? O que está fazendo por aqui? — Ele quebrou o silêncio. Sua expressão ainda parecia indecifrável.

— Estou esperando um amigo. — Ela conferiu o horário em seu celular pela última vez e decidiu que, se Prongs não chegasse nos próximos minutos, iria embora. Tentou esconder sua frustração enquanto tornava a se sentar. — Ele está um pouco atrasado.

— Posso? — James gesticulou para a cadeira à sua frente.

— Não sei se a pessoa que você vai encontrar vai gostar de te ver comigo quando chegar. 

—  Tenho certeza que ela não vai se importar. — O tom de voz dele foi sugestivo, mas ela não entendeu bem o que ele quis dizer com isso. — Mas e esse amigo? Vocês já se conhecem faz bastante tempo?

— Faz uns oito meses, na verdade. E seu encontro?

— Por volta de oito meses também. Eu estava meio relutante em me encontrar com ela. — Ele sorriu. O sorriso dele ainda era uma das coisas mais lindas que ela já havia visto. — Mas ela conseguiu me convencer. — Lily sorriu pra ele e quebrou a promessa que havia feito para si mesma de que não olharia mais o celular. 15h20

— E onde ela está agora? Já faz um tempo que você chegou na cafeteria.

— Acho que ela também está atrasada. Coincidência, não? — Novamente, seu tom fora sugestivo, mas Lily ainda não entendera o porquê, e ele pareceu compreender isso ao notar o seu cenho franzido. — Você se importa se eu passar o tempo com você, enquanto nós esperamos nossos encontros? — James começou a tirar seu sobretudo, após já se sentir quente o suficiente com o aquecedor da cafeteria. 

— Claro. — Ela respondeu e, pela primeira vez, não corrigiu que sua saída com Prongs era um encontro. — Mas eu acho que eu levei um bolo. — Ela anunciou com um sorriso sem graça e coração apertado. — Na verdade, foi muito bom ter te encontrado, James, mas acho que vou ir embora e tentar não me sentir mal por mim mesma.

— Ah, Lily with a Y, bem agora que eu estava começando a ficar confortável? — Ele perguntou. Algo no que ele acabara de dizer chamou a atenção de Lily. Ele a chamou

— Do que você me chamou? — Entretanto, ela nem deu tempo o suficiente para deixá-lo responder, pois o vermelho do suéter que ele usava deixou-a especialmente alerta. — James? — Ela expressou confusão e incredulidade ao encarar o enorme cervo tricotado no centro do suéter dele. James, por sua vez, sorriu para Lily ao finalmente ver a compreensão passar pelo olhar da ruiva à sua frente. — Prongs?

— Eu te disse que seria o homem mais bonito desse café. — Ele brincou, com seu típico sorriso no canto de seus lábios. 

Lily, contudo, não sabia o que dizer, muito menos o que sentir.

Fazia cerca de 5 anos que eles se conheciam, mesmo sem exatamente se conhecer, uma vez que Lily nunca havia, de fato, se aproximado de James, e, ainda assim, era impossível não saber nada sobre o garoto, não quando ela mesma tinha sido agraciada em estar na mesma turma dele durante o ensino médio inteiro. Portanto, mesmo não havendo sido tão próxima dele quanto gostaria na época, ela sabia que o conhecia, pelo menos ao ponto de identificar que James Potter era de longe uma das pessoas menos parecidas com Prongs que ela já havia visto.

Ela sabia que ele fazia parte de um grupo de mais três amigos, que era simplesmente inseparável desde o jardim de infância: Sirius, Remus, e Peter Pettigrew. Embora Prongs nunca tivesse mencionado outro amigo além do casal. Ela sabia que ele tinha uma relação saudável com os pais dele, Euphemia e Fleamont, que eram exemplos de como Lily desejava que seus pais um dia fossem – e ela definitivamente o invejava. E ela sabia que James Potter flertava com todas as garotas que eram bonitas o suficiente para chamar a atenção dele. Ela também sabia que ele se apaixonava com uma frequência quase anormal para um adolescente daquela idade.

