Ada Masali escrita por jessy-cullen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura espero que gostem dessa linda história de amor



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802629/chapter/1

— Pela manhã vocês irão ouvir o canto dos pássaros, irão acordar com o sol quente entrando pela janela, aquela brisa fresca nas primeiras horas do dia. Esqueça os sons de engarrafamentos, desfrute da magnifica orquestra da natureza, sinta que toda a energia negativa irá evaporar, deixe a energia da terra e do sol preencher sua alma.

Enquanto apresentava o nosso novo projeto do hotel para as pessoas mais importantes do ramo, na televisão passava imagens dos primeiros rascunhos do resort, todos olhavam admirados, e confesso que o planejamento todo estava muito bom, a equipe de arquitetos havia demorado meses com todo esse projeto.

— Assim como na infância, tenha seus doces caseiros favoritos a mesa, as verduras colhida e escolhida na hora, da horta do seu quintal, deixe nos reconectar você com a natureza.

Assim terminei o meu discurso da apresentação do projeto. Sorri juntando as mãos, havia sido um sucesso e todos agora estavam aplaudindo e com olhos brilhando, eu conhecia esse olhar, havia dado tudo o que eles queriam ouvir.

As luzes foram acessas e algumas pessoas se levantaram para se retirarem do local. Não esperei receber nenhuma felicitação, meu chefe estava ocupado conversando com alguns empresários conforme eles iam ate ele. Aproveitei a deixa para me retirar, eu poderia saber o resultado mais tarde, ou talvez amanhã.

Biricik estava me esperando para um café próximo do meu trabalho, então peguei minha bolsa e sai apressadamente para encontra-la. 

Foi fácil encontra-la na rua, ela era uma amiga de longa data, alta de cabelos escuros que dependendo do dia caia em algumas pequenas ondulações, ela vestia um vestido rosa com um jaqueta da mesma cor mais claro, estava usando um salto e os óculos de sol estavam na cabeça segurando para trás seus cabelos. Dificilmente ela saia sem os seus óculos de sol.

— Como foi? – ela perguntou quando me aproximei me entregando o café extra que estava em suas mãos.

— Eles simplesmente adoraram! – exclamei animada e depois bebi um gole de café.

Depois de uma manhã agitada nada era melhor do que um café quentinho, e amava que Biricik sempre sabia disso.

— Claro que sim, você disse todas as coisas legais de se morar numa ilha afastada. – ela respondeu também empolgada.

Ela achava essa história de ilha muito mais interessante que eu.

— Eu só sabia em que ponto tocar. – respondi

— Você tocou e marcou um objetivo. – Ela ergueu o copo como se estivesse brindando a alguma coisa. – Parabéns!

— Teşekkürler – agradeci - Porque as pessoas retornam a natureza? Eu não entendo nada. – troquei o rumo da conversa – Não tem lojas, não há teatros, sem cinemas, sem festas, sem clubes, e ainda há outro bônus.

— Você fala como se gostasse muito de festas e clubes – minha amiga aponta – Ta, mas qual é o outro bônus?

— Todo mundo conhece um ao outro, isso é assustador. Eu não posso morrer de tédio só para comer tomates frescos.

— Mas esse é o sonho de todos. – ela respondeu sonhadora – Não necessariamente comer tomates frescos.

— Isso é um marketing em que as pessoas acreditam, “encontre seu amor e viva na natureza” – eu ergui as mãos como se estivesse lendo isso em um outdoor. – E eu não quero essas duas coisas. Não posso morar num lugar exceto na cidade, e também não vou me apaixonar o suficiente para perder minha mente.

— Você diz isso por causa do seu ex. – ela me lembrou.

— Aconteça o que acontecer na vida nada mudará. – disse convicta.

— Você diz isso agora, mais não sabe como a vida gosta de brincar com a gente.

Olhei para o horizonte, ou o que podia dizer que era com todos esses prédios enormes ao nosso redor.

