THE LINE escrita por Morgan


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE ESSE DIA CHEGOU GENTE EU TAVA MUITO ANSIOSA PRA DEBUTAR NO MAIOR DO ANO!!!

Por isso, antes de tudo, queria dedicar a minha primeira vez no pride a quem fez isso possível: red hood, violet hood, prongs e noora ♥ meninas, vocês fizeram um trabalho impecável do início ao fim e merecem todo o reconhecimento por isso!! Essa fic não é só para vocês, mas também foi feita por causa de vocês!

Queria agradecer a Lady Anna que foi a primeira a conhecer o Benjamin nesse universo (e provavelmente nos outros porque ela sempre lê primeiro) e a Fanfictioner também, mesmo não seguindo o plot que a gente conversou naquele dia, você me ajudou muito na ideia do que seria o Ben e o Al, amiga, então muito obrigada! ♥

E de novo: muito obrigada a maior beta de todas por ter lido e surtado comigo com esse oc. Trice, sua amizade foi uma surpresa maravilhosa. Fico feliz demais por ter ido pedir o Selo de Aprovação dos Smut da Trice hahahaha.

EU SEI que já escrevi demais, mas ainda assim quero mandar um beijo para Jones e Foster, que vão dividir o dia 5 comigo!

Happy pride e boa leitura ♥



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Albus estava furioso, furioso consigo mesmo, com os irmãos e com os pais. Estava tão bravo que nem respondeu quando seu pai se despediu antes que ele descesse do carro. Eles sabiam o quanto aquele dia era importante para ele e, ainda assim, estragaram tudo!

Tudo começou com James Sirius, como sempre. O irmão mais velho havia resolvido voltar para casa por uns dias – aparentemente algum professor da universidade de Leeds estava doente. Albus duvidava. Há muito aprendeu a duvidar de qualquer coisa que James falava pelo bem de sua própria saúde. A questão era que ele havia ido buscar sua namorada, Olivia Kim, em Manchester, o que fez com que quase toda a gasolina do carro acabasse. Quase. E o pior de tudo: ele nem sequer avisou! O restante da família apenas descobriu quando já estavam indo em direção à aula de pintura de Lily Luna, então tiveram que encontrar um posto de gasolina próximo para que pudessem abastecer.

A essa altura, Albus já sabia que jamais seria o primeiro na fila de autógrafos de Dean Thomas, o autor da série "Três Corvos", que estava no shopping assinando o último livro lançado, como ele havia planejado ser. Albus queria receber o primeiro autógrafo, tirar a primeira foto e dizer a Thomas o quanto o escritor havia mudado a vida dele desde a primeira linha que lera aos 16 anos; além de que fora por causa dele que Albus conseguiu, enfim, perceber que gostaria de escrever também e, por isso, que estava estudando Literatura da Universidade de Londres.

Porém, não teria como fazer isso, não sendo o último, que era o que seria, porque James podia quebrar a primeira regra da casa – "Nunca deixar o carro sem gasolina" – e Lily Luna tinha que ser a prioridade. Albus era o filho do meio, estava acostumado com esse tipo de coisa, mas naquele dia... Bem, naquele dia ele não queria estar acostumado, assim, ignorou os chamados da mãe ao bater a porta do carro e correu para dentro do shopping.

Sentia-se como um adolescente se parasse para pensar muito e, à vista isso, recusava-se a dar esse gostinho de consciência racional aos pais.

Albus nem se deu ao trabalho de correr até a livraria, contudo, não conseguiu evitar o suspiro de decepção quando, finalmente, chegou ao seu destino e viu a enorme fila que saía de dentro da loja indo até a entrada da sorveteria do shopping. Contrariado e apertando as alças da mochila, foi para o último lugar. Enfiou a mão no bolso ao sentir a vibração.

— Oi – falou ao atender.

— Credo, o que foi? – Quis saber Scorpius. Albus tinha certeza que ele estava fazendo uma careta naquele exato momento por ter recebido uma resposta desanimada, então tentou melhorar o seu tom. – Já conseguiu seu autógrafo?