E ela sabia que James havia tido um relacionamento de dois anos com Emmeline Vance, e que eles tinham terminado do nada, mesmo James parecendo ser extremamente apaixonado por ela. E algo no seu peito se contorceu quando ela fez a conexão de que, para Emmeline, James não era o suficiente. E ela sabia que James amava fazer piadas, e que seus amigos riam por pura piedade. Ela também sabia que James conseguia ser uma das pessoas mais hiperativas que ela tinha conhecido, e ela sempre achou que essa característica, na verdade, fazia parte do charme dele. Principalmente quando ele constantemente passava a mão nos seus cabelos, tentando deixá-los mais bagunçados do que já eram, como um hábito de nervosismo.

Eles se encararam pelo que pareceram horas, mas, na verdade,  apenas alguns segundos haviam se passado, quando James finalmente quebrou o silêncio.

— Eu sei que é estranho, eu também não esperava-

— Me desculpa, James. — Lily o interrompeu, quando sentiu um senso de desespero se apropriar do corpo dela. Ela definitivamente entraria em pânico se desse continuidade àquela conversa. —  Eu- Eu realmente preciso ir embora.

Lily sentiu que poderia começar a chorar a qualquer momento. Quando se levantou, puxando seu casaco e sua bolsa, ela prendeu sua respiração e não fez nem ao menos menção de encarar James. Mesmo sentindo que suas pernas estavam tremendo e que, logo, seus passos poderiam falhar na descida das escadas, ela continuou a andar, só parando para respirar fundo quando já se encontrava na calçada da livraria. 

— 

thatprongs: por favor, lily, vamos conversar

eu sei que você provavelmente tá surtando agora

eu também não esperava que você fosse alguém que eu já conhecesse

mas ainda sou eu

o mesmo bom e velho prongs

 

thatprongs: eu sei que é estranho e que não era o que a gente esperava

mas lily, nós já nos conhecermos não muda o fato de você ser uma das minhas melhores amigas. eu estou feliz de você ser você. 

 

thatprongs: você saiu correndo porque ficou desapontada?

que eu sou o prongs?

 

thatprongs: lily?

 

Ela sentia seu celular vibrando em seu bolso, mas se recusava a olhar as mensagens que não parava de receber desde ontem, quando deixou Prongs sozinho. Assim que Lily havia chegado no apartamento, ela correu até seu quarto, deixando Marlene confusa sobre o que havia acontecido na cafeteria. Até onde Marlene sabia, o encontro dela tinha lhe dado um bolo. Já era sábado, e Lily ainda estava na exata mesma posição em que havia se jogado na sua cama no dia anterior, quando Lene e Dorcas finalmente decidiram fazer uma intervenção.

— Toc toc. — Disse Lene, como de costume, ao entrar no quarto da amiga.

Lily levantou a cabeça para vê-las de longe.

— Não adianta bater na porta quando você já entrou no quarto, Lene.

Dorcas se sentou ao seu lado na cama e começou a fazer carinho em sua cabeça.

— Lily, o que aconteceu? 

— A gente não te vê triste desse jeito desde que você assistiu Mamma Mia: Here we go again pela primeira vez. — Lene complementou. 

— Você não entende, Lene. — Lily assoou o nariz em um dos papéis higiênicos que estava em sua mesinha de cabeceira. — A Donna morreu. 

Suas amigas riram, mas ainda a olhavam com uma expressão de preocupação. O problema, entretanto, era que Lily não era realmente capaz de respondê-las. Nem ela conseguia explicar o porquê de ter entrado em pânico quando descobriu que Prongs era, na verdade, seu crush da adolescência. Sem falar que a sua própria reação exagerada de ter, literalmente, fugido do seu melhor amigo a deixou profundamente arrependida. Lily se perguntava: O que poderia ter acontecido se ela tivesse ficado lá? 

— Lils, tudo bem se você não quiser conversar sobre isso com a gente, mas você precisa se levantar da cama, tomar um banho e comer alguma coisa. — Dorcas falou com tanto carinho no coração que Lily sentiu vontade de deitar a cabeça no colo dela e ficar ali pra sempre.

— Isso. E se você se recusar a se levantar, eu vou te puxar pelo seu pé. — Lene cruzou os braços, fazendo-a rir. — Além do mais, nós vamos sair hoje. — O ânimo que Lily começara a sentir para finalmente sair do poço em que se encontrava, foi embora assim que ela disse isso.  — Não não não, Evans, não me olha assim. Você vai se levantar, tomar um banho, porque, por Deus, você tá nojenta, e colocar uma daquelas suas roupas que te deixam uma grande gostosa, e a gente vai se divertir naquele pub novo.