Dei uma ultima olhada no espelho conferindo minha roupa e então desci as escadas, encontra minha mãe sentada no sofá. Ela ainda estava nervosa por causa do desfile, uma repórter devia escrever sobre o dia, mais o máximo que ela havia feito foi escrever sobre uma nova loja de café que havia aberto em Istambul.

— Mãe, não se preocupe, as pessoas irão ligar e você vai ter inúmeros pedidos para realizar. – comentei enquanto me juntava a ela no sofá.

Ainda havia alguns minutos para sair pra trabalhar e seria melhorar tentar melhorar seu humor antes que piorasse muito mais.

— Haziran esta certa, logo você terá pedidos. –  Görken respondeu.

— Quanto tempo se passou desde o desfile... – minha frase foi morrendo na metade ao observar que Görken balançava a cabeça com os olhos arregalados, mais era tarde mais. – Desculpa, já faz algumas semanas.

Görken tinha razão em me alertar, já fazia algumas semanas que o desfile havia acontecido, e alguém já teria que ter ligado. Devia prestar atenção antes de comentar o tópico delicado.

— Ate você Haziran – ela respondeu chateada

— Nada esta perdido, não vamos chorar por uma derrota que não chegou ainda. – ele respondeu

— Ainda? – minha mãe respondeu nervosa.

Era a deixa que precisava para sair daqui.

— Preciso ir – levantei declarando.

— Não vai não. – Görken me segurou com os olhos suplicantes

— Não se preocupem, você vai receber vários pedidos dentro de alguns dias. – me soltei dele delicadamente – Vejo vocês depois.

Não esperei a resposta de nenhum dos dois, sai o mais rápido possível antes que aquilo se tornasse um pesadelo, eu estava escutando a dias os lamentos de minha mãe e o apoio de Görken para ela, mas não era como se estivesse funcionando e ela estava cada dia mais nervosa. Enquanto eu pudesse fugir eu faria isso.

Mas precisei me deter antes de abrir a porta de casa, algo na mesinha me chamou a atenção. Era uma carta endereçada a minha mãe.

— Mãe essa carta veio do banco – peguei ela na mão e me virei para mostra-la de longe.

— Eu sei. – ela respondeu revirando os olhos.

— Você nem se quer abriu.

— Porque iria abrir? Eu sei que é sobre o empréstimo, não quero estar meu humor com isso esta bem?

— Você não abre, mais não evapora.

— Eu vou abrir Haziran, eu vou abrir. – ela se levantou do sofá nervosa, sua voz se alterou. – Você coloca muita pressão em mim.

Ela saiu para a varanda me deixando falando sozinha, era sempre assim, toda vez que comentava sobre algo relacionado a isso, ela desconversava ou saia irritada, mais há certas coisas na vida da qual você não pode evitar.

Görken mandou um beijo indicando que era para eu sair logo. Respirei fundo e sai de casa, eu ainda tinha um longo dia pela frente para poder me preocupar com isso agora.

— Günaydın. – anunciei entrando na sala de meu chefe – Günaydın Hakan.

Hakan era também um outro funcionário que também estava com o projeto do resort. Ele era alto dos cabelos loiros e era considerado um bom funcionário, ainda mais depois de sua ultima descoberta.

— Como esta Duygu bey? – perguntei

— Günaydın Haziran – Hakan me cumprimentou.

— O show de ontem foi ótimo – Duygu respondeu sem me dar o trabalho de me responder ao meu bom dia.- Se eu tivesse confiado em outros, tudo viraria pó. Poso ver que não se esqueceu dos seus erros passados.

— Obrigada. – respondi animada

Não querendo lembrar dos meus erros passados, que tudo fique para trás.

— Agora...  existe um negócio que só você pode cuidar.

— Posição em Tóqui, certo? – eu respondi animada.

Era isso que eu vinha querendo há algum tempo, queria muito essa promoção, essa mudança de país era o qe mais queria em algum tempo. Era bom que ele tivesse começado a falar sobre isso, ou será que fui eu?

— Não. – respondeu ele e pude sentir meu sorriso morrer – Na ilha na verdade.