— Não. Eu meio que me atrasei, a fila já está bem grande.

— Oh... Sinto muito, Al. Mas pelo menos você está aí. Ainda vai conseguir seu autógrafo.

— Bem, sim, mas não vou poder falar com ele, não é, Scar? Sou o último da fila. Quando chegar a minha vez, tudo que ele vai querer é ir embora.

— Isso não é verdade. Dean Thomas é um escritor famoso, deve estar acostumado a conversar com fãs. Não seja tão pessimista! O que aconteceu, afinal?

— O que você acha? James, Lily, mamãe, papai, enfim, o pacote inteiro. Ficamos parados na estrada por culpa do idiota e eu fui o único a pagar o pato, como sempre.

— Você é muito dramático.

— Não, o que eu sou é o filho do meio. Isso explica muita coisa – Scorpius riu do amigo, que apenas suspirou. – Falando nisso, por que você ligou?

— Não posso só querer saber como o meu melhor amigo da vida inteira está?

Agora foi a vez de Albus rir.

— Não, porque você nunca liga a não ser que... Ah pelo amor de Deus, vocês brigaram de novo?

— Não foi bem uma briga! Nós discutimos e agora ela não está atendendo o celular...

— E você quer que eu fale com ela por você?

— Talvez?

— Não vou fazer isso. Já te disse para parar de me colocar no meio de vocês. Rose é minha prima. Você termina com ela e volta para a sua mansão, eu não. Estou preso com ela!

— Para terminar com ela, nós precisaríamos namorar – Scorpius resmungou. – Só peça para ela me responder, Al. Rose sempre te escuta. Por favorzinho?

Albus revirou os olhos.

— Tudo que vou fazer é mandar uma mensagem, o resto é com você.

— Eu te amo tanto, Albie.

— Tanto faz, vou desligar – respondeu Albus tentando disfarçar um sorriso.

Assim que a ligação encerrou, o garoto abriu o aplicativo de mensagens, indo diretamente para a conversa da prima. Rose e Scorpius passaram a infância discutindo por tudo, até mesmo por Albus, e então a adolescência surgiu e com ela os hormônios. Desde o último ano da escola, Albus não conseguia saber quando os melhores amigos estavam brigando ou flertando. Algumas vezes, eles começavam a flertar, no entanto, no fim, de algum jeito, acabavam brigando. Ele não gostava muito de se meter quando Rose estava com raiva, mas, definitivamente, gostava do entretenimento.

[8:15pm]: vai ignorar ele por mais quanto tempo?

[8:15pm]: Até ele aprender

[8:16pm]: nunca?

[8:16pm]: Você não sabe o que ele fez, Al!!!

[8:17pm]: quer me contar depois da sessão de autógrafos?

[8:19pm]: Não é uma coisa tão grande assim para eu perder tanto tempo falando sobre ele

[8:19pm]: Mas eu aceito a sua companhia sim

[8:20pm]: tudo bem, quando sair daqui eu passo na sua casa

[8:20pm]: responde ele para não ficar um clima chato no almoço de amanhã

[8:21pm]: beijos xoxo até depois

Albus enfiou o celular no bolso novamente e esticou-se para ver como estava a fila. Ele estava tão para trás que mal conseguia enxergar o que estava acontecendo dentro da livraria.

— Eu devo ter a pior família do mundo... – murmurou ele, dando um suspiro longo e desanimado.

Mal voltou para o seu lugar e o garoto a sua frente se mexeu, virando-se para ele.

— Por que você não veio de ônibus?

A boca do Potter se abriu, piscando confuso para o estranho a sua frente.

— Desculpe?

— Você não está aí há um tempão falando que a sua família se atrasou? Por que você não veio de ônibus, então?

— Você estava ouvindo a minha conversa?

O garoto apenas deu de ombros.

— Você fala muito alto.

— Ah, a culpa é minha que você é intrometido?

— Você acabou de falar sozinho atrás de mim. Eu deveria ignorar?