— Talvez fosse melhor a gente ficar em casa hoje? — Perguntou Dorcas.

— A gente fica em casa todo o fim de semana, Doe. Eu juro que, se eu tiver que assistir mais um filme da Pixar com vocês, eu vou me matar.

Lily revirou os olhos para o drama da sua amiga. Sabia que ela não pararia até conseguir convencê-la a sair do apartamento. 

— Ok, Lene. Você ganhou. — Lily se levantou, derrubando no chão todos os papéis assoados que haviam se acumulado em cima dela ao longo daquela interminável crise de choro. — Ugh! Eu realmente tô um nojo.

— 

O “pub” na verdade era uma balada que havia acabado de estrear em Godric's Hollow, e, vivendo em uma cidade pequena como a de Lily, é claro que ela iria encontrar pelo menos 90% da população jovem ali. E ela não estava errada. Podia reconhecer pelo menos metade dos rostos espalhados pelo ambiente.

Lily não demorou para se livrar de grande parte da sua letargia, as batidas da música alta fazendo com que seu corpo vibrasse em sintonia inconscientemente. Ela notou que, de frente ao palco do DJ, havia a maior concentração de pessoas, se tornando, portanto, o lugar do qual ela pretendia não chegar perto, a não ser que fosse arrastada por Marlene.

Ela encarou o ambiente, levemente assustada, por já fazer muitos meses desde que havia saído para uma festa pela última vez. Enquanto isso, ao seu lado, Lene e Dorcas pareciam estar procurando por alguém. 

— Achei! Vamos. — Lene não lhe deu tempo de perguntar quem ou o quê exatamente ela tinha encontrado, quando segurou sua mão e começou a puxá-la. 

— Quem? — Dorcas perguntou ao ser arrastada ao lado de Lily.

— Sirius e Remus, é claro! 

— O quê? — Lily parou de andar, fazendo com que Lene a olhasse, fingindo estar entediada.

— Eu não mencionei antes? — Lene fez a clássica expressão de quem finge inocência. — Não me olha assim, Lils. Você não aceitaria vir se eu falasse com quem nós estamos nos encontrando. Além do mais, é só o pessoal da escola. Vamos. 

Ela, novamente, não lhe deu a chance de protestar. Andaram por mais alguns momentos até pararem de frente para uma das mesas mais afastadas da pista de dança. Lily se recusou a olhar para os membros da mesa por um instante. Entretanto, a voz dele lhe chamou a atenção. 

— Evans! Que bom te ver por aqui. — O sorriso de Sirius era carregado de duplo sentido. Lily sentiu suas mãos suando ao percorrer os olhos pelos membros da mesa. Ele não estava ali. — Procurando por alguém? — Seu sorriso pareceu aumentar mais ainda. 

— Não. — Ela respondeu rapidamente, gerando um olhar desconfiado de Lene. — Bom ver vocês também! — Forçou um sorriso pra disfarçar o nervosismo que estava sentindo enquanto se sentava ao lado de Dorcas, que parecia estar distraída demais olhando para a pista. 

Certo, ela já tinha superado o pânico que sentiu quando descobriu que Prongs era ninguém menos que o crush da sua adolescência, a quem ela nunca tivera coragem de se declarar. Pode ter levado algumas horas – ou muitas –, mas ela finalmente conseguia assimilar essa informação, e, sim, talvez James tivesse mais coisas em comum com Prongs do que ela havia se deixado pensar.

E, não, claro que ela não tinha entrado em pânico no dia anterior porque secretamente também tinha um crush por Prongs e a revelação de que ele era exatamente a mesma pessoa pela qual ela havia se apaixonado anos antes a tinha deixado sem chão. Claro que não. 

Desde o fim da sua crise de choro até esse momento, ela poderia jurar que estaria preparada para, enfim, conversar com ele. Imaginava o quanto havia o deixado preocupado e inseguro durante esse último dia, e saber disso lhe dava um aperto gigantesco no peito.

Entretanto, a possibilidade de encontrá-lo numa balada, junto de suas amigas e seus colegas de colegial, sem ter a liberdade que ela precisava pra conversar com ele, a deixou completamente deslocada, se perguntando se realmente estava preparada para encará-lo depois de tê-lo abandonado na cafeteria no dia anterior. 