— Na ilha? Como assim? – eu não estava entendendo – que ilha é essa?

— Sua ilha, onde você nasceu – ele respondeu simplemente.

— Não, não. – fui rápida em responder – Essa é a terra natal de minha mãe, na verdade eu nunca fui para lá. – e eu não tinha ido mesmo, minha mãe não gostava de falar do tempo dela na ilha, nem mesmo quis me levar para conhecer quando pedi. -  Mas queria falar com você sobre o novo escritório em Tóquio, que será inaugurado em poucos meses...

Ele me olhou parecendo entediado mais não me impediu que eu tentasse abordar o assunto.

— Eu estava estudando para um mestrado em Londres, e acho que este lugar....

— Esqueça Tóquio, isso aqui é mais importante – dessa vez ele me interrompeu pegando os papeis e espalhando sobre a mesa. – Hakan me mostrou um lindo lugar verde que fica próximo ao mar no ano passado.

Escutei atentamente a onde é que ele queria chegar.

— Combina muito bem com o nosso conceito de férias para o hotel. Mas o há apenas um homem que não vende as terras.

— O que eu posso fazer? Eu não entendo.

Não quis soar rude, mais não estava entendendo a onde eu iria entrar nessa. Queria discutir a questão de Tóquio, estava certa de que poderia ter uma chance.

O que é que eu tinha haver com isso? Não era meu campo de atuação, não conseguia entender onde ele queria chegar.

— Tenho que tentar convence-lo? Ou conversar, é isso? – minha testa se franziu tentando entender seu raciocínio.

— Não tem como convence-lo. – Hakan se pronunciou pela primeira vez – Ele é uma pessoa muito teimosa, arrogante, fechada e egoísta.

— Aumentamos o preço então – ótimo, era uma ótima solução.

— Não funcionou, já tentamos – respondeu Hakan como se isso fosse o mais obvio.

— Tamam. – eu disse estranhando – Onde eu entro nisso? Quer dizer... Hakan conhece as pessoas, conhece o lugar, ele poderia convence-lo. Não é mesmo Hakan? – olhei para ele esperançosa.

— Hakan fez um ótimo trabalho me mostrando a terra. Mas agora preciso que você cuide disso para mim. – meu chefe falou

Cuidar? Como assim ? Onde ele queria chegar com isso? Talvez eu estivesse fazendo essa pergunta de mais ate agora. Verbalizar seria uma boa.

— Quero que você vá ate a fabrica, conheça o local, ande pelas ruas, e me faça um relatório do que acontece no terreno que será do hotel e me reporte tudo. – ele começou explicando – Lá temos uma pessoa que esta querendo nos oferecer um documento para que conseguigamos a terra, mais a pessoa esta indecisa, quero que vá lá e tente descobrir algo, pense em alguma coisa, e então Tóquio será sua nova vaga.

Não sabia muito bem como reagir a isso, por isso permaneci sem conseguir responder.

— Claro que não precisará fazer nada se conseguirmos o documento com essa pessoa antes.  – Hakan acrescentou

— Quem é essa pessoa? – quis saber

— Não sabemos – respondeu meu chefe – Não podemos contar com a indecisão dela ou dele.

Ele começou a andar saindo da sala como se desse o trabalho por terminado. Sai atrás dele .

— Não posso deixar alguém sem emprego – não estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando, por isso o segui as pressas enquanto ele andava pelos corredores da empresa – Qual é o nome dele? Do dono do terreno?

— Seu nome é Özgüz. – Hakan respondeu rapidamente nos seguindo.

— Talvez ele tenha esposa e filhos esperando pelo dinheiro da fabrica.

Eles queriam que eu achasse algo que prejudicasse ele? Assim ele venderia o terreno?

— Não há esposa nem filhos, ele é egoísta e portanto solitário.

Hakan falou com tanta pressa e raiva que me deixou atordoada.

— Se você conhece ele porque não faz isso?

— Porque é seu trabalho Haziran – ele respondeu meu chefe.