— Sim, é isso que as pessoas fazem quando estão em uma fila: ignoram-se mutualmente de maneira educada. É um contrato social.

— Tenho certeza que não foi isso que Rousseau quis dizer com a liberdade natural do homem.

Albus não conseguiu evitar uma risada curta ao revirar os olhos. O garoto tocou os cabelos pretos levemente e abriu um sorriso de lado que fez a sua covinha aparecer.

— Estou só brincando. Ouvi sua conversa sem querer, desculpe.

Ele arqueou uma sobrancelha em direção ao estranho. Seus cabelos estavam perfeitamente alinhados, separados e caindo suavemente em sua testa, o que fez com que Albus se sentisse um pouco envergonhado, pois sabia que os seus deveriam estar apontando em todas as direções possíveis. Era a maldição da família Potter.

— Meu nome é Benjamin Chang – ele estendeu a mão para o outro. – E eu tenho a mania esquisita de ouvir a conversa dos outros, e, aparentemente, questioná-los sobre isso também. Você pode me chamar de Ben.

— Albus Potter – respondeu, apertando a mão de Benjamin. – Uma das suas vítimas.

Benjamin abriu um sorriso de verdade e Albus reparou o quanto sua boca parecia naturalmente vermelha. 

— Vítima? Uau, você acabou de perder a chance de ficar com meu lugar da fila.

Albus riu.

— Sim, faria muita diferença deixar de ser o último para ser o penúltimo.

— Mas então... Por que você não pegou o ônibus?

O mais novo mordeu os lábios, a vitrine de sorvete ao seu lado de repente ficando muito interessante. Benjamin abriu um sorriso divertido.

— Você não sabe andar de ônibus?

— Eu nunca precisei,  legal? – Retrucou Albus na defensiva. Assim que as palavras saíram de sua boca, o garoto se arrependeu de seu tom, porém, Ben não parecia ter ligado. Pelo contrário, seu sorriso ficou ainda maior.

— Entendi.

— Meus pais sempre nos levaram para todos os lugares, depois eu tirei a carteira de habilitação. Não tenho culpa! – Albus sabia que não precisava se explicar para um desconhecido, mas, ainda assim, não conseguia controlar as palavras que saíam de sua boca sem parar. – E eu moro no dormitório da faculdade. Não é como se eu tivesse muitos lugares para ir que ficassem distantes da universidade. Foi só hoje.

— Então, você nunca precisou andar de ônibus porque seus pais sempre te levaram para todos os lugares?

— Bom... Sim.

— E quando eles se atrasaram uma vez, eles se tornaram a pior família do mundo?

A boca de Albus se abriu e ele apontou o dedo indicador em direção a Ben.

— Qual seu curso? Psicologia? Não foi isso que eu quis dizer, Chang.

Benjamin sorriu, dando um passo à frente quando a fila se moveu, sendo seguido por Albus e pela garota que havia acabado de chegar para ocupar o último lugar da fila.

— Não. Eu estudo física, e foi um pouco isso que você quis dizer, sim.

— Mas quando você diz assim, eu pareço ingrato!

— Você pareceu um pouco...

— Cara! Nós acabamos de nos conhecer, você não acha que é preciso, tipo, uns quatro meses de amizade para ser tão sincero assim? – Albus balançou a cabeça em negativa, cruzando os braços. – Mas eu não estou surpreso.

— Por quê? Porque eu sou chinês?

Os olhos verdes do garoto se arregalaram, observando o olhar castanho de Ben atento em si.

— Não! Meu Deus, o que você pensa que eu sou? Físico! É porque você é físico! Físicos são sempre meio arrogantes!

Benjamin cobriu a boca com a mão, abafando uma risada.

— Estou só brincando.

— Você tem um humor muito peculiar, sabia?

— Sei, sim.

Albus revirou os olhos, olhando para trás apenas para disfarçar o sorriso que crescia em seu rosto e, quando voltou-se para frente, Ben estava digitando algo em seu celular, o que deu tempo a Albus para observar o garoto a sua frente como ele merecia ser observado.

