Smile Danger escrita por TVS095


Capítulo 4
Bolas do dragão


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é traiçoeiro, e não, não é o que parece.



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— Só alguns minutos — respondeu.

Kamui bufou, incomodado com a presença da garota.

— Por que não está com os idiotas dos seus amigos? — indagou caminhando até ela, pegando na gola do seu uniforme induzindo-a para a parede bruscamente. Nobume colocou sua mão em volta do pulso do ruivo, tendo somente essa reação, tentando entender o porquê da atitude bruta dele. Lamentou mentalmente por não ter saído dali enquanto pôde.

— Eu só queria ficar sozinha, não sabia que iria encontrá-lo aqui — disse, pensando numa forma de contornar a situação.

O ruivo sorriu de lado e colocou a mão esquerda na parede próxima do rosto pálido da garota de olhos escarlates que seguia cada movimento feito por ele. O Yato então suspirou.

— Você viu alguma coisa? — perguntou.

— Não.

— Mas ouviu, certo?

— Foi inevitável.

Ele estava exaltado, mas buscando se conter.

— Não importa o que as pessoas têm por baixo das calças, para mim são todas iguais! Portanto, iremos fazer um acordo, e se você não quiser ficar que nem a pessoa que está logo depois dessa parede, eu sugiro que me obedeça, entendeu Imai?

— Esse acordo não faz muito sentido. Por que eu contaria sobre o que você faz ou deixa de fazer? — retrucou. — E o que faz achar que eu não sou capaz de me defender?

Kamui a ouviu em silêncio, mas lançou um olhar insano para ela como se tivesse sido caçoado por Nobume. Além de ter se irritado pelo fato dela não ter respondido a sua pergunta. Cerrou os punhos e gargalhou.

— Okay, tudo isso é desnecessário. Pode me soltar? — pediu.

E o garoto a soltou, ainda dando algumas risadas, que se fosse qualquer outra pessoa que não a Imai, estaria assustada. Porém, Kamui levantou a mão e agarrou o pescoço dela, pressionando o corpo dela contra a amurada.

— Kamui, não tenho medo de você... — comentou com um pouco de dificuldade. Ela estava fechando os punhos para desferir um soco na cara dele, quando seu celular tocou. Imai sabia quem era que estava ligando. Os dois se olharam apressados.

— Me dê o celular — falou com a voz cortada. Nobume suspirou profundamente, sabia que aquilo não era um bom sinal. No entanto, retirou o aparelho do bolso e o entregou. Para o seu desespero, o ruivo nem sequer olhou para o objeto, jogou de imediato no chão, quebrando-o da mesma forma que ela fez com o despertador cedo da manhã. Aquilo foi a gota d'água para a de cabelos azuis, que sem delongas, empurrou-o e o chutou, com ele indo parar na parede à sua frente.

O impacto das suas costas com a parede não foi tão forte, porém o Yato sadista desceu seu corpo, sentando no chão de cabeça abaixada e um pouco de sua franja cobrindo os seus olhos azulados. Ela caminhou até ele. Nobume não estava furiosa, estava chateada, não por todo esse momento — não é o suficiente para deixá-la exaltada —, mas sim por não ter atendido o telefonema do seu pai Isaburo, que provavelmente havia aproveitado o tempo livre para ligar para a filha. Ao chegar perto dele, que aparentava estar mais sóbrio, o ruivo lançou outro sorriso para Imai e então lhe deu uma rasteira, fazendo-a perder o equilíbrio e cair no chão. Kamui ficou por cima dela, que agora via tudo turvo, atordoada devido ao choque de sua cabeça contra o chão.

— Só irei pedir desta vez — murmurou. — Não conte para ninguém sobre isso. — Sua voz estava trêmula e ele falava sério.

— Não que isso iria fazer alguma diferença...— Imai voltou a encarar aqueles olhos azuis que estavam menos insanos, pareciam preocupados. Não obstante, a garota golpeou-o com um Ap Tchagui incompleto, direcionado justamente no escroto do Yato, que sentiu uma dor absurda e caiu para o lado, choroso, encolhido em posição fetal, gritando contido. — Mas tudo bem, eu não contarei para ninguém. Porque só eu irei saber que logo você, está sofrendo no chão por causa de um chute nas bolas. — Nobume parecia ameaçadora.

— Sua louca — declarou com a voz escrachada e a garota foi embora dali, recolhendo os restos sobreviventes do seu celular.