Meu? Que eu saiba isso passava longe do que eu precisava fazer como trabalho.

— Você sabe que sou da ilha, como você,  não posso andar por ai. – Hakan se explicou.

Talvez eu fosse um pouco ingênua na maioria das vezes, mais isso aqui não estava parecendo nada bom, e eu não era tão ingênua assim na verdade.

— Esta com medo, porque depois esse Özgüz irá ficar bravo com você, e vão passar a ter um relacionamento ruim, certo? – era a única explicação para que ele não fosse mandado para a ilha.

— Nós não somos chegados, só nos cumprimentamos de vez em quando. – respondeu. – Mais sei que tipo de pessoa ele é, todos na ilha o odeiam. – continuou – Você não confia em mim?

— Confio claro.

— Se você não for, enviarei outra pessoa a Tóquio. – meu chefe deu a palavra final, já estava entediando com a discussão.

Me entregou todo o documento que estava em sua mão em uma pasta azul, e deu por terminado esse tópico.

Olhei temerosa, não era o tipo de coisa que estava esperando fazer, mas não tinha outra escolha. Aceitei os documentos de sua mãe e sai da sala com um ate mais.

 

— Como foi? – Adrian me perguntou ao telefone com o sotaque forte inglês.

Adrian sabia bastante coisa em turco, ele era fluente na verdade, mas sempre preferia conversar comigo em inglês, eu implicava toda vez com ele por não conversamos na minha língua, mais ele não abria mão só para me irritar.

— Um sucesso? – saiu mais uma pergunta do que uma afirmação.

— Porque estou sentindo que tem um grande mais?

— Porque tem mesmo. – respondi pegando uma blusa de frio do guarda roupa e jogando na cama. – Não saiu nada como planejei, e agora estou indo a ilha.

— Como assim? Que ilha você esta falando? – ele perguntou, e pelo o que conhecia de Adrian ele havia largado seja lá o que estivesse lendo enquanto conversava comigo em cima da mesa para me dar a devida atenção.

— A única da qual eu poderia falar. – resmunguei sentando na cama.

— Pode me explicar isso com detalhes? – pediu.

Então contei a Adrian tudo o que havia ocorrido nesses dois dias, o sucesso da minha apresentação e como agora estava indo para ilha onde minha mãe sempre morou - na verdade morou na sua infância, pois assim que cresceu saiu de lá - e jamais quis que eu conhecesse.

Ele ouviu tudo atentamente como geralmente fazia, não me interrompia, e parecia bastante um psicólogo analisando cada palavra o que divergia tanto com sua profissão que era advogado. Ele devia sair, sei lá, protestando tudo.

— Então realmente esta indo a ilha no final das contas. – comentou por fim

— Sim, e Biricik vai comigo. – eu disse, pelo menos não estaria indo sozinha – Mas não gostei dessa história de procurar algo para que ele venda a propriedade. O que ele quer que eu faça? Seja desonesta?

— Tenho certeza que você não vai ser, não se preocupe com isso. – Adrian me tranquilizou – Haziran você é uma mulher inteligente e determinada, acima de tudo é honesta. Sempre há outras alternativas e você já esta acostumada a lidar com elas.

— Você esta certo. – eu disse de repente me sentindo motivada – Eu vou andar por lá, conversar com esse homem e convence-lo. Ele vai gostar da minha contra proposta.

— Assim que se fala. – ele disse

— Vou preparar algo então. – eu disse um pouco mais animada – Preciso desligar agora, tenho uma hora para arrumar uma proposta melhor para apresentar a ele.

— Se quiser posso dar uma olhada quando terminar. – ofereceu

— Te mando então daqui a pouco. – falei – Ate mais.

— Ate. – deligamos juntos.

Corri para o notebook e abri a proposta refazendo ela inteira, eu ofereceria mais dinheiro e ainda ofereceria uma nova propriedade, só iria precisar andar por lá atrás de uma nova propriedade, e isso não seria difícil, certo?

— Certo Haziran! Certo!