— Mas, então, cadê o James? — Lene fez a pergunta que Lily havia deixado presa em sua garganta desde que o procurara pela mesa. 

— Está lá no bar, pedindo as nossas bebidas. — Ele respondeu olhando diretamente para Lily. Ela franziu as sobrancelhas. Se ele continuasse sendo indiscreto dessa forma, suas amigas perceberiam que havia algo de errado. E isso, definitivamente, seria um pesadelo.

— Por que você tá olhando pra Lily assim? — Quando ouviu Lene fazer essa pergunta, Lily fechou os olhos e suspirou. Claramente ela não estava com sorte. — Tem alguma coisa que eu ainda não sei?

Sirius a mirou, e seu sorriso pareceu ficar mais cruel a cada segundo. Remus o encarou, claramente na intenção de repreendê-lo, mas não adiantou. Quando Sirius Black estava determinado a dizer alguma coisa, nada era capaz de fazê-lo parar.

— Você sabia, Lene querida, que ontem a Lily estava em um encontro com meu grande amigo, James? 

— O quê? — Lene a fitou incrédula. 

— Não que realmente tenha sido um, até porque, para ser considerado um encontro, as duas pessoas precisam ficar. — Ele bebeu os goles finais da sua caneca de cerveja tranquilamente, como se não tivesse acabado de colocar sal na ferida de Lily.

— Por que eu só estou ouvindo isso agora? Eu achei que você não conhecia seu “amigo secreto”.

— E sabe o que é melhor? Eles se conheceram por um fórum. Do Reddit.

— Padfoot! — Remus finalmente o interrompeu, simultaneamente ao momento em que Lily chutou a canela dele por debaixo da mesa. — Você já se divertiu demais às custas da Lily, não? 

Lene a encarava com uma expressão que misturava malícia com choque. Dorcas, por sua vez, a estudava com curiosidade, como se estivesse prestes a juntar a última peça de um quebra-cabeça.

— Nós super vamos falar sobre isso quando chegarmos em casa, Evans. — Disse Lene, finalmente.

— Falar sobre o quê? — Uma voz as interrompeu. A voz dele. Prongs. James. — Oi, meninas. — Ele se sentou, e o único lugar disponível era bem de frente para Lily.

— Sobre como você ficou extremamente gostoso desde que saiu da escola. — Sirius mudou de assunto quando viu o olhar de Lily sobre ele. Afinal, era o mínimo que ele podia fazer agora que já tinha concluído sua missão de deixá-la, literalmente, vermelha de vergonha. — Agora me dá meu coquetel.

— Coquetel? — James perguntou enquanto deslizava o copo para ele. — Você tem o quê, oitenta anos?

Eles riram. Lily soltou um riso fraco. Ela queria, mais do que tudo, fingir que James não estava ali, só para não ter que lidar com aquela situação naquele momento. Contudo, era como se ele tivesse um imã, e o seu olhar, inconscientemente, era atraído para ele. Ela só percebeu que o estava encarando quando ele sorriu discretamente. Seu olhar estava carregado de emoções que Lily não conseguia claramente decifrar. Talvez ele estivesse inseguro. Talvez estivesse sentindo que pisava em ovos. Ela respirou fundo, colocando sua amizade com Prongs em primeiro lugar, e sorriu de volta. 

Foi como se um peso gigantesco tivesse saído dos ombros dele e ele finalmente pudesse respirar aliviado. O sorriso que ele deu em seguida foi capaz de deixá-la completamente entorpecida, o que a fez sorrir mais ainda. Eles não sabiam, entretanto, que estavam sendo observados.

— Esse foi o diálogo sem palavras mais estranho que eu já vi. — A voz de Dorcas os surpreendeu, fazendo com que James finalmente desviasse o olhar, e as bochechas de Lily ficassem coradas. 

— Eu- — Lily hesitou. — Vou pegar as nossas bebidas. — Mudou de assunto, levantando-se e indo em direção ao bar. 

