Na manhã do dia seguinte Julian e Sorento voltam para Atenas, mas o loiro não conseguia ficar tranquilo e sentia um aperto no coração por ter deixado o seu sobrinho naquele lugar.
Antes de ir ao encontro do seu irmão, pegou os poucos documentos que tinham que provavam que shun tinha sido sequestrado, tinha sido muito complicado fazer aquele boletim de ocorrência pois o casal não tinha registo de pessoa física e tivera que inventar uma boa desculpa para justificar a falta da certidão de nascimento do seu sobrinho.

Sabia que não seria fácil conseguir tirar Shun daquele orfanato, mas faria de tudo para ajudar Hades a ter o seu amado filho de volta. Eram tantas burocracias que tinha certeza que o moreno ficaria muito irritado com tudo aquilo, mas não tinha outro jeito.

Perto do final daquela tarde o loiro decide ir até o submundo e ao chegar no local vai direto até o tribunal onde Hades julgava as almas e governava aquele lugar.
Quando o moreno vê o seu irmão fica surpreso com a visita dele e em seguida vai até o loiro.

— Que grande surpresa te ver por aqui, faz bastante tempo que não nos vemos.
— Sim, faz tempo que não nos vemos. Eu tenho uma boa notícia pra você, mas é melhor conversarmos em outro lugar.
— Vamos até a sala de decanso, sinto pelo seu cosmo que é algo muito importante,

Depois de dizer aquelas palavras o moreno leva o seu irmão até uma outra sala onde havia um grande sofá e algumas poltronas.
Em seguida os dois se acomodam no sofá e o loiro toma uma respiração profunda, sabia que aquela notícia ia mexer muito com o seu irmão.

— Hades, eu encontrei o Shun. Ela está em um orfnanto em uma pequena cidade no norte do Canadá.

Ao ouvir aquelas palavras do seu irmão, Hades sente o seu coração acelerar e uma enorme ansiedade tomar conta de si. Mesmo não podendo mais sentir o cosmo do seu filho nunca tinha desistido de o procurar e naquele momento o seu enorme pesadelo parecia estar acabando.

— Você tem certeza de que é ele Poseidon?
— Sim, mesmo estando com o cosmo bloqueado eu o reconheci pela aura e ele também é uma verdadeira cópia sua. Foi horrível ter que o deixar naquele lugar.
— Você podia ter dado um jeito de o trazer de volta, não temos que seguir aquelas regras estúpidas.
— Eu entendo que esteja ansioso, mas infelizmente eu não podia só usar os meus poderes e o trazer pra cá. O Shun foi criado como uma pessoa normal e não sabe da existência dos deuses. Se eu fizesse isso seria acusado de sequestro, infelizmente teremos que seguir as leis humanas. E tem outro detalhe que complicará ainda mais as coisas.
— E do que se trata esse detalhe?
— Hades, o Shun acha que os pais o abandonaram e quando conversei com ele percebi claramente uma enorme mágoa no seu coração. Ele sofreu muito naquele lugar, pois foi rejeitado por todos por ser uma criança diferente das outras. O que eu quero dizer é que poderá ser difícil pra vocês conseguirem se aproximar dele.

Naquele momento o moreno sente o seu coração doer, era muito doloroso saber que Shun tinha aquela mágoa por achar que tinha sido abandonado.
Mas quando ia dizer algo, é impedido ao ver a sua amada ruiva entrar na sala e isso só piora ainda mais a sua dor pois sabia que Perséfone ia sofrer muito sa saber que Shun os odiava.

Com cuidado Hades dá aquela notícia a sua amada deusa e depois explica a situação a ela, já a bela ruiva sente uma enorme dor no seu coração e acaba desabando em um choro intenso enquanto Hades e Poseidon tentavam a confortar.