Enquanto estavamos sentadas no barco rumo a ilha, eu tentava não pensar onde estava, mas era um pouco impossível quando todo lugar que olhava só existia mar. Estava nervosa de mais, minhas pernas mexiam insistentemente e minhas mãos suavam.

 Tente não olhar pela janela Haziran, disse em pensamento me obrigando a olhar para outro lugar, o que me levou a enorme bolsa que Biricik carregava junto dela.

— Biricik, eu disse que voltaríamos a noite, certo? – perguntei olhando sua mala.

— Você disse – ela começou - Mas e se alguma coisa acontecer? Uma tempestade chegar? E não conseguirmos voltar, o que irei vestir amanhã?

Olhei para fora dessa vez evitando o mar e olhando para o céu, estava azul bem claro, sem nenhuma nuve, um dia típico do verão da Turquia.

— Não tem essa possibilidade. – respondi e me virei de pressa quando meus olhos recaíram no mar, e percebi as ondas que ate agora estava tentando evitar.

— Não precisa se preocupar – Biricik falou quando percebeu minha angustia.

— O que fazer? Eu não gosto de andar em nada sobre o mar.

Respirei fundo tentando controlar a minha respiração, agora parecia que eu tinha maior noção de onde estava.

O balanço do barco, as ondas se chocando nele e fazendo ele balançar de leve. As pessoas diziam não perceber o balanço, mas eu tinha uma noção absurda que me deixava com o coração acelerado .

— Tamam Tamam. – Biricik puxou minhas mãos me fazendo olhar para ela – Se acalme, estamos a caminho, logo chegaremos e você vai estar fora desse lugar horroroso.

Sabia que a parte do horroroso havia sido só para mim. Ela estava acostumada a viajar de barco, de avião e de varias outras formas que existia para se fazer uma viagem.

— Me distraia, por favor. – eu pedi um pouco desesperada. – Diga alguma coisa, qualquer coisa, por favor.

Biricik chegou mais perto de mim para facilitar em segurar minhas mãos e pareceu pensar por alguns minutos.

— Batu pedirá demissão de sua empresa em Berlim. - soltou

— Porque você esta falando de Batu agora? – olhei para ela surpresa

— Não sei, nada mais me veio a cabeça. – ela se desculpou. - Vocês terminaram.

— Nunca fomos nós, só nos víamos em algumas ocasiões e nos divertimos. – expliquei novamente – Então, na primeira chuva nos separamos, só isso.

Porque ela tinha que se lembrar de Bartu?

— Ainda não chegamos? – disse nervosa, meu coração acelerado novamente, depois que o barco pareceu virar para a direita.

— Desculpe, vou te distrair melhor – Birick soltou minha mão e pegou o celular que iria cair de seu colo – Vamos repassar o plano novamente, vou atrás do dono da fabrica, e você vai dar uma volta por lá para poder escrever o relatório, quando eu o encontrar ele, vamos ate você e então você apresenta a nova proposta a ele, certo? – ela disse animada explicando nosso plano

— Isso. – respondi aliviada que ela tivesse entendido tudo – Depois irei dar uma olhada em novos lugares para o projeto do hotel, se ele não aceitar, vou achar um lugar melhor que o Hakan achou.

— Ele pode ficar bravo. – me lembrou ela.

— Posso dar os créditos a ele sem problema nenhum, só quero minha vaga em Tóquio e preciso resolver esse negocio para isso. – expliquei

— Tudo bem, vai dar certo – ela me incentivou – Mais posso dizer algo?

— Fala Biricik. – eu disse sabendo que vinha algo diferente por ai;

— Se ele fosse jovem eu flertaria com ele, mais ele não vai ligar porque é velho.

Olhei para o mar de novo e me arrependi, parecia que agora estávamos indo mais rápido que antes, se batêssemos em algum lugar?

— Hakan disse algo assim. – respondi alheia

— Você olhou as redes sociais dele?

— Ele não tem rede social.

Birick respondeu com um “iul”, acho que pessoas mais velhas não gostavam mesmo de rede sociais.