Lily e Prongs ainda não haviam trocado nenhuma palavra, mas algo lhe dizia que ficaria tudo bem. Quando voltou à mesa, todos estavam conversando e rindo de alguma coisa que James havia dito. Ela não estava mais se sentindo intimidada pela presença dele ou até então deslocada. Finalmente havia começado a sentir que pertencia ali. Era estranho ver mais pessoas, não apenas ela o chamando de Prongs, inclusive. Aparentemente era um apelido que o trio de amigos havia criado entre si durante o ensino médio e do qual nunca haviam aberto mão. Vendo por esse lado, o username de James era muito mais criativo do que o dela, que era apenas uma referência a uma de suas séries favoritas, Anne with an E

E o resto da noite seguiu dessa forma, com o grupo interagindo como se todos fossem antigos melhores amigos que, enfim, haviam se reencontrado. Pela primeira vez em muito tempo, Lily não sentiu uma vontade desesperada de fugir dali, principalmente com os olhares demorados de James, que a faziam prender a respiração e que eram mais frequentes do que ela poderia imaginar. 

Mas é claro que isso não significava nada demais. Era só o corpo de Lily reagindo ao seu antigo crush sob a influência de muito, muito álcool... 

— 

A primeira coisa que Lily fez ao chegar em casa – depois, claro, de deixar uma Marlene muito bêbada em seu quarto – foi abrir seu celular e checar as mensagens trocadas com Prongs. Novamente, seu coração ficou apertado ao ler as mensagens que James havia enviado para ela. A última coisa que ela queria era fazer com que ele sentisse que não era o suficiente. 

lilywithaY: james, eu nunca me sentiria desapontada por você ser você. 

Ela, entretanto, não esperava que seu celular vibrasse logo em seguida com uma resposta. 

thatprongs: eles dizem que mandar mensagem bêbada não é uma das escolhas mais inteligentes.

vocês chegaram em casa bem?

 

lilywithaY: eu e a doe acabamos de deixar a lene na cama

e eu não preciso estar bêbada pra dizer isso pra você, prongs

é a verdade.

 

thatprongs: lily, cuidado, você vai me fazer corar

 

lilywithaY: nem você acredita nisso, potter.

 

thatprongs: mas, sério, lils, eu to feliz

que agora a gente sabe

 

lilywithaY: eu também estou

mas nós ainda precisamos conversar

pessoalmente, de preferência

 

thatprongs: hmmm não sei

acho que você vai ter que convencer um pouquinho mais

o que eu vou ganhar com isso?

 

lilywithay: a minha belíssima companhia?

 

thatprongs:

 

lilywithay: sim, james, eu pago a sua conta

 

thatprongs: ok eu vou

mas só se você prometer não me abandonar nos primeiros cinco minutos

 

lilywithaY: ...

 

thatprongs: cedo demais pra fazer piada?

 

lilywithaY: enfim

que tal amanhã?

 

thatprongs: já tá sentindo saudade, evans?

amanhã então.

mesmo lugar mesma hora?

 

lilywithaY: mesmo lugar mesma hora

 

thatprongs: mal posso esperar!

 

lilywithaY: não fica muito animado

eu ainda posso te abandonar de novo

 

thatprongs:

é muito mais engraçado quando sou eu que faço a piada

 

lilywithaY: cedo demais?

 

thatprongs: eu te odeio

 

lilywithaY: também te amo

 

thatprongs: boa noite lily with a y

 

lilywithaY: boa noite, prongs.

Quando Lily chegou na livraria, dessa vez sem Marlene, a ansiedade que ela sentia era diferente. 

Dessa vez, a livraria estava estranhamente mais cheia do que nas outras. Ela se forçou a não pensar se James já estava ali ou se ele demoraria para chegar. Na realidade, ela se forçou a não pensar sobre James. Tinha medo de tomar outra decisão estúpida se pensasse muito sobre ele.

Subindo as escadas e, inconscientemente, segurando a respiração ao procurá-lo pelas mesas do café, ela o encontrou. 

E, sim, ele estava tão lindo quanto nas duas outras vezes que o vira. Sua beleza era tão etérea que parecia ser de outro mundo. Seus cabelos estavam novamente alinhados, como se encontrá-la fosse tão importante para ele que, mais uma vez, ele se dera o trabalho de penteá-los. Seu olhar estava voltado para o livro em suas mãos, o famoso romance de Charles Dickens, Tempos Difíceis. Seu cenho estava franzido, como se ele estivesse lutando para entender o que estava escrito na história. 