Sem parecer estranho, é claro.

Não que Ben se importasse em parecer algo além de estranho aparentemente, já que havia escolhido iniciar uma conversa admitindo que estava escutando a ligação da pessoa atrás de si.

De qualquer forma, Albus gostava de ser discreto.

Benjamin não carregava nenhuma mochila, apenas o exemplar de Três Corvos embaixo do braço. Seus cabelos continuavam alinhados de uma forma que Albus só poderia, infelizmente, descrever como muito descolada. Se o Potter não tivesse experiência suficiente tentando manter seu cabelo calmo, imaginaria que Ben poderia apenas ter acordado daquele jeito. Assim, sem esforço algum. Sabia que não era possível, é claro, mas Benjamin parecia facilmente o tipo de pessoa que Albus classificaria como "bonito sem esforço algum". 

— Então, sua família é chinesa? – Perguntou Albus.

— Sim, minha mãe é, mas ela passou a maior parte da vida aqui. Foi aqui que conheceu o meu pai – contou. – Acho que a minha avó nunca perdoou a minha mãe por ter casado com um homem branco. Não durou muito tempo, mas a minha avó ainda odeia meu pai mais do que tudo.

— Não é preciso muito esforço para odiar um homem inglês, branco e hétero, é?

— Não, não é – respondeu Ben com um sorriso. – A família da Pocahontas que o diga.

— Você é cheio de referências, não é, Ben?

— Gosto de pensar que sim – disse. – Ei, guarda o meu lugar. Eu já volto.

Benjamin não esperou uma resposta, colocou seu livro no chão e saiu rapidamente da fila. Albus olhou em volta, enquanto tentava decidir se achava o garoto maluco por simplesmente deixar sua edição capa dura do último volume de Três Corvos largada assim (Albus jamais faria isso com a sua) ou se o achava maluco por sair correndo sem nem esperar uma resposta. Já haviam umas sete pessoas atrás de Albus agora. Se ele tivesse que voltar para o fim da fila, preferiria ir embora, mas Ben não parecia se importar se esse fosse o caso. Continuou olhando em volta, tentando ver onde o garoto havia entrado, no entanto, a hora já estava adiantada e o shopping começava a encher.

E, mesmo assim, pensou ele, essa fila não parece andar de jeito nenhum. Não que Albus estivesse mesmo tão ansioso para que andasse. Queria conhecer Dean Thomas, isso era óbvio, mas estava gostando de conhecer Benjamin Chang também.

Isso se pudesse dizer que estavam se conhecendo; estavam apenas na mesma fila e Ben parecia ser naturalmente uma borboletinha social. Albus sabia que assim que pegassem seus autógrafos, sumiriam um da vida do outro. Porém, não se importaria com isso agora.

Porque, no agora, Benjamin estava voltando para o seu lugar segurando duas casquinhas de sorvete.

— Você tem cara de quem gosta de sorvete de flocos – declarou, colocando o sorvete em frente a Albus ao voltar para o seu lugar na fila. – Um presente.

Albus não conseguia evitar o sorriso idiota que se formava em seu rosto. Não conseguia nem recusar ou fingir estar constrangido. Maldita fosse a sua lua em câncer!

Ele pegou a casquinha das mãos de Benjamin, que logo sorriu em uma resposta silenciosa, mas satisfatória.

— Por quê?

— Você parece meio estressadinho. Pessoas estressadas geralmente gostam de flocos.

Albus quase engasgou. Não sabia se estava ofendido ou rindo. Talvez um pouco dos dois.

— Pelo amor de Deus, isso nem faz sentido, Ben!

— Mas eu acertei, não foi? Flocos é o seu sabor favorito?

Albus bufou, dando uma mordida impensada na casquinha que segurava, fazendo com que seu cérebro congelasse por um momento. Ele logo ouviu a risadinha de Benjamin. Flocos era, de fato, o seu sabor favorito. Mas ele não daria esse gostinho para o garoto que havia acabado de conhecer e já se mostrava suficientemente presunçoso.