— De qualquer forma não seria bom flertar com ele. – eu pensei um pouco sobre o assunto.

Talvez ele pensasse que conseguir o contrato de venda assim fosse errado, o que na verdade era mesmo. Não me preocupei com ela e sua ideia justamente porque ele seria um velho.

— Chegamos! – ela anunciou se levantando.

— Graças a Deus – me levantei atrás dela.

Todos se amonturam para sair do barco, e não via a hora de sair dali também para poder respirar normal. Coloquei meu braço no de Birick enquanto ela nos guiava para o lado de fora.

Não podia deixar de notar que o lugar ela lindo, a parte do porto era pequena, provavelmente o embarque e desembarque era feito apenas com um barco por vez, ao longe pude ver vários comércios, e pessoas passando para lá e para cá, na maioria pareciam ser turista, pois carregavam câmeras e paravam a cada lugar para uma foto.

Havia pessoas entrando e saindo dos estabelecimentos com caixas, o nosso barco neste exato momento descarregavam diversas delas, o que estava proporcionando um congestionamento de pessoas e me impedia de sair rapidamente.

— Sua mãe não tem casa na ilha? – Birick perguntou abrindo caminho no meio de um casal de idosos – Porque você não vem aqui no verão?

— Minha tia tem. – respondi – Minha mãe e ela estão brigadas.

— Porque?

— Não sei, é o grande segredo da mamãe, ela não me conta – expliquei. – Na juventude ela e minha tia brigaram e não voltaram a se ver.

Neste momento ela parou pois não conseguíamos mais seguir em frente por causa das pessoas que não estavam andando.

— Porque não estamos andando? – eu resmunguei agoniada. – Perdão? Com licença, você poderia se apressar? – soltei o braço de Biricik para poder falar com a pessoa da frente .

— Não estamos com pressa. – ouvi algum homem responder.

 

 

Toda vez no verão era a mesma coisa. Poyraz tinha que conviver com pessoas apressadas e turistas desembarcando na ilha.

Aparentemente naquele dia havia alguém com muita pressa, pois ele escutava as pessoas reclamando de alguém que tentava passar. Havia recebido alguns empurrões e tentava não ficar na frente de quem queria passar, mas enquanto ele descarregava a mercadoria era difícil.

O sol naquele dia estava quente mais o vento soprava forte fazendo seus cabelos voarem para tras.

— Não estamos com pressa – respondeu ele para quem estava apressando.

Ele não teria percebido a aproximação de uma garota, teria passado totalmente despercebido, já que ele não sabia para quem havia respondido. Mas ao ter a garota passando perto dele, naquele momento um vento forte bateu e os cabelos dela voou em direção ao rosto dele. Mas não foi isso que o fez notar, afinal ela estava de lado para ele.

Foi o perfume, era um perfume doce, diferente de tudo que ele havia sentindo, fechou os olhos tentando se lembrar com o que aquela combinação de cheiros parecia. O momento pareceu demorar horas, enquanto o vento soprava os cabelos dela em direção ao seu rosto e fazia o cheiro se intensificar.

Ele puxava em sua mente, mas não conseguia descrever a fragrância maravilhosa que sentia. Uma ânsia de saber quem era, ou o que é que cheirava assim tão bem, mas não conseguiu se virar para ver, apenas ficou ali com os olhos fechados apreciando o que sentia.

Ele não percebeu quando a garota saiu de perto dele, só foi sentindo o cheiro ficar mais fraco, e quando abriu os olhos já haviam passado varias pessoas a sua frente impossibilitando de saber quem era a garota.

— Odeio essa agitação da cidade – ele saiu do topor e comentou alto de mais.

 

— Odeio essa agitação da cidade – escutei o que me parecia ser o mesmo homem falando.

— Como se eu ligasse para isso. – respondi revirando os olhos e aproveitando a deixa para correr do barco pois vi uma brecha entre as pessoas a minha frente .


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai o que acharam!! Comentem muitoooooo!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ada Masali" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.