Caminhou pelos corredores, torcendo para não encontrar ninguém e entrou no banheiro. Pelo espelho ela vê seu uniforme sujo de sangue advindas das mãos do outro. Retirou a camisa para poder lavá-la o quanto antes, evitando que a mancha dure para sempre.

— Onde você estava, Nobume? — indagou Kyuubei, encabulada, enquanto entrava no lugar. — E o que aconteceu com o seu uniforme?

— Bem... Eu fui me aventurar pelos confins do colégio e acabei sujando sem querer, mas só percebi quando cheguei aqui.

Kyuu-chan ainda não parecia satisfeita com a justificativa dela.

— Percebe-se, seu cabelo está todo sujo. Estava rolando no chão atrás de rosquinhas caídas pelos cantos por acaso? — Foi sarcástica, embora tivesse um pingo de verdade em suas palavras. Imai teria coragem de fazer essas coisas por donuts.

— Dessa vez foi por causa do meu celular. Ele caiu da minha mão e se espatifou pelo chão, coitadinho. Olha. — Pareceu dramática para soar mais convincente e mostrou a tralha que até alguns minutos atrás era o seu celular.

— Caiu do segundo andar por acaso? O coitado está destruído.

Nobume apenas assentiu e ficou cabisbaixa, mas desta vez não era encenação.

— E foi logo quando ele estava me ligando.

— O seu pai? — retrucou.

A garota assentiu. Kyuubei com o seu instinto protetor aflorado, afastou os lisos cabelos azuis de Imai e a abraçou por trás de maneira gentil.

— Você quer o meu para conversar com ele e explicar o que aconteceu?

— Não precisa, tentarei mandar um e-mail para ele quando chegar em casa.

Kyuu-chan afastou-se dela, olhando complacente para a amiga, até que percebeu uma mancha de sangue em seu pescoço.

— Seu pescoço está sujo de sangue — avisou num tom alto, preocupada.

Imai gelou por um instante e olhou para o local através do espelho, limpando com a água da torneira instantaneamente.

— Eu nem percebi. Acho que eu devo ter me cortado com a minha unha.

A garota atrás dela cruzou os braços frente ao corpo, adquirindo um ar sério.

— Você está escondendo alguma coisa, não é?

— Não tenho motivos para isso — respondeu.

— Nobume, aconteceu alguma coisa? — Retornou com uma voz grossa e austera.

A de olhos vermelhos observou o cômodo, buscando um escape e então voltou a responder:

— Estava apenas me aventurando pelo colégio. Nada de perigoso aconteceu... bem aconteceu. Meu celular caiu e quebrou.

Kyuubei grunhiu irritada.

— Okay. Primeiro Otae que não vem para as aulas, e só dá desculpas para eu não ir vê-la. Agora você, que inventou tantas mentiras descaradas como se eu fosse cair nelas. O que mais vocês duas são capazes de fazer? Sair no tapa com os outros como se fossem o Ken e o Ryu de Street Fighter?

Imai ficou sem reação com uma pergunta tão específica.

— Isso foi bem específico. Mas de qualquer forma, eu não menti para você — declarou.

Porém a Yagyuu estava convicta que a amiga estava sim mentindo para ela e Kyuubei simplesmente odeia mentiras.

— Quando estiver com a consciência pesada, fale comigo. — Descruzou os braços e foi embora chateada.

...

No dia seguinte, estava com um livro em mãos com o título: A louca dos gatos, na porta da sala, lendo tranquilamente, mas a sua paz é interrompida por um indigente carismático, aparentemente com amnésia e bipolaridade que está com a mochila nas costas, as mãos afundadas nos bolsos da calça e um sorrisinho inconveniente em contraste com um band-age no meio do nariz. Ela pensou: Ihh... lá vem. E continuou a sua leitura matinal.

— Bom dia, Imai. — Foi simpático. — Ou melhor: chutadora de bolas do dragão, destruidora de famílias, assassina... — Ele parou. — O gato comeu a sua língua? Por que eu não lembro de ter feito isso com você ontem.

Fechou o livro pacientemente.

— Puts...— Parece coisa séria, como se tivesse lembrado de algo importante. — Que cantada horrorosa. Existe alguém que cai em algo tão ruim assim? — Imai não olhava diretamente para ele, parecia estar falando sozinha. Sem delongas, virou-se de costas para o ruivo e adentrou na sala. Kamui a seguiu.

— Está de bom humor então? — perguntou entusiasmado, mas não obteve respostas dela.

Portanto, ela sentou-se em sua cadeira — antes olhando para Kyuubei que finge não conhecê-la —, na companhia de um doguinho que se acha um gato.