Por alguns segundos, observando-o e mantendo certa distância, Lily hesitou. E se tivesse sido uma má ideia? E se eles não conseguissem se resolver? E se ela só piorasse tudo? E se

Bastou o olhar de James sair do livro e passear pelo café, até encontrá-la, para que ela reconquistasse toda a confiança e a coragem que, segundos atrás, havia perdido. Ele a fitava como se estivesse fascinado. Como se vê-la tivesse iluminado o seu dia. E, vendo o sorriso dele crescer daquela forma, era impossível para Lily não sorrir em resposta e se aproximar da mesa dele. 

— Quem diria que eu me encontraria com James Potter enquanto ele lê um clássico da literatura inglesa? — Lily sentou-se em sua frente, com as sobrancelhas arqueadas. — Tenho certeza que a Lily Evans de dezesseis anos teria adorado essa visão.

— Você viu só? — Ele disse, orgulhoso de si mesmo, mostrando a capa do livro para ela. — A gente até pode fingir que eu não peguei esse livro em específico só pra me fingir de intelectual pra tentar impressionar uma certa pessoa

Lily revirou os olhos, sem conseguir esconder o sorriso que surgiu em seus lábios. 

— Como se você precisasse fazer qualquer coisa pra me impressionar, Prongs. — Ele sorriu mais ainda quando a ouviu o chamando pelo apelido, e ela se sentiu horrível em ver a felicidade genuína que ele tinha ao encontrá-la, mesmo depois de tudo que ela fez para ele. — Você não deveria estar agindo assim. — O sorriso fugiu de seu rosto, e ele esboçou uma expressão confusa. — Eu- — Respirou fundo antes de continuar a falar. — O que eu fiz com você não foi certo, James. 

— Tá tudo bem, Lily-

— Não, James. — Ela apoiou sua mão sobre a dele. — Eu não devia ter te deixado aqui sozinho e te ignorado. Eu sinto muito mesmo. 

Ele virou seu pulso, passando a segurar as mãos de Lily. 

— Lily. Eu entendo. Eu também fiquei em pânico quando percebi que você era você. A gente só teve jeitos diferentes de demonstrar isso. — Ele sorriu, confortando-a. — Eu to muito, muito feliz que você e a lily with a Y são a mesma pessoa. 

— Você é uma pessoa boa demais. — Ela sorriu, sentindo que finalmente aquele peso que estava sobre seus ombros havia desaparecido.

— Pra ter que lidar com você? Sim, definitivamente. Alguém precisava ser o equilíbrio nessa relação. — Ela revirou os olhos, soltando a sua mão e dando um tapa fraco nela, fazendo-o sorrir.

— A gente pode começar de novo? O nosso encontro de sexta-feira? 

James tentou com todas as suas forças não sorrir quando ela finalmente admitiu que era um encontro. Sem falar nada, ele se levantou, puxando seu casaco que estava pendurado na cadeira, e foi até as escadas, indo embora. Por questões de segundos, Lily pensou que agora ele a deixaria sozinha, mas logo interrompeu esses pensamentos. James jamais faria isso, por mais magoado que ele estivesse.

Então, ele se virou novamente, passando os olhos por todas as pessoas do café, como se estivesse procurando por algo. Ou melhor, por alguém. Ela começou a rir da sua péssima atuação.

Quando ele “finalmente” a viu, sorriu para ela e andou em sua direção. Porque é claro que James Potter faria a conexão entre ela e seu alter ego em questão de segundos, se tivesse tido a oportunidade. 

— É um prazer te conhecer pessoalmente, Lily with a Y. — Disse, com um tom galanteador que fez Lily gargalhar,  sentando-se à sua frente e estendendo a mão para ela. 

— É um prazer te conhecer também, Prongs. — Ela respondeu, segurando sua mão e o cumprimentando.

E foi nesse exato momento, contemplando os lindos olhos puxados de James, que brilhavam pela emoção dele em estar ali, que Lily percebeu que aquilo era só o começo de algo novo. 

 

 

| Capítulo Bônus |


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Notas finais do capítulo

Alexa play Start of Something New - High School Musical
eai gente, o que vocês acharam? me contem aqui nos comentários e deixem essa autora feliz! não se esqueçam que semana que vem, dia 19 se não estou enganada, tem uma one shot curtinha que é bônus dessa fic aqui!
E Happy Pride!!!!!!!!