Ovo de Páscoa escrita por Bia


Capítulo 1
Ovo de páscoa


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu não sei se esse é um tema polêmico, mas acho que é importante deixar clara a minha intenção nessa fic.
Eu estava relendo HP quando cheguei nessa maravilhosa cena do Ovo de páscoa no Cálice de Fogo e isso me revoltou muito. Primeiro, porque a senhora Weasley realmente não teria que punir a Hermione por motivo nenhum, muito menos por um boato e segundo porque ela é um adulto péssimo - ao menos nesse momento - punindo apenas a Hermione.
De qualquer forma, quem lê as minhas fics sabe que eu não sou muito fã do Rony. Sempre achei e acho que a Hermione merecia alguém melhor, mas...
Eu escolhi a Rosa para ser a porta voz da consciência da Hermione, pois acho elas parecidas e, tenho certeza que, se fosse escrito hoje, Harry Potter teria um final bem distinto para a nossa amada sabe-tudo. É isso!



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Ovo de páscoa

 

Não saberia dizer há quanto tempo estava sentada no sofá, encarando fixamente, com as pernas inquietas, aquele enorme ovo de páscoa que ganhara da sogra. A embalagem amarela brilhante parecendo refletir por toda a Toca.

Rony e as crianças estavam na mesa comendo e rindo junto com Harry, Gina e os filhos; a senhora Weasley deveria estar no fogão preparando ainda mais comida, enquanto a Granger sentia-se congelada no lugar, obcecada por aquele ovo como se não tivesse visto nunca nada igual. Também não saberia dizer porque, depois de tantos anos, lembrou-se de quando Molly enviou-lhe o menor dos ovos de páscoa e, ainda mais incompreensível, era sentir uma revolta duas vezes maior do que a que sentiu na época.

Engraçado pensar que tinha recebido aquele pequeno mimo por causa do boato espalhado por Rita Skeeter de um possível relacionamento romântico entre ela e Harry. Boato sem fundamento, obviamente, porém, o mais irônico - se essa for a palavra ideal - foi o fato do Potter ter recebido um ovo de tamanho normal, feito com amor e muito bem embrulhado, obrigada. Ela tinha sido a única punida e esse pensamento, agora, repetia-se vertiginosamente em sua cabeça.

Afinal de contas, qual teria sido o problema se, aos quatorze anos, se envolvesse amorosamente com Harry? O que uma mulher adulta como a senhora Weasley teria a ver com isso? Por qual motivo isso teria sido uma ofensa tão grande ao ponto de merecer uma repreensão?

Piscando sem controle e respirando com força, a ministra tentou ocultar o ódio que estava sentindo por aquele papel amarelo e o doce coberto por ele. Queria estar em casa para poder destruí-lo com um feitiço ou simplesmente jogá-lo pela janela, assim como gostaria de poder destruir as palavras ditas pela sogra ao mesmo tempo em que o colocava em suas mãos.

— Amarelo, serve para menino ou menina. Tenha um terceiro filho, querida. Você vai ser bem mais feliz.

Fechou os punhos entortando a boca.

— Mamãe.

A meiga voz de Rosa a fez saltar de susto e a retirou de um furacão de pensamentos amargos.

— Está tudo bem? — a filha perguntou aproximando-se. — A comida vai esfriar.

Passando as mãos pelos cabelos, Hermione suspirou e deu a resposta padrão:

— Tudo bem, querida. Só estou cansada. 

Rosa permaneceu olhando-a e pareceu indecisa, Hermione notou, quase sem saber se voltar para junto do pai ou continuar ali. Foi quando, aproximando-se da mãe com passos determinados, a garota empurrou, com um gesto brusco com as costas da mão, o ovo para o lado e sentou-se em cima da mesa de centro, no exato local onde ele estava anteriormente. 

— Ela não suporta, não é? — perguntou baixo olhando a embalagem amarela com desprezo.

— O que? — Hermione questionou surpresa com a atitude da filha.

— A vovó! — Rosa exclamou exasperada — Ela não suporta o fato de você trabalhar fora e ser chefe do seu marido.

A ministra, pasma, abriu e fechou a boca diversas vezes, incapaz de pensar em qualquer coisa adequada para dizer.

— Rosa, não é bem assim... — disse afinal, devagar, percebendo o quanto suas palavras soavam falsas até mesmo para ela.

A jovem Weasley jogou a cabeça para o lado em uma careta descrente.

— Mãe, eu escutei o que ela disse. E vi o sorriso presunçoso do papai também. Ele também não suporta.

— O que? O seu pai ouviu? — Hermione perguntou antes que pudesse se conter.

 — Claro! Eles até trocaram um sorrisinho. — a garota respondeu fazendo uma imitação do sorriso da avó que, em outro momento, teria feito a mãe rir.

Fechou os olhos e respirou fundo, acalmando-se para não lançar lava para todos os lados. Cruzou as mãos na frente do corpo, ridicularizada com a própria ingenuidade. Óbvio que Rony sabia desses planos mirabolantes da mãe para a vida deles e, ela apostaria o seu cargo no ministério, se não fosse ele mesmo o responsável por eles. Já fazia algum tempo que ele a cobrava, acusando-a de passar muito tempo longe de casa e afirmando que gostaria de ser pai novamente.

Se Rosa não estivesse ali, Hermione teria soltado uma gargalhada amarga. O que Rony poderia saber sobre o tempo dela dentro de casa? Ela cuidava de cada detalhe da vida das crianças enquanto ele mal sabia qual dos filhos era alérgico a amendoim. Claramente ele gostaria de vê-la grávida novamente, em nome do bem estar do bebê a senhora Weasley poderia interferir um pouco mais e ele saberia em qual lugar a esposa estaria durante as vinte e quatro horas do dia. O modelo da boa esposa, em casa e grávida.

Parecendo saber o que a mãe estava pensando ou sentindo, Rosa cobriu as mãos dela com as suas. A mulher mais velha abriu os olhos e sorriu tristemente, sem conseguir deixar de pensar se gostaria que, futuramente, a filha se envolvesse com um homem que nunca tivesse a apoiado em nada, que a abandonasse quando estivesse precisando ou que desejasse que ela estivesse completamente à disposição dele.

— Eu só quero que você saiba que eu sei o quanto você é forte, mãe. E que eu te admiro muito. — Rosa admitiu sorrindo e corando.

Mel quente se apossou do peito de Hermione que abriu os braços e envolveu a filha, apertando-a com força. 

O brilho amarelo da embalagem do ovo refletiu em seu rosto, afrontoso e arrogante, exibindo-se e afirmando saber o que era melhor para ela. Sem soltar Rosa, Hermione murmurou um feitiço e no instante seguinte um estrondo transformou aquele pedaço sólido de chocolate em diversos pedaços irregulares esparramados pela sala. Ouviu a senhora Weasley gritar de susto da cozinha e deliciou-se com esse som e com a risada divertida de Rosa.

Páscoa é tempo de renovação e Hermione estava disposta a recomeçar, seguir seu próprio caminho, tomar suas próprias decisões e fazer o que queria para si. Caso Rony quisesse acompanhá-la, seria bem vindo, caso não, ela não esperaria nunca mais por ele. 

 


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