— O que o seu sabor favorito diz sobre você? – Resolveu perguntar, apontando levemente para a casquinha de morango.

— Ah, isso? – Ben negou com a cabeça. – Não tenho um sabor favorito.

— Como isso é possível?

— Não tenho. Gosto de experimentar de tudo. Sempre troco o sabor.

Albus piscou. Aquilo parecia uma ideia completamente estúpida para o garoto. Como Benjamin poderia saber se aquele sabor que ele nunca escolheu antes valeria a pena? Albus era totalmente contra esse tipo de risco, em especial com comida. Ir na sorveteria com ele era sempre fácil e rápido. Enquanto seus amigos passavam minutos escolhendo a combinação – aparentemente – perfeita, Albus já a havia encontrado, então apenas repetia.

E foi isso que disse a Benjamin.

— Mas como você sabe se gosta ou não até experimentar? Você vai ficar preso para sempre na combinação morango-chocolate-flocos? Isso não faz sentido, Albus! Se eu soubesse disso teria te trazido para minha jornada de descobrimento.

— Se você comprar errado, vai apenas desperdiçar dinheiro – argumentou. – Meus primos fazem isso o tempo todo.

— É importante experimentar. Você nunca sabe do que vai gostar – disse, mandando uma piscadela divertida para Albus antes de terminar seu sorvete. – Você tem muitos primos?

— Onze. E dois irmãos. Ah, e o namorado da minha prima mais velha. Ele não é realmente da família, mas é como se fosse. É o afilhado do meu pai, sabe. É quase como se fosse um irmão mais velho.

Benjamin parecia chocado e Albus soltou uma risada, dando mais alguns passos para frente.

— Sua família é muito grande! Eu tenho dois irmãos e dois primos, e já estava começando a achar que isso é demais. Seus feriados devem ser uma loucura.

— Feriados? – Albus riu, negando. – Quase todos os dias da minha vida são uma loucura! Minha família é daquelas super próximas, sabe? É até um pouco brega às vezes – Albus hesitou. – Mas eu sou igualzinho a eles. Meus primos são meus melhores amigos. Junto com Scorpius. Ele está comigo desde... sempre. Nem lembro como é a minha vida sem ele.

— Scorpius é seu namorado? – Perguntou Benjamin casualmente, como se estivesse apenas perguntando de novo quantos primos Albus tinha.

— Não! – O Potter riu. – Nós somos melhores amigos de infância. Scorpius tem uma relação-não-dita-em-voz-alta com a minha prima Rose.

— Isso parece uma bagunça.

— E é. Mas também é legal. Sempre carrego todos eles para os meus eventos nerds. Hoje, no entanto, era muito cedo para todos.

Benjamin riu, concordando.

— Fomos na pré-estreia do último filme dos Vingadores. Quase todos nós. Rose e Scorpius quase se mataram... – Albus virou-se, apontando para a fonte que estava no meio do shopping. – Ela quase o afogou bem ali.

— Espere... aqui? Você estava aqui na pré-estreia com todos os seus primos? – Albus assentiu. – Sua família é, tipo, muito ruiva ou muito loira?

Albus assentiu na mesma hora.

— Sim! Você nos viu? Estava aqui?

— Todo mundo viu vocês – Benjamin sorriu. – Era um grupo muito grande. Estavam todos ali?

Albus sorriu com o interesse do Chang. Não era a melhor pessoa do mundo para demonstrar carinho e talvez fosse sim um pouco estressado (Lily Luna, definitivamente, culparia o seu sol em áries), mas amava seus amigos. E primos. E tudo entre uma coisa e outra.

— Não. Rose e Scorpius eram provavelmente o loiro e a ruiva brigando.

— Scorpius era o loiro bonitinho de olhos azuis?

— Você estava muito perto de nós! – Exclamou Albus com um sorriso. – Não, esse é meu primo Louis. Ele estava com a namorada dele, Lysander. As duas irmãs dele também estavam conosco, deve ser por isso que você acha que tem muitos loiros. Os ruivos eram meus primos, Hugo e Molly, e a minha irmã mais nova, Lily.