— Podemos conversar? — Mudou seu tom de voz.

— Não estou afim. — Continuou evitando contato visual.

Kamui suspirou, jogando a cabeça para trás e pousando a mão na nuca.

— Não estou com pressa, então no final da tarde conversamos! — afirmou, conformado com a atitude sensata dela de ignorá-lo — Bom dia, Yamazaki! — disse ele gentilmente enquanto acenava para o outro rapaz — Obrigado por tirar minhas dúvidas — falou por fim, em voz alta.

A primeira aula foi novamente do Gintoki-sensei. Não seria estranho um raio cair na escola e matar todos os alunos ou chover aranhas, mas ele fez algumas anotações no quadro, antes de se acomodar na cadeira e colocar uma caixinha sobre a banca. No final da lousa havia: "Qualquer dúvida sobre o assunto ou sobre qualquer outra coisa, ponham na caixinha de dúvidas. Tentarei responder a todos". Shinpachi, como um ótimo exemplo de aluno, rasgou um pedaço de papel e anotou alguma coisa, depois se levantou e foi até a caixinha, colocando o papel lá dentro. Pouquíssimos alunos fizeram o mesmo, Nobume não estava entre eles, no entanto, Okita dispôs-se a colocar um bilhete na caixinha de dúvidas, mas sabe-se lá o que o loiro havia escrito nele. A aula posterior foi da Tsukuyo-sensei. Uma loira de ar autoritário, mas muito gente boa até tirarem proveito de sua paciência e ela mandar os delinquentes fazerem cálculos absurdos que nem estudantes universitários conseguem fazer.

— Formem duplas, por favor! Vocês irão fazer um trabalho sobre Função do 2°grau — falou num tom firme.

Os alunos começaram a chiar e ela não gostou nadinha. Seu semblante tornou-se sombrio. Rapidamente os alunos calaram a boca. Imai olhou à sua volta procurando uma alma viva para fazer dupla, mas desistiu ciente que aquilo era inútil.

— Hoy, gata! — Ela ouviu, direcionando seus olhos ao indivíduo, desejando que ele desaparecesse imediatamente. — Hoje vou fazer dupla com você! — Completou.

Decerto, Imai gostaria de bater sua cabeça várias vezes sobre sua banca, assim esquecendo a existência do Yato. A de cabelos azulados, procurou por Okita na esperança de unir-se a ele, porém o loiro já estava com o Shinpachi — provavelmente depois de ter chantageado o pobre coitado.

— Vem logo, antes que eu me arrependa — murmurou entre dentes e ele juntou as bancas.

Por curiosidade, Kamui começou a escrever e ela passou a observá-lo até que soltou:

— Que caligrafia feia. Você quer fazer medicina? Acho que nem um médico entenderia essa letra. — comentou com um humor ácido.

Ele sorriu.

— Imagino que a sua seja incrível, então! — E pegou de chofre o caderno da garota, passando a rir contido. — Se a minha é feia, a sua não passa de garrancho! — Mais risadas. Tsukuyo olhou para eles. Imai percebeu o olhar de ódio da professora, semelhante aos da Ravena putassa e deu uma bofetada no cocuruto dele. A loira terminou de escrever e acomodou-se em sua cadeira, ainda com os olhos vidrados nos dois.

— Todos já estão com suas duplas?

— Não — Imai sussurrou quase inaudível num lamentar.

— Sim! — Kamui respondeu juntamente com o restante da turma.

Como nem todos haviam terminado o trabalho no devido horário, Kamui voluntariou-se para entregar os restantes na companhia de Nobume que relutou, relutou, e agora estava com ele na frente da sala dos professores no final da tarde.

— Estão os de todos? — indagou a professora, averiguando os papéis.

— Sim — respondeu a garota que olhou para o Yato, tendo ciência dos motivos pelos quais o levou a se voluntariar.

— Obrigada — Ela sorriu e depois retornou para a sala.

A garota então acelerou os passos para ir embora o quanto antes dali, mas Kamui agarrou a mochila dela, parando-a ligeiro.

— Para onde você vai?

— Pa-para casa.

Ele inspirou fundo.

— Vou te dar um aviso.

Ela cruzou os braços, preparando-se para o que o idiota iria dizer.

— Se eu fosse você, ficaria esperta!

— Isso é uma ameaça? — Arqueou uma sobrancelha.

— Um aviso! — corrigiu sorridente.

— Okay. — Deu as costas para ele e voltou a andar. 

 


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