— Sei que isso está sendo muito difícil pra vocês, mas com calma as coisas vão se ajeitar. Será melhor vocês irem ao orfanato para dar início ao processo de reconhecimento. Temos poucas provas que deixam claro que Shun foi sequestrado, mas elas devem ser o suficiente.
— Amanhã eu irei nesse orfanato, não posso deixar o meu filho naquele lugar e ele precisa saber da verdade. Nós jamais abandonaríamos ele.
— Eu sei disso, mas você vai precisar ter calma e paciência. Certamente pedirão um exame de DNA, se tudo der certo logo deixarão vocês verem o Shun.
— Isso é o de menos, o nosso filho nos odeia por achar que o abandonamos, não sei como vamos conseguir fazer ele entender que isso não é verdade.
— Tente ficar calma Perséfone, vocês tem algumas fotos com ele quando era bebê e isso deve o convencer ou pelo menos o fazer ver que acreditou em algo que nunca foi verdade. Fique tranquila que ajudarei vocês como puder.
— Obrigado meu irmão, o meu temor é não conseguirmos dar conta de tantas exigências e burocracias.
— Não se preocupe com isso, eu os ajudarei com esse processo e logo o Shun estará de volta. Agora eu tenho que ir, mas qualquer coisa que precisarem podem me chamar.

Depois de dizer aquelas palavras o loiro se despede do casal e volta para a sua casa, ainda se sentia péssimo por ter deixado o castanho naquele lugar, mas tinha esperança de que logo ele estaria bem com os seus pais que tanto o amavam.

Já no submundo, Hades teve que usar o seu cosmo para fazer a sua amada ruiva dormir. Perséfone tinha ficado muito abalada e era melhor que descansasse naquele momento.
Depois de deixar a ruiva no quarto o moreno pega os poucos documentos que tinham e depois procura por uma roupa adequada para ir a superfície.

Estava determinado que faria aquilo sozinho, Perséfone já tinha sofrido demais e por enquanto não precisava se estressar com aquilo. Tudo que mais queria naquele momento era ter o seu amado filho de volta e contar a verdade a ele para que não sofresse mais por acreditar em algo que não era verdade.

Na manhã do dia seguinte Hades usa os seus poderes e vai direto para o orfanato onde é muito bem recebido e a diretora fica em choque ao saber que Shun tinha sido abandonado ali depois de ser roubado dos pais.

Em um momento da conversa o moreno pede para ver o seu filho e fica com muita raiva ao ter o seu pedido negado enquanto não fizessem o exame de DNA.
Hades precisou fazer um grande esforço para não fazer nenhuma besteira, aquelas fotos deixavam claro que Shun era o seu filho, mas infelizmente teria que seguir aquelas regras.

Já os dias seguintes foram de muita correria, mas com a ajuda de Julian o casal consegue fazer aquele exame e quinze dias depois fica provado que Shun era filho deles.
Mas eram tantas burocracias que Hades já estava começando a perder a paciência e quase um mês depois o casal recebe a autorização para verem o filho.

Como não sabiam qual seria a reação do castanho, Hades decido ir vê-lo primeiro e tentar explicar a ele que na verdade nunca foi abandonado por eles.
O moreno sentia uma grande alegria misturada a ansiedade e também ao receio do seu filho não aceitar ter aquela conversa.

No orfanato, Shun ainda estava surpreso por saber que os seus pais estavam lhe procurando e não entendia o motivo disso já que eles tinham lhe abandonado ali.
Não conseguia acreditar nas palavras da diretora, para si eles tinham se arrependido de lhe abandonar e por isso demoraram tanto tempo para estarem ali.

Não queria ver nenhum deles pois para si eles estavam mortos, mas infelizmente era obrigado a ir falar com eles no dia que a visita tinha sido agendada.
Já tinha decidido que não os aceitaria pois tinha certeza que o casal tinha segundas intenções e não deixaria que brincassem consigo ou lhe usassem.

Quando chega o dia da visita, o castanho se arruma com má vontade e no hora marcada é levado até uma das salas.
Assim que entra naquele lugar, Shun fica surpreso e até sem reação ao ver um belo homem que se parecia muito consigo, a diferença era que os cabelos dele eram negros e os seus olhos eram azuis.

Enquanto chegava mais perto via que ele lhe olhava com uma expressão emocionada, mas não sentia nada por ele além de raiva e desprezo. Tinha certeza que ele estava fingindo estar emocionado para lhe enganar.

Hades

Ainda estranho estar usando roupas humanas e pior ter que fingir que sou um simples humano. A enorme burocracia pela qual passei só serviu para me dar muita raiva, não entendo porque os humanos gostam de complicar tanto as coisas.

Finalmente hoje verei o meu filho após tantos anos, quero muito tirar o selo do seu cosmo e o levar para o seu verdadeiro lar.
Quando o vejo entrar na sala até fico sem reação, ele é tão lindo, possui o formato do rosto parecido com o da minha ruiva e até o seu jeito de olhar é parecido com ela, sua alma é pura e muito gentil.

— Meu filho, sonhei tanto em lhe ver novamente. Sei que você pode não acreditar, mas te procurei por anos e em diferentes lugares.
— Eu não acredito nas suas palavras e sei que está mentindo. Ninguém veio me procurar e não entendo o motivo de ter vindo atrás de mim depois de me abandonarem.
— Trouxe algumas fotos que mostram como éramos felizes antes de te roubarem. Somos gregos, jamais imaginei que estivesse nesse país tão distante, mas o destino nos aproximou.

Shun

Em seguida aquele homem estender uma foto e a pego sem muita vontade. Vejo que nela eu estou nos braços de uma ruiva e estávamos em um lindo jardim.
Mas não consigo acreditar nas palavras dele, pois demorou muitos anos para me encontrar e hoje em dia a tecnologia já facilita muito essas coisas.

Momentos depois deixo a foto sobre a mesa e vejo que esse homem não para de me olhar e isso me incomoda bastante. Não vou der enganado e espero que ele me deixe em paz e se esqueça de mim.

— Essa foto não prova nada e pra mim vocês estão mortos. Se realmente estivessem me procurando não teriam demorado todos esses anos. Eu já aceitei que nunca terei uma família e não ficarei com pessoas que me abandonaram e depois vieram me procurar com algum tipo de interesse.
— Prova que éramos uma família feliz e harmoniosa. Te procuramos em muitas cidades gregas e em países próximos e sempre tivemos esperança em lhe encontrar. Você é o nosso filho, é menor de idade e já consegui ter a sua guarda novamente. Sei que acreditava que te abandonamos mas isso não é verdade e com o convívio nos entenderemos.
— Vocês estão mortos pra mim e eu não vou ficar com vocês, não podem me obrigar a isso e sei que só vieram me procurar por algum interesse. Espero que nunca mais me procure pois eu não tenho família.

Depois que digo aquelas palavras vejo que aquele homem fica em choque e em seguida saio rapidamente da sala e vou para o meu quarto.
Uma das cuidadoras até tenta conversar comigo, mas não quero falar com ninguém e não quero ter que ficar com aquelas pessoas que me abandonaram e agora vieram atrás de mim.

Hades

Os humanos fizeram muito mal ao meu menino, ele sente uma enorme tristeza por um abandono que nunca aconteceu. Mas ele terá que aprender a força que nem tudo é como queremos ou imaginamos.

Em seguida saio da sala e vou conversar com a diretora do orfanato, facilmente consigo o direito de o tirar desse lugar, como ainda não posso o levar para o submundo ficaremos uns dias na mansão do meu irmão Poseidon e tirarei o selo do seu cosmo.
No dia seguinte virei buscar o meu filho, tenho certeza que longe desse lugar em que já foi muito magoado ele será gentil e calmo.

Um pouco mais tarde no submundo...

Perséfone

Fico muito feliz quando o meu amado moreno volta para o submundo, mas fico muito preocupada ao vê-lo triste e o abraço com muito carinho.

Quando ele me conta como foi a visita fico muito triste ao saber que o nosso menino ainda não nos aceita por achar que o abandonamos. Mas ferei tudo que estiver ao meu alcance para tirar toda a tristeza do coração dele e sei que com o tempo ele verá que nós sempre o amamos e nunca o abandonamos.

Ver os seus belos olhos marejados faz o meu coração doer, sei que esse encontro não foi nada fácil para o meu amado Hades, mas nós vamos superar isso juntos e em breve seremos uma família linda e muito unida.