— Sua irmã usa óculos? – Albus assentiu. – Ela é parecida com você.

— Não acredito que estávamos na mesma fila de novo!

— Agora vou precisar repensar todas as filas importantes para os nerds em que estive para saber se você estava lá – Benjamin sorriu, fazendo com que até seus olhos sorrissem junto com ele. Albus não conseguiu fazer nada além de repetir o gesto.

— Bom, se você vai em pré-estreias, eu definitivamente vou estar lá.

— Star Wars?

— Eu fui em todas. A Ascenção Skywalker foi uma das piores produções que já vi na vida, mas eu estava bem aqui.

— Eu também! A sala estava lotada e tinha até...

— Um cara vestido de Darth Vader! – Completou Albus. Os dois garotos riram, sem acreditar nas coincidências que pareciam cercá-los. – Tinha muita gente e ninguém calava a boca. Eu até briguei com um cara que estava o tempo todo perguntando ao amigo o que ia acontecer na história.

As bochechas de Benjamin ficaram rapidamente vermelhas e ele desviou o olhar do garoto a sua frente. Os lábios de Albus se abriram.

— Era você?!

— Não! – Exclamou Benjamin imediatamente. – Não mesmo! Era Peter, o meu melhor amigo. Ele é um idiota que não sabe a hora de ficar quieto. Eu fiquei tão envergonhado. Não acredito que era você!

— Eu não acredito que era você! Estamos nas mesmas filas há anos! Londres é realmente um lugar pequeno, pelo visto.

Benjamin negou com a cabeça.

— Não, não acho que seja tão pequeno assim. Só precisávamos da fila certa.

A fila continuava a diminuir mais e mais, entretanto, os dois garotos não pareciam se importar com isso. Benjamin, de costas para a entrada da livraria, mal percebeu que sua vez estava para chegar e nem mesmo Albus, já que tudo que conseguia fazer era reparar no sorriso brilhante de Benjamin. Sorriso este que ele sabia ter no próprio rosto também, espelhando as melhores sensações que borbulhavam dentro de si no momento, pois as coincidências eram demais para que eles não achassem curioso e encantador ao mesmo tempo.

— Próximo!

Benjamin sobressaltou-se por um momento.

— Acho que sou eu – Falou em voz baixa, os olhos ainda fixos em Albus, admirando o verde que o garoto tinha em si.

— Vai rápido, eu  logo atrás de você.

Ben sorriu, virando-se de costas para Albus pela primeira vez desde que começaram a conversar. Ele entrou na livraria, caminhando em direção à grande mesa em que Dean Thomas estava sentado. O pôster com a capa do livro ocupava quase toda a extensão entre a escada para o segundo andar e o térreo e Albus sentiu-se ansioso a ponto de puxar a sua mochila para frente e tirar a sua cópia de Três Corvos. Não estava tão nervoso quanto achou que estaria, e isso era bom. Logo valeria a pena toda a espera.

Vendo a parte de trás da jaqueta jeans de Benjamin, Albus abriu um novo sorriso. Definitivamente valeria a pena.

No entanto, sua felicidade foi interrompida quando um enorme segurança se colocou na sua frente, escondendo toda a visão que ele estava tendo de Ben.

— Surgiu uma emergência para o Sr. Thomas. Ele não estará assinando o livro de mais ninguém hoje. Sinto muito, vocês podem ir.

Albus sentiu seu mundo desabar e o homem estranho a sua frente não havia usado nem trinta palavras. As pessoas atrás de si começaram a ir embora, mas ele não conseguia se mexer.

— Mas... mas... eu sou o próximo!

— Sinto muito, garoto. Fica para a próxima.

Albus balançou a cabeça, sem acreditar. Sentiu seus olhos arderem e uma raiva diferente o consumir por dentro. Apertou a alça da mochila, as suas unhas machucando a palma da sua mão. Não pensou muito, apenas deu meia volta e saiu. Não conseguira chegar na hora. Não conseguira seu autógrafo, sua foto, não conseguira nem sequer um "oi". Se seus pais... Não.

Ele deveria ter pegado o maldito ônibus. Um táxi, uber, ou o que fosse. Não poderia culpar seus pais por isso. Benjamin tinha razão.

Benjamin.

A raiva dentro de Albus pareceu apertar o freio com toda a força, jogando-o pelo painel do carro que ele carinhosamente chamava de mente. Ben ainda estava lá dentro assinando o próprio livro e Albus, simplesmente, foi embora. Ele não sabia onde o garoto estudava, nem sequer pediu seu número de telefone... Por Deus, como havia sido idiota. Sua impulsividade ainda o mataria.

Estava prestes a dar meia-volta quando um pensamento diferente o acertou. Quem garantiria que Benjamin queria dar o seu número de telefone ou manter qualquer tipo de contato?

Albus tinha gostado dele. Das suas referências históricas esquisitas, seu humor meio tonto e sua intromissão que ninguém havia pedido. E ele era lindo, meu Deus, como era lindo. Albus sentia-se tonto apenas de olhar para ele. E, se contasse isso a Lily Luna, tinha certeza que a irmã diria que era algum tipo de destino. Eles quase se encontraram várias vezes!

Ele balançou a cabeça de novo. Era só a sua parte ilusória falando. Benjamin poderia apenas estar sendo legal. Conversando em uma fila apenas para o tempo passar mais rápido – o que realmente aconteceu.

Recomeçou a andar em direção à saída do shopping, mas uma voz o parou.

— Albus!

Benjamin vinha correndo – ou ele estava apenas andando, mas era claramente alto demais para Albus? – com o livro em mãos e um sorriso no rosto. Ele não parava de sorrir nunca?

— Você foi embora!

— O... Ahn... Ele não vai mais atender.

Benjamin parecia querer xingar, contudo, apenas mexeu a cabeça em negativa e puxou o livro que Albus ainda segurava, substituindo-o pela própria versão.

— Ben! Não! Eu jamais... Você esperou tanto quanto eu!

Chang sorriu, colocando o livro de Albus de baixo do braço.

— Benji! – Os dois olharam na mesma direção. Uma mulher mais velha muito parecida com o garoto estava parada a alguns metros de distância.

— É a minha mãe. Estamos meio atrasados – explicou. – Mas veja, isso não é um presente. O preço está na primeira página – Benjamin sorriu dando alguns passos para trás, sem desviar os olhos do garoto. – Vejo você na próxima fila, Al.

Albus assistiu enquanto Benjamin chegava até a mãe, abraçando-a de lado e indo rapidamente em direção ao carro. Seu coração ainda estava acelerado e sua boca, tinha certeza, continuava aberta em uma negação inútil.

Ficou grato por isso, pois, quando abriu o livro, não poderia ter sentido nada diferente. O autógrafo de Dean Thomas estava com o seu nome, mas não foi isso que o deixou feliz. O que fez o garoto entender que havia valido mais do que a pena acordar às 6h da manhã para vir até o shopping do centro da cidade foi o pequeno bilhete preso acima do autógrafo.

"Achamos a primeira fila certa. Agora precisamos achar as outras. Quer ir ao cinema comigo? O valor do livro não é um sim. Isso eu posso te convencer. Para pagar, é só me enviar uma mensagem: (44) 78 28821XXX.

— Ben Chang."

Albus nunca ficou tão feliz em pagar por um livro antes.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado! Eu amei demais de escrever essa one tão levinha e despretensiosa, que acabou trazendo um dos meus ocs favoritos de todos os tempos.

Obrigada por terem lido e espero que possam comentar, favoritar, recomendar, enfim, me dizer o que acharam, porque isso me deixa muito feliz :) vejo vocês na quarta que vem (dia 11) com Summer Love, mais uma one para o Pride, sobre Molly Weasley II. Até